Capítulo 11: A proposta e as dúvidas.
No Olimpo, mais precisamente na casa de Zeus, a primeira…
— Parabéns… — disse Zeus. — Você tirou um peso dos meus ombros, moço de Thero — ele o abraçou, dando tapinhas nas costas. — Mesmo a minha vida não seria o suficiente para retribuir a minha gratidão.
— Não precisa me dar nada — disse Yoshiyuki, se desvencilhando dele. — Não fiz isso para merecer algo. Foi apenas o meu trabalho.
— Mas eu insisto em dar-lhe algo. Queira você ou não…
O rei dos deuses — um loiro que vestia um simples chiton amarelo —, com seus braços musculosos, agarrou o pulso direito de Yoshi.
— Não me sentirei bem, se não fizer isso — ele disse.
— O que propõe, então?
— Vo… você aceitaria a mão de uma filha minha? — indagou Zeus, sorrindo. — Uma que anda triste já fazem doze anos…
— Do… doze anos!?
— Sim. Desde que você se foi, ela tem estado depressiva. Sua sabedoria não chegava mais aos humanos, e Ares está para criar uma guerra entre os homens do mundo todo…
“Quem será?”
— Ela é a única que pode lidar com o deus da guerra — disse o rei do Olimpo. — Mas precisa estar bem de espírito, para tal.
— E ela será feliz, casando comigo?
— Sim. Ela realmente te ama. Ela tentou negar… mas o tempo revelou. O amor venceu o seu voto de castidade… ela quer ser uma simples mulher, moço Yoshiyuki, a sua mulher…
— E… e quem é ela!?
— Athena, moço Yoshiyuki. Ela perdidamente apaixonou-se por você — afirmou Zeus. — E eu permito o casamento entre ambos. Você merece, inclusive.
O deus de Thero engoliu seco, suando frio. Não sabia se ficava feliz ou preocupado, mas esta foi a sua resposta:
— Ah… bem… se o senhor permite… e eu mesmo sentia por ela algo especial… então… — ele tossiu, e engrossou a voz. — Eu aceito. Casarei com ela.
Zeus, com seu corpo escultural, deu pulos de alegria.
— Viva! Viva! Minhas humanas serão salvas!
“Maldito mulherengo!”
— E ela está em casa? — indagou Yoshiyuki.
— Sim, sim! Vá! Vá ver a sua futura esposa!
Ele o empurrou para as escadas, feliz.
“Tenho medo do futuro.”
ㅡㅡㅡ
Na casa de Athena…
— Acho interessante como ela organizou as prateleiras… — comentou ele. — Ela as pôs na entrada da casa, logo após as escadas, para dar a impressão de compõem um corredor.
Aquele lugar era completamente branco, com exceção das prateleiras. O teto, aparentemente de quartzo, era sustentado por colunas de mármore.
Caminhava, e o seu coração batia mais forte.
“Mas eu estou preocupado. Ela me disse que Eros e Afrodite estavam vivos…”
Seus pés, vagarosos, golpeavam o chão, causando um eco. Ele vestia apenas a calça, amarrada ao corpo por uma faixa.
“Posso ter deixado minhas coisas aqui, mas… isso não significa que eu realmente confie nela.”
Não confiava, mas deixou até sua espada, a Soru-kira…
“Lá está ela”, olhou para frente. “Sentada no sofá, enquanto lê um grosso livro… nem parece o perigo que me causa pesadelos diários…”
— Finalmente… — ela disse, fechando o livro com um “Tam!”. — Agora pode me conceder o seu tempo?
— Na verdade, eu vim te propor…
— Me propor… meu tempo? Não precisa! — resmungou Athena, corada. — Por você, eu concedo quanto tempo quiser…
— Não é isso… — ele estava com vergonha, mas se aproximou.
Parado na frente dela, Yoshiyuki escolhia as palavras.
— O… o que há com você, Yoshi? — indagou a deusa. Ela amarrou os cabelos loiros. — Aconteceu algo?
“Os olhos…os olhos dela estão nas cores habituais… isso é bom.”
— Sei que tenho estado ausente, Athena… — ele se agachou, ainda com a cabeça baixa. — Mas, sabe, eu nunca me esqueci de você…
— Nem eu — concordou ela.
— E mesmo que eu tivesse medo… — ergueu o olhar, a encarando nos olhos. — Ainda queria te ver. Não só te ver… como também…
“Diga, Yoshiyuki, diga!!!”
— Te amar… Athena, eu também queria te amar. Não como amigo ou algo assim… mas como um amante… ou como…
Ele viu os olhos dela marejarem aos poucos!
— Um marido — concluiu, e pegou as mãos dela. — Athena, quer casar comigo?
— Ah… ah… — ela sorria, o rosto rubro. A deusa lagrimou, e ele ficou indeciso se ela estava feliz ou não. — Mas… tão de repente…?
— Sim, eu sei…
“Talvez ela me odeie…”
Ele quis se levantar, porém…
Sah!
Ela o agarrou, e o abraçou forte. A cabeça dele sendo afundada em seu busto, como se sua missão de vida fosse não largá-lo!
— É claro que eu aceito… é claro… — ela dizia. — Mesmo que eu diga o quanto me apaixonei por você, ainda não será suficiente!
“Droga, eu não consigo… respirar…”
Ambos pareciam felizes, mas o deus…
“Eu não sei se fico preocupado ou feliz…”
— Ei, não fique tão tenso… — pediu Athena, soltando-o aos poucos. — Apenas relaxe, ou eu não vou relaxar, também…
Vuco, vuco, vuco…
“O coração dela tá acelerado… certo…”
Ele se ajoelhou, quase deitando em cima dela.
“Eu tenho minhas dúvidas, mas…”
Não conseguia resistir. Foi perdendo as forças aos poucos, e logo sua mente desistiu de pensar sobre algo mais.
“Eu estou muito cansado… cansado dessa vida onde não sei o que é real ou não, sonho ou não…”
Onde vivia com medo…
“A única verdade que tenho, no momento, é o calor desta mulher…”
E acabou dormindo. Yoshiyuki queria acreditar que ao acordar descobrisse que, com exceção de seu casamento com Athena, o resto fosse somente…
Um sonho — quando, na verdade, o que viveu nesses doze anos…
Foi um pesadelo.
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