Índice de Capítulo

    Respirar, algo tão natural para nosso corpo, que sempre nos esquecemos que isso nos mantém vivos, tampouco sentimos o ar escalar o peito.

    Agora, tornou-se o sinal mais luminoso de vida; entretanto, instável feito energia em tempestade, e tão rápido quanto um carro de corrida.

    Antes, confortável. Atualmente, quente e abafado, como se tivesse engolido água quente, mas não havia nada de temperatura elevada em sua garganta.

    O suor acompanha o ritmo, escorregando no rosto feito crianças brincalhonas. Os lábios? Secos, entreabertos, permitindo os bufos de ar se arremessarem.

    Os dedos, trêmulos e gélidos, pousavam no rosto com receio e insegurança, tentando certificar-se de que tudo estava em ordem após evitar a morte.

    Sabe quem se encaixa em todas essas descrições que narrei? Morfius, deitado de costas ao chão, com os olhos tão arregalados quanto os de um gato assustado.

    “Eu… Tô vivo?”

    Virou o corpo de lado, preparando-se para levantar no próprio ritmo, mas felizmente para ele, o ambiente estava muito vívido, como se respondesse sua indagação.

    As folhas rangendo, o vento passeando enquanto sussurra, o calor gerado pelo desespero, a dança do coração, o tremor dos dedos, tudo estava colaborando.

    Junto a isso, um misto de emoções começou a crescer. Com tanta adrenalina fornecida pela sobrevivência, o corpo não pôde conter os risos nervosos que se misturaram com a respiração acelerada.

    “KK, Meu Deus… Isso foi perigoso… Muito!”

    Seus ânimos começaram a se estabilizar conforme se levantava, até que sua respiração estável apagasse a breve agitação que veio com a quase morte.

    No entanto, o maior dos problemas não tinha acabado; muito pelo contrário, não tinha nem começado, e vai se tornar ainda mais problemático.

    Um arrepio, sutil e estranhamente gélido, subiu-lhe a espinha, sussurrando em seu ouvido para que olhasse ao céu, algo estranho estava acontecendo por lá.

    E assim foi feito. Ao erguer o pescoço, enxergou algo que talvez não quisesse: aquela lua universal estava chorando sangue, um que não era dela.

    Com isso, veio o chuvisco, que tornou-se chuva, e, logo depois, tempestade acompanhada com raios e trovões, a porta para o palco do perigo.

    Chuva de sangue caía pelo sul, e ainda era muito pouco para encerrar um evento como esse, cujo requisito mínimo é a morte de um dos dois lutadores.

    Ao voltar o olhar para frente, estava Marcos: deitado de bruços ao chão, com o rosto fixo no solo, como se estivesse inconsciente, mas não era o caso.

    Não demorou muito para que a palma encontrasse terra firme, tornando-se a base para seu levantar, mantendo a cabeça baixa a todo instante.

    Pouco depois, estava finalmente em pé, mas algo estava diferente de antes, seus braços jogados ao chão diziam isso, como se ele nem estivesse mais vivo.

    O vento, de uma hora à outra, se retraiu junto da atmosfera. A energia do lugar, outrora neutra, tornou-se pálida e melancólica. Um novo mundo, com novos julgamentos, estava chegando.

    De repente, um dos meteoritos atingiu o solo, com seu feixe de luz tão vermelho quanto sempre esteve, mas não houve nenhuma explosão, tampouco colisão, o asteroide atravessou o solo sem o tocar.

    Depois desse, veio outro, e outro, e outro… Tudo em sequência, feito uma chuva de meteoros intangível, focando-se onde Marcos estava.

    Era fluido, como assistir a uma animação. As brasas que os feixes de luz deixavam para trás montavam o palco de uma transformação celestial.

    Eram tantas “estrelas” caindo que parecia interminável, até que o ritmo de suas quedas se acalmassem de pouco a pouco, chegando ao fim pouco depois.

    Tudo, por fim, parecia tranquilo. A chuva de meteoros cessou, o silêncio manteve-se estável; no entanto, o mal-estar no estômago deixava claro que a história não tinha acabado ali.

    Esse instinto estava mais do que certo. Não foi de muita demora para que o chão começasse a tremer e, em seguida, se contorcer em dor.

    Alguma coisa estava emergindo, não só uma, mas incontáveis. Cada segundo que se passava era um ranger diferente, junto a novos tremores que vinham de baixo para cima.

    E então, uma chuva de estrelas subiu da terra, como se ela fosse uma nuvem tempestuosa que não faz água cair, mas meteoritos se levantarem.

    Todos eles seguiram em direção ao céu, como se quisessem alcançar a lua universal, mas não eram essas suas intenções, tocar as estrelas é baixo demais.

    Quando se elevaram o suficiente, juntaram-se em um único ponto como uma estrela nova, mais brilhante do que o sol; entretanto, sua função não era de iluminar.

    Um instante depois, todas caíram, não de forma separada, mas em harmonia, como se dançassem umas com as outras, em direção aonde desejavam.

    Quanto mais desciam, menor ficavam, indo de uma estrela a uma bola de gude e, por fim, pequenas brasas do que um dia foram, até que encontrassem as costas de Marcos.

    Cada uma delas morava e se reproduzia em lugares diferentes, desde os braços, pernas, tórax, costas, rosto, abdômen, como se tentasse o tornar um ser além do humano.

    Ao levantar o pescoço, havia estrelas até nas pupilas. Seus lábios, firmes e cerrados, abriram-se para realizarem uma promessa que vinha da alma:

    — Vou acabar isso pra você.

    Com o terminar de suas palavras, um feixe de luz escarlate, no formato de um pentagrama, ergue-se em suas costas, servindo como o sinalizador de algo que estava prestes a cair…

    … E teve sua queda. Sem aviso algum, uma onda de energia em tom amarelo caiu do céu, acertando com precisão o garoto dos olhos mortos.

    O vento, incapaz de aguentar o impacto, fugiu pelo horizonte de forma brusca, levando consigo as poucas árvores que ainda restavam naquele lugar.

    Não era uma pressão tão forte para fazer Morfius voar sem resistir, mas era necessário por o antebraço nos olhos para que eles não se machucassem.

    Os pés, firmes no chão, não conseguiam evitar de serem arrastados, como se estivessem diante de um tornado que não distorce o ar, distorce o sangue.

    A presença do ar, outrora tão desesperado quanto quente, tornava-se fria no seu próprio ritmo, abraçando o tema amarelado deixado pelas faíscas.

    O frio não se contentou com sua leve evolução, e tornou-se puro, como se preenchesse o jardim do Éden com sua companhia celeste.

    Este era um ambiente cheio de confusões. Desconfortável, estranho e, ao mesmo tempo, glorioso, com as brasas da glória tentando ocultar as lágrimas de sangue.

    O que mais se fez presente foi o cheiro, dava indícios demais. Era agudo, desconfiado, incerto, como entrar em um lugar que nunca viu antes, e a porta, de repente, desaparecesse.

    Passos esmagavam as folhas lentamente, querendo vê-las gritarem o máximo que podiam, até que se quebrassem e outras assumissem seu lugar.

    O cabelo tornou-se prateado, com rastros em um tom amarelado; uma cicatriz deixada pela energia que recebeu, sendo esses os sutis efeitos colaterais.

    Os olhos continuavam mortos, mas brilhavam em tom dourado como faróis ligados, olhando fixamente para a presa que deve ser caçada.

    O capuz desapareceu junto a blusa, deixando a parte de cima do corpo exposto: uma pele limpa e prateada, como um anjo que nunca conheceu a poeira.

    Seus músculos eram definidos e estéticos; entretanto, no lugar das veias, haviam os meteoritos em tom escarlates circulando rapidamente como se fossem sangue.

    Esse era o novo predador, um ainda mais desafiador do que a besta esverdeada, e esse novo monstro visava a vida de Morfius, sem descanso até conseguir.

    Antes de começar sua caçada, caminhou lentamente até seu novo brinquedo, dizendo as últimas palavras que achou necessária para alguém que julgou estar prestes a morrer:

    — Esse sou eu de verdade. Consome muito vigor, mas felizmente, esse é o meu atributo mais alto.

    Os lábios entreabertos da presa, junto aos olhos em um misto de surpresa e insegurança, tentavam raciocinar em como enfrentar o novo dono do território.

    Ainda que houvesse muita determinação para lutar, seu coração não podia deixar de sentir os batimentos ansiosos diante de uma sensação indesejada: imponência.

    Quanto mais Marcos se aproximava, maior aparentava ser, tão grande quanto uma montanha que alcança os dedos do próprio Criador.

    Entretanto, o orgulho, ainda quebrado, ordenou que cerrasse os próprios dentes, tentando mastigar o medo sem deixar nada sobrar, para que a covardia não florescesse de novo.

    Mesmo com esse esforço, a incerteza, até esse momento, permanecia existindo, mas isso não o impediu de cerrar os punhos e levantar a guarda.

    Os olhos apertaram, focando no objetivo. O som, de pouco a pouco, deixava de existir, sendo silenciado gradativamente pelo próprio cérebro para que nada interferisse em seu modo de sobrevivência.

    Por mais que esses trechos pareçam segundos, apenas um único instante se passou nesse cenário abraçado pela dona morte aguardando o corpo que deseja ceifar.

    Sua visão aguçada enxergava Marcos andando pacientemente. A atenção, implacável como um tigre, não deixaria que um único átomo se movesse sem seu rastreio; entretanto, não sabia que o que enxergava estava atrasado.

    Não houve pisco, nem sequer uma gota de suor atrapalhando seus olhos, e mesmo assim, Marcos simplesmente apareceu de uma hora à outra na sua frente, com os punhos próximo da narina.

    Mesmo que tivesse apenas um único período para reagir, foi mais do que o suficiente. Os antebraços, treinados na dor, levantaram suas defesas.

    O golpe veio, tão assustador quanto imaginou ser, ressoando nos ossos como se fosse a frequência de uma música, mesmo sem som algum.

    A explosão estava de mãos dadas com o impacto, sem dar a mínima chance para as pernas sequer pensarem em segurar a base para não voar.

    O vento ao seu redor gritava só de tentar segurá-lo. Seus olhos lutavam para não abrir, mas a sobrevivência exigia o completo oposto desse desejo.

    Sem dar espaço ao raciocínio, jogou os braços para o chão, tentando agarrar a terra firme enquanto o corpo ainda era arrastado para trás.

    As pernas jogaram-se logo após, oferecendo o apoio necessário para que parasse de ser levado pelo impacto que aquele golpe gerou.

    Em estado de alerta, rapidamente levou os olhos para o horizonte, tentando enxergar a nova besta que buscava sua vida, mas ela não estava ao seu alcance.

    Sem que percebesse, Marcos já estava acima dele, com o soco de direita já disparado contra a parte de trás da cabeça, apenas aguardando o punho chegar.

    BOOM

    Ossos trincando tornou-se a música da floresta. Sangue decorava o chão feito uma trincha, e mesmo assim, ainda não era o suficiente, porque não houve morte.

    Marcos, com sangue nas mãos, olhava sua presa de cima com menosprezo nos olhos. Os lábios, sem ter um pingo de dúvida sobre a vitória, torciam-se em soberba.

    Não muito depois, começou a levantar a perna direita, deixando-a acima da cabeça do adversário, enrijecendo os dedos até que chegasse em uma altitude agradável.

    E então, seu aparente último golpe estava a caminho da glória. Quanto mais próximo ficava de acertar, mais a certeza embriagava seu coração, fazendo-o esquecer que Morfius era um jogador que conhecia as mecânicas desse jogo.

    Quando estava a um mísero instante de acertá-lo, seu corpo desapareceu de um instante a outro, como se ele nunca tivesse sequer existido.

    Antes dos pés alcançarem o solo, as faíscas da existência de Morfius ficavam visíveis a cada momento, com seu punho cerrado rente ao queixo de Marcos.

    Perante um ataque surpresa tão inesperado quanto esse, sua guarda baixa não pôde fazer nada senão simplesmente aceitar o dano que viria.

    O ataque foi certeiro, a explosão foi digna de um contra-ataque, e o impacto foi grandioso o suficiente para arrancar Marcos do chão.

    O sabor de seu próprio sangue inundava a língua. A dor aguda, que sempre causou aos outros, voltou para si com o dobro de violência.

    Seus olhos, de pouco a pouco, deixavam a inconsciência o levar; entretanto, seus instintos ainda não tinham desistido da vida, tampouco pensavam nisso.

    Os olhares, antes mortiços e quase inconscientes, voltaram a todo vapor para baixo, onde sua presa se encontrava preparando mais um soco.

    Ainda no ar, cerrou os dentes e jogou os punhos para trás, encurvando o corpo logo em sequência, ficando estável o suficiente para devolver qualquer golpe que viria.

    Como observado, Morfius estava em terra firme, com o braço direito disparado como um tiro em direção ao rosto adversário, estando a um passo de acertá-lo.

    Marcos, envolvido no mesmo ritmo, jogou o próprio rosto no golpe que estava vindo, só para devolver na mesma moeda com seu punho esquerdo.

    Esse evento foi duradouro o suficiente para que Marcos conseguisse pousar, estando frente a frente com o adversário que encarou com soberba.

    Nesse curto momento, não havia truque nem estratégia a ambos, apenas dois homens lutando pela própria sobrevivência para verem o dia de amanhã.

    Diante dessa situação, uma troca de socos foi inevitável. Mesmo que sangue se multiplicasse como água em chuva, ou que a pele das mãos rasgasse com o dano acumulado, quase nada era capaz de pará-los.

    Para nós, esse evento durou segundos. Para eles, uma vida inteira. Em um dos socos de Morfius, Marcos, aproveitando-se da minúscula lentidão que veio com o cansaço adversário, desviou de um dos golpes.

    Em resultado, uma brecha crítica foi exposta na região do fígado, e foi lá mesmo que um soco desigual foi disparado, desestabilizando seu oponente por um breve momento, tudo o que ele precisava.

    Num só instante, concentrou grande parte da energia dourada em seu braço direito, montando um braço astral com o exalar da energia.

    O resultado? Um golpe certeiro em todo tórax de Morfius, jogando-o para trás como um boneco de pano enquanto sangue era multiplicado em seus lábios.

    Com tamanho gasto, Marcos apoiou-se pela primeira vez em seus joelhos, vomitando todo o sangue que estava acumulado embaixo da língua.

    Seus olhos estavam ferozes. Os suspiros instáveis impediam-no de esconder a exaustão, enquanto o pescoço se esforçava para levantar, tentando ajudar os olhos a receber novas informações.

    Lá estava Morfius, babando sangue como se fosse saliva; a cabeça baixa, rendida à fadiga, mas, sobretudo, em pé, com a guarda ainda alta, “pronto” para continuar o que deveria ter acabado.

    Marcos, com olhares rígidos em fúria, cuspiu o que sobrou do sangue, limpando o rosto com a mão direita enquanto cerrava a esquerda.

    — Acabou a brincadeira.

    Brilhos dourados eram formados sem pressa, um de cada vez, nos quatro ossos do punho cerrado. Com o breve preparo feito, Marcos começou a caminhar rumo à vitória.

    Na perspectiva de Morfius, tudo estava embaçado. Os sons encontravam-se distorcidos pela dor que martelava os ossos a cada instante que se passava.

    Não tinha mais o que fazer. Mais que noventa por cento de sua energia já foi embora, e, do pouquíssimo vigor que tinha, quase tudo se foi nas evasivas.

    O que lhe restou foi ouvir os passos calmos se aproximando, enquanto mantinha a guarda alta, pretendendo, pelo menos, lutar até o último segundo.

    A cada passo ouvido, a cada instante que se passou, e a cada pulsação de seu próprio coração, uma chama ardente apertava seu peito com determinação.

    Não sabia o porquê, nem do motivo, tampouco razão, mas, ainda assim, algo lhe pedia para suportar, sua chance vai chegar breve, desde que acredite no grito dos instintos.

    A respiração ficava mais forte a cada inspiração. O tremer do corpo tornou-se um sinal de energia ao invés da covardia e medo que houve no passado.

    Enquanto a energia da sua vida era concentrada na alma, Marcos já estava em sua frente de novo, com o punho direito levemente cerrado.

    Sua paciência, que já era pouca, esgotou assim que observou de perto aquela guarda desajeitada, um claro sinal de rejeição à rendição.

    Concentrando um pouco de energia em seu punho direito, socou-o na guarda, da direita para a esquerda, desfazendo-a com o impacto do ataque.

    — Só aceita de uma vez.

    Com isso, conseguiu o que buscava: a brecha completa no peito, onde seu ataque estelar poderia matá-lo sem chance alguma de resistência.

    Morfius, mesmo sem ver, sabia que o ataque estava vindo. A agonia de ser cutucado por cem agulhas abraçava seu tórax feito um cobertor.

    Tic…

    O relógio da morte começou a andar.

    Tac…

    Cada instante tornou-se um suspiro novo.

    Tic…

    Luz em tom dourado iluminava seu rosto, mas não era esperança.

    Tac…

    Diante do último golpe, seus instintos só podiam gritar…

    Tic…

    … AGORA!

    Tac!

    Quando o punho estava prestes a acertá-lo, seus braços levantaram-se em guarda, pondo os antebraços para defendê-lo em uma distância e tempo… Perfeitos.

    O golpe acertou em cheio, a explosão ecoou por todo o Sul, as estrelas se desfizeram com a colisão; entretanto, não houve impacto algum.

    Os olhos de Marcos eram banhados em confusão, e, por algum motivo que ele, e nenhum outro jogador poderia saber, seu corpo não se mexia.

    Uma estranha ventania começou. O espaço entre seu punho e os antebraços de Morfius começou a se distorcer em um tom escarlate.

    Pouco depois, toda a realidade estava distorcida em vermelho, como se um buraco negro estivesse se formando ali, mas não era nem um pouco o caso.

    De repente, um estalo, limpo e puro, ecoou pelo horizonte. A distorção se desfez nesse instante, e tanto a energia quanto o vigor de Marcos foram evaporados.

    As veias escarlates, o cabelo prateado, os olhos dourados… tudo se desfez como fumaça, retornando à sua origem. E, não satisfeito com esse resultado, a voz única de Zero ecoou, triunfante, anunciando sua conquista:

    PERFEITO.

    O bloqueio perfeito foi realizado pela primeira vez. O dano foi completamente bloqueado e, agora, a maior das brechas está na sua frente agora, Morfius.

    E, claro, ele nunca iria desperdiçar essa chance. Sua palma direita estava aberta, e fechá-la não era possível, os ossos gritavam com a dor, mas não importa.

    Sua energia quase não existe, e a resistência pra mais um golpe não é mais uma realidade possível, mas quem disse que alguma coisa sobre isso importa?

    Utilizando cada fagulha de sua vida, focando-a cem por cento na palma aberta, a energia vermelha de seu próprio sangue era acumulada lá.

    Com o maior berro que podia dar, seu cabelo, que estava metade loiro, tornou-se dourado por inteiro. Os olhos, antes cianos suaves, tornaram-se fortes e imponentes.

    Por fim, apontando toda sua esperança para o tórax de Marcos, lançou seu mais forte ataque coberto com o orgulho que grita em seu sangue.

    Uma onda de energia em tom escarlate explodiu adiante, correndo incontáveis quilômetros enquanto evaporava qualquer ser vivo que estivesse ao seu alcance, inclusive seu atual inimigo.

    Esse ataque durou segundos e, da mesma forma que veio, também se foi, junto com a breve transformação de Morfius em seu ápice da força.

    Agora, estava tudo acabado. Os joelhos, fracos e cansados, só podiam abraçar o chão. As mãos nem ousavam tentar se erguer mais do que já fizeram.

    No entanto, o pescoço manteve-se erguido em orgulho, permitindo os olhos enxergarem aquele céu único: estrelado e, sobretudo, universal.

    O maior desafio foi superado. Um sorriso era inevitável. Com sua missão de vida concluída, Morfius pôde cair em paz, vitorioso, com as estrelas sorrindo para sua conquista.

    Próximo Capítulo: Dois Corações, Um Morrerá.

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