Índice de Capítulo

    Como visto a minutos atrás, Noah foi subitamente conduzido por duas caninas, Ingrid e Íris, para um local onde um treinamento estava para iniciar.

    O albino, ainda confuso e com um olhar inocente, caminhava junto a elas, que ainda o segurava em seus braços, pela rua da Aldeia Melanmarii.

    Apesar da ‘relutância’ inicial de Noah, o jovem se acalmou e passou a acompanhá-las com mais naturalidade, embora elas insistissem em segurá-lo.

    — Eh… Acho que já podem me soltar… — disse o mestiço, olhando para as duas.

    Íris, a canina com olhos de cores diferentes, não perdeu a oportunidade, ainda que tivessem acabado de se conhecerem.

    — Você é bonito, sabia? Por isso que eu não vou te soltar!

    — O q-que?! — ele ficou envergonhado. — “Porque elas estão tão próximas de mim assim? E porque essa aí com os olhos de cada cor não para de me olhar?!”

    Realmente, Íris não o deixava de olhar, sempre com um sorriso sereno no rosto

    Enquanto o rosto corado de Noah trouxe gargalhadas das duas, o trajeto ganhava mais significado.

    Isso se deu porque era visível a mudança de semblante dele após a breve conversa que Noah teve com Marduk.

    — “O Marduk…” — pensava Noah, instigado pela repercussão. — “Ele é o líder daqui, mas algo nele me deixa desconfortável. Não me sinto seguro perto dele…”

    Pois bem, Ingrid mudou isso assim que entrou e interrompeu os dois.

    Aliás, a jovem voltou a falar, apagando os pensamentos do mestiço albino.

    — Vocês dois aí, hein! — falou a canina, a que tinha três ondas na testa em sua pelagem. — O que vão falar lá no Lugar do Caminho, haha!

    — Do que você está falando?! — o mestiço ainda se manteve da mesma forma, envergonhado. — “Elas não param de ficar me provocando!”

    — Ué. Porque você acha? — Ingrid cochichou, em seguida, em um dos ouvidos do jovem. — A Iris tem uma queda por gente como você, sabia? Todo mundo comenta por lá.

    — Hã?! Gah… — ele até tentou se expressar, mas sua timidez o fez gaguejar e a dar um leve sobressalto singelo.

    Durante a caminhada divertida, um breve ocorrido tomou a atenção de Noah.

    Um sino foi ouvido, cujo soar era proveniente para onde estavam caminhando.

    Isso não cortou a timidez de Noah, mas aumentou sua curiosidade.

    — Porque vocês estão me levando para esse lugar?! — ainda com o rosto vermelho, Noah olhou para o fundo.

    — Fica tranquilo! — disse Íris, apoiando sua cabeça ao ombro de Noah. — Poxa, como você é fofo, sabia?

    E, pouco tempo depois, o trio chegou no:

    Lugar do Caminho da Folha do Vulcão

    Salão de treino | Meio da manhã

    Ao se aproximarem do local, Noah sentiu um misto de curiosidade e apreensão ao encarar a imponente construção que se destacava na paisagem

    Distante alguns muitos metros da área residencial, o lugar, uma construção feita de madeira mais reforçada, com troncos grossos de árvores da região, guardava entre suas paredes um imenso centro, muito maior que o mosteiro onde Noah foi cuidado.

    Por dentro, era visível que, por mais rústico que fosse, o lugar era absurdamente bem estruturado e completo.

    O piso de taco encerado refletia o teto e os corredores largos, aumentando a grandiosidade do espaço.

    Um cheiro adocicado, originado de incensos acesos, dava uma incrementada na magnitude da construção.

    Como não haviam janelas, as correntes de ar, estrategicamente posicionadas no teto, deixavam o local ventilado e climatizado, cuja temperatura era agradável e eficiente.

    No centro, uma grande área de treinamento, com piso de palha e pano, confortável o suficiente para horas de prática.

    Eram quatro áreas:

    O centro de treinamento (Como mostrado recentemente);

    Hospital, onde se tratavam os feridos durante os treinos;

    Altar Sacro, onde era possível ver fiéis a Kai, a exemplo de Marduk, orando e meditando

    Ao fundo, um portão imponente, feito de madeira escura e adornado com símbolos desconhecidos, marcava a entrada para uma área restrita e envolta em silêncio.

    Embora o local tivesse todo um visual lúdico, o ambiente era majoritariamente constituído por jovens.

    Lá, o clima convidativo fazia com que o local fosse não apenas um espaço para treinamento ou orações, mas também um ponto de encontro para os jovens, onde conversas e laços se formavam.

    Foi nesse clima de camaradagem que Noah estava se integrando.

    Na verdade, ele estava sendo inserido.

    Com o trio no centro, onde havia outros jovens de espécies variadas, Marduk, recém chegado, foi às apresentações.

    — Bom dia a todos.

    A resposta veio em forma de coro, com Noah bastante acanhado. Mudo, ele observou a todos saudarem a seu zurkan.

    — “Todos aqui parecem gostar dele e a respeitá-lo.”

    A reflexão do albino veio durante o começo das atividades.

    Marduk, ciente da presença dele entre os outros, não deixou de fazer as honras.

    — Dêem as boas vindas para nosso novo integrante da doutrina Kaipasu. Noah Hibiki é seu nome!

    Dito e feito, Noah foi saudado por todos, com bastante entusiasmo e atenção.

    Muitos sorrisos foram vistos, inclusive.

    Marduk marcou a cerimônia de iniciação das atividades com seu mantra, o de Kai:

    — Kai é o caminho. O Caminho de Kai é a salvação!

    Todos repetiram a frase, em sinal de respeito.

    Mas não foi só isso.

    Marduk, em um monólogo, sintetizou exatamente qual era a doutrina do Kaipasu.

    — Kai deixou bem claro em suas escrituras sacras: ser forte está além da força física. Devemos ter disciplina, paciência, persistência e, acima de tudo, devoção a sua palavra!

    Ele buscou outra posição, onde sua voz foi ouvida mais alto.

    — A cada golpe desferido, é uma doação, ao inimigo da paz, da dádiva que é o Kaipasu. Por isso, somos uma benção. Estamos juntos porque queremos o melhor para o próximo.

    Ele, já com um tom mais acalorado, entoou sua voz nesse nível.

    — E isso parte de dentro, com afinco e dedicação. Não esmoreça jamais! O Kaipasu é algo maior que qualquer força! Sempre motivem quem cair na tentação de desistir, mantenham-se íntegros e Kai os abençoará!

    Todos os praticantes gritavam com fúria após as palavras cheias de motivação e dogmas desta doutrina.

    Mas, com Noah, sua face neutra se manteve a mesma.

    Iris percebeu isso e, o pegando de surpresa, aproximou seu rosto ao dele, o olhando profundamente em seus olhos.

    Mesmo com o desconforto de Noah, ela não desviou o olhar, o que o fez se manifestar.

    — Ah, mas… — o albino estava assustado, dando um passo para trás. — O que você quer?

    — Você está muito sério! Porque não põe um sorriso nesse rosto?

    — Você está fazendo isso outra vez! — Noah, finalmente, mostrou um pouco de irritação, ao franzir sua testa. — Sabia que isso é irritante?

    — Ah, que bom então! — Íris, com a língua no canto da boca, piscou um de seus olhos, deixando o amarelo à vista. — Por um momento pensei que você tinha cara de tábua.

    — Então você fez isso de propósito?!

    A interação chegou até Marduk. Bom observador, ele olhou para Noah e, com um sorriso no canto da boca, falou:

    — Ótimo. Hora de praticarmos os Pontos Chaves1!

    Sem explicações mais detalhadas, Noah percebeu que todos em volta tinham noção do que ele estava falando.

    — “Isso que ele disse… — ele pensava, enquanto olhava os alunos a formarem duplas. — Kaipasu. Isso é uma arte marcial?!”

    Com os praticantes a frente um do outro, restou a Noah fazer o mesmo, tomando como par Ingrid.

    A canina fez questão disso.

    — Pronto, vou fazer dupla com você!

    — Uh… — Noah voltou a mostrar o olhar opaco, mas estava curioso. — O que faremos agora?

    — Vamos treinar os Pontos Chaves!

    — Mas o que seria isso? Eu não tenho noção alguma do que é artes marciais.

    — Ah, sério? Então você vai ter um longo caminho pela frente… — disse, piscando para o menino. — Mas quero você só olhando pra mim! Nada de olhar pra Iris, tá?

    — Hã?! — instintivamente, Noah olhou para a outra canina.

    Pareceu que Iris estava em sintonia com o albino: ela olhou para ele ao mesmo tempo, sorrindo em seguida.

    — Capricha, bonito!

    Novamente corado, ele desviou o olhar, tomando atenção a quem estava à sua frente.

    Entretanto, Noah tinha um senso diferenciado. Ele perguntou o porquê isso.

    — Qual a necessidade de eu estar aqui? E se eu não quiser fazer parte?

    — Ok ok… — disse Ingrid, agora de forma séria. — Você tá precisando fazer alguma coisa pra não ficar lelé! Qual sua escolha: não fazer nada ou conhecer Kai?

    — Você quer dizer… o que o Marduk falou sobre Kai?

    Era exatamente isso.

    Noah sabia, mas quis ser redundante de propósito.

    Ele refletiu brevemente após ouvir Ingrid.

    — “Todos aqui parecem muito unidos e gostam um do outro…” — ele olhou novamente para Iris e, logo após, voltou suas atenções para Ingrid. — “E essas duas, Íris e Ingrid, me receberam super bem. Minha mãe me disse que ‘se alguém te estende a mão pra te ajudar, você escolhe se quer ajuda ou agradece pela oferta’.”

    Sua moral se manteve a mesma, mesmo sendo tão jovem.

    Noah não relutou por muito mais tempo e, ainda desengonçado, se colocou à frente de Ingrid, decidido a aprender.

    — Ah, beleza! — a canina das ondas ficou animada, pulando de alegria. — Então você decidiu o melhor caminho! Isso aí, Noah!

    Mesmo sem jeito, o albino se mostrou interessado.

    Marduk observava isso, pensando:

    — “Então ele está animado. Bom saber disso…” — pensou, dizendo em seguida. — Muito bem… Comecem!

    A atividade iniciou.

    Todos estavam trocando golpes diretos, com a ponta dos dedos.

    E era isso o que Ingrid estava fazendo: com um Noah ainda assustado e curioso, ela simulou que o estava atingindo em tórax, mais precisamente em seu fígado, estômago e, como área mais tentada, suas costelas.

    O albino recuou, assustado, às tentativas da jovem canina em acertá-lo.

    Claro, eram golpes sem ter essa intenção.

    Mas, para alguém que desconhece artes marciais, tudo aquilo era assustador, principalmente para uma criança.

    Ingrid, empática, falou:

    — Noah, calma! Tá tudo bem! — disse, cessando seus movimentos.

    — Eu não estou preparado pra isso! — ele recuou ainda mais.

    — Olha, é só um treinamento! Não vou te machucar!

    — Eu não estou gostando disso… — Noah olhava para a saída, dando sinais de que estava mais do que assustado.

    Sim, sua reação inesperada por parte de Ingrid foi de medo. Noah não estava lidando muito bem com a atividade.

    Contudo:

    — Você deve ter lutado contra coisa pior lá fora, não é?

    Foi a pergunta que mudou o pensamento de Noah.

    As palavras vieram de Íris.

    Desta vez ela não estava sorridente.

    A canina de olhos heterocromáticos estava com um semblante sério e bastante determinado.

    Mesmo no outro lado da área de treinamento, ela viu a atitude do albino, em recuar.

    — “Eu lutei contra coisas piores…?” — Noah se questionou em seus pensamentos.

    Ele se lembrou dos últimos momentos que teve seus pais lhe abraçando. Era um sentimento tão forte que o levou até aquele estado caótico.

    Seu coração acelerou, suas mãos se fecharam.

    Aquilo foi um sinal de que algo em seu subconsciente havia despertado.

    Foi um engate.

    Uma fagulha estalou e acendeu não só o senso de determinação em seu interior, mas também um grau maior de resiliência.

    Ignorando seus temores internos, ele voltou para a área de treinamento, se colocando a postos.

    Seu olhar estava sereno, diferente da neutralidade que mantinha na maioria do tempo.

    Noah estava concentrado dessa vez.

    Foi a análise de Ingrid.

    — “Ele agora está olhando como um praticante do Kaipasu…? — ela refletiu ainda mais. — “Se ele está assim, então aceitou de vez o compromisso com Kai! Isso aí, Noah!”

    De fato, ele tinha uma postura completamente diferente.

    Sob essa ótica, Ingrid voltou a fazer seus movimentos, simulando atingir os Pontos Chaves de Noah.

    Porém, dessa vez ele não se mexeu, ficando imóvel a cada tentativa de ataque da canina.

    Noah se manteve do mesmo jeito, o que chamou a atenção da jovem.

    — “Ele tá parado, não faz nada. Nem está recuando… O que ele está pensando?”

    Ingrid imaginou perfeitamente.

    Na mente de Noah, nas condições atuais após seu despertar, vários eventos ocorreram.

    Os movimentos da canina das ondas poderiam ser tão precisos que, em um bobear de Noah ou desatenção de Ingrid, eles poderiam atingi-lo acidentalmente.

    Contudo, tudo aquilo, nos pensamentos de Noah, eram coisas impossíveis.

    Minuciosamente, e de forma instintiva, a atividade sensorial e motora de Noah o levou a um estado chamado Flow2: ele literalmente estava recebendo infindáveis quantidades de dados analíticos de cada movimento observado de Ingrid.

    Não só isso: o espaço entre ele e a jovem também foi lido e entendido, onde seu subconsciente tomou para si o ensinamento instantâneo de todas as nuances.

    — “Dedo indicador e anelar, juntos. Raio de alcance do golpe circular: 35 centímetros. Aceleração contínua: 1 milésimo de segundo até o choque. Poder 45kg.m/s². Ângulo da base da perna: 45 graus…”

    A abundância de informações coletadas foi a um nível exponencial, fazendo com que Noah adquirisse entendimento até mesmo na área biológica dos movimentos.

    — “Primeiro alvo: pulmão. Danos possíveis: fechamento das vias. Causa: frequência pulmonar reduzida.

    Segundo alvo: diafragma. Danos: trancamento parcial ou total. Causa: aprisionamento de ar.

    Terceiro alvo: costelas. Danos possíveis: fratura parcial ou total. Causa: fortes dores, penetração dos ossos ao pulmão…”

    Sem nem mesmo perceber, Noah utilizou da sua herança novamente.

    E, surpreendendo Ingrid, o jovem albino investiu contra ela, executando perfeitamente todos os golpes que viu.

    De uma só vez, Noah desferiu movimentos precisos e certeiros, buscando os mesmos Pontos Chaves do treinamento.

    A reação de Ingrid foi de imensa incredulidade.

    — Ele está executando todos os movimentos básicos só em me ver fazer uma vez?! — ela gritou, a surpresa estava estampada em seu rosto.

    Todos cessaram o treinamento, impactados com o ocorrido.

    Aquilo não foi algo normal. Muito longe disso.

    Isso motivou Marduk a se aproximar de Noah.

    O jovem, tão impressionado quanto todos ali, olhava para as próprias mãos, tentando encontrar a mesma resposta que todos imaginavam perguntar:

    “Como ele conseguiu fazer todos os movimentos sem nunca ter praticado artes marciais antes?”

    O zurkan, com um semblante sério, disse:

    — Noah Hibiki, você disse que nunca tinha praticado artes marciais. Eu ouvi a conversa de vocês dois.

    — Eu… — indagou o mestiço, sem saber ao certo como explicar. — Eu fiquei olhando a Ingrid lutar e, do nada, me veio na mente o que deveria fazer.

    — Isso é impressionante — disse Marduk, com uma de suas mãos ao queixo. — Kai deve tê-lo agraciado com um milagre, creio fervorosamente nisso. É uma benção!

    Os alunos comemoravam, tomando a algazarra.

    Todavia, Noah não tinha essa emoção.

    — Porque tem tanta certeza de que esse que você fica falando, o Kai, trouxe isso pra mim? — disse, olhando nos olhos de Marduk.

    — Um acontecimento extraordinário como esse só pode ser uma dádiva!

    Embora todos ainda estivessem comemorando, o ceticismo de Noah se manteve.

    O zurkan, como já percebido, falou ao jovem:

    — Jovem Noah, você mostrou desenvoltura como um iniciante da doutrina do Kaipasu. E eu sei que ainda luta contra sua vontade. Kai te chama, como sempre o fez.

    — Kai faz esse tipo de coisa? — ele caminhou para próximo do gato branco. — Ele traz conhecimento dessa forma? Eu nunca tinha praticado artes marciais… e consegui fazer isso!

    — Sim, meu jovem… Foi Kai lhe abençoando… — ele disse, gritando em seguida. — Todos nós fomos abençoados hoje! Vocês viram? Apóiem sempre quem esmorecer, porque esse é o Caminho de Kai!

    A festa apoteótica do líder do Lugar do Caminho da Folha do Vulcão foi acompanhada por todos os alunos.

    Um novato recebeu uma dádiva diante dos olhos de todos.

    O acontecimento teve um impacto monstruoso no ímpeto e na fé de cada um que estava por lá.

    Mas, mesmo nesse cenário tão acolhedor, ainda havia desafios a serem realizados.

    Sabendo da agradável surpresa, Marduk se dirigiu a Noah, dizendo:

    — Kai precisa ver a dádiva sendo colocada à prova, jovem Noah.

    — Hã? O que quer dizer?

    A liderança olhou para trás e, deixando claro sua intenção, seu gesto deu a direção onde Noah viu Íris no centro da área de treinamento.

    E, nessa visão, Marduk falou:

    — Íris, a nossa zeuk, é sua adversária.

    — O que?! — Noah arregalou seus olhos, não acreditando no que tinha ouvido. — Eu devo lutar contra ela?!

    Um desafio.

    Na verdade, um duelo.

    Noah vs Iris.

    Marduk manteve um sorriso no rosto, deixando transparecer uma dualidade de sentimentos.

    Qual o objetivo deste embate?

    A doutrina do Kaipasu é deveras interessante.

    1. nota: uma das principais características do Kyusho-jitsu são os Pontos Chaves: identificação de quais são os centros nervosos, artérias e tendões mais vulneráveis.[]
    2. Nota: Flow é um estado mental que acontece quando uma pessoa realiza uma atividade e se sente totalmente absorvida em uma sensação de energia, prazer e foco total no que está fazendo. Em essência, o flow é caracterizado pela imersão completa no que se faz, e por uma consequente perda do sentido de espaço e tempo.[]

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