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    O número de descendentes que Brangara quisesse teria que vir de Yarsha Zahara. Essa era a proposta dela.

    Ela alegou que seus filhos herdariam seu talento e teriam um nível muito superior ao das crianças que Brangara tivesse com outras mulheres.

    Com as outras mulheres, Brangara até conseguiria reviver a raça dos Javalis Empíreos. Mas pararia por aí. Eles seriam apenas Javalis Empíreos.

    Se ele tentasse apenas com Yarsha Zahara, seus descendentes seriam muito mais talentosos. A habilidade dela de controlar Prana, sozinha, estava quase no mesmo nível de uma Natureza. Por isso, a proposta dela era simples: Não foque na quantidade, mas sim na qualidade de seus descendentes.

    Se Brangara não aceitasse sua proposta, ela apenas se mataria. A situação era perigosa. Se o Rei Javali se enfurecesse, ele dizimaria o Reino Zahara. Ele já havia arrasado muitas regiões. O Reino Zahara não seria exceção.

    Mas, apesar disso, Yarsha Zahara ousou chantageá-lo.

    Os terrenos do palácio ficaram imóveis quando uma pressão disforme preencheu a região. Os ministros que chegavam pararam onde estavam, incapazes de dar um passo à frente devido à presença do Rei Javali. Ele estava furioso.

    Era a primeira vez, desde que se tornara o Rei Javali, que alguém ousava chantageá-lo. Mas, ao ponderar, ele gostou da lógica de Yarsha: “Ela está apenas garantindo que vai gerar descendentes mais fortes. Claro, já que estou revivendo minha raça, é do meu maior interesse que eles sejam os mais fortes possíveis.”

    “Isso vai atrasar meus planos, mas, no fim das contas, não importa. Ainda tenho cerca de oito mil anos de vida. Um atraso de algumas décadas não é nada perto disso.”, concluiu ele.

    Se ele tivesse dez filhos com Yarsha, e cada filho gerasse mais dez, na quarta geração, eles seriam mil. Brangara estava, a princípio, confiante em transformar a quarta geração em seus Membros de Clã.

    Mas talvez a presença de Yarsha nessa equação acelerasse o processo. O resultado seria superior. Seguindo essa linha de pensamento, ele de repente teve uma epifania e perguntou a ela:

    — Você nasceu com 99 de Prana, certo?

    — Sim — Yarsha assentiu.

    — Quanto tempo demorou para você alcançar 100 de Prana? — Ele perguntou em seguida.

    — Cerca de um mês, eu acho — Yarsha refletiu e olhou para o pai, buscando os detalhes exatos.

    — Você levou dezessete dias — O Rei Zahara afirmou.

    — Isso significa que, em meros dezessete dias, você alcançou o pico do Estágio Espiritual e permaneceu nesse nível pelos últimos quinze anos — Ele disse e olhou para o Rei Zahara — Você não encontrou um material digno para o Avatar Humano dela?

    — Sim — O Rei Zahara disse e transformou sua mão em magenta — Esta é a Jade Reativa, o material que a Realeza do Reino Zahara usa para forjar nossos Avatares Humanos. É o mineral mais poderoso nesta região.

    A Jade Reativa tinha a propriedade de reagir a qualquer habilidade, seja para auxiliá-la ou para neutralizá-la. Com ela, um cultivador podia amplificar por completo uma Natureza ou contê-la, enfraquecendo-a ao limite. A maior vantagem dessa habilidade era ser cumulativa.

    Assim, quando a Realeza do Reino Zahara ativava seus Avatares Humanos em uníssono, eles podiam na prática tornar as Naturezas de uma horda de Bestas Prânicas ineficazes.

    Além disso, o material era resistente e pesado o bastante para representar uma força por si só. Desse modo, os Avatares Humanos forjados com ele eram fortes o suficiente para o combate físico contra Bestas Prânicas.

    Nos termos do Clã Mamute, a Jade Reativa era equivalente a uma Besta Prânica de Grau Prata Avançado. Não era nem mesmo o pico do Grau Prata.

    Aos olhos do Rei Javali, era fraco demais, ainda mais para ser usado por alguém tão talentosa quanto Yarsha Zahara.

    — Você fez bem em não usar um mineral tão lixo para forjar o Avatar Humano dela.

    — Eu louvo sua percepção — comentou Brangara.

    — Obrigado por seu elogio — O Rei Zahara curvou-se em resposta.

    O Rei Javali então ergueu Yarsha Zahara e anunciou:

    — De hoje em diante, Yarsha Zahara é minha esposa, a esposa do Rei Javali. Ela permanecerá como minha única mulher.

    Diante da proclamação, Yarsha sorriu e passou os braços ao redor do pescoço dele:

    — Eu pensei que seu orgulho se sentiria ferido pelo que eu disse. O que o fez aceitar?

    — Sua confiança — Brangara sorriu. — A esposa do Rei Javali precisa ser confiante assim e ter como bancar essa confiança. Você tem o necessário para ser minha parceira.

    — Os Javalis Empíreos têm uma natureza poligínica1, mas isso se deve à influência dos Vermes Jugulados que eles engoliram. Aquela geração foi lastimavelmente erradicada — Ele disse — Por isso, é melhor mudar as coisas nesta geração. Os Javalis Empíreos terão um relacionamento monogâmico de agora em diante.

    — Uma parceira para a vida!

    Ele proclamou:

    — Eu gravarei isso na genética de nossa progênie.2

    A geração anterior de Javalis Empíreos foi um fracasso entre as Bestas Prânicas de Grau Ouro. Por isso, Brangara pretendia mudar as coisas em nível fundamental para a próxima geração. Era melhor dar tudo de si desde o começo.

    — Nós retornaremos aqui assim que nossos filhos atingirem a maturidade e começarem a desejar um parceiro — Brangara olhou para o Rei Zahara e os ministros — Trabalhem duro no treinamento de sucessores dignos.

    — De hoje em diante, o Reino Zahara fica sob a proteção do Rei Javali. — Dizendo isso, o Rei Javali saltou para longe com Yarsha, deixando o Reino Zahara.

    Assim que ele chegou à entrada do Reino, ele ativou a habilidade de uma Rocatriz para erguer um pilar de rocha.

    Mapa Astral — Intimidação Rochosa!

    Esta era a Natureza Primária da Rocatriz, capaz de liberar pressão mental em alvos designados como inimigos. Qualquer um que se aproximar dos pilares de rocha criados usando esta habilidade sentirá seus pensamentos, habilidades e Prana suprimidos.

    A Intimidação Rochosa da Rocatriz já era muito poderosa. Mas, quando ativada com o Prana do Rei Javali, era outra história.

    O Rei Javali não ergueu uma camada de muralha ao redor do Reino como a Rocatriz havia feito no assentamento da Tribo Galo. Isso não foi necessário.

    O pilar rochoso que ele ergueu apenas emanava uma leve presença dele. Isso foi o suficiente. Qualquer força que ousasse alvejar o Reino Zahara depois disso se tornaria inimiga dele, o Rei Javali.

    Deveriam estar preparados para a aniquilação em troca. O pilar rochoso existia apenas para lembrá-los disso, o que era mais que suficiente para dissuadi-los.

    Diferente de quando perseguiu Inala — na época em que armou a armadilha usando o fantoche da Pequena Gannala — por quatro dias seguidos em velocidade máxima, desta vez Brangara caminhava tranquilamente, conversando com Yarsha para conhecê-la melhor.

    Enquanto conversavam, ele de fato começou a gostar cada vez mais da confiança dela, sentindo-se mais seguro de sua decisão. Após uma semana de passeio tranquilo, eles chegaram ao Enclave Varahan.

    Apontando para o trecho de floresta cheio de Gansos Petrificados, Brangara se apresentou:

    — Meu nome é Brangara.

    — E esta — Ele olhou para as criaturas agindo como esculturas para evitar seu olhar — É minha casa.

    — Bem-vindos ao Enclave Varahan.


    1. “Poligínica” refere-se a um sistema onde o macho da espécie (no caso, o Rei Javali) tem múltiplas parceiras fêmeas ao mesmo tempo.[]
    2. “Progênie” é um termo mais formal para “descendência” ou “filhos”. A palavra foi mantida aqui para preservar o tom solene e de decreto real da proclamação do Rei Javali.[]

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