Capítulo 21: Sombras do Passado
O céu de Kyoto estava tingido de um roxo profundo, as estrelas encobertas por nuvens pesadas que pareciam carregar o peso do fracasso do grupo. No pátio do templo de Yasaka, o chão ainda estava manchado com poças de sangue derretido, resquícios da barreira carmesim de Haiko, o Vermelho.
Nara, exausta, apoiava-se em seu martelo espiritual, a arma pulsando fraca com uma luz etérea. Ao redor, Himari, Sora, Ryu, Chen Hua, Kazuto e Nariko recuperavam o fôlego, os corpos marcados por cortes que se regeneravam lentamente.
Vorax, o misterioso Limpador do Contrato, estava a poucos passos, girando uma lâmina de gelo entre os dedos, os olhos verdes brilhando com sarcasmo e superioridade.
— Bem, isso foi um fiasco divertido — disse Vorax, a voz cortante como o frio de sua aura. — Mas, sério, caçadora, 10 bilhões de ienes. Minha nave não voa de graça, sabe? — Ele apontou para Nara, o cabelo azul esvoaçante na brisa noturna.
Nara, pragmática, lançou um olhar fulminante. — Você não matou Haiko. Não me deve nada. — Ela se endireitou, o martelo espiritual brilhando com renovada determinação. — Vamos voltar ao Refúgio. Precisamos planejar o próximo passo.
Nariko, carismática mesmo exausta, riu, girando sua tampa Feralis. — Esse cara é uma figura, Nara! Mas, sério, quem é ele? — perguntou, limpando o sangue seco do rosto.
Himari, vibrando de curiosidade, deixou faíscas elétricas dançarem nos dedos. — Ele congelou a barreira! Isso foi tão incrível! Mas, tipo, quem te chamou aqui? — Seus olhos brilhavam de ansiedade e excitação.
Sora, os punhos cerrados, rosnou. — Não me importa quem ele é. Se atrapalhar de novo, vai se arrepender. — Sua aura de raiva pura tremeluzia, ainda instável após a batalha.
Ryu, arrogante, retraiu as garras Feralis. — Outro convencido que acha que é melhor que eu. Patético. — Ele bufou, ignorando um corte regenerando no ombro.
Chen Hua, tímida, segurava uma flor que brilhava suavemente, os olhos gentis fixos em Vorax. — Você… nos salvou. Obrigada — sussurrou, um corte em sua mão se fechando com pétalas.
Kazuto, sentindo o Feralis do soco pulsar em suas veias, encarou Vorax. — Por que você tá aqui? Quem te contratou? — A memória de Yuta e da família ainda o assombrava, mas sua determinação crescia.
Vorax riu, um som gélido. — Paciência, filhotes. Vocês vão saber… quando eu quiser. — Ele olhou para Nara. — Vamos para o seu Refúgio da Lua Calada, caçadora. Tenho um pagamento pra coletar, e talvez uma conversa.
Nara franziu o cenho, mas assentiu. — Lunara, agora. — O grupo seguiu para a clareira em Gion, onde a nave estilizada aguardava, seu casco negro com runas azuis brilhando sob a luz da lua.
Himari correu ao painel, conectando sua eletricidade Feralis aos controles, faíscas iluminando a cabine. — Isso nunca fica velho! — exclamou, vibrando.
Sora, sentado com raiva, murmurou: — Odeio essa lata. E esse cara. — Ele lançou um olhar a Vorax, que apenas sorriu, provocador.
Nariko, sempre carismática, deu um tapa no ombro de Kazuto. — Relaxa, novato! Pelo menos sobrevivemos! E esse Vorax… ele é estranho, mas salvou a Nara. — Ela girou a tampa, mantendo o ânimo.
Ryu, recostado, bufou. — Ele não é nada especial. Eu poderia ter quebrado aquela barreira. — Suas garras coçavam, a arrogância intacta.
Chen Hua, quieta, segurava sua bolsa de couro, os olhos gentis no chão. — Espero que a mulher esteja bem… — sussurrou.
Kazuto, sentindo o Feralis do soco rugir, olhou pela janela da Lunara. — Haiko levou ela. Não podemos deixar isso acontecer de novo.
Nara, nos controles, ativou a nave com um toque do martelo espiritual. — Refúgio em três horas. Foco. — A Lunara decolou, cortando o céu noturno, as runas pulsando em sincronia com suas auras.
Vorax, sentado com uma postura relaxada, brincava com uma esfera de gelo que flutuava entre seus dedos. — Três horas? Que tal acelerar essa lata, caçadora? Meu tempo vale ouro. — Seu tom sarcástico irritava, mas ninguém podia negar sua eficiência.
Três horas depois, a Lunara aterrissou no hangar secreto do Refúgio da Lua Calada, escondido sob uma encosta rochosa. As muralhas de pedra entalhadas com runas brilhavam suavemente, e os Shisai aguardavam na entrada, suas silhuetas imponentes sob mantos negros. O grupo desembarcou, exausto, mas alerta. Vorax seguiu, a jaqueta preta reluzindo com runas de gelo, os olhos verdes brilhando com superioridade.
No salão principal, iluminado por tochas e runas flutuantes, um Shisai entregou a Nara um dispositivo pequeno, uma esfera metálica com uma runa vermelha. — Uma mensagem para você. Gravada. — disse, a voz grave.
Nara franziu o cenho, ativando a esfera. Uma voz familiar ecoou, rouca e firme, mas carregada de peso. — Nara, sou eu… seu pai.
— O grupo congelou, até Vorax ergueu uma sobrancelha, o sorriso sarcástico hesitando.
— Contratei o Grupo Kurīnā para eliminar Haiko, o Vermelho. Ele é uma ameaça maior do que você imagina. Não posso explicar mais, mas confie no Vorax. Ele é caro, mas é o melhor. Se ele falhar, o pagamento é 5 bilhões de ienes. Se matar Haiko, 10 bilhões. Não me procure, Nara. É perigoso.
A mensagem cortou, a esfera apagando. Nara ficou paralisada, os olhos arregalados. — Meu pai… — murmurou, o martelo espiritual tremendo em sua mão. Kazuto notou a dor em sua expressão, algo raro na caçadora pragmática.
Vorax, recuperando o sarcasmo, riu. — Bem, isso explica tudo. Seu papai é meu cliente, caçadora. Mas, como Haiko fugiu por sua causa, vou aceitar os 5 bilhões por salvar seu pescoço. — Ele estendeu a mão, como se esperasse um cheque ali mesmo. — Transferência bancária também serve.
Nariko riu alto, quebrando a tensão. — Sério? Cinco bilhões? Você é caro demais, cara! — Sua tampa girou, refletindo sua energia carismática.
Himari, vibrando, apontou para Vorax. — Então você é tipo um mercenário superlegal? E seu gelo é incrível! Como faz isso? — Faíscas saltavam de seus dedos, sua excitação contagiante.
Sora, ainda raivoso, cruzou os braços. — Não confio nele. Por que o pai da Nara tá escondido? E por que contratar esse palhaço? — Sua aura de raiva pura tremeluzia.
Ryu, arrogante, bufou. — Cinco bilhões por nada? Eu teria feito melhor. — Suas garras brilharam, mas ele parecia intrigado.
Chen Hua, tímida, segurava uma flor, os olhos gentis fixos na esfera. — O pai da Nara… ele parece preocupado — sussurrou, preocupada.
Kazuto, sentindo o Feralis do soco pulsar, olhou para Nara. — Seu pai tá vivo? Por que ele não veio? E por que Haiko é tão importante? — As memórias de Yuta e da família o assombravam, mas ele queria respostas.
Nara, recompondo-se, guardou a esfera. — Meu pai sumiu há anos. Pensei que estivesse morto. — Ela olhou para Vorax, a voz firme. — Você sabe onde ele está?
Vorax deu de ombros, o sorriso sarcástico voltando. — Não sou babá, caçadora. Ele me contratou pelo canal de sempre. Paga, eu mato. Simples. — Ele formou uma barreira de gelo ao seu redor, só para provocar. — Mas Haiko ainda tá por aí, então vou ficar de olho. E, quem sabe, talvez seu papai apareça quando eu terminar o serviço.
O Shisai interrompeu, a voz cortante. — Nara, o Conselho quer um relatório. A mulher despertada foi levada pela Corte Escarlate. Haiko é uma ameaça crescente. E Vorax… — Ele olhou para o mercenário. — Sua presença aqui é tolerada, mas não confiada.
Vorax riu, girando a lâmina de gelo. — Adoro ser bem-vindo. — Ele se virou para o grupo. — Fiquem espertos, filhotes. Haiko não terminou de brincar, e eu não trabalho de graça. — Ele saiu do salão, a aura de gelo deixando um rastro frio.
Nara apertou o martelo espiritual, os olhos fixos na saída. — Vamos treinar. Haiko vai voltar, e precisamos estar prontos. — O grupo assentiu, mas a revelação sobre o pai de Nara pairava como uma sombra. Kazuto sentiu o Feralis rugir, sabendo que o Refúgio da Lua Calada não seria mais apenas um lar, mas um campo de batalha iminente.
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