Capítulo 155: Yarsha Chantageia Brangara
Nascida no mesmo ano que Resha, Yarsha Zahara faria uma aparição durante o Terceiro Grande Desastre em Crônicas de Sumatra.
Daqui a dois anos, o Reino Zahara encontraria por acaso um minério misterioso em uma das montanhas de seu território, algo diferente de tudo já visto. Yarsha Zahara forja seu Avatar Humano usando esse material, atingindo um nível de força aterrador.
Seu poder não era focado em combate, mas sim de natureza estratégica: capaz de refinar os Avatares Humanos de outros e, em raras ocasiões, até mesmo mutá-los.
Sim, ela foi a primeira humana a criar um Avatar Humano Mutante, permitindo que os talentosos cultivadores de seu Reino possuíssem duas Naturezas.
Esse fato, por si só, fez a força de seu Reino disparar exponencialmente, levando-os a alcançar o nível de um Império em poucas décadas.
Infelizmente para eles, sua fortuna tornou-se sua maldição. O Reino Zahara ficava a 5000 quilômetros do Enclave Varahan. A única razão pela qual haviam prosperado até então era por serem fracos demais para o Rei Javali notá-los.
Mas assim que sua força cresceu e alcançaram o nível de Império, isso causou ondas por todos os territórios de Bestas Prânicas da região. O Rei Javali sentiu a perturbação e foi ao Império Zahara, reduzindo-o a escombros.
Yarsha Zahara foi uma das poucas sobreviventes. Ela e os membros de sua Guarda Real que restaram abandonaram o local. Na esperança de se vingar do Rei Javali, eles vagaram pelo Continente de Sumatra, acumulando forças no processo.
Todos em sua Guarda Real possuíam duas Naturezas e estavam no Estágio Vital. Eram verdadeiras potências. Yarsha Zahara também se fortaleceu muito assim que completou sua Natureza Secundária.
Durante suas viagens, eles foram envolvidos na confusão do Terceiro Grande Desastre. Foi nessa época que Yarsha conheceu Resha e, por fim, acabou se apaixonando por ele.
Claro, Resha já era casado. Sua esposa odiava Yarsha profundamente, chegando ao ponto de esfaqueá-lo múltiplas vezes por causa disso.
Devido à diferença de força, a esposa de Resha não foi páreo para Yarsha, cujos talentos só eram superados pelos de Resha.
No fim, recusando-se a deixar o orgulho de lado para se tornar a segunda esposa de Resha, Yarsha decidiu partir. Ela teve um filho de Resha, mas nada mais foi revelado sobre isso.
Yarsha nunca mais apareceu após o Terceiro Grande Desastre. Sua participação em Crônicas de Sumatra não chegou a cem capítulos. Contudo, seu impacto foi tão significativo que todos os leitores a consideraram a verdadeira heroína da história, e não a esposa de Resha.
E agora, com a história drasticamente alterada, o Rei Javali encontrou Yarsha prematuramente. Mas, desta vez, não como inimigos.
— Qual é o seu nome? — Brangara se aproximou da garota de quinze anos e perguntou, sentindo as ondas purificadas de Prana que emanavam dela.
“Quem é essa garota? Nem mesmo eu vi um humano assim…”
Uma memória que ele desejava suprimir no fundo de sua consciência emergiu, fazendo-o recordar o tempo de tortura nas mãos de Undrakha, o então Chefe do Clã Mamute.
Brangara relembrou a figura de Gannala, uma existência no pináculo das Presas Empíreas. Quando Gannala acabara de nascer e ainda estava em sua forma humana, sua presença era compatível com a que Brangara sentia da garota diante dele.
— Yarsha Zahara — apresentou-se a garota. Seus olhos eram brilhantes. Estava apavorada com o Rei Javali, mas, diferente dos outros, sua vontade de resistir não fora nem um pouco afetada.
Se ela possuísse um pingo de poder, teria lutado contra o Rei Javali até a morte.
“Corajosa, possui uma vontade forte e exala o mesmo nível de dominância que Gannala. Ela é diferente do resto.”
Se Gannala podia ser considerada a soberana das Presas Empíreas, Yarsha Zahara era a soberana dos Humanos Livres.
Brangara a encarou e segurou sua mão com gentileza:
— Você deseja alcançar o pico do cultivo?
— Desejo — Yarsha Zahara assentiu, sem hesitar — Mas permanecerei uma Humana Livre.
— Não me tornarei um Membro de Clã.
— Está tudo bem — Brangara riu. — A primeira geração não pode se tornar Membro de Clã. E você é valiosa demais para ser desperdiçada com algo assim.
Ele segurou a mão dela com mais força e proclamou:
— Nosso filho será um Javali Empíreo. E você permanecerá uma Humana Livre, a mais forte que os Humanos Livres já viram.
— Você aceita minha proposta? — ele perguntou.
— Você não me deu motivos para recusar — Yarsha Zahara sorriu. Sua única condição era permanecer uma Humana Livre. E Brangara aceitou sem hesitar.
Isso significava que seu marido seria o Rei Javali, e ela não perderia nada do que a definia. Não havia acordo melhor.
Justo quando Brangara sentia que as coisas corriam bem, Yarsha Zahara de repente impôs uma condição, fazendo o Rei Zahara começar a suar frio de medo.
— O que você disse? — Brangara sentiu como se não tivesse ouvido direito, pedindo que ela repetisse.
— A única mulher com quem você vai dormir sou eu — disse Yarsha Zahara, apontando o dedo indicador para o pescoço e fazendo o Prana se condensar em uma esfera pontiaguda.
Mesmo sem a Natureza respectiva, seu controle sobre o Prana era tão avançado que ela conseguia exibir o poder do Choque de Prana. O que ela propunha era simples: se o Rei Javali não aceitasse sua proposta, ela cometeria suicídio.
— Você acha que tem como me chantagear? — Brangara bufou. — Seu Reino inteiro é um mero grão de poeira diante de mim.
— Besta Prânica de Grau Místico, o Rei Javali Empíreo — Yarsha Zahara declarou com calma. — O Continente de Sumatra nunca testemunhou uma existência mais forte que você. Mesmo entre as Bestas Prânicas de Grau Místico registradas em nossa história, você está muito acima delas. Mas…
— Você está sozinho. É o último de sua espécie — seus olhos encararam os de Brangara com calma enquanto ela continuava. — Seu objetivo ao vir ao meu Reino é criar Membros de Clã semelhantes ao Clã Mamute e ao Clã Tartaruga. Através do seu Clã Wean, você procriará Javalis Empíreos. Estou certa até aqui?
— Você está… — Brangara disse, seus olhos frios.
— Isso simplifica tudo, então — ela fez o Prana em seus dedos se transformar na imagem de um Javali Empíreo, chocando Brangara.
Era difícil controlar o Prana diretamente; por isso, toda existência o usava através de uma Habilidade ou Natureza. O controle direto máximo se limitava a infundi-lo em algo ou fazê-lo fluir em uma direção.
Yarsha, no entanto, era capaz de manipular seu Prana para condensá-lo, amassá-lo e moldá-lo, e até mesmo fazê-lo exibir traços de habilidades como a Natureza Primária dos Lagartos Elétricos — o Choque de Prana.
Percebendo a expressão de Brangara, Yarsha comentou:
— Você nunca encontrará um Humano ou Besta Prânica melhor do que eu. Tenho certeza de que, como uma Besta Prânica de Grau Místico, você será capaz de reviver a raça dos Javalis Empíreos. Mas…
Ela observou as figuras dos ministros entrando nos jardins do palácio com suas filhas e zombou:
— Olhe para elas. E olhe para mim.
— Os filhos de quem você acha que serão os mais talentosos?

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