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    Nenhuma vida podia existir nas Planícies Ennoudu por causa das ações dos Tentáculos Místicos. Não se sabia há quanto tempo eles existiam. Algumas pistas indicavam que eles estavam lá desde o nascimento do Continente de Sumatra.

    Desde o início, eles já haviam desbloqueado o caminho para o Grau Místico. Cada era no Continente de Sumatra dava à luz um Tentáculo Místico.

    Depois de algumas eras, o Tentáculo Místico da época decidiu criar um novo poder para sua raça. Durante sua pesquisa, ele se voltou para o poder de uma Árvore Parute.

    Embora fosse raro, assim que um cultivador atingia o pico do cultivo, podia comunicar-se com seus ancestrais no Mundo Transcendente. Era assim que os Tentáculos Místicos de cada era conseguiam saber o que estava acontecendo lá.

    Ao entender as dificuldades que sua raça vinha enfrentando no Mundo Transcendente, certo Tentáculo Místico pesquisou a Árvore Parute, sabendo muito bem que elas eram resíduos gerados por um Devorador Transcendente.

    Assim, o Tentáculo Místico criou as Planícies Ennoudu e fez uma Árvore Parute crescer na região, situada no final de uma longa caverna em forma de túnel.

    O objetivo era dar à luz um Devorador Transcendente no Continente de Sumatra e roubar seu poder, criando assim uma nova raça de Tentáculos Místicos que tivesse as habilidades desse Devorador.

    Claro, não era um feito que pudesse ser completado em uma única vida. Embora as Bestas Prânicas de Grau Místico tivessem uma longa vida útil, ela não passava de 10.000 anos.

    Uma Árvore Parute precisava de um milhão de anos para criar uma Semente de Parute. Por isso, geração após geração de Tentáculos Místicos assumiu a tarefa.

    Todas as Árvores Parute tinham um dono, pois tanto humanos quanto Bestas Prânicas conseguiam sentir por instinto uma Árvore Parute solitária. Assim, os Tentáculos Místicos tiveram tanto trabalho para refinar as Planícies Ennoudu era após era, garantindo que nenhuma vida pudesse prosperar ali.

    Eles usaram a areia cinza do Vazio Cinza-Arenoso para modificar ainda mais a região. Tudo correu como previsto. O poder de um Tentáculo Místico permitia-lhe perceber a verdade da natureza. Assim, quaisquer planos que criassem resistiriam ao teste do tempo.

    Por fim, chegou a vez de Renduldu. Ao observar a Árvore Parute murchando, ele determinou que ela só concluiria o processo dois milênios após sua ascensão. Por isso, o plano teria que ser concluído por seu sucessor.

    Infelizmente, quando Renduldu usou sua habilidade para colher detalhes sobre quando seu sucessor apareceria, não descobriu nada. Isso queria dizer que a próxima era não pertencia aos Tentáculos Místicos, mas a alguma outra raça.

    Seria apenas por uma era, porém, Renduldu podia perceber o reaparecimento dos Tentáculos Místicos depois daquele período.

    Mas aquela era perdida era a mais importante de todas, pois era quando a Semente de Parute surgiria. O surgimento da Semente significava que metade do processo estava feito. Mas seria inútil se não tivesse um Tentáculo Místico para supervisionar.

    Se outra Besta Prânica de Grau Místico aparecesse, ela acabaria sentindo a presença da Semente de Parute. Havia uma grande chance de que ela consumisse a Semente para promover suas próprias ambições.

    Renduldu decidiu arriscar ao ver Gannala. Ele sentiu que a Semente de Parute seria útil para ela e, por fim, ajudaria os objetivos de sua raça. Assim, ele fez os preparativos necessários.

    Depois que partiu para o Mundo Transcendente e retornou dois milênios mais tarde, Renduldu observou a Semente de Parute. Quando trouxe as almas dos seis reencarnados para a Terra, ele gravou seus dados na Semente, sabendo pelas memórias de Resha que ele a consumiria no futuro.

    Como pretendia que os seis reencarnados soubessem da existência da Semente de Parute através das Crônicas de Sumatra, ele tinha certeza de que um deles consumiria a semente.

    Assim, ele usou seu poder para garantir que a Semente de Parute eclodisse cedo demais assim que fosse consumida por Resha ou um dos reencarnados. Se ela tivesse eclodido após outro milhão de anos, seria um Devorador Transcendente adequado, capaz de devorar Transcendentes sem limites.

    Mas, como a Semente de Parute eclodiu cedo demais, tornou-se só o equivalente a uma Besta Prânica. O Recipiente Espiritual de Blola era o de uma Presa Empírea, uma Besta Prânica de Grau Ouro. Após consumi-la, o Devorador Transcendente evoluiu para uma variante de Besta Prânica de Grau Ouro.

    E, com base na ordem de suas mortes, os reencarnados ocuparam os espaços, já que seus dados já estavam codificados no Devorador Transcendente.

    Na Natureza Secundária de Blola estava Orakha, o primeiro a morrer entre os reencarnados. Na Natureza Terciária estava Yennda. Por sorte, só dois deles haviam morrido.

    Se um terceiro tivesse morrido, não teria como revivê-lo, já que Blola só tinha dois espaços. A forma como o Reavivamento de Memória funcionava era através de alguma misteriosa causa e efeito que Blola não conseguia entender.

    Mas a pessoa que ele revivesse teria a mesma força que tinha momentos antes da morte. Era, no fundo, um checkpoint1 para Resha e os reencarnados.

    Enquanto Blola estivesse vivo, dois deles poderiam reviver sem problemas e atacar sem parar o Rei Javali. Ondas incessantes acabariam por derrubar a mais alta das montanhas. Esse era o verdadeiro plano de Renduldu para garantir que o Clã Mamute tivesse um futuro.

    Blola não sabia de todos esses detalhes. Tudo o que ele sabia era que Orakha e Yennda ocupavam seus dois espaços de reavivamento por causa de Renduldu.

    Ele então se focou neles, surgindo em um vazio para encarar duas frutas. O tamanho das frutas mudava dependendo do potencial e acúmulo do indivíduo, sendo também um reflexo direto de seu caminho.

    “Que diabos! Por que a diferença de tamanho é tão grande?”

    Blola ficou atordoado enquanto encarava as duas frutas diante dele. A fruta que representava Yennda era do tamanho de um humano, mas a fruta que representava Orakha era dez vezes maior.

    Ele não conseguia entender o motivo, só sabendo que o potencial de Orakha para a grandeza superava em muito o de Yennda. Ele então passou os pensamentos para Raaha, perguntando a quem reviver primeiro:

    “Chefe, vai levar um tempo para revivê-los.”

    — Comece com Orakha — disse Raaha.

    “Certo”, Blola se focou na fruta que representava Orakha em seu espaço mental. Na realidade, uma fruta começou a brotar de um dos galhos do Devorador Transcendente, crescendo pouco a pouco.

    Vinte dias depois, a fruta caiu no chão e eclodiu como um ovo, mostrando Orakha nu, na mesma posição de um bebê humano no útero de sua mãe.

    — Gah… Khahh! — Orakha tossiu com violência enquanto agarrava o maxilar, confuso ao perceber que estava intacto. Ele então observou os seus membros, vendo que estavam presos. — Eu… não estou morto?

    — Foi um sonho… — ele murmurou antes que uma informação surgisse em sua mente, inserida pelo Devorador Transcendente momentos antes de ele eclodir. 

    “Eu morri para as Víboras de Lama, hein?”

    Ele olhou para a árvore carnívora ao seu lado, inspirou fundo e berrou de raiva: 

    Reeshaaaa!

    — Seu maldito bastar…! — O esforço excessivo estilhaçou-lhe as costelas. No momento em que uma delas perfurou seu coração, Orakha tossiu sangue e desabou no chão, morto.


    1. “Checkpoint”, termo muito usado em videogames para um “ponto de salvamento” — um local onde o progresso é salvo e para o qual o jogador retorna automaticamente se morrer.[]

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