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    Prana era a energia necessária para ativar uma Natureza Primária. No entanto, quando o Prana compartilhava as mesmas propriedades da Natureza Primária, o efeito era multiplicado. Isso fez o poder de Resha disparar, tornando-o absurdamente forte.

    Contudo, no fim das contas, Resha tinha um talento nato para batalhas, e sua mente só funcionava para isso. Mesmo após a regressão, seu único plano era fortalecer-se o mais rápido possível.

    Em suas mãos, o Atributo jamais alcançaria seu pleno potencial. Era melhor deixá-lo com Inala.

    Mesmo que entregar o Atributo a Inala enfraquecesse Resha, ele não se importava. 

    “Na vida passada, mesmo com todas as vantagens, ele morreu como um cão nas mãos de Brangara. Não importa o quão forte fique, ele nunca será páreo para o Rei Javali.”

    A razão era simples. Brangara era uma Besta Prânica de Grau Místico capaz de cultivar e de ter múltiplas vidas.

    Apesar de ter a cura, Resha era um cultivador comum. Isso significava que, toda vez que assumia a forma de uma Presa Empírea, ele consumia rios de Prana para manter a transformação. E não era só isso: uma Presa Empírea era uma Besta Prânica de Grau Ouro.

    Ferro, Prata, Ouro e Místico: o salto de poder entre cada Grau era absurdo. Nenhuma Besta Prânica conseguia superar essa diferença e derrotar um adversário de grau superior em um duelo.

    O Javali Empíreo só havia sido uma exceção porque sua mente entrara em colapso. Por isso, pôde ser morto facilmente por uma Besta Prânica de Grau Prata, enquanto imitava os hábitos de uma criatura incompatível com sua constituição.

    Quando adulto, Brangara, como um Javali Empíreo, detinha o poder de uma autêntica Besta Prânica de Grau Ouro. Nenhuma criatura de Grau Prata era capaz de enfrentá-lo.

    Essa lacuna de poder era intransponível. Portanto, não importava o que Resha fizesse, ele jamais conseguiria derrotar o Rei Javali.

    O Rei Javali só precisava ativar uma dúzia de Gravidades Inerciais Internas ao mesmo tempo para empunhar uma força superior à de Resha, mesmo que este tivesse tanto a Cura quanto o Atributo.

    E o Rei Javali tinha mais de uma dúzia delas à sua disposição.

    Sendo assim, a única forma viável de lutar contra ele era usar a força dos números. E embora Inala fosse um Zinger Empíreo, uma Besta Prânica de Grau Prata, seu poder consistia em roubar Prana e Força Vital.

    Inala não tinha a menor intenção de confrontar o Rei Javali. Pretendia apenas armar emboscadas para ele e, pouco a pouco, drenar toda a sua Força Vital.

    Por mais forte que o Rei Javali se tornasse, se seu tempo de vida se esgotasse, ele morreria de velhice. E, para que isso acontecesse, Inala precisava obter o tesouro do Atributo.

    Apesar de os reencarnados não terem conseguido a Cura, eles conseguiram se livrar da Doença do Fragmento. Com isso, não precisavam mais temer que seus ossos se quebrassem ao menor esforço e podiam, enfim, lutar com tudo por seus desejos.

    Todos eles, inclusive Resha, sabiam o valor do Atributo. Por isso, desta vez, a disputa seria mais sangrenta. Em vinte anos, cada um deles se tornaria uma elite poderosa, com vasta experiência de batalha.

    Eles teriam aprimorado seus estilos de luta e dominado suas Naturezas.

    O Segundo Grande Desastre foi ainda mais devastador que o Primeiro. Não só sua escala era maior, como também o nível dos inimigos.

    Os Zingers lutavam apenas lançando projéteis; uma perfuração em suas asas e eles despencavam para a morte. Eram bem mais fáceis de enfrentar.

    Já os inimigos do Segundo Grande Desastre tinham corpos mais robustos e preferiam o combate direto. Além disso, o tesouro do Atributo apareceu no Império Brimgan, uma das maiores civilizações humanas.

    O Império Brimgan existia há milênios e possuía uma base de poder considerável. Seus expoentes máximos estavam em outro patamar, quase equiparáveis aos membros do Clã Mamute.

    O Imperador e os Príncipes possuíam Avatares Humanos no nível de Bestas Prânicas de Grau Ouro. Eram verdadeiras calamidades ambulantes. Eles também participariam com tudo no Segundo Grande Desastre pela posse do Atributo.

    Sim, os inimigos daquela vez eram os Humanos Livres do Império Brimgan, uma civilização que produzira cultivadores que um dia estiveram no topo do Continente de Sumatra, seres do calibre de Renduldu.

    Dizia-se que seu fundador atingira o nível de uma Besta Prânica de Grau Místico, a exceção mais singular na história de Sumatra em que um humano superou uma criatura de tal magnitude.

    Devido ao terreno, as Presas Empíreas não poderiam interferir. Isso significava que a guerra seria travada entre os membros do Clã Mamute e o povo do Império Brimgan.

    Nas Crônicas de Sumatra, a guerra foi descrita como uma das mais brutais da história do continente. Mais de oitenta por cento dos membros do Clã Mamute foram dizimados, fazendo sua força geral despencar drasticamente.

    Por causa disso, o Clã Mamute deixou de cumprir seus deveres, o que fez a força da manada de Presas Empíreas ir enfraquecendo com o tempo. No fim, quando o Terceiro Grande Desastre começou, muitas Presas Empíreas morreram.

    Quando o Quarto Grande Desastre teve início, o número de membros do Clã Mamute estava no menor patamar da história. As Presas Empíreas, fracas e exaustas, tornaram-se presas fáceis para o Rei Javali.

    Foi no Segundo Grande Desastre que eles sofreram um baque do qual nunca se recuperaram. 

    “Por isso, preciso obter o Atributo antes que a guerra estoure de vez.”

    Inala tomou sua decisão e começou a traçar um plano.


    — Terminei os preparativos — disse Asaeya, com um ar de cansaço. Tinha acabado de despejar todo o lixo acumulado de sua casa no Vazio Cinza-Arenoso, e a área já havia assimilado os dejetos.

    O casarão estava quase vazio, e eles só tinham suprimentos para mais alguns dias.

    Asaeya inseriu uma Bomba de Prana na entrada do foguete. Dez minutos depois, quando os dois reservatórios estavam cheios de ar comprimido, ela veio avisá-lo.

    — Está pronta? — perguntou Inala.

    — Sim, já treinei o bastante — respondeu Asaeya. Vestida com um traje florido, ela agia com naturalidade. Também parecia mais velha, como uma mulher na casa dos vinte. Sua Força Vital fora absorvida por uma Bomba Vital para realizar a mudança.

    Ela guardou a Bomba Vital — que Inala havia reduzido ao tamanho de uma unha — em um medalhão que usava como colar. Se a consumisse, voltaria à sua idade original.

    No instante em que criou a Bomba Vital, Inala ficou dez anos mais velho, também parecendo um homem na casa dos vinte. O plano era viverem como um casal na Cidade Comercial de Ellora enquanto se preparavam para a viagem ao Império Brimgan.

    Viajando com um bebê, essa era a opção mais sensata. O ideal era agir de forma a não despertar a curiosidade de ninguém. Além disso, para o desenvolvimento mental da pequena Gannala, não podiam continuar presos ali.

    Ao seu comando, o foguete disparou um jato de ar, fazendo a casa disparar através da areia cinzenta e chegar à superfície em um instante. Com outro impulso, eles deslizaram pela superfície de areia e pousaram em terra firme, fora do círculo do Vazio Cinza-Arenoso.

    Era noite, e os Lagartos Vacilantes perambulavam pela área. Asaeya saiu e respirou fundo, aliviada por finalmente poder pôr para fora todo o estresse e a frustração acumulados.

    Ela ergueu as mãos e bateu palmas com força.1


    1. O “Parabéns pra Você” mais mortal da história jkkkkk[]

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