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    “Condenado à Morte…” Luttrena murmurou, desconfiada de Virala. ‘Como pude me apaixonar por alguém assim?’  

    “Como ele é?” Ela perguntou em seguida.  

    “Hmm…” Inala fingiu ponderar cuidadosamente e falou devagar: “Ele é astuto, tem jeito com as palavras e sempre planeja alguns passos à frente. É alguém que eu respeito e desgosto ao mesmo tempo.”  

    Tudo o que ele disse era o que realmente sentia sobre Virala. Era melhor ser o mais honesto possível, só assim ele conseguiria sondar Luttrena e entender os planos de Virala.  

    Ele então a encarou: “Por que está perguntando sobre ele? Ele fez algo com você?”  

    “É… nada.” Luttrena suspirou baixinho.  

    “Por acaso…” Inala fixou os olhos nela, agindo como se pudesse enxergá-la por dentro enquanto falava suavemente: “Você gosta dele?”  

    “Não é da sua conta,” Luttrena bufou e virou as costas, indo embora.  

    “Se está pensando em se apaixonar por ele, eu aconselho contra, já que você é uma cliente valiosa para mim.” Ele elevou levemente a voz: “Ele já tem uma amante.”  

    “Amante?” Luttrena parou de repente. Por um instante, seu Prana se agitou, fazendo seus cabelos esvoaçarem como se uma onda de choque os atingisse. Veias saltaram em seus olhos enquanto ela encarava Inala: “Você está falando a verdade?”  

    “Sim,” Inala agiu como se estivesse alheio ao estado emocional dela e acenou calmamente: “Qualquer aluno do 44º Assentamento sabe. Ele é namorado de Ruvva, uma das netas da Vovó Oyo. Foi por isso que ele foi aceito como discípulo dela e aprendeu medicina. Ele estava vendendo remédios numa barraca aqui com ela.”  

    ‘Aquela garota com ele?’ Luttrena lembrou da moça ao lado de Virala em sua barraca. ‘Tudo o que ele me disse foi que os dois tinham uma boa amizade.’  

    “É mesmo?” Luttrena acenou com a mão e foi embora, saindo do anel externo enquanto subia pelo tronco da 43ª Presa Empírea e escalava calmamente. Seus olhos estavam calmos, até frios, encarando tudo ao redor como se fosse apenas pó.  

    ‘Ok, fiz minha parte aqui.’ Inala exalou suavemente. Não importava se Luttrena encomendasse ou não a Arte da Imaginação que ele havia anunciado. Muitos outros membros da elite já bateriam à sua porta por retratos de qualquer forma. Ele poderia aos poucos apresentar a Arte da Imaginação e aumentar suas vendas.  

    Além disso, seu objetivo era apenas ganhar Parute suficiente para atingir 100 Prana. Assim que alcançasse o Estágio Corporal, poderia preparar e vender itens muito mais valiosos do que retratos. Então, essa fase artística duraria apenas até o Primeiro Grande Desastre começar.  

    Portanto, seu principal objetivo ao abordar Luttrena era instigá-la contra Virala. ‘Não é possível interrogá-la sobre o que quer que tenha acontecido entre eles. Mas, espero que, ao instigá-la assim, eu possa usá-la para atrapalhar o crescimento dele.’  

    Esse era seu único objetivo. Claro, ele adoraria se Luttrena desse tudo de si para destruir Virala. Uma espada emprestada com uma lâmina mortalmente afiada era a melhor forma de eliminar um inimigo.  

    Inala arrumou sua barraca, observando a multidão deixando o topo da colina um após o outro. Os membros da elite desmontaram as paredes em segmentos menores e começaram a transportá-los de volta para seus respectivos assentamentos.  

    “Vamos voltar. Você é o último.” O Instrutor Mandu se aproximou dele, tendo acabado de retornar após guiar os alunos de volta ao assentamento.  

    Inala acompanhou o Instrutor Mandu enquanto subiam lentamente pelo tronco, observando os membros da elite carregando os itens — do topo da colina — passando por eles.  

    Krrr-Ruuu-Rraaa!

    Logo quando Inala chegou à cabeça, a 44ª Presa Empírea ergueu sua tromba para o alto e soltou um poderoso trompete,1 ensurdecedor.  

    “Merda…!” Ele tapou os ouvidos com as mãos, gritando enquanto sentia que ficara surdo com o som. Seu corpo tremeu, mesmo que apenas resquícios das ondas sonoras o atingissem.  

    Como a Presa Empírea apontou as narinas de sua tromba para longe do assentamento, a maior parte do som se dissipou. Uma explosão de ondas de choque, tão poderosa que ele podia ver uma onda de ar densamente comprimida se expandindo em um arco semicircular.  

    Era forte o suficiente para aplainar uma colina, mesmo sem ser um ataque. A onda de choque viajou por mais de cem quilômetros, adentrando o Cânion Dieng. Houve uma agitação no cânion enquanto uma nuvem negra se movia em resposta.  

    “Incrível, não é?” O Instrutor Mandu murmurou com orgulho incontido: “Só o nosso Clã Mamute tem um lar tão aterrorizante. É por isso que até grandes impérios não ousam mexer conosco.”  

    Seus olhos brilharam com desdém: “Cinquenta anos atrás, quando eu era um aluno, um rei nos ofendeu.”  

    Ele pronunciou com uma frieza que gelava os ossos: “Naquele dia, as 44 Presas Empíreas arrasaram o reino daquele rei insensato, reduzindo-o ao esquecimento. Uma civilização inteira foi varrida do mapa, simplesmente assim.”

    Ele bateu no ombro de Inala, aplicando um pouco de força: “Se você quer fazer parte do legado lendário do nosso Clã Mamute, prove seu valor e sobreviva além do seu prazo.”  

    “Eu sei, Instrutor Mandu.” Inala acenou: “É por isso que estou dando tudo de mim.”  

    “Tem certeza?” O Instrutor Mandu bufou: “Você não me mostrou algo diferente ontem? Por que não exibiu isso?”  

    “Na verdade…” Inala sussurrou em seu ouvido, chocando-o com a verdade: “Um mestre viu depois e aprimorou minha Habilidade para um nível assustador. Eles me disseram para evitar usá-la para ganhar Parute, já que tem potencial de combate. Por isso tive que abandonar.”  

    “Um mestre?” A má impressão do Instrutor Mandu sobre Inala desapareceu. Ao olhar para os olhos animados do aluno, ele soube que Inala falava a verdade: “Parabéns por receber a graça de um mestre. Isso já é uma recompensa por si só.”  

    “Obrigado, Instrutor.” Inala curvou-se com alegria: “Tenho certeza que foi porque você espalhou a palavra.”  

    “Isso…” O Instrutor Mandu sorriu ironicamente, ‘Eu não fiz nada.’  

    Ele então bateu no ombro de Inala, tossindo antes de falar: “Continue se esforçando. Agora vamos selecionar uma casa. Quando terminar, terei que enviar o endereço para os membros da elite que solicitarão seus serviços depois.”  

    “Já tenho uma em mente,” Inala sorriu satisfeito e conseguiu a casa que queria. Era uma casa barata, localizada perto da cauda da Presa Empírea. Era a casa mais distante do assentamento, nunca ocupada devido ao mau cheiro que impregnava a região.  

    Estava perigosamente próxima do ânus, afinal. Além disso, toda vez que a cauda se movia, produzia sons trovejantes. O ambiente atrapalharia a meditação. Os antigos moradores a abandonaram quando perderam muito Prana devido ao incômodo.  

    “Tem certeza que é isso que quer?” O Instrutor Mandu esfregou o rosto: “Você tem centenas de opções melhores, especialmente porque metade das casas está vazia. E essa é a que você quer?”  

    “Instrutor,” Inala falou com seriedade: “Sou um Condenado à Morte sofrendo da Doença do Fragmento. Tenho futuro?”  

    “Não,” O Instrutor Mandu balançou a cabeça.  

    “É por isso,” Inala olhou para sua casa: “Vou me desafiar nesta casa. Apenas sobreviver em uma condição onde outros desistiram significaria…”  

    Ele sorriu: “Que sou digno de viver.”  


    1. Um rugido-trovejante. Barulho típico que os Presas Empíreas soltam. Similar ao barulho que um elefante faz com a tromba. []

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