Capítulo 29: Meu Filho, Grehha
A Presa Empírea havia criado voluntariamente canais em seus ossos para permitir que os Membros do Clã Mamute entrassem e saíssem. Mas, com o tempo, devido à falta de uso, muitos canais se fecharam devido à sedimentação de poeira e nutrientes que se solidificaram ao longo dos anos.
Durante uma invasão, como a Primeira Crise Menor, a Presa Empírea fecha naturalmente a maioria desses canais. E a menos que necessário, os Membros do Clã Mamute não os abririam.
‘Um desses canais existia aqui.’ Grehha pensou, encarando o local onde derramou a solução misteriosa. O canal aqui nunca havia sido aberto depois que se fechou há alguns séculos. Ele havia sido negligenciado a ponto de a entrada do canal se fundir com o exoesqueleto. Ele já havia explorado o lugar no mês passado.
A solução que ele derramou era um ácido refinado usando toxinas da Víbora de Lama. Não era forte o suficiente para corroer o exoesqueleto da Presa Empírea, mas atuava sobre as articulações da entrada e consumia gradualmente a poeira solidificada.
Vinte minutos depois, quando as articulações estavam soltas o suficiente, Grehha usou seu Prana para controlar uma esfera óssea e a lançou contra a entrada, empurrando com toda sua força enquanto via as bordas da entrada se esticarem como borracha antes de arrebentar.
A entrada foi aberta à força enquanto um cheiro turvo vazava para fora. Estava escuro lá dentro quando Grehha se acalmou e entrou.
O canal tinha dois metros de altura e um metro de largura, o suficiente para uma pessoa se mover por ele. Mesmo estando escuro, no momento em que ele entrou, sua Arte Óssea Mística se ativou sozinha, aprimorando seu sentido de Prana.
De repente, seus arredores se iluminaram. Na realidade, ainda estava escuro, mas para os Membros do Clã Mamute, parecia bem iluminado. Esse era um dos mecanismos de defesa da Presa Empírea.
Mesmo que uma Besta Prânica entrasse no canal, ela não conseguiria enxergar. E isso não era tudo. Forças gravitacionais rompidas esmagariam o invasor, despedaçando seu corpo em uma pasta de carne.
Aqueles que cultivavam a Arte Óssea Mística, não seriam afetados por nada disso. Em vez disso, seriam tratados como parte do sistema imunológico da Presa Empírea.
Grehha fechou a entrada e caminhou pelo canal por algumas horas, logo alcançando um órgão pulsante. “Cheguei.”
O canal se dividia em vários canais estreitos pelos quais só era possível rastejar. Esses canais cercavam o órgão pulsante que estava quase todo murcho.
Grehha rastejou por um desses canais e entrou no órgão pulsante, suspirando ao sentir a falta de força vital na região. Ele se sentiu melancólico e teve vontade de chorar: ‘Ela está com os dias contados.’
De repente, ele deu um tapa no próprio rosto, se animando: ‘Por que estou sentindo tanto apego por essa Presa Empírea do nada? Eu nem sou deste mundo originalmente.’
Ele pousou dentro do órgão e caminhou por uma passagem carnuda, chegando ao fim para entrar em uma câmara onde havia um ovo. Não, não era um ovo, mas algo que eventualmente se tornaria um.
Óvulo!
Era o Óvulo da Presa Empírea. Só havia um restante ali. Ao vê-lo, Grehha ficou aliviado: “Ainda bem que tem um aqui. Eu não queria ter que entrar nos ovários de outra Presa Empírea.”
Graças à feira, a maioria dos Membros do Clã Mamute estava no topo da colina. As Planícies Ennoudu eram uma região segura, desprovida de Bestas Prânicas. Portanto, a segurança no assentamento estava mínima no momento.
Os poucos cultivadores restantes no assentamento estavam lá apenas para guardar os locais importantes. Como resultado, os canais abandonados que levavam aos ovários não estavam sendo monitorados. Mas isso só duraria até hoje.
Assim que a feira terminasse à noite, todos os cultivadores voltariam. Grehha teria que terminar sua tarefa até lá. Mas, se ele não encontrasse um Óvulo na 44ª Presa Empírea, teria que infiltrar outra Presa Empírea.
Não só era perigoso, como ele também estava com pouco tempo. Uma viagem aos ovários levava pelo menos algumas horas, se não mais. Por isso, ele queria ter sucesso na primeira tentativa.
E ao ver o óvulo, ele ficou extasiado, tocando-o gentilmente: “Graças a Deus.”
[Meu filho!]
“O quê?” Com a repentina explosão de uma voz em sua mente, Grehha gritou de susto, “O que foi isso?”
[Sou eu, meu filho!]
Ele nunca tinha ouvido aquela voz antes, mas, por algum motivo, ela parecia extremamente familiar. Além disso, antes que ele percebesse o que estava acontecendo, seu peito ficou apertado e Grehha engasgou. Lágrimas escorreram de seus olhos enquanto uma emoção avassaladora o tomou, reconhecendo instintivamente a fonte da voz: “Presa Empírea?”
[Eu sou Gannala, a 44ª Presa Empírea!]
“Eu… posso me comunicar com você?” Grehha ficou pasmo. Estava escrito nas Crônicas de Sumatra que apenas o ancestral do Clã Mamute conseguia se comunicar com as Presas Empíreas. Ninguém mais depois disso conseguia.
Até mesmo os vários Líderes de Assentamento só conseguiam sentir as emoções de suas respectivas Presas Empíreas e comunicavam isso ao Clã Mamute para coordenar vários assuntos.
‘Até o Resha não conseguia se comunicar com uma Presa Empírea, nem mesmo no final do jogo.’ Grehha ficou chocado antes que a empolgação surgisse nele. Alguns segundos depois, porém, a empolgação desapareceu, substituída por tristeza.
Ele olhou para o Óvulo, retirando a mão e percebendo que não conseguia mais ouvir a voz da Presa Empírea. Quando ele gentilmente entrou em contato com ele, conseguiu ouvir sua voz novamente: “Por que… eu sou seu filho? Você não me deu à luz.”
[Você é meu filho!]
A resposta foi curta e grossa. Grehha atribuiu a delírio da Presa Empírea: ‘Eu nem sou deste mundo.’
[Eu sou velha, mas não o suficiente para ficar delirante ainda, filho!]
“O quê?” Grehha retirou a mão em pânico, “V-Você pode ler minha mente?”
Ele não ouviu uma resposta, já que não estava mais em contato com o Óvulo. Grehha não queria nada além de sair dali, mas lembrando que o Óvulo era necessário para seus planos, ele reuniu coragem e o tocou novamente: ‘Mesmo que eu possa competir com o Resha, não tenho garantia de sucesso. No momento, Resha, Virala e até Inala estão à minha frente na corrida. Essa é minha única opção para o sucesso. Não posso desistir aqui.’
No momento em que ele o tocou, a voz da Presa Empírea ressoou em sua mente.
[Todos os Membros do Clã Mamute são parte de mim. Para meus sentidos, eles são como uma Lâmina Óssea. Eu tenho acesso a todas as informações em seus corpos.]
“Então…” Seu coração pulou enquanto ele encarava o Óvulo, “Você sabe da minha origem…?”
[Sim, você é meu filho!]
O óvulo pairou gentilmente no ar e o tocou, fundindo-se ao seu corpo.
[É apenas natural que eu apoie meu filho. Espero que você tenha sucesso!]
[Meu filho, Grehha!]1
- foi adotado na marra pela Dona Tromba jkkk[↩]
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