Capítulo 62: Inala Desmaia, Mandu Enfurece

Boom!

O transporte colidiu com o chão e espalhou-se com o impacto. A Arte da Imaginação em seu interior partiu-se em cem fragmentos. Uma sombra pairou sobre ele e passou calmamente. Era a pata traseira direita da 44ª Presa Empírea. Gannala seguiu caminhando, assim como as demais Presas Empíreas.

Mesmo que isso parecesse um evento significativo, onde dezenas de elites participaram da operação de resgate, o resultado não teve repercussão. A escala era pequena demais para a manada se importar.

Nas Crônicas de Sumatra, durante uma dessas visitas ao 44º Assentamento, o transporte que levava Asaeya despencou. Os elites tentaram salvá-la, mas fracassaram. No fim, seu corpo espatifou-se com o impacto. Uma queda de mais de um quilômetro de altura não poderia ser outra coisa senão uma sentença de morte.

A queda do transporte não tinha importância, e foi por isso que sua morte nem sequer foi registrada nas Crônicas de Sumatra.

“Inala! Inala! Acorde!” Asaeya soluçou. Ela não tinha nada consigo para curá-lo. O Prana tinha propriedades de cura, mas a menos que ela tivesse uma Habilidade ou Natureza voltada para isso, infundir seu Prana em seu corpo só pioraria a situação.

O Prana de Inala rejeitaria o Prana estranho. O choque o feriria ainda mais.

“Vocês têm um Elixir?” Asaeya olhou para os elites próximos a ela. “Se tiverem, por favor, tragam. Eu reembolsarei com um Elixir novo imediatamente depois.”

Os elites sorriram amargamente entre si, expressando impotência. Eles eram meros cultivadores sem recursos, formados há alguns meses, e só haviam recebido Bestas Prânicas de Grau Ferro Iniciante.

Eles não tinham recursos para algo no nível de um Elixir.

“Notificamos os superiores. A ajuda está a caminho.” Um dos elites disse e aplicou pressão nos ferimentos de Inala, massageando a área para facilitar a circulação sanguínea. “Vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para mantê-lo vivo até lá.”

“Certo.” Asaeya forçou-se a se acalmar e olhou para a bolsa em forma de caixa de Inala. Ele carregava suas armas nela, por precaução. E dessa vez, elas haviam sido cruciais para salvar a vida dela.

O objetivo de Asaeya não eram suas armas, mas a Fruta Parute. Ela pagou a ele 280 Frutas Parute pela Arte da Imaginação.

‘Isso pode protegê-lo!’

Ela pegou um punhado de Frutas Parute e as esmagou, pingando seu suco na boca de Inala. O líquido rapidamente chegou ao seu estômago, ativando sua Arte Óssea Mística em resposta.

As Frutas Parute transformaram-se em Prana que circulou em seu corpo, começando a curar os ferimentos. O consumo de 100 Frutas Parute gerava uma unidade de Prana. Portanto, 280 Frutas Parute não ajudariam muito.

Mas três unidades de Prana ainda poderiam estender sua vida por mais algum tempo. Graças à ativação da Arte Óssea Mística, o frio que se apoderava de Inala começou a recuar.

“Alguém tem Frutas Parute?” Asaeya perguntou depois de alimentá-lo com todas as 280.

“Temos algumas reservas em nosso posto.” Um dos  elites disse e correu para um cofre seguro em uma sala próxima, pegando a caixa de Frutas Parute de dentro. “Há mil delas!”

“Obrigada!!” Asaeya suspirou aliviada. “Por favor, fiquem tranquilos que reembolsarei o valor imediatamente depois.”

Mil Frutas Parute geraram 10 unidades de Prana, estabilizando por pouco a situação de Inala.

“O que aconteceu com Inala?” O Instrutor Mandu desceu com uma corda e ficou pendurado fora do acampamento no joelho da Presa Empírea. O acampamento não era diferente de uma sacada, e no chão estava Inala.

Vendo sua condição, o Instrutor Mandu entrou no acampamento e inspecionou o corpo de Inala. “Felizmente, ele não morrerá. Há Prana suficiente circulando em seu corpo para evitar que sua condição piore.”

Depois de cumprir seus deveres na academia, o Instrutor Mandu estava indo para a sala de hóspedes quando ouviu o alvoroço. E, ao investigar os detalhes com os elites próximos, ele pulou imediatamente. Ele não queria ver um de seus alunos talentosos sofrer uma morte prematura.

O Instrutor Mandu transportou Inala para a enfermaria da Academia, iniciando o tratamento.

“Ele viverá, não se preocupe.” O curandeiro na enfermaria disse depois de injetar um frasco de remédio na corrente sanguínea de Inala. “Se não houver complicações, ele deve acordar em um dia. Suas pernas foram danificadas. Devido à sua Doença do Fragmento, temo que ele não consiga andar por um bom tempo.”

“Ele ficará aleijado?” O Instrutor Mandu sentiu uma raiva intensa surgir nele.

“Isso não acontecerá, não se preocupe.” O curandeiro comentou. “Seu Prana acabará curando suas pernas. Com suas reservas atuais de Prana, ele levará dois anos para se recuperar completamente.”

“Dois anos…” O Instrutor Mandu murmurou. “Dois anos…! Dois… anos, hein?”

“Dois anos para se recuperar naturalmente.” O curandeiro disse. “Podemos usar remédios para acelerar o processo, mas ao menor esforço, seu corpo se quebrará ainda mais. Os corpos daqueles infectados pela Doença do Fragmento são sensíveis e, honestamente, frágeis.”

“Mesmo agora, a quantidade de Prana nele já está sobrecarregando seu corpo. Então, eu não recomendaria…”

“Já chega. Avise-me quando ele acordar.” Dizendo isso, o Instrutor Mandu deixou a enfermaria e chegou ao campo de treinamento da academia, olhando para o céu e vendo centenas de Zingers.

Suas pernas se fundiram para se assemelhar a uma cauda, enquanto sua parte superior inchou de tamanho, ficando duas vezes maior. Escamas vermelho-acastanhadas cobriram seu corpo, e um par de chifres surgiu em sua testa. Seu rosto transformou-se no de um crocodilo, e garras apareceram em suas mãos.

Besta Prânica de Grau Ferro Intermediário — Lagarto Elétrico!

Uma das Bestas Prânicas mais comuns com as quais os membros do Clã Mamute se fundem ao atingir o Estágio Corporal. Para seu Grau, possuía um poder decente. Sua parte inferior serpentina permitia que os cultivadores rastejassem pelos sulcos e canais no assentamento mais rapidamente. Além disso, sua habilidade era perfeitamente adequada para o ambiente de combate no corpo da Presa Empírea.

Natureza Primária — Choque de Prana!

O Instrutor Mandu abriu sua boca de lagarto e expeliu uma descarga de Prana que explodiu nos Zingers ao impactar. Ela liberou uma onda de choque, paralisando os Zingers e entorpecendo seus corpos.

Sem parar, o Instrutor Mandu despejou uma série de Choques de Prana, fazendo os Zingers caírem do céu como chuva. Sua lança óssea brilhou e perfurou suas cabeças.

“Arghhh!”

O Instrutor Mandu rugiu, insatisfeito. Ele saiu correndo da academia e chegou à sala de hóspedes, encarando o velho cujo erro causou tudo.

“Não, não tenho certeza. De repente, senti sono. E antes que percebesse, estava dormindo…” O velho explicava-se para outro mestre quando, de repente, uma descarga de Prana atingiu seu rosto e explodiu. “O que… quem ousou?”

“Filho da puta! Eu ousei!” O Instrutor Mandu rugiu enquanto despejava uma chuva de socos contra o velho. “Você tinha um trabalho, o mais seguro em nosso Clã. Se não consegue nem fazer isso direito, por que diabos está vivo?”