Índice de Capítulo

    Claro, mesmo que o Rei Javali tivesse sucesso, seus Membros de Clã dariam à luz apenas Javalis Empíreos, e não Reis Javalis Empíreos.

    O nascimento natural de uma Besta Prânica de Grau Místico era impossível. O limite para um nascimento espontâneo era o Grau Ouro.

    Se um Javali Empíreo quisesse alcançar o Grau Místico, teria que seguir o mesmo caminho de Brangara. Mas por que alguém que viu sua raça ser aniquilada permitiria outra tragédia? Ele jamais revelaria o método para atingir o Grau Místico.

    Além do mais, mesmo que um Javali Empíreo devorasse todos os seus irmãos, ainda precisaria absorver um Raio da Transcendência.

    Isso só aconteceria se alguém se tornasse um Transcendente nas proximidades. Do contrário, a tempestade de energia da Transcendência nunca se formaria.

    Portanto, as chances de um Javali Empíreo se tornar outro Rei Javali Empíreo eram praticamente nulas.

    A razão de Inala estar animado em vez de tenso era simples. Até então, o Rei Javali era um elemento imprevisível, vagando pelo Continente de Sumatra enquanto caçava, podendo ir aonde bem entendesse sem jamais sofrer qualquer consequência.

    Mas agora, ele teria voltado para casa, o Enclave Varahan, para se preparar para criar seus Membros de Clã. A história tomara um rumo completamente diferente, mas um que jogava a favor de Inala.

    O Rei Javali não deixaria o Enclave Varahan até que outro Javali Empíreo nascesse. Sendo assim, ele não estaria livre para interferir em qualquer grande plano que Inala viesse a ter no futuro.

    E não era só isso.

    Graças às memórias de Brangara que obtivera, Inala conhecia a planta do Enclave Varahan como a palma da mão. Com isso, podia armar contra o lugar.

    Segundo o Rei Javali, não havia local mais seguro em todo o continente, pois além de ser um Enclave, era seu lar. As condições eram ideais para o nascimento e o crescimento dos Javalis Empíreos.

    Era o lugar perfeito para criar seus Membros de Clã. Por isso, o Rei Javali não escolheria nenhum outro.

    E, assim que os Javalis Empíreos começassem a surgir, ele ficaria preso ao local, dedicado a proteger seus jovens irmãos e a zelar para que desenvolvessem o intelecto sem consumir outras Bestas Prânicas.

    Isso significava que o Rei Javali, antes sem amarras, agora tinha uma fraqueza: seus irmãos. Suas ações estariam limitadas à região ao redor de seu lar.

    Adicionalmente, devido ao trauma do passado, o Rei Javali estaria relutante em deixar o enclave, pelo menos até que um número suficiente de Javalis Empíreos atingisse a maturidade, preservando a inteligência.

    Inala poderia usá-los como alvo e espalhar armadilhas por todo o Enclave Varahan para o Rei Javali. No momento em que ele se movesse para atacar as Presas Empíreas, Inala lançaria um enxame de Zingers Empíreos contra os Javalis Empíreos.

    Estes seriam uma fonte valiosa de Prana e Força Vital para gerar ainda mais Reis e Rainhas Zingers Empíreos.

    Inala afagou gentilmente a Rainha Zinger Empírea e sorriu.

    — Você está fazendo um bom trabalho aumentando seus números. Continue assim. No futuro, quando o Gotejador de Lodo botar um ovo, roube-o. Faremos um Membro do Clã Mamute se fundir a ele e usaremos esse poder para criar um território exclusivo para os Zingers Empíreos.

    Kieek!

    Um único guincho na língua dos Zingers Empíreos foi o bastante para transmitir todos os seus pensamentos à Rainha. Ela estava se desenvolvendo bem.

    No momento, eles estavam empoleirados no alto das montanhas que cercavam a Tribo Galo, crescendo enquanto permaneciam ocultos em suas formas em miniatura.

    Depois de conversar um pouco, Inala os dispensou. Assim que o número deles fosse grande o suficiente, ele poderia de fato começar a tramar contra o Rei Javali.

    A existência de uma Rainha Zinger Empírea permitia que eles se multiplicassem sem sua ajuda ou intervenção. Claro, as crias da Rainha possuíam apenas uma Natureza.

    Apenas os nascidos de sua Bomba Vital eram Zingers Empíreos Mutantes. Os demais eram simplesmente Zingers Empíreos.

    A diferença entre eles e os Zingers comuns do Cânion Dieng estava em seus Graus — Prata e Ferro, respectivamente. Os Zingers Empíreos tinham um corpo maior e mais forte, conseguiam planar mais longe e mais rápido, e possuíam uma reserva de Prana superior.

    Os Zingers Empíreos Mutantes que ele criava podiam usar a Arte Óssea Mística, mas os gerados pela Rainha não. Além disso, ao tocar nos Zingers nascidos da Rainha, Inala não conseguia ler suas memórias.

    Eles também eram incapazes de assumir formas em miniatura. Aparentemente, só os Zingers Empíreos Mutantes que ele mesmo criava seguiam suas regras.

    Devido à presença do Rei e da Rainha, eles não atacaram Inala. Mas, na ausência dos monarcas, não o tratariam diferente de um intruso. Afinal, eram apenas Zingers Empíreos comuns.

    Havia certas limitações, mas, no fim, isso não importava. Contanto que houvesse um Rei e uma Rainha liderando o grupo, o ninho inteiro obedeceria às suas ordens, já que seus soberanos eram parte de seu sistema imunológico.

    Inala os mandou embora e deu o dia por encerrado. Acordou à noite e retomou o trabalho de escultura com Asaeya. Durante uma semana inteira, eles mantiveram um ritmo de trabalho alucinante.

    No dia seguinte, Inala se infiltrou na Cidade de Ellora e observou os habitantes, reunindo mais informações. Com base nisso, ele e Asaeya ensaiaram seus papéis e aperfeiçoaram os disfarces. Também trabalharam no sotaque para se adequar melhor à cultura local.

    Não estava perfeito, mas conseguiam atuar bem o suficiente para não levantar suspeitas.

    Quanto às armas, Asaeya as forjou usando ferro que minerou no rio. O exterior era de ferro; o interior, de osso.1

    Eles controlavam o osso, mas dando a impressão de que controlavam a peça de metal. Depois de criar uma série de Armas Espirituais, seus preparativos estavam quase concluídos.

    Inala então desmontou a casa, usando parte da madeira para forrar o interior de uma carroça que ele mesmo esculpiu e descartando o resto no Vazio Cinza-Arenoso para não deixar rastros.

    A carroça foi carregada com todas as esculturas. O osso dentro dela servia para facilitar o transporte com o uso de psicocinese 2 e também como uma ração de emergência para criar mais Armas Espirituais.

    Por último, havia o projétil que ele havia construído com extremo esmero, usando os próprios órgãos. Inala o aprimorou e começou a encolhê-lo, transformando-o em uma miniatura da versão original. Ele aprimorou a disposição dos órgãos internos e criou um instrumento do tamanho da mão com um cano longo.

    — Que design esquisito — comentou Asaeya. — O que isso faz?

    — Isto? — Inala deu um peteleco no cano, observando-o sugar o ar pelo bocal. Dez minutos depois, apontou-o para uma árvore, inseriu uma Bomba de Prana em miniatura no cano e disse: — É uma arma aperfeiçoada para matar.

    Não havia gatilho mecânico; a arma era ativada por um simples comando mental. Com seu pensamento como gatilho, o ar foi expelido do cano sob uma pressão assustadora, lançando a pequena Bomba de Prana em um espiral que superou a barreira do som.

    A bomba perfurou a primeira árvore, deixando um buraco do seu tamanho exato. Seu poder de penetração era altíssimo. A cada árvore que atravessava, o buraco se tornava maior, pois mais de seu impulso era transferido para o tronco.

    Após atravessar uma dúzia de árvores, ela se chocou contra uma e estilhaçou seu tronco, espalhando farpas de madeira para todo lado. Inala se aproximou, recuperou a Bomba de Prana e notou que tinha apenas um leve amassado.

    — Vai servir.

    Ele deu uma palmadinha no instrumento e comentou:

    — Este é meu trunfo.

    Ele olhou para o objeto e riu.

    — Vou chamá-lo de… Zinger de Sumatra.


    1. Arma Espiritual — Kinder Ovo, jkkk[]
    2. A Psicocinese é o termo geral para qualquer habilidade em que a mente afeta a matéria. Isso vai desde mover objetos (telecinese) até alterar sua forma ou influenciar eventos.[]

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (1 votos)

    Nota