Capítulo 52: Habilidade Primária de Extorsão  

“O-Q-Q-Que habilidade monstruosa é essa?” Ruvva ficou pasma ao assimilar os detalhes da Habilidade em sua mente. A Lâmina Óssea da qual ela obteve a Habilidade virou pó e se espalhou no chão.  

“Eu realmente precisaria de algo assim?” Ruvva gritou, agitada.  

“Você acha que é melhor juíza de caráter do que eu?” Vovó Oyo encarou. “Menina tola, você não entende por que estou te dando uma Habilidade dessas?”  

“Entendo, mas isso parece… diabólico.” Ruvva ficou desanimada. “Usar isso em alguém que amo é…”  

“Virala não é alguém simples. Você pode até dizer que ele é… perigoso.” Vovó Oyo expressou seus pensamentos.  

“Se ele é assim, então por que você o aceitou como discípulo?” Ruvva perguntou. “Só porque eu o amo não é motivo suficiente para tocar seu coração, certo?”  

“Você está certa,” Vovó Oyo concordou. “Mesmo que ele se torne seu marido, eu não ligaria. Minhas Habilidades são valiosas demais para serem passadas adiante somente para o amante de uma das minhas incontáveis netas.”  

“Quando você diz assim, eu me sinto insignificante.” Ruvva ficou deprimida.  

“Essa é a verdade,” Vovó Oyo falou sem mudar de expressão. “Tenho catorze filhos. Cada um deles tem pelo menos seis crianças. Mesmo depois de muitas mortes, o número dos meus descendentes ainda é significativo. Dois filhos e três filhas. Esse é o número de meus filhos que morreram no mês passado.”  

“Eu não derramei uma lágrima por eles.” Ela encarou Ruvva calmamente, fazendo a última estremecer.  

Isso fez Ruvva perceber a verdade, destruindo sua ilusão.

 ‘Vovó só me deixa ficar com ela para aliviar seu tédio. Ela não ligaria se eu morresse.’  

Um olhar para a expressão impassível de Vovó Oyo, mesmo após relatar a morte de cinco de seus filhos, deixou Ruvva chocada. Só então ela entendeu que a mulher diante dela era um monstro que vivia há mais de um século.  

Como alguém afetada pela Doença do Fragmento, ela começou sua vida como uma Condenada à Morte. A quantidade de coisas que ela teve que suportar para sobreviver até agora era incomparável. Ela abateu inúmeras Bestas Prânicas para suprimir sua doença e tentar encontrar uma cura.  

Ao longo do caminho, ela perdeu sua humanidade. Para ela, ter outro filho era apenas uma forma de experimentar outro método para suprimir sua doença. Ela era uma maníaca, seu único desejo além de se tornar forte era curar sua doença.  

Nessa realidade, valia tudo. Se Ruvva não servisse ao menos como entretenimento para Vovó Oyo, seria abandonada sem hesitação.

Uma estudante sem apoio; mesmo que se tornasse uma Elite, era só questão de tempo até uma Besta Prânica devorar sua cabeça. A percepção a atingiu forte, destruindo a rede de segurança na qual Ruvva estava envolta.  

Isso a forçou a pensar com todo seu intelecto — pela primeira vez na vida, totalmente focada na sobrevivência. Surpreendentemente, conseguiu deduzir a maioria das intenções de Vovó Oyo, sentindo sua mente funcionando sem restrições.  

‘Veja, você consegue se tentar.’ Vovó Oyo sorriu internamente. Ela estava originalmente irritada com a aura de donzela em perigo que Ruvva exibia. ‘Agora, ela está gradualmente se tornando uma verdadeira integrante do Clã Mamute.’  

“Virala tem potencial suficiente para contribuir imensamente para o Clã?” Ruvva perguntou ao consolidar seus pensamentos. “Quais são os benefícios e riscos?”  

“Vejamos,” Vovó Oyo hesitou antes de falar baixinho. “Ele é uma variável que pode nos apontar uma saída para certa catástrofe. Esse é o benefício.”

“E o risco?” Ruvva questionou.

“Ele pode se tornar a nossa catástrofe.” Vovó Oyo riu. “Ele é um caso absurdamente arriscado… mas de recompensa igualmente grande.”

“Então, a Habilidade que você me deu é para combater esse cenário de alto risco, certo?” Ruvva finalmente conseguiu entender o raciocínio de Vovó Oyo.  

“Basicamente,” Vovó Oyo concordou. “Então, você sabe o que fazer a seguir, certo?”  

“Sim, vou envolvê-lo com meus dedos tão firme que serei a única mulher em sua mente.” Ruvva afirmou com um aceno. “Vou conseguir, custe o que custar.”

“Isso é bom.” Vovó Oyo concordou e jogou para ela uma Lâmina Óssea. “Ela contém o conhecimento que reuni sobre como domar um homem. É uma compilação de inúmeras mulheres do nosso Clã.”¹  

“Tínhamos algo assim?” Ruvva ficou chocada ao absorver todo o conhecimento. “Por que isso sequer existe?”  

“Por que você acha?” Vovó Oyo bufou. “Somos um Clã mercante. Visitamos vários reinos o tempo todo. E muitas mulheres nesses reinos são beldades deslumbrantes.”  

“Nós, do Clã Mamute, valorizamos a força de batalha acima de tudo. Por isso, até nossas mulheres têm uma aparência robusta. Mas não é assim naqueles reinos lá embaixo.” Ela bufou com desprezo. “Lá há mulheres que passam a vida toda se embelezando Até suas Técnicas de Cultivo são feitas para torná-las mais sedutoras aos homens.”

“Para essas mulheres, conquistar um integrante do Clã Mamute é um sinal de vitória.” Ela encarou, seus olhos frios. “Muitas vezes, elas conseguem, pois são treinadas para encantar homens. Claro, assim que essas mulheres embarcarem em nosso Assentamento, nós as mataremos usando as várias oportunidades presentes. Mas ainda é irritante perder nossos homens para algum lixo fraco.”  

“Então, foi assim que essas técnicas nasceram.” Ruvva concordou. “Basicamente, estamos lavando o cérebro dos nossos homens para nos venerarem como esposas perfeitas, né?”  

“Não é garantido que funcione.” Vovó Oyo concordou. “Afinal, não é uma Habilidade, mas apenas uma coleção de jogos mentais.”  

“Eu não estou falando disso,” Ruvva disse e olhou para o pó de osso no chão. “Estou falando da Habilidade Primária de Extorsão, vovó.”  

“Como… você criou uma Habilidade tão diabólica?”  

‘Eu extraí muita informação de um certo reencarnado que me inspirou a criá-la.’ Vovó Oyo pensou em Inala e sorriu. ‘Ele é verdadeiramente um tesouro de inspiração.’  

“Você não precisa saber, Ruvva.” Vovó Oyo tocou calmamente a testa de Ruvva. “Eu garanti que você esquecerá a Habilidade após usá-la uma vez. Além disso, você será incapaz de divulgar essa informação para qualquer outra pessoa. Ela também não pode ser extraída da sua memória por nenhum cultivador, nem mesmo por um mestre mais forte que eu.”  

“Eu entendo,” Ruvva curvou-se em resposta. “Virala estava te procurando agora. O que devo dizer a ele?”  

“Eu ficarei em meditação isolada pelos próximos dez meses.” Vovó Oyo falou secamente. “Estou me preparando para um avanço. Deixo Virala para você, Ruvva. Você pode usar a riqueza que deixei na minha casa lá fora.”  

“Este é meu teste para você.” Ela disse. “Se você tiver sucesso, considerarei te nutrir com seriedade. Se tudo o que você fez foi esbanjar minha riqueza…”  

“Eu herdarei seu negócio com sucesso.” Os olhos de Ruvva ficaram frios e calculistas.² “E farei Virala se submeter a mim.”  

“Pode ter certeza disso, vovó.”

1. vovó cafetina jkk[↩]
2. Fria e flamenguista[↩]