Capítulo 48: Progresso da História
Os olhos, que antes se maquiavam com o vermelho da dor, estavam limpos, como se estivessem acabado de ser concebidos pela graça de uma boa noite de sono.
A angústia, que nascia no peito e se reproduzia na mente, teve seu fim assim que encontrou mais um motivo para viver, esquecendo do desejo da morte.
O vento parecia dar voltas em si, como uma criança correndo ao redor de seu pai, com suas gargalhadas sendo tão claras quanto o dia.
A grama sob seus pés dançava, sempre o lembrando que a natureza estará ao lado de sua pureza, e que o passado não foi justo consigo.
Se olhasse para o lado, havia o sorriso de seus amigos: Waraioni, Luna, Arthur, Saito e Douglas, todos juntos, caminhando sem pressa até o som do regador.
Demorou para que finalmente percebesse o que tinha do lado. Depois de tanto tempo se deitando com as próprias dores, ocultando-as dos outros, Morfius não estava sozinho.
Um agradável e discreto sorriso nasceu em seu rosto. Mesmo que não pensasse nada, estava grato com tudo o que estava acontecendo, feliz com a nova família que estava se formando.
Um profundo suspiro o fez voltar de volta à realidade. Antes que começasse a se perder de novo nos bons sentimentos, iniciou seu caminhar, acompanhando seus amigos.
Quanto mais se aproximavam, mais presente o som se fazia. Era como ouvir a doce presença da chuva que recaía sobre as plantas, enchendo-as com vida.
Todos ausentaram suas palavras, não pela carência de um assunto, mas sim pela atenção que queriam doar aos seus ouvidos, que se agradavam com o regador.
A caminhada durou segundos, mas, para eles, não passou de instantes. Ainda estavam um pouco distantes, mas o garoto concebido por um amor infinito estava visível.
Seus olhos estrelados fixavam-se na flor que se estendia a cada segundo, como se agradecesse pela chuva que o garoto lhe oferecia de bom grado.
Um sorriso discreto tampava seus lábios, e algumas partículas esverdeadas subiam sutilmente, deixando-se levar pela força do vento, caminhando sem destino.
Era agradável de ver, tão bom que ninguém queria interromper aquele momento. Todos ali, por mais que alguns não compreendessem muito bem, ainda sabiam a dor que aquele jovem enfrentou.
Para alguém que teve seu coração encharcado de cicatrizes, vê-lo distraído daquela forma era compensador, como ver o final feliz de uma história.
Morfius observou com atenção todos os detalhes, desde seu sorriso escondido até as partículas de água presentes em cada uma das flores, e isso o arrancou um único e sincero riso.
Depois de tanto ver, finalmente sentiu-se pronto para seguir em frente. Com passos calmos e sutis, como uma criança que tenta não ser percebida à noite, caminhou até seu amigo.
Ônix, por sua vez, continuava regando a planta como um pai que cuida de sua primeira filha, com a mais profunda das atenções, até que ela estivesse revigorada.
De pouco a pouco, uma sombra começava a se aproximar de si, até que tampasse completamente o sol que massageava seu rosto com gentileza.
Era agradável, mas também estranho, como se a lâmpada fosse desligada de repente. Ao olhar para o lado, percebeu Morfius, olhando para ele com um sorriso no rosto.
Logo atrás, estava o resto de seus companheiros, fitando o universo que morava nos seus olhos, como quem observa uma chuva de meteoros.
Morfius estendeu sua mão para ajudar Ônix a levantar de seu banco. Um pedido sincero veio de seu coração, florescendo nos lábios, indagando:
— Vamos passear?
Foi um pouco confuso de começo. Um passeio era permitido nesse mundo? Não havia perigo de alguma missão obrigatória surgir de repente? No fim, saber que essas preocupações eram desnecessárias aconchegou seu coração.
Um sorriso satisfeito ergueu-se nos lábios. Suas mãos aceitaram a ajuda de seu aliado e, de sua boca, saíram as seguintes palavras em um tom animado:
— Bora!
Esse foi o evento necessário para que todos pudessem estar juntos, rumo a sete dias de descanso, na ausência de preocupações e das dores.
Durante esse período, momentos memoráveis aconteceram. Foram ao cinema, assistir a um bom e emocionante filme, com o propósito de entregar uma boa mensagem adiante.
As diversões que se encontravam no parque também foram-lhe entregues, junto à adrenalina que a montanha russa causava nos garotos.
Visitar o restaurante foi agradável. Havia comidas lá de todos os países, com sabores que nunca pensaram que sequer pudessem existir em qualquer mundo.
A noite na moradia era tão agradável quanto, desde churrascos até sobremesas com os alimentos que Ônix conseguiu comprar quando visitou a loja.
Seja com o sol ou com a lua, calor ou frio, todo o tempo que passaram tendo uma pausa com as missões fortaleceu o laço que tinham, completando o que estava faltando em seus corações.
Agora, conhecendo como é um ao outro, desde a sinceridade que mora em suas almas até as expectativas que carregam sobre aquele mundo, cada um deles considerava um ao outro como família.
Os sete dias se passaram como um agradável feriado que parece que começou ontem. Agora, no momento em que estamos, quase todos já estão dormindo, agraciados com a noite.
Havia apenas um garoto que se manteve acordado, mesmo que o conforto da cabana o abraçasse, juntamente aos sussurros que a noite lhe entregava.
Este mesmo garoto havia acabado de terminar sua oração e, agora, juntamente ao universo que mora em seus olhos, estava pronto para dormir.
Como em todos os seus dias, lá estava ele, regando suas flores, cuidando delas como se fossem a extensão de seu próprio corpo, prestando atenção em cada uma das pétalas como se sua vida dependesse disso.
Nada aconteceu até que todas as plantas estivessem totalmente recarregadas. Assim que terminou seu hábito diário, um profundo suspiro de conforto escapou de suas narinas.
Cada um dos sete dias estava vívido em sua mente, e os bons momentos que brincavam em sua imaginação arrancaram de si risos alegres.
A dança do vento parecia mais presente, como se celebrasse o descanso que o garoto teve, mas, infelizmente, esse período chegou ao fim, e está na hora de continuar sua história.
De pouco a pouco, subindo em partículas azuladas, circulando o garoto, o sistema de jogo se formava, carregando em sua interface uma mensagem.
Mesmo que não quisesse que isso acontecesse, Ônix sabia que ele surgiria novamente uma hora ou outra, mas, agora, as coisas seriam diferentes.
A ansiedade não maltratou seu coração como da última vez; na verdade, o que suspirou em sua mente foi o mais sincero “Obrigado” pelo tempo de descanso que lhe foi dado como um presente.
Cada uma das palavras que estava diante de si era clara como a água e objetiva como um tiro. Com o tom forte e prateado, lá estava escrito:
Sistema de Jogo
Você está pronto para o progresso da história.
Próximo capítulo: Aqueles Olhos.
Folhas do Aprendizado, 09/08/2025
Olá, leitores!
Mais uma vez aqui com vocês. No entanto, não tenho nada de ruim a apresentar, como um hiato ou uma pausa na obra. É somente para conversar um pouco sobre minha conquista dos cinquenta capítulos. Nem sei por onde começar, mas contarei um pouco sobre mim caso algum de vocês tenha curiosidade. Se não tiver agora, mas ficar curioso depois, sinta-se livre para visitar essa carta feita pra você!
No início, não pensava em escrever uma história; nem passava pela minha cabeça. No entanto, um amigo muito próximo queria criar um jogo e me disse:
— Cara… Seria muito massa se eu conseguisse criar uma lore pro meu jogo.
Assim que o ouvi, como se fosse instintivo, aceitei de imediato fazer isso por ele, mesmo que nunca tivesse criado uma história antes, nem mesmo uma fanfic. E, claro, eu não sabia nenhuma das regras de escrita. Então… ficou um lixo kkkkkkkkk, mas eu estava me divertindo escrevendo.
Eventualmente, o peso de ser escritor começou a bater. Eu não me via satisfeito gastando horas numa história que seria longa… e simplesmente desisti. Passei anos sem escrever, tampouco estudar sobre o assunto. Mas, em quase todas as noites nesse período, refletia sobre a história: pensava no seu fim, no seu meio e no início. Até que, depois de anos com o universo me enchendo o saco com lembranças da minha própria criação, voltei a escrever com mais empenho.
Com o amadurecimento, a narrativa melhorou um pouquinho, mas eu ainda desconhecia as regras. Pouco depois, apresentei minha obra a um amigo, que fez minha primeira capa e me apresentou o Wattpad. Como todo garoto ganancioso, depois de um tempo publicando lá, comecei a pesquisar outras plataformas. A Illusia foi a que mais me chamou atenção (na época, “Vulcan Novels”). Lembre-se: o mínimo de palavras por capítulo era 800. Guarde esse detalhe.
Conhecendo a Illusia, conheci também as regras formais de escrita. Foi quando reescrevi minha história pela segunda vez, estudando regras e o imundo do dicendi. Muito tempo se passou até eu me sentir pronto. Então, era hora de tentar uma avaliação!
— Ora, você se esforçou e estudou muito, Maik! Vai dar tudo certo!
ERRADO! Fui brutalmente negado por “ser ruim demais”. No entanto, agradeço muito por isso, foi necessário. Meu primeiro avaliador (alguns o conhecem como Goat, outros como The One Hand) me deu um suporte gratuito que deveria ser pago. Ele me mostrou páginas de estudos, citou o “monstre e não conte” e, várias vezes, doou seu tempo lendo meus textos e me auxiliando.
Depois de um tempo, com medo de encher o saco do meu mentor, parei de conversar com ele e comecei a reescrever pela terceira vez, estudando mais a fundo. Nesse meio tempo, tentei ser avaliado na novel scans… e fui negado. Dessa vez, sem suporte, mas tudo bem, eu já não precisava mais.
Seis meses se passaram. A obra, pela terceira vez, estava reescrita com uma narrativa um pouco melhor (ainda muito ruim). Era essa que apresentei a vocês nos primeiros capítulos. Mas o mínimo de palavras havia aumentado de 800 para 1000. Tive que acrescentar detalhes, sem reescrever tudo.
Dessa vez, fui aprovado pelo mesmo avaliador, Goat, que elogiou minha escrita pela primeira vez (por mais que eu ainda veja minha narrativa antiga como horrorosa).
E então, comecei a publicar. Quanto mais publicava, mais aprendia. Aprendi tanto que desenvolvi essa nova narrativa que vocês conhecem: uma que dispensa dicendi e abraça descrições de duas linhas (no máximo três). E, claro, com isso veio minha insatisfação e vergonha pelo estilo antigo. Foi quando escrevi minha primeira carta sobre “um capítulo por semana enquanto reescrevia”.
Sério, foi infernal. Passava horas reescrevendo o passado, horas escrevendo o futuro, e ainda lidava com problemas pessoais que me quebraram incontáveis vezes. Cheguei a desejar estar morto por um tempo… mas a desistência não era uma opção.
Dois meses depois, com muito esforço, tudo estava reescrito. Eu podia seguir em frente sem o peso das versões antigas. Continuei publicando, publicando, publicando… até chegarmos aqui: cinquenta capítulos.
Depois de reescrever quatro vezes minha história, só tenho a agradecer. Por mais que seja complicado gastar horas do dia escrevendo, ainda quero chegar lá. Quero uma história digna para meus personagens. Quero mostrar que, mesmo com perdas e dores, viver vale a pena, porque a luz no fim do túnel existe para todos, especialmente para os de bom coração… mesmo que o caminho estreito seja espinhoso.
Se você leu até aqui, dou-lhe meus muito obrigado. Se te decepcionei alguma vez, peço perdão. Vou continuar escrevendo todos os dias até que minha obra esteja completa, sem capítulos a mais ou a menos.
Até a próxima carta, leitor! ♡
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