Capítulo 19: Rios de Fúria
O pátio do templo de Yasaka em Kyoto estava congelado no tempo, o ar pesado com o cheiro metálico de sangue e o pulsar das auras. A lua cheia iluminava a cena, projetando sombras longas sobre os encapuzados ajoelhados, os golens de sangue serpenteando ao redor do grupo. Haiko, o Vermelho, pairava no centro, seus olhos carmesins brilhando com um divertimento sádico. Ele inclinou a cabeça, observando os caçadores do Refúgio como se fossem brinquedos interessantes, mas descartáveis.
— Ah, como é decepcionante — disse Haiko, a voz suave, mas cortante como uma lâmina enferrujada. Ele estalou os dedos, e os cinco encapuzados — que pareciam humanos, mas eram construções de sangue coagulado — começaram a se dissolver em poças vermelhas que fluíam de volta para ele. — Que pena que toda vez que eu faço um humano de sangue, eles começam a ter emoções. Começam a achar que são reais, que têm direitos. Tão… patético.
As figuras se desfizeram em gorgolejos, os mantos escarlates desmanchando em riachos carmesins que subiam pelos pés de Haiko, absorvidos por sua pele pálida. Ele suspirou teatralmente, como se lamentasse a perda de um petisco ruim. O grupo do Refúgio trocou olhares tensos, as armas tremendo em suas mãos. Nara deu um passo à frente, o martelo espiritual brilhando com uma luz etérea, sua expressão firme contrastando com o caos interno.
— Você não vai escapar com isso — disse Nara, a voz baixa e controlada. — Devolva a mulher e suma daqui.
Haiko riu, um som baixo e gorgolejante que ecoou pelo templo. — Escapar? Querida caçadora, eu sou o espetáculo. Mas já que vocês vieram tão longe, vamos brincar um pouco. — Ele ergueu as mãos, e o sangue no chão se coagulou novamente, moldando-se em formas massivas, grotescas. Seis golens de sangue surgiram, cada um com olhos vazios e vermelhos, corpos pulsantes como músculos expostos, altos como dois homens e com braços que terminavam em garras afiadas. Um para cada caçador: Himari, Chen Hua, Sora, Ryu, Nariko e Kazuto. — Divirtam-se com meus novos amigos. Eles não têm emoções, só fome.
Os golens atacaram sem aviso, movendo-se com uma velocidade surpreendente para criaturas tão pesadas. Sora foi o primeiro a reagir, sua raiva pura explodindo em uma onda de calor que atingiu o golem à sua frente. — Maldito! — rosnou, os punhos cerrados, mas o golem absorveu o impacto, regenerando a carne derretida em segundos. Ele contra-atacou com um soco que lançou Sora contra uma coluna do templo, rachando a pedra.
Nariko girou sua tampa Feralis, expandindo-a em um escudo vivo que bloqueou o golpe do seu golem. — Vamos dançar, grandão! — gritou ela, carismática como sempre, incentivando os amigos. Mas o golem a acertou no flanco, rasgando sua túnica e expondo carne viva. Ela riu apesar da dor, contra-atacando com a tampa que cortou um braço do monstro — só para vê-lo regenerar em um jorro de sangue.
Ryu, arrogante, lançou-se com suas garras Feralis, rasgando o peito do seu golem. — Vocês não são nada! — zombou, mas o monstro revidou, cravando garras em seu ombro, arrancando um pedaço de carne. Ryu praguejou, o sangue escorrendo, mas sua regeneração desperta começou a fechar a ferida, lenta mas firme.
Himari, vibrando de ansiedade misturada a empolgação, lançou raios elétricos que crepitaram pelo ar, eletrocutando seu golem. — Isso é incrível, mas doído! — gritou ela, feliz por usar seu poder, mas o golem absorveu a energia, avançando e acertando um golpe que a jogou no chão, rasgando sua manga e expondo veias pulsantes.
Chen Hua, quieta e tímida, jogou uma flor que explodiu em pólen venenoso, fazendo o golem tossir e fraquejar. — Por favor, pare… — sussurrou ela, gentil mesmo no caos, mas o monstro a acertou, abrindo um corte em seu braço. Sua regeneração desperta agiu, fechando o ferimento com uma camada de pétalas que se fundiram à pele.
Kazuto lutava desesperado, sua lança bloqueando os socos do golem, mas sem o Feralis definido, ele era o mais vulnerável. O monstro o acertou no peito, lançando-o para trás. Sua lança caiu no chão de pedra, rolando para longe. O golem ergueu o punho para esmagá-lo, o ar vibrando com a força.
Kazuto, ofegante, fechou os olhos. Lembrou da família que deixou pra trás, das risadas em casa antes do massacre. Lembrou de Yuta, o amigo que morreu nos braços dele na escola, o sangue quente encharcando suas mãos. Lembrou dos novos amigos: Nariko com seu sorriso, Sora com sua fúria, Himari com sua alegria. Ele fechou o punho, o Animalis rugindo como nunca. — Não… acaba… assim! — gritou, e um poder explosivo surgiu. Seu Feralis despertou: o do soco, uma força primal que concentrava toda a energia em golpes devastadores.
O punho de Kazuto brilhou com uma aura vermelha, e ele acertou a cara do golem com um soco que ecoou como um trovão. A cabeça do monstro explodiu em um spray de sangue, o corpo desmoronando em poças inertes. — Eu despertei! — gritou Kazuto, os olhos brilhando, a regeneração acelerando enquanto se levantava.
Enquanto isso, Haiko virava-se para Nara, ignorando o caos ao redor. — Agora você, caçadora. Vamos ver se seu martelo espiritual aguenta o meu toque. — Ele sorriu, sarcástico, como se a luta fosse um jogo divertido. Nara atacou primeiro, o martelo brilhando etéreo, acertando o ombro de Haiko. O impacto rasgou carne, mas o sangue se reconstruiu em segundos. Haiko riu. — Ai, isso doeu. Ou não. — Ele contra-atacou com uma lâmina de sangue que cortou o braço de Nara, arrancando um pedaço. Ela gritou, mas a regeneração desperta agiu, o membro se refazendo em uma dança de tecidos e auras.
Haiko brincava, lançando tentáculos de sangue que a envolviam, cortando superficialmente, zombando. — Você luta como se importasse. Tão adorável. — Nara desviava, seu martelo esmagando um tentáculo, mas Haiko regenerava, sempre um passo à frente. Ele arranhou seu abdômen, expondo órgãos que pulsavam, mas ela revidou, acertando um golpe no peito dele que o lançou contra uma estátua. O sangue escorria, mas Haiko se levantava, rindo. — Quase! Mas quase é para perdedores.
A luta se intensificava, Nara usando sua experiência para prever movimentos, o martelo espiritual brilhando mais forte, acertando Haiko no rosto, rachando osso. Ele cuspiu sangue, os olhos faiscando. — Agora sim, caçadora! Me faça sentir vivo! — Ele retaliou com uma onda de sangue que a engolfou, cortando profundo, expondo costelas. Nara lutava para se libertar, o martelo girando em um arco que quebrou o ataque, o ar tremendo com a energia. A regeneração de ambos tornava a batalha eterna, cada golpe mais desesperado, mais emocionante, os corpos se refazendo em um ballet de dor e poder.
No outro lado, a batalha contra os golens virava uma carnificina regenerativa. Sora, alimentado pela raiva, explodia em ondas de fúria, rasgando o peito do seu golem, órgãos expostos pulsando, mas regenerando. — Morra! — berrou, acertando um golpe na cabeça que a decapitou, o golem desmoronando.
Nariko, carismática mesmo ferida, usava sua tampa como lâmina giratória, cortando pernas do golem, expondo ossos de sangue. — Vamos, amigos! Nós podemos! — gritava, o golem revidando, abrindo seu abdômen. Ela regenerava, a tampa voltando para decapitar o monstro em um golpe preciso.
Ryu, arrogante, cravava garras no golem, rasgando intestinos que se refaziam. — Vocês são lixo! — zombava, mas o golem o acertou, expondo pulmões. Ele regenerava, as garras cortando a garganta do monstro em uma virada sangrenta.
Himari, ansiosa e feliz no caos, lançava raios que fritavam o golem, carne cozinhando e regenerando. — Isso é louco, mas divertido! — gritava, o golem a acertando no braço, osso exposto. Ela regenerava, focando um raio na cabeça, explodindo-a em faíscas vermelhas.
Chen Hua, tímida, usava flores venenosas que corroíam o golem, pétalas fundindo-se à carne regenerante. — Por favor… acabe — sussurrava, gentil, o golem rasgando seu lado, órgãos visíveis. Ela regenerava, uma flor gigante brotando para decapitar o monstro.
Kazuto, com seu novo Feralis do soco, socava o golem restante, cada golpe explodindo pedaços que regeneravam. O monstro revidava, abrindo seu peito, coração exposto batendo. Kazuto regenerava, o soco final acertando a cabeça, explodindo-a em um jorro.
A batalha era um caos de órgãos expostos, sangue jorrando, regeneração rápida tornando cada ferida temporária. Só a decapitação matava, tornando cada golpe uma aposta alta. O grupo, ofegante, virava-se para Haiko e Nara, a luta 1v1 chegando ao clímax. Nara acertava um golpe épico no ombro de Haiko, quase decapitando-o, mas ele regenerava, rindo. — Quase, caçadora! Mas o jogo só começou.
O templo tremia, auras colidindo, e o grupo corria para ajudar, mas Haiko ergueu uma barreira de sangue, isolando a luta. A noite se tornava um rio de fúria, o destino pendurado por um fio.
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