Índice de Capítulo

    Enquanto o Clã Wean era estabelecido, a manada de 104 Presas Empíreas saiu do Cânion Dieng, prosseguindo em sua nova rota.

    Em Crônicas de Sumatra, o foco estava apenas na manada menor, de 43 Presas Empíreas. Mas agora, após a fusão, elas passaram de cem. Assim que isso aconteceu, a manada começou a liberar uma pressão disforme em seus arredores, fazendo com que quaisquer Bestas Prânicas que se aproximassem enfraquecessem em resposta.

    Enquanto a manada deixava o Cânion Dieng, uma figura pulou da cabeça da 1ª Presa Empírea, carregando um garoto em seus braços.

    Chefe do Clã Mamute — Raaha!

    Em seus braços estava Blola. Raaha pousou na montanha na borda do Cânion Dieng. Sua chegada fez com que os Zingers ali fugissem de medo, pois eram apenas Zinger Batedores, os mais fracos de sua espécie, mesmo entre os batedores.

    No pico vazio da montanha, Raaha jogou Blola no chão e o observou:

    — Você se estabilizou totalmente?

    — Sim — Blola fechou os olhos e sentiu seu Recipiente Espiritual — Acabei de compreender meus poderes. Tenho controle total agora.

    — Como se chama? — Raaha perguntou em seguida — Qual é o seu grau?

    — Grau Ouro — disse Blola — Mas isso é apenas por ele ter se assimilado a mim. Na verdade, é um ser muito mais assustador.

    Besta Prânica Grau Ouro Iniciante — Devorador Transcendente!

    Esta não era uma criatura que deveria existir no Continente de Sumatra. Em vez disso, era um ser temido pelos Transcendentes nos mundos que pairavam no alto do céu.

    Um Devorador Transcendente devorava até mesmo Transcendentes, um ser terrível diferente dos outros, daí o seu nome.

    — Não é uma criatura nativa. Em vez disso, veio do cosmos e um dos Mundos Transcendentes o assimilou, resultando no nascimento do Devorador Transcendente — explicou Blola — Quando uma Árvore Parute permanece intocada por um milhão de anos, ela cria uma Semente de Parute. Ela então germinaria no Rei das Árvores Parute. Se até mesmo isso for deixado intocado por um milhão de anos, ele evolui novamente.

    — Mas desta vez, é capaz de se mover e caçar, tornando-se o Devorador Transcendente — disse Blola — Se um Devorador Transcendente tivesse aparecido no Continente de Sumatra, toda a vida teria sido devorada da noite para o dia. É tão poderoso que até mesmo os Transcendentes fogem ao vê-lo.

    — Você quer dizer que se fundiu com tal entidade? — Raaha custou a acreditar — Isso é mesmo possível?

    — Eu não sou um Devorador Transcendente de verdade — Blola balançou a cabeça — O meu regrediu para uma versão de Besta Prânica. Por isso, está bem dentro das normas de poder do Continente de Sumatra. Seu poder atual é igual apenas ao de uma Besta Prânica Grau Ouro Iniciante.

    — Certo, mostre-me — disse Raaha, recuando um pouco — Qual é exatamente o poder de um Devorador Transcendente?

    Natureza Primária — Reavivamento de Memória!

    Um Devorador Transcendente era capaz de reviver todos os Transcendentes que havia consumido. E uma vez revividos, esses Transcendentes se tornavam seus servos, seguindo sua vontade. Por isso o Devorador Transcendente era temido.

    Afinal, quanto mais vivia e consumia, mais forte se tornava, capaz de crescer quase sem limites. Houve Mundos Transcendentes que foram dominados por completo por um Devorador Transcendente.

    A versão Besta Prânica Grau Ouro que Blola tinha era uma versão atenuada e enfraquecida de um Devorador Transcendente. Ele só podia reviver duas pessoas. E os espaços de reavivamento eram suas Naturezas.

    Como sua Natureza Secundária e Natureza Terciária estavam vazias, ele podia reviver dois cultivadores. Além disso, ao contrário dos outros cultivadores do Clã Mamute no Estágio Corporal que precisavam consumir pó de osso da Presa Empírea para formar seus corpos, no caso de Blola, era automático.

    Assim que Raaha recuou, Blola ativou sua transformação, com isso, toda a Prana em seu Recipiente Espiritual foi consumida, fazendo com que pequenos tentáculos se projetassem de seus pés e se enterrassem no chão. No início, esses tentáculos se assemelhavam ao seu cabelo.

    Eles agiam como raízes e começaram a sugar vorazmente os nutrientes do solo, com isso, engrossaram. Assim como uma árvore cresce a partir de uma muda, o corpo de Blola começou a se transformar, de forma lenta, mas constante.

    Raaha esperou com paciência. A manada de Presas Empíreas já havia desaparecido no horizonte, seguindo sua rota. Ele ordenou que não parassem, pois isso causaria problemas com o acúmulo de recursos.

    Agora que a manada havia ultrapassado os cem, nenhuma região poderia suprir sozinha sua necessidade de recursos. Se permanecessem em um lugar por mais de um mês, sugariam a região até secar.

    Assim, era essencial continuar se movendo. Por isso Raaha os fez partir enquanto ele ficava para trás com Blola.

    Ele já havia alcançado o pico do cultivo. Por isso, não precisava de recursos além de comida. Sua Lanterna de Armazenamento de Dez Andares tinha comida mais do que suficiente para seu consumo.

    Com sua força, ele não tinha nada com que se preocupar. Mesmo sozinho, poderia destruir um Reino sem esforço, sendo um dos cultivadores mais fortes no Continente de Sumatra no atualmente.

    Além disso, ele manteve as mudanças de Blola em segredo, por isso estavam sozinhos. Com o passar dos dias, Raaha acompanhava o crescimento de Blola.

    Dois meses depois, o corpo de Blola terminou de crescer. Uma árvore de vinte metros de altura, ostentando uma dúzia de flores no formato de uma planta-jarro.1 Seu interior era serrilhado, enquanto vinhas semelhantes a tentáculos se contorciam lá dentro, agindo como línguas.

    Frutas Parute começaram a crescer em seus galhos, amadurecendo aos poucos. Eram densas, com cada fruta podendo conceder uma unidade de Prana. As raízes se comportavam como as pernas de uma centopeia, incontáveis, contorcendo-se sem parar enquanto se enterravam no chão e consumiam o solo.

    Blola — Raaha chamou, assim que julgou que o crescimento de Blola estava terminado — Como está seu cultivo?

    — Chefe, estou no pico do Estágio Corporal — disse Blola — Embora, pareça que não consigo formar um segundo corpo por algum motivo. Não consigo entender o motivo, mas sinto que é algo relacionado à mente.

    Raaha esticou a mão e, com um puxão de leve, fez um Zinger distante voar para seu alcance. Ele o jogou diante de Blola:

    — Consuma-o e reavive-o. Vamos experimentar e ver o quão eficaz é sua habilidade.

    — Receio não poder, Chefe — Blola se desculpou — Por enquanto, posso consumir dois seres e preencher seus dados nos espaços da minha Natureza Secundária e Terciária. Mas, por alguma razão, esses dois espaços já estão preenchidos.

    — Preenchidos com quem? — Raaha perguntou, sentindo-se um pouco irritado.

    Orakha e Yennda — disse Blola Dois dos sete Condenados à Morte do antigo 44º Assentamento.

    Vendo a confusão de Raaha, Blola afirmou, e suspirou:

    — Agora consigo entender por que isso aconteceu, Chefe.

    — Quem causou isso foi Renduldu.

    — Renduldu? — os olhos de Raaha se arregalaram de surpresa — Você quer dizer o anterior Tentáculo Místico e firme aliado do nosso Clã, esse Renduldu?

    — Sim — Blola assentiu — Ele estava por trás de tudo. Esta é sua última prova de apoio ao nosso Clã. O poder do Devorador Transcendente é seu último recurso contra o Rei Javali.


     

    1. “Planta-jarro” (pitcher plant, em inglês) é um tipo de planta carnívora. Ela recebe esse nome porque suas folhas são modificadas no formato de um jarro, que armazena um líquido digestivo para capturar insetos. (Sim, para quem lembra do anime clássico de Pokémon, esta é a planta que inspirou o design de Bellsprout, Weepinbell e Victreebel).[]

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