Capítulo 50: Eclipse
Sufocante, como se a existência daquelas estrelas roubasse todo o ar para si, não por ganância ou malícia, mas por cuidado e carinho com quem estava ao seu lado.
Tudo ao redor parecia não existir diante daquele olhar universal; era como se o chão se ausentasse e a escuridão tomasse conta do vento.
Cada um dos luminares presentes em seu olhar parecia contar uma história diferente. Aquele garoto não dava a impressão de observar, parecia que ele sabia o que estava diante de si.
Sem que ela percebesse, o jovem já estava diante dela, observando-a no fundo dos olhos, como se lesse cada pequena fagulha de sua alma.
Ônix estendeu sua mão para um comprimento com um sorriso gentil. Seus olhares seguiram sutilmente seu carinho discreto, e eles tiveram seu primeiro diálogo:
— Oi, moça. Tudo bem?
Os olhos levemente abertos, juntamente aos lábios entreabertos, entregavam o atual estado daquela garota: hipnotizada pelo universo.
Seu comportamento poderia ser confundido com paixão, ou amor à primeira vista, mas está longe de ser isso. Ela estava se sentindo entendida pela primeira vez.
Assim que apertou a mão daquele garoto, seu destino já estava selado. Ter contato, mesmo que mínimo com ele, entregava a mais profunda sensação de compreensão.
Era como caminhar pelo sol e não sofrer dano algum, respirar o oxigênio inexistente do universo, e poder voar, mesmo que sem asas, abraçando as nuvens com os pássaros.
— Eu ouvi um pouco o que vocês estavam conversando. Quer vir conosco? Seremos oito com você, um número mais seguro do que sete.
Sua voz, suave como o vinho, a trazia para o momento presente em instantes, como se tivesse ainda mais prioridade e importância do que seus olhos.
Demorou um pouco para que ela processasse tudo o que aconteceu, mas entendeu que, pelo menos por ele, era bem-vinda no grupo.
A garganta manteve-se ausente por um período de segundos, como se tentasse se recuperar de um atordoamento. Depois de poucos instantes, pôde falar:
— Ah, claro, obrigada. Meu nome é Andressa, qual o seu?
Com um pequeno riso, alegre por ter uma nova companhia, tanto para ele quanto para seus amigos, respondeu gentilmente que seu nome era Ônix.
Em seguida, retomou sua caminhada, rumo ao NPC que lhe foi destinado. Todos os seus companheiros o seguiam logo em seguida. Ninguém falou nada, tampouco sequer pensou que estava acontecendo algo amoroso ali. Eles, mais do que ninguém, entendiam o que era sentir a compreensão que vinha daquele universo.
Um túnel, tão grande quanto um prédio, mas sem luz no fim. As sombras não eram nada convidativas, mas era de lá que o sinal prometido vinha.
Dentro dele, os passos eram ocos, como se caminhassem no vazio, onde até mesmo o som dos seus próprios ossos pudessem ser ouvidos.
Esse pequeno e incômodo evento durou até que eles encontrassem o portador da missão sentado, olhando para o vazio, como se nada importasse.
Suas pupilas, escuras como a noite, eram neutras. Suas vestimentas acompanhavam o ritmo da escuridão como se fizessem parte dela, ou até mesmo fossem.
O som de passos ficava cada vez mais próximo, presente o suficiente para fazê-lo olhar para o lado, de onde aquele grupo vinha. Todos, menos o garoto universal, observavam aquele NPC com olhares atenciosos, cautelosos com qualquer movimento que ele pudesse fazer contra eles.
O silêncio levantou-se com a queda dos passos. O grupo e o homem sentado se observavam com incertezas, com um clima estranho no ar, até Ônix dar os primeiros passos.
Era como se não temesse, ou melhor, como se soubesse que nada de ruim aconteceria naquele lugar por ainda não estarem em uma missão.
Com a mesma gentileza de sempre, estendeu a mão para o rapaz, perguntando se poderia entregar a missão da floresta que estava em sua posse.
Ele não o cumprimentou de volta, apenas mostrou sua palma, como se exigisse uma certa distância daquele garoto, mas não era exatamente isso o que ele queria.
Em um ritmo lento e sutil, partículas em tom vermelho começavam a aparecer, moldando-se em uma forma retangular até que se formasse um sistema.
S8 Minimizado
A criação de uma guilda é necessária para essa missão.
Assim que leu a mensagem de requisito, outro sistema oito minimizado apareceu. Dessa vez, não falava sobre os requisitos, e sim da criação.
Desde nome, descrição, ícone de guilda até mesmo requisitos de entrada, tudo isso era campo obrigatório para criá-la, junto de seu custo de origem.
Normalmente, seria necessário um total de cem pontos para que pudesse criar uma, mas, como avisado em capítulos anteriores, Ônix poderia tê-la de graça.
Curiosamente, no final de todas as opções, havia um botão opcional, escuro como a noite e preenchido por pontinhos brancos, como se fossem os seus olhos.
Ele parecia instável, tremendo sem pausa como se fosse desaparecer a qualquer momento; no entanto, sobre ele, havia uma mensagem: preenchimento automático.
Ele não parecia estar ali por acaso, muito menos deveria estar onde se encontrava. Ônix entendeu assim que o viu que era mais uma das ajudas de Zero.
Assim que o pressionou, a magia prometida era feita. O ícone, outrora inexistente, tornou-se um eclipse fundido com partículas de um universo distante.
O nome da Guilda seguia a aparência: Eclipse Branco, podendo simbolizar inúmeras coisas, como, independente do tamanho da sombra, haverá pontas de luz.
A descrição era simples e objetiva: No final da escuridão, a luz terá seu império. As sombras cantarão em seu nome, e seu coração conhecerá a paz guardada por aquela que lhe deu vida.
Por fim, havia um único requisito de entrada: não precisa de nível, tampouco de força. Desde que tenha um vínculo de alma com o criador deste grupo, poderá entrar.
A criação desta guilda única que, desde seu início, teve no máximo oito integrantes, estava há apenas um clique de ter sua existência nesse mundo.
Foi nesse lugar improvável, com companheiros que nunca imaginou encontrar, que Ônix criou o seu primeiro e único grupo, com seus aliados já dentro da guilda.
À primeira vista, foi estranho. Por que eles já estavam lá? O convite ainda não foi enviado… Essa dúvida foi cessada em apenas alguns segundos, e…
Não era necessário. A alma de quem os acompanhava já via aquele garoto como líder, e apenas isso bastou para que o próprio sistema reconhecesse a lealdade.
Assim que voltou seu olhar para a janela anterior, a mensagem requisitando a guilda desapareceu, sendo substituída por novos avisos:
S8 Minimizado
Nível recomendado para essa missão: Desconhecido.
Recompensas: Desconhecidas.
Instruções: Desconhecidas.
Local: Névoa da Floresta.
Deseja entrar?
(Sim) (Não)
O mais lógico, perante não saber o que lhe aguardava naquela missão, era simplesmente recuar e procurar por outra, mas não é assim que as coisas poderiam funcionar.
Respeitando o progresso da sua história, aceitou os riscos e pressionou a opção de Sim, dando início ao teleporte que o levaria para onde deveria ir.
Próximo capítulo: Floresta.
Folhas do Aprendizado, 12/08/2025
Olá, leitores.
Peço desculpas por qualquer erro de escrita, estou escrevendo isso no meu pior estado mental. Recentemente, me aconteceu a pior notícia que poderia, levando embora tanto meu corpo quanto minha alma.
Não estou em condições de escrever, espero que entendam. Eu não quero desistir da minha obra, vai ser só um pequeno hiato, só preciso de um suspiro, só um pouco.
Espero que eu não faça nenhuma besteira nesse intervalo de descanso. Quando meu estado mental estiver melhor, eu voltarei a escrever cada capítulo com todo o amor que sempre existiu.
No mais, agradeço pela companhia que me deram, e me desculpo por esse hiato, não queria que ele acontecesse.
Até a próxima, amo todos vocês.
♡
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