Capítulo 1: O último filho
“‘Ficai bem atentos’, avisei — com grande tensão na voz. Haviam rodeado-me, clamando pelos conhecimentos que vinham de meus sonhos. De todas as vidas que vivi pelos olhos fechados, decidi que as contaria da forma clara; queridos e sedentos senhores da história. Sentei-me fronte a eles, no meu confortável sofá, com as janelas bem abertas e olhos caindo nas folhas e canetas.
‘Começarei com sonho e literatura: em cada sonho, sonhei a vida e conheci cada conhecimento adquirido. Farei das palavras do cile Mainy Wers, em suas Anotações Sobre As Sagradas Linhagens das Reais Casas: A história da Casa Godwill é demasiada antiga. São o Sangue dos Antigos: datam desde antes de Greanalg nascer como nação, desde antes de serem quatro nações e, mesmo como vassalos dos reis, eram reis antes de todos. Seu sangue é a raiz para as árvores. Eis o Sangue Antigo.’”
Izandi, a Oniromante.

Suspirou.
A sombra da noite já pairava sobre o Palácio dos Cinco; acompanhados do frio dos ventos de final de outono, os sussurros através das paredes também ficavam mais escuros. Elas conversavam. “Ouvi que o rei ficará aqui por uma semana!”, ouviu uma delas falando.
Com uma gota de suor frio escorrendo a testa, Ezekel observou com afinco disfarçado as aias da esposa fecharem o corpete verde-mar sob o decote circular do vestido. Ofina retribuiu o olhar, que o esposo escondeu abaixando o rosto avermelhado.
— Pode olhar — convidara, sorridente, mas ele continuou com o rosto voltado à porta clara como mármore. Sua nuca doeu. Deu-se conta que estava se acostumando a ficar com a cabeça para baixo. Lembrou-se de um poema que sua ama de leite lhe cantarolava. “Pesa”, suspirou. “Pesa muito, e sequer a usei mais do que uma vez.”
Invés de continuar cabisbaixo, ergueu o peito e deu um fraco tapa na bochecha. “Ainda não penteei o cabelo”, pensara. Andou poucos passos e tomou um pente de madeira, que descansava em uma das estantes perto de um espelho de prata luzidia; o esverdeado loiro de sua família caia sobre os ombros. Ezekel vestira-se com afinco: escolhera botas negras e bem trabalhadas, como a calça, onde apertava um cinto de couro de lobo.
Escolhera os melhores tecidos que pudera trazer: um tabardo verde-musgo cobria-lhe o peito; pusera um manto de marilã pura, com o brasão de sua casa enleado em prata e ouro.
Suspirou. A cicatriz na têmpora latejava.
Se pudesse mudar algo em sua aparência, talvez fosse somente alguns centímetros a mais. “Estou bem, ainda em idade de crescer. Nunca fui feio. As roupas servem bem.” Foi quando havia de pentear os cabelos longos que uma das aias de Ofina trouxe a espada. Ornamentada com prata e uma esmeralda na bainha, pesava quase tanto quanto seu braço.
“Sou um Godwill”, disse-se, amarrando-a na cintura. “Orgulho do Céu, Sangue das Eras. São só seus irmãos. Tenha calma.”
— Belo como o mar d’mar — rira Ofina, fazendo um gesto para despedir suas servas. Esperou por um singelo instante antes de se aproximar de supetão e agarrar o esposo entre os braços. — E então, como estou, meu rapaz-menina?
— Bela como um diamante polido.
— Rápido! Olhasses-me mais!
— Deslumbrar-me-ei ainda pelo resto da noite — tomou-a pelo pulso e beijou a costa da mão. — Pelo resto da minha vida. — Ofina sorriu ainda mais. Amava vê-la sorrindo; o longo sorriso de beiços longos e escuros; ou era o sorriso dos olhos castanhos como mel? — De toda maneira, temos que ir. Eu… sou o anfitrião. Tenho que chegar antes de todos!
— São só teus irmãos.
— E é a primeira vez que os verei. — Fitou o chão. — Sabe o que é conhecer seus irmãos pela primeira vez depois de ter se casado?
— Bem — ela se aproximou, cutucando o ombro do marido —, a culpa é de quem teve pressa. Minha!
“Já eles não tiveram pressa nenhuma”, pensou ele.
O abraçou; Ezekel sentiu o calor aumentar à face. Sentiu um beijo na bochecha e ouviu um sibilo de sorriso. Sabia da armadilha. Sentiu o sopro quente esbofetear o queixo e o cheiro do perfume. Por um instante, ergueu-se nas pontas dos pés e beijou a ponta da boca como se fosse uma donzela.
— Não desejo me atrasar. E você… Não é a melhor hora, Ofina.
A deu um sorriso nervoso. Distanciou-se por um instante, com um suspiro enquanto fitava a janela pelo alto da torre. “A noite está boa; e nada irá ocorrer de mal.” Observou os pássaros noturnos que ainda não tinham migrado, descansando nos galhos cada vez mais ruivos no jardim do palácio. Os arbustos estavam mais escuros do que nunca, e o trinar dos grilos estava baixo o suficiente para ouvir o barulho de carruagens passando pelo portão. “Chegaram?’
‘É hora de erguer o peito”, disse-se. Ofereceu o braço para a esposa e tomou frente do caminho. Assim que seus dedos encontraram a maçaneta da porta cor mogno, quatro dos cavaleiros da Guarda dos Cinco a abriram, com o quinto — que tinha a cor do verde-azulado de Greanalg esmaltada nas ombreiras — prestando uma mesura e, em seguida, levando a Coroa dos Acenos. O príncipe Godwill abaixou pouco a cabeça e a aceitou, então o séquito se formou ao redor dele e de sua esposa, que seguiram pelo corredor espaçoso.
Tinha um alto teto iluminado por veletetos recém-fabricadas, sustentadas como candelabros aos vitrais altos e arqueados do teto, cujas luzes fracas refletiam nas alfaias e nas paredes pintadas de detalhados afrescos régios em branco, dourado e nas cores das Casas Reais, separados uns dos outros por janelas, bustos e brasões entalhados da pedra que compunha as paredes.
O mármore do piso redarguia na beleza de seus detalhes geométricos, escupidos em um baixo-relevo que guiava os olhos como se indicasse um caminho a ser seguido. Agora seguiam em passo controlado e devagar, pois, ao virarem à esquerda, depararam-se com uma escada em espiral com degraus tão bem espaçados quanto as balaustras, feitas à imagem e semelhança das estátuas dos Quinze, descendo em direção dos andares casuais e administrativos.
Ezekel pouco a pouco estava conhecendo todo o Palácio, admirando-o amiúde. E ainda mais ao seu criador: Gunter, o Artífice dos Reis. Toda a Cidade fora desenhada por ele, desde a Proa de Prata, que se chocava com o rio caudaloso e o fazia calmo, ao Ninho do Dragão, altivo atrás do Palácio. Todavia, somente o Ninho e o Palácio foram inteiramente feitos por ele.
“Como um homem pode dar trinta anos de sua vida por uma construção de pedra?”, pensara. Seu coração, ainda assim, se espantava toda vez que reparava um detalhe novo nas paredes e móveis. “Dedicarei dez dos meus”, se lembrou. “…Não posso ser diferente.”
Ao final de dois lances de escada, conseguiam sentir um cheiro agradável preenchendo o ar. Chegados a um recinto aberto, de formato arredondado e com pilastras fundidas às paredes, com portas opulentas nas quatro direções, os cavaleiros pareceram aliviar sua guarda.
— Vossa Graça, Dona Ofina — disse aquele que tomara frente. Duas mulheres, com as librés de serviçais, saíram de uma das portas carregando bandejas com pratos cheirosos. Pararam o carrinho, prestaram ajoelhamento a Ezekel e abriram a porta do salão.
Elas abaixaram a cabeça em silêncio. Dois cavaleiros entraram primeiro, então Ofina deu o primeiro passo, com um alegre semblante enquanto segurava a fina cintura com uma das mãos. O esposo riu. Fora dar o seu passo, sentiu os joelhos tremendo. Toda a base dos pés de repente pareceram balançar. “Um terremoto? Mais um?!”, pensara. Mas logo percebeu que as veletetos seguiam paradas, que não havia nenhum barulho — que Ofina e seus cavaleiros estavam todos parados.
Parou e bateu no joelho. “Respire!” Tocou a cicatriz, que estava quase coberta pela Coroa dos Acenos, e fechou os olhos. “São só seus irmãos…” Todavia sentia o coração bater rápido no peito, muito rápido. Era desconcertante. “São só seus irmãos. Todos de uma vez. Se acalme! Podes não ter outra oportunidade de conhecê-los, Ezekel!” Mas o coração quase saia pelo peito. A cada batida, tinha a visão enturvecida. Mais escura. Percebeu a branquidão do Palácio como se fosse parda…
Estava prestes a dar para trás quando foi empurrado para frente. Puxado pelo braço. Sentiu as costas molharem em outono, mas assim que olhou para cima, se acalmou. Ofina o olhava sem maldade, sorria mesmo para sua pateticidade…
— Não eras tu quem não desejava atrasos? — gargalhou, e antes que o esposo tentasse falar qualquer coisa, o tomou pelo outro braço e puxou. Suas sapatilhas causaram fortes barulhos pontiagudos pelo piso enquanto ela corria de costas ao salão e, assim que estava perto da porta, girou de uma vez e pôs o marido na frente.
Ezekel se soltou assim que passou pela porta, com um misto de felicidade e constrangimento desenhados no seu rosto e cabelos bagunçados. Uma pequena risada saiu, porém engoliu em seco e sentiu um calafrio subir-lhe as costas quando percebeu ter passado pela porta. Virou-se para trás imediatamente, ignorando os cavaleiros e sua esposa, e deu um passo hábil para frente.
Se entristeceu.
O salão era vasto, e quase tão vasto quanto era a mesa luxuosa de madeira torpói, rubronegra como sangue lapidado em uma joia. Ainda assim estava vazia. Serviçais já puseram à mesa pratos atrativos: viram pães frescos, um javali defumado com ervas, tortas de ameixa, de maçã e de limão adonadas com biscoitos doces, carne de cordeiro desfiada em um caldo grosso e vermelho; sucos de groselha, maçã e mais frutas, garrafas de vinho de uva e de lichia-do-rio de ótima safra, abertas para os convivas de Ezekel.
Ainda assim, não havia ninguém ali.
“Está tudo bem. Meus irmãos devem ter acabado de chegar. Estava mais perto de cá do que eles, que acabaram de entrar no Palácio.”
O príncipe Godwill foi à frente e puxou a cadeira para a esposa, ao seu lado, e sentou-se à mesa. E esperou. Não havia relógios nas paredes, que tinham um padrão diferente das paredes do corredor: eram lisas e pintadas de um fraco azul. Invés de bustos, tinha pinturas velhas e empoeiradas; no teto, um único grande lustre de prata e ouro. À mesa, esposa e marido — e nenhuma parenta dos dois. Ainda assim, Ezekel esperou.
Quis manter-se sóbrio para conversar com seus irmãos. Queria conhecer Gracejoy. Diziam que era uma mulher esbelta e da língua afiada. Imaginava que ela se daria bem com Ofina; que seriam ótimas amigas. A Natharel já conhecia. Era o único dos seus irmãos vivos que o visitara na Mata dos Grilos… diferente de Rikard. O entendia, afinal, era rei.
Os poucos dias que já tinha com a Coroa dos Acenos mostraram que teria pouco tempo. Sua manhã inteira fora ocupada por audiências com nobres e vendedores e a plebe. O almoço era curto e rápido, sem tempo para descansar lendo qualquer nova tese saída de Ocas Ciled.
A tarde, tomada por papelada. Nas noites nada restava de si. “Tenho uma cidade; ele, um reino. O entendo…” Sua vida em Ocas Ciled era ocupada; passava dias e noites estudando, estudando e estudando. Detestava como não tinha tempo; agora concluía que era várias vezes melhor.
Ofina tocou seu ombro e sorriu. Fizera o Sinal de Fuinvol e pegou com graça uma fatia da torta de maçã. “Exceto por ela”, pensou. Com um suspiro de desistência, decidiu acompanhá-la. “Terás mais oportunidades”, desejou Ofina, degustando a torta da fruta que não crescia na sua terra natal. “Deliciosa!”, pensou, e agradeceu aos seus novos Deuses quando seu marido deixou o peito cair e tirou uma fatia da torta de limão.
— Vinho? — ela perguntou. Ezekel negou com a cabeça e com a mão (um gesto, que antes ele não tinha, e ela já começava a odiar). — Então traga para mim, por favor, meu homem-moça.
— Você não pode.
— Sempre pude e agora não posso? — bradou, com uma proposital falsa raiva na voz. Notou que nos olhos azuis do esposo, uma pequena chama tinha sido acesa. — Explica-me! Antes que me enfureça.
— Há o bom senso, é claro, pois sempre houve o conhecimento comum de que não se deve beber durante a gestação, dado que muitas crianças nascem como se suas faculdades mentais danificadas. Mas houve um estudo recente, de um cile muito bem agraciado, que buscou relatos de mulheres que tomaram álcool durante a gestação, além de seus filhos. A maioria foram… trabalhadoras da noite — corou, mas logo se recuperou: — porém depois confirmou com filhas e esposas de plebeus e de vendedores, além de senhoras da nobreza das cidades ao redor de Ocas Ciled, e então averiguou que… — Ezekel calou-se e ergueu os olhos em susto.
Não era um Godwill.
— Cheguei em um momento ruim? — perguntou o homem.
Era um homem na casa dos quarenta anos e quase saindo dela, notou. Tinha cabelos mais grisalhos do que negros. Alto e ereto, com passos uniformes em direção do casal, passos que mal permitiam a espada — ornada com um símbolo de ordem no pomo — balançar na cintura. Ele parou poucos metros de distância e prestou uma mesura profunda. Seus olhos eram cinzas, percebeu Ezekel, tal como o cabelo agrisalhando; e também cinzas eram suas roupas: um jaquetão de veludo sem mangas, que chegava aos joelhos, como também a camisa e cobertor, além das calças.
O homem se aproximou assim que Ezekel permitiu que se levantasse.
— Vossa Graça — cumprimentou com mais uma mesura. Chegando perto de Ofina, ajoelhou-se e ergueu a mão direita. — Dona Ofina. — Por educação, e com uma face ameaçadoramente neutra, a mulher ofereceu a mão. O homem grisalho a beijou, então se levantou, ignorando a ira desdenhosa na face do príncipe. — Creio que cheguei em péssima hora.
— Não — respondeu Ezekel. Sentiu como se o desgosto no peito tivesse vencido sua timidez. Procurou na mente características que o trouxessem o nome do homem. Vestia a cor cinza em cada roupa acima da pele, todavia havia uma corrente de ouro com um brasão forjado num círculo de metal entre as abas do jaquetão. “Um corvo de ouro”, notou. — Conde Goldwey, eu suponho.
“Deveria deixá-lo com raiva mais vezes”, pensou Ofina. “Eis um lado que ainda não tinha visto… Que interessante.”
— Não sou o conde, Vossa Graça — levou a mão ao peito —, mas fico honrado por reconhecer o brasão de minha Casa. Sou o segundo filho: Cei Awril Goldwey. É uma honra enfim conhecê-lo. — Esboçou um grande sorriso, fechando os olhos. — E devo também anunciar que fico feliz pelo que ouvi… Sua esposa é uma bela mulher. Tenho certeza de que ela o dará filhos saudáveis e fortes.
— Que os Deuses ouçam sua afirmação, meu bom homem. — Moveu o braço para a direita. — Sente-se. Torne-se meu conviva, Cei Awril.
Awril ergueu a sobrancelha direita.
— Extasiado com sua bondade, Vossa Graça, mas creio que não poderei ficar muito.
— Por favor, Cei — dissera Ofina, virando o rosto e com um sorriso até as orelhas —, meu esposo pede que comemore conosco o nosso… pequeno segredo.
— É uma oferta tentadora, confesso. Sei que haverá boa comida e uma boa razão para comemorar, mas não posso ficar muito. Vossa Graça — pediu, então se aproximou de Ezekel. Devagar, puxou uma carta, selada em cera com o brasão da sua Casa. — Espero que a leia com afinco. Nós, da Casa Goldwey, sofremos muito com a notícia de que o id Baene anterior teve a vida tomada por uma rameira. Queremos mais uma vez servir ao posto de vassalos diretos de Vossa Graça, o novo id Baene, tal qual servimos o anterior. E juro em nome do meu irmão, que era o Magistrado-Mór de Sua Graça, que descanse em paz — fez o Sinal de Ilasis —, que faremos um trabalho ainda melhor.
Ezekel pegou a carta.
— Irei ler com atenção, Cei Awril.
— Estamos contando com isso, Vossa Graça. — Tocou o queixo. — Mas bem que deveria ficar. As tortas estão cheirosíssimas. Ah, não caia na tentação, Awril! Comida doce é a verdadeira má criação! Te deixa gordo e espinhento! Adeus!
Ofina gargalhou.
— Pois leve uma fatia para o caminho, Cei! Se vieste de sua casa até cá para entregar uma carta, mereces uma tentação ou outra.
— …Pois bem, eu mereço. — Exibiu um sorriso. — Agradeço pelo conselho, Dona Ofina! Que os Deuses os protejam! Agora sim: adeus!
Assim ele se retirou.
— Não levou a torta… — riu Ofina. Ezekel rangia os dentes, e, ao notar isso, a mulher pôs as mãos na barriga e começou a rir sem nenhuma vergonha na voz. — Aquele homem tinha a face de um idiota, meu homem. Não tome ciúme. Não tem chance comigo, ele.
— …Eu sei — brandou. Lufou pelo nariz, comeu um pedaço de sua torta e pegou a carta. Iria rasgar o envelope com uma das unhas, todavia sua mulher o parou, agarrando sua mão com uma força que não pertencia a uma mulher nobre.
— Sem trabalho agora.
Então guardou o papel. Estava certa, pensara. Guardou-o no bolso do tabardo, então aproveitou da companhia da esposa. Continuaram a conversar: ela, das ilhas da sua terra natal, de rumores estranhos e de coisas que ouvira falar pela semana; de notícias entre as senhoritas que a rodeavam às coisas que suas aias ouviram.
Ezekel falou de suas audiências, da papelada que ele riscou e aprovou e de alguns casos estranhos de pessoas ainda mais estranhas que vieram ter com ele nos últimos dias. Riram e comeram. As serviçais trouxeram mais comida: sopas quentes, com vegetais cozidos e peixes fritos; ovos cozidos, queijo e mais tortas, e pouco a pouco se sentiam cansados.
Ofina olhou para cima, com os olhos entreabertos. Até Ezekel, que madrugava mais do que a esposa, começou a sentir como se houvesse areia entrando nos seus olhos. Decidiu ler a carta antes de se retirar.
Então de repente sentiu como se seu sangue borbulhasse dentro do seu corpo, como se seu cérebro gritasse e cada pedaço do seu ser tivesse virado algo que não pertencia à sua vida. Uma ventania ouvível chocou com as paredes do palácio, e os pelos do seu braço ergueram-se como espinhos de uma rosa.
“Meus irmãos chegaram.”
Tinha certeza disso.
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