Capítulo 46: O Arrependimento de Uma Vida de Mandu  

Inala atualmente possuía apenas 12 Prana. No dia anterior, ele tinha vinte. Mas, para enganar Resha, ele explodiu oito Recipientes Espirituais, fazendo com que perdesse 8 Prana.  

Seu controle melhorava dia após dia graças aos treinos com a Habilidade de Reforço Espiritual. Mas ainda levaria algum tempo até conseguir capturar uma Bomba de Prana lançada por um Zinger Capitão. Isso só seria possível quando ele alcançasse o pico do Estágio Espiritual.  

Porém, isso não significava que ele não tivesse outros métodos.

‘A Habilidade de Marionetismo permite o controle hábil de um arranjo complexo de Armas Espirituais. Com ela, não preciso enfrentar as Bombas de Prana de frente, mas posso desviá-las.’  

A luva capturaria a Bomba de Prana de qualquer forma. Além disso, isso aconteceria a muitos metros de distância de Inala. Ou seja, ele teria uma janela de 0,1 a 1 segundo, dependendo da distância, para reagir.  

Ao fazer a luva se mover em um ângulo, ele poderia desviar a trajetória da Bomba de Prana. Desde que a desviasse por um metro, evitaria um impacto direto em seu corpo. Inala pretendia alcançar esse nível de habilidade.  

‘Parece que não posso evitar as aulas graças ao Instrutor Mandu. Então, é melhor usar sua boa vontade e treinar sob sua proteção.’ Ele pretendia ficar perto do Instrutor Mandu para esse propósito. ‘Além disso, ele alcançou o Estágio Vital. Posso obter informações valiosas sobre isso com ele.’  

Apenas informações sobre o Estágio Espiritual e a fase inicial do Estágio Corporal eram ensinadas nas aulas. Dados sobre o Estágio Vital só estavam disponíveis para elites que se aproximavam do pico do Estágio Corporal.  

Muitas coisas fora de controle aconteceriam no Continente Sumatra. Portanto, ao primeiro sinal de uma variável, era preciso ajustar os planos de acordo. Inala repetia essa afirmação para segui-la de coração.  

E agora, isso se mostrava eficaz, visto que ele nem perdeu tempo pensando em abandonar seus planos originais. Em vez disso, seu cérebro começou a criar novos esquemas naturalmente.

‘Meu treinamento mental está funcionando. Minha mente está se adaptando a este mundo.’  

Sentado no fundo da sala, Inala ouvia a aula enquanto controlava sua luva. Sempre que uma Bomba de Prana entrava em alcance, ele as capturava.  

Quando os Zinger Batedores observavam suas ações, eles evitavam a área. Mas isso era apenas temporário.  

Em cada montanha vivia uma colônia de Zingers. Conforme a Presa Empírea se movia e passava por uma nova montanha, a colônia de Zingers ali a atacava.  

Então, toda vez que isso acontecia, um grupo de Zinger Batedores atacava a academia. Isso também significava que haveria breves intervalos sem ataques, quando Inala podia respirar.  

Eventualmente, era noite, e as aulas haviam terminado.

‘De alguma forma, sobrevivi a isso.’  

Inala suspirou aliviado. Nenhum aluno havia morrido para os Zingers, graças à proteção dos Instrutores. Mas não havia garantia de que seria assim sempre. E essa incerteza era o que lhe dava arrepios.  

“Inala, você precisa estar preparado.” O Instrutor Mandu se aproximou dele assim que ele estava prestes a sair. Ele levou Inala para um canto e sussurrou: “Em dois dias, você visitará o 43º Assentamento. Seu líder deseja vê-lo e disse para você preparar algo chamado Arte da Imaginação.”  

“O que é essa Arte da Imaginação?” ele perguntou, curioso.  

“É uma versão avançada dos retratos que eu faço,” Inala disse, propositalmente expressando orgulho. “Eles são úteis para treinar nossas emoções.”  

“Isso funciona?” O Instrutor Mandu ponderou. Ele não era do tipo que acreditava em algo sem provas concretas.  

“Saberemos em dois dias. Eu me gabava disso para uma das filhas do Chefe do 43º Assentamento. Tenho certeza de que essa convocação é para testar a veracidade da minha afirmação.” Inala acenou com a cabeça.  

“Trabalhe duro para ter sucesso,” o Instrutor Mandu bateu em seu ombro com seriedade. “Tenha sucesso e torne-se valioso para nosso clã. Assim, você terá um futuro.”  

“Se ao menos você não tivesse a Doença do Fragmento…” Sua voz sumiu, e ele se afastou, murmurando baixinho: “Seus talentos teriam garantido um futuro sólido.”  

“Pelo menos melhor que o meu.”  

Sua última frase carregava seu arrependimento. Inala observou em silêncio a figura recuante do Instrutor Mandu. ‘Mandu, um personagem infeliz.’  

Quando era estudante, Mandu relaxou durante o treinamento. Ele vinha de uma família relativamente abastada. Seus pais eram elites conhecidos e tinham poder suficiente para assumir tarefas importantes no Clã.  

Ele nunca sentiu uma forte motivação para melhorar. Como resultado, quando se formou, a avaliação do Clã sobre seu potencial foi apenas Grau C.  

A tarefa dos Instrutores na Academia não se limitava a ensinar os alunos. Mas, desde os dez anos, quando um aluno entrava na academia até sua formatura, os Instrutores os avaliariam em vários critérios.  

Jogo de Cintura¹, Sobrevivência, Desejo de Sobrevivência e, finalmente, Potencial de Contribuição para o Clã Mamute. O último fator era o mais importante de todos. Ao longo de cinco anos na academia, o aluno seria avaliado.  

Os Instrutores reuniriam todos os dados e os apresentariam ao Líder do Assentamento e ao conselho de mestres. Os mestres classificariam os alunos de D a A.  

Um aluno Grau D receberia um ovo de Besta Prânica de Grau Ferro Iniciante para fundir. Ovo de Grau Ferro Intermediário para alunos Grau C, Grau Ferro Avançado para Grau B e, finalmente, Grau Ferro Especialista para Grau A.  

O Líder do Assentamento seria quem decidiria o tipo de Besta Prânica que um aluno receberia dentro de sua classificação. E, finalmente, se surgisse um aluno gênio com um potencial assustador em termos de contribuição para o Clã, o Líder do Assentamento elevaria sua classificação de A para S.  

Um aluno Grau S receberia um ovo de Besta Prânica de Grau Prata Iniciante. Um membro do Clã Mamute que fundisse com uma Besta Prânica de Grau Prata se tornaria um mestre. Sem mencionar o enorme aumento na vida útil que uma Besta Prânica de Grau Prata concedia, permitindo que os mestres vivessem por muitos séculos.  

Mandu recebeu uma Besta Prânica de Grau Ferro Intermediário. Isso implicava que o Clã não tinha expectativas sobre ele. O fato de o Instrutor Mandu ter se tornado um mestre era uma demonstração de seu puro talento.  

Ele percebeu seu talento no dia em que se tornou uma elite, lamentando profundamente sua decisão. Se tivesse dado o seu melhor, teria se tornado um aluno Grau S.  

Em vez de um mestre fraco, ele teria sido um verdadeiro poder e apoiado melhor seu Clã. Esse era seu arrependimento e a razão pela qual ele sempre insistia para que os alunos se esforçassem ao máximo.  

Mas, durante o Primeiro Grande Desastre, esse arrependimento o envolveria por completo, fazendo com que o Instrutor Mandu se amaldiçoasse sem parar enquanto todos que lhe eram queridos morriam.

1. Prefiro usar Jogo de Cintura do que escrever uma biblia tipo: Resourcefulness = Capacidade de adaptação e solução de problemas ou algo parecido[↩]