Capítulo 157: O Clã Wean
Brangara colheu uma fruta madura de uma árvore e a deu para Yarsha.
Ela mordeu, deleitando-se com o sabor. Seus olhos brilharam quando ela anunciou:
— Que diabos é essa fruta? Por que é tão saborosa? Além disso… — ela exclamou. — É fraco, mas tem Prana nisso.
— Isso é graças aos Vermes Jugulados — Brangara explicou —. A existência deles enriquece o Enclave Varahan. Contanto que sua população seja mantida sob controle, eles são um recurso versátil. São eles o motivo pelo qual o Enclave Varahan era rico o suficiente para acomodar Bestas Prânicas de Grau Ouro no passado.
— Incrível! — Yarsha estava maravilhada.
Ver a reação dela encheu Brangara de orgulho por algum motivo. Ele então a levou a outros pontos cênicos por todo o Enclave Varahan, oferecendo-lhe uma variedade de produtos da floresta.
— E então? — ele perguntou ao final de um tour de um mês —. Este lugar é ótimo, certo?
— Eu gosto — Yarsha assentiu e deu um tapa leve nele —. Eu sabia que você era um cara divertido, apesar da sua má fama.
— Claro que sou — Brangara gabou-se —. Eu só nunca tive um motivo para ser essa pessoa antes disso.
Enquanto continuavam a andar, Yarsha parou no topo de um platô,1 com vista para um pântano. A água ali era mais clara do que nas outras regiões, e as árvores que cresciam também eram maiores, tornando o ar fresco e cheio de vitalidade.
Ela gostou do lugar na hora.
Brangara vinha observando as expressões dela o tempo todo. E ao ver que ela gostou do lugar, ele deu um passo à frente e usou a habilidade da Rocatriz para erguer uma fortaleza de entalhes complexos.
As paredes rochosas mudaram de cor para se misturarem ao ambiente. Brangara ativou parte da Natureza Primária do Verme Jugulado e refinou o depósito mineral da região, infundindo seu Prana para ajudar no crescimento das raízes das árvores, fazendo com que cobrissem metade das paredes.
Em questão de minutos, a fortaleza parecia uma formação natural da região, um produto da natureza.
Yarsha vinha observando tudo, mas mesmo assim, não conseguia assimilar o que via, perguntando em descrença:
— Existe algo que você não possa fazer?
— Com um pouco de preparação, não há nada que eu não possa fazer — Brangara se exibiu —. Há um motivo para eu ser uma Besta Prânica de Grau Místico.
— A propósito… — Ele grunhiu e cuspiu uma pequena gema cor de turquesa, em forma de seixo, exibindo padrões de ouro na forma de relâmpagos. Ele a limpou um pouco e deu para Yarsha. — O que você acha disso?
— Isso é…? — Yarsha encarou a pequena gema e caiu em transe, só saindo dele algumas horas depois, completamente perplexa. — Q-Que mineral é esse?
— Chama-se Ouro de Sumatra — Brangara explicou —. É de longe o mineral mais valioso em Sumatra, por isso foi nomeado em homenagem ao continente.
— Ouro de Sumatra… isso é Ouro de Sumatra? — Após um momento de devaneio, Yarsha gritou, atrapalhada. — Isso é real? Aquele lendário Ouro de Sumatra existe?
— É para tanto? — Brangara coçou a orelha.
— Claro! — Yarsha agarrou Brangara pelo ombro. — Este é o mineral lendário que todo cultivador humano anseia por. Lendas dizem que um cultivador humano do Império Brimgan conseguiu descobrir uma maneira de integrar Ouro de Sumatra em seu Avatar Humano. Embora tenha sido uma quantia minúscula, isso permitiu que ele se tornasse o cultivador humano mais forte até hoje, possuindo um poder que ultrapassa uma Besta Prânica de Grau Místico.
— Tão valioso assim, hein? — Brangara assentiu, fazendo uma careta, sem saber se ria ou chorava.
— Por que você está fazendo essa cara? — Yarsha parecia zangada. — Você está zombando do Ouro de Sumatra?
— Você sabe como ele se forma? — Brangara perguntou.
— Não sei — Yarsha balançou a cabeça como se fosse óbvio. — Se eu soubesse, já o teria encontrado.
— Ouro de Sumatra é um tumor que cresce no Recipiente Espiritual de uma Besta Prânica de Grau Místico — Brangara disse —. Eu não sei a causa ou o motivo, mas ele se acumula aos poucos em nossos Recipientes Espirituais. Quando seu tamanho atinge um certo ponto, nos causa dor. Então, geralmente os extraímos.
— É um tumor? — Yarsha encarou o Ouro de Sumatra em transe.
— Os Tentáculos Místicos tentaram pesquisar o Ouro de Sumatra geração após geração, mas falharam em encontrar uma resposta — Brangara continuou —. Eles são tão misteriosos quanto as Árvores Parute.
Ele então perguntou:
— Você consegue construir seu Avatar Humano usando isso?
— Como mineral, ele se qualifica. É o melhor que existe. Mas… — Yarsha suspirou. — Eu preciso criar uma técnica de cultivo adequada primeiro. Preciso encontrar um mineral que seja compatível com o Ouro de Sumatra e criar uma técnica de cultivo que os funda perfeitamente. Só então posso começar a construir meu Avatar Humano.
— Por que você precisa integrá-lo com outro mineral? — Brangara franziu a testa. — Não é melhor se fundir principalmente com o melhor mineral?
— Bom, isso é óbvio — Yarsha assentiu. — Mas onde vou encontrar tanto Ouro de Sumatra? É impossível conseguir o suficiente para um único Avatar Humano, sem mencionar o resto que terei que construir no Estágio Vital.
— Você não precisa se preocupar com isso. — Dizendo isso, Brangara pegou uma pequena bolsa cheia de Ouro de Sumatra. — Este é o meu estoque pessoal. Dê-me algum tempo e encontrarei o estoque dos Tentáculos Místicos.
— Eles têm se tornado Bestas Prânicas de Grau Místico por centenas de gerações. Todos eles devem ter escondido Ouro de Sumatra em algum lugar — ele disse. — Ouro de Sumatra é inútil para Bestas Prânicas de qualquer maneira. Então, eles devem estar intocados até hoje. Dê-me algum tempo e eu trarei o quanto você precisar para alcançar o pico do cultivo.
— Uau! Você é o melhor! — Yarsha comemorou. — Vou começar a criar uma técnica de cultivo adequada então.
— Aqui, pegue isto. Elas servirão como uma referência valiosa para você. — Dizendo isso, Brangara pegou duas lajes de granito e infundiu uma técnica de cultivo em cada. Esta laje de granito era o equivalente à Lâmina Óssea do Reino Zahara.
Brangara obviamente esteve lá antes e aprendeu suas técnicas de cultivo também.
Segurando as duas lajes de granito, Yarsha franziu a testa ao ver o nível de detalhe presente nas técnicas de cultivo dentro delas:
— Que diabos são estas? Você está me dizendo que uma técnica de cultivo tão intrincada existe?
— Claro, elas são técnicas de cultivo de Grau Místico, afinal — Brangara assentiu. — Elas são as duas principais técnicas de cultivo de Sumatra.
A Arte Mística Óssea2 do Clã Mamute!
A Arte Mística da Névoa do Clã Tartaruga!
Ambas eram as artes de cultivo de mais alto grau que poderiam existir. Brangara havia roubado ambas depois de devorar um monte de Presas Empíreas e Mordedores Empíreos.3 E agora, ele as deu para Yarsha:
— Usando estas duas como base, você pode criar uma técnica de cultivo de Grau Místico adequada para você. Nossos filhos também a aprenderão.
— Eu vou ajudá-la a aperfeiçoá-la usando meu vasto conhecimento — ele concluiu. Foi o início da ascensão do terceiro poder no Continente de Sumatra, seguindo o Clã Tartaruga e o Clã Mamute.
O Clã Wean!
- “Platô” é o mesmo que um planalto, uma área de terreno plano e elevado. Usei “platô” para manter a precisão do termo original “plateau”.[↩]
- A Arte Mística Óssea foi ajustada para seguir o padrão de outras (como a nova “Arte Mística da Névoa”).[↩]
- O termo original é “Empyrean Snappers”. A tradução “Mordedores Empíreos” é uma referência direta à “snapping turtle” (Tartaruga-mordedora), que, creio eu, são as criaturas base do Clã Tartaruga.[↩]

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