Índice de Capítulo

    Capítulo 01:

    Inigualável

    Tradutor: Zekaev

    Haruhiro e os outros terminaram de vender o saque do dia e dividiram seus ganhos, então, enquanto discutiam sobre o que fazer em seguida, um som alto ecoou repetidamente em Allpea.

    O que… As sobrancelhas de Haruhiro estreitaram. O sino das seis horas? Mas soou sete vezes, e todas foram desordenadas…

    O quê?! O quê?! O que está acontecendo ?! O cabelo cacheado de Ranta caiu para trás e para a frente conforme ele virava a cabeça de um lado para o outro.

    Mm? Yumi piscava rapidamente. O que está acontecendo?

    Shihori aproximou-se de Yumi. Talvez… uma emergência?

    Moguzo esfregou a parte de trás do elmo, inquieto, com uma expressão ansiosa.

    Não pode ser… Mary inclinou-se ligeiramente para a frente, seus olhos se estreitaram em pequenas fendas. Um ataque inimigo?

    Huh? Haruhiro inclinou a cabeça. Ele entendeu claramente aquelas palavras, mas não tinha ideia do que realmente significavam — Ataque inimigo?

    Um grito perfurou o ar de algum lugar. Parecia distante.

    Oy! Oy! Oy! Ranta gritou. Uau! Uau! Uau!

    Por que ele estava agindo de forma tão intensa? Porque ele é um idiota?

    Mary, o que você quer dizer com “inimigo”? Perguntou Haruhiro.

    A resposta foi concisa. — Provavelmente Orcs.

    Orcs? Haruhiro perguntou-se, não estando familiarizado com a palavra.

    Corra! — Alguém gritou.

    Orcs! — Outro gritou.

    São orcs!

    Os orcs estão aqui!

    Nós fomos invadidos!

    Oh? — Yumi colocou um dedo indicador no queixo. — Yumi não sabia que okras podiam invadir.

    O Sr. Homem Direto, Haruhiro, atirou de volta. — Não são okras, são Orcs!

    Todas as pessoas no mercado, de repente, convergiram em um fluxo contínuo de corpos que engoliu Haruhiro e os outros em um instante. A maré de compradores em pânico os empurrava de modo que era impossível mover-se contra a multidão.

    O que-! — Ranta tentava lutar contra a multidão, mas ele também não foi capaz de resistir. — Que diabos!

    Ai! — Os olhos de Moguzo pareciam girar loucamente nas órbitas. Por ser grande como ele era, Moguzo recebeu uma enxurrada de cotoveladas e joelhadas.

    M-meu chapéu! — Shihori falou, quando seu chapéu de maga voou da sua cabeça.

    Haruhiro conseguiu agarrá-lo enquanto estava no ar, entretanto, tudo foi por água abaixo depois disso. Empurrado pelas pessoas atrás dele, acabou separado de seu grupo.

    Haru! — Yumi chamou.

    HARU!! — Mary também.

    O topo da cabeça de Moguzo era a única coisa que ele podia ver agora, mas só um pouco. No entanto, era impossível ir para onde ele estava.

    Moguzo! — Haruhiro acenou com a mão freneticamente, mas foi em vão. Ele o perdeu de vista. — Tomem cuidado, todos!

    Embora Haruhiro estivesse preocupado com os outros, era ele quem precisaria ter mais cautela. Se tentasse forçar descuidadamente seu caminho contra a multidão descontrolada, seria pisoteado e poderia até mesmo morrer. Morrer assim… não, apenas não. Então, por enquanto, não havia escolha senão seguir o fluxo da multidão.

    Um ataque… era isso que Mary tinha dito. Ataque inimigo? Orcs. O que são orcs? Haruhiro sentiu como se já tivesse ouvido a palavra em algum lugar antes.

    Independente do que os orcs venham a ser, definitivamente, esta não é uma situação normal em Allpea. Invasão. Então, eles foram invadidos? Allpea estava sendo atacada por orcs ou qualquer outra coisa? E todos estavam apenas fugindo? Mas para onde?

    Este era o lar de todos, todo mundo tinha suas casas aqui. E Allpea era cercada por um alto e espesso muro, o que significava que era um local seguro. Provavelmente. Ou assim Haruhiro pensava. O lugar supostamente mais seguro estava sob ataque.

    Será que isso quer dizer… isso poderia ser possível…

    Isso é péssimo.

    As barracas mercantes, que ladeavam as ruas, foram derrubadas e as mercadorias encontravam-se espalhadas ou perdidas sob um mar de pés. Que desperdício, Haruhiro pensou. Alguns dos quiosques tiveram suas mesas quebradas, outros foram completamente destruídos. Seus proprietários vão ficar tão chateados…

    Espere, agora não é momento para pensar em coisas como essas!

    Um grito de pavor surgiu da direção que todo mundo estava indo. — Eles estão aqui! O inimigo está aqui! Corra! CORRA! Pro outro lado! Corra!

    De repente, a multidão começou a fugir na direção oposta. Mas um ato bem coordenado, com tantas pessoas agindo impulsivamente, é quase impossível. Quem estava na frente deu meia-volta, enquanto aqueles que estavam atrás continuaram indo em frente. E Haruhiro foi infeliz o suficiente para ser pego bem no centro da confusão. Ele ficou prensado, incapaz de se mover.

    Não posso respirar! Parem de me empurrar. — Ele engasgou.

    Ele seria esmagado até a morte. Morrer assim… você deve estar brincando! De alguma forma, Haruhiro conseguiu fazer seu caminho através da multidão até a uma tenda comercial que ainda estava levantada. Ele passou pela cortina preta que servia de entrada.

    Ugh, que fedor… — Seu nariz se rebelou contra o mau cheiro.

    Além do cheiro ruim, os objetos que cobriam o balcão e as prateleiras eram estranhos também, cheios de animais mortos, restos deles, ossos, dentes, penas e até mesmo acessórios feitos a partir das coisas mencionadas.

    Por aqui…

    Uma voz vinda do nada fez Haruhiro saltar, assustado. Quando ele olhou, uma velha enrugada vestida de preto estava acenando para ele por trás de um balcão. Ficou evidente, para Haruhiro, que ela era uma pessoa sombria.

    Venha aqui! — A velha ordenou em tom de reprovação quando Haruhiro não respondeu imediatamente.

    Timidamente, Haruhiro foi em sua direção. — Err, esta é sua loja, velha senhora?

    Que rude! Eu não sou velha coisa nenhuma! Me chame de jovem senhora!

    Umm… senhora… — Haruhiro começou a corrigir a si mesmo, o que fez a velha sorrir.

    Continue…

    Mas você não é um… Quer dizer, você não parece…

    Ei, se você estiver tentando bancar o homem direto comigo, então pode parar agora mesmo!

    Mas foi você que começou tentando parecer engraçada, em primeiro lugar, pensou Haruhiro, mas não o disse.

    A velha deu de ombros. — Eu sou a Senhora Baaba.

    Senhora é pouco para você! — Haruhiro atirou de volta.

    A velha pigarreou. — Você realmente sabe como ser uma pessoa direta, hein!

    — …Obrigado. Eu acho.

    Não comece a ser sarcástico comigo, garoto! — Ela parou. — Deixe pra lá. Vamos começar de novo. Eu sou a Senhora Baaba, uma Feiticeira e, como você pode ver, proprietária desta loja de produtos mágicos. Você é um membro da força de reserva?

    Sim, o que isso tem a ver? — Haruhiro respondeu, tentando o seu melhor não olhar para os objetos estranhos ou respirar pelo nariz.

    A cortina da porta impedia qualquer visão do que estava acontecendo lá fora. No entanto, Haruhiro ainda podia ouvir os gritos e todo o estardalhaço causado pelo pânico e pela desordem. O ataque estava em curso, ou assim parecia.

    Uma invasão? Sério mesmo? — Ele sussurrou para si mesmo.

    Orcs? Ah bem. Isso acontece de vez em quando. — Senhora Baaba comentou. — Você não é um novato, certo?

    De certa forma. — Disse Haruhiro. — Não faz muito tempo que eu trabalho na Lua Vermelha.

    Foi o que pensei. Você é virgem?

    Um o quê?!

    Soldado idiota. Eu não estou perguntando se você já fez aquilo com uma menina! Soldados da força de reserva são considerados virgens até matar um orc. Ah, não me diga… Você é duplamente virgem?!

    Duplo, triplo, quem se importa?!

    Sem um pingo de vergonha! — Senhora Baaba apontou um dedo acusador para ele. — Você é um homem, não é? Um jovem, certo? Você quer matar orcs e dormir com meninas, não quer?

    E daí? Qual é o problema?!

    Menino idiota! — Senhora Baaba gritou, saliva voou de sua boca.

    Ela olhou-o como se fosse dizer mais alguma coisa, mas a cortina da porta de repente se abriu. Haruhiro piscou em surpresa quando alguém entrou. Porém, não era um alguém, era uma coisa . Não era um ser humano, afinal de contas, tinha a pele verde.

    Uma criatura enorme. Não bastasse a altura, tinha peitos largos, um nariz que parecia ter sido esmagado, orelhas pontudas, presas como as de um javali saiam dos cantos de sua boca e seu cabelo era de um vermelho sangue. Usava armadura e empunhava uma espada de um gume.

    ORRRRRC! — A senhora Baaba gritou, enquanto Haruhiro se perguntava o que diabos era aquilo. — Ela segurava algo semelhante a uma bengala em suas mãos. — E em minha loja! Garoto soldado, agora é sua chance de perder a virgindade! Mate ele!

    E-eu?! — Haruhiro gaguejou enquanto tentava desembainhar sua adaga, ele não conseguia manter o controle sobre si mesmo. — De jeito nenhum! Estou sozinho e minha classe é ladrão!

    E daí?! Eu sou uma vovozinha! Tenha coragem, ladrão! — Senhora Baaba falou dando uma cutucada em Haruhiro com a parte de trás da sua bengala.

    Aii! — Ele quase caiu de cara no chão. Ela era muito forte para uma vovozinha.

    O orc tinha se aproximado e Haruhiro estava em apuros. O orc pulou e apunhalou com sua espada, gritando em uma língua que ele não conseguia entender.

    O que-! De jeito nenhum! — Haruhiro desviou do ataque pulando para trás, mas logo encontrou-se pressionado contra o balcão.

    O que você está fazendo?! — Senhora Baaba gritou para ele.

    Você é cega?! — Haruhiro pulou em cima do balcão e começou a correr sobre ele.

    OSHUU BAGDA!!! — O orc gritou, enquanto perseguia ele.

    Não havia saída, Haruhiro ia morrer. Seria difícil escapar dessa. Ele gritava freneticamente, agarrando qualquer objeto ao seu alcance para jogar no orc. Mas, mesmo quando o orc era atingido, ele agia como se não sentisse nada.

    De jeito nenhum! Não, não mesmo, não pode ser! Não pode ser! Palavras não conseguiam expressar o quão ruim as coisas estavam para Haruhiro, ele mergulhou através da cortina da porta e foi para fora da loja mais uma vez.

    É… Não me seguiu? — Ele sussurrou para si mesmo. Assim que as palavras sairão da sua boca ele escutou as da senhora Baaba. — Menino soldado! Como você poderia apenas deixar uma vovozinha morrer?! Oh, que desumano!

    E o que exatamente você espera que eu faça…? — Haruhiro murmurou.

    Ele podia ver outros orcs a distância. Afinal de contas, isto era uma invasão, então é claro que seria mais de um. Muito mais. Isso é ruim. Muito ruim. Terrivelmente ruim. Ele precisava correr. Esconder-se em algum lugar, pelo menos, até que as pessoas capazes de lidar com orcs viessem. Não era como se a senhora Baaba fosse uma amiga ou qualquer coisa. Ela era uma estranha total. Ele não tinha nenhuma obrigação de ajudá-la. E não era como se ele pudesse ajudá-la, mesmo se quisesse.

    Eu não tenho escolha…

    Ele respirou profundamente e arrancou a cortina da porta da loja. Droga! O que estou fazendo?! Ele não estava a ponto de fugir? Ele ainda queria. Seu desejo de fugir era esmagador. Mas, se fugisse e deixasse alguém para morrer, mesmo se fosse uma estranha, ele sabia que não poderia dormir bem novamente.

    Então, ele não tinha escolha. Não era apenas porque isso o assombraria para sempre, mas porque essa era a única coisa que um ser humano decente poderia fazer.

    O orc balançou sua espada para baixo na Senhora Baaba. Ela bloqueou com sua bengala, a força quase a deixou de joelhos, seu rosto foi tomado por um vermelho brilhante por conta do esforço de ficar em pé. A bengala, de fato, era de boa qualidade, caso contrário teria quebrado com o ataque do orc. Não era hora de ficar impressionado.

    Haruhiro sacou sua adaga e mirou as costas do orc. — Punhalada pelas Costas!

    A lâmina, no entanto, foi desviada pela armadura do orc. Ele virou-se para Haruhiro e berrou. — GASHUU HA!

    Menino soldado! — Os olhos de Senhora Baaba estavam visivelmente brilhantes. — Eu acho que estou me apaixonando!

    Sério, não! — Haruhiro bruscamente, virando as costas para o orc. — Venha aqui! Ou… não importa!

    Infelizmente, a atenção do orc agora mudou da senhora Baaba para Haruhiro. Não devia ter feito isso… pensou Haruhiro. Deveria tê-lo matado quando tive a chance… Mas já era tarde demais para arrependimentos.

    HASHUU HASHUU HASHUU! — O orc gritou enquanto perseguia Haruhiro para fora da loja.

    Haruhiro correu até que sua respiração tornou-se pesada e irregular. Sua armadura era leve e ele estava correndo por sua vida, mas o orc, apesar de usar uma armadura pesada, acompanhou ele facilmente. Haruhiro não conseguia ganhar qualquer distância entre eles.

    Droga… — Ele murmurou, Haruhiro foi em direção a uma pequena rua onde não havia muito espaço para correr, pois estava cheia de barracas, na tentativa de despistar o orc.

    Mas o orc continuou bem atrás dele, seguindo cada passo de Haruhiro. Haruhiro queria desistir. Ele queria dizer ao orc algo como “Desculpe-me, acho que isso já foi o suficiente, não é?”. Mas é claro que isso não era possível

    Ele decidiu virar na próxima esquina e continuar correndo. Mas até quando aguentaria? provavelmente não seria possível continuar por muito tempo. Já estava em seus limites, tanto mentalmente quanto fisicamente. Parece que era hora de se aposentar.

    Haruhiro virou a esquina. — Abaixe-se! — Uma voz baixa e rouca ordenou.

    Ele obedeceu e sentiu algo passando por cima da sua cabeça. Esse algo era uma espada. Ao virar a esquina, alguém estava esperando. O dono da voz rouca usou sua espada em um movimento de corte horizontal e, errando a cabeça de Haruhiro por uns poucos centímetros, acertou o orc.

    O orc fez um barulho de surpresa e Haruhiro virou bem a tempo de ver a cabeça dele voar acima dos ombros. O homem de cabelos grisalhos, que matou o monstro, estava de costas para Haruhiro.

    Renji.

    Renji juntou-se à Lua Vermelha no mesmo dia que Haruhiro, mas, com certeza, não era o que parecia. Sobre a armadura elegante estava um manto forrado de pele e, na sua mão, uma espada impressionante. Haruhiro sabia que Renji era diferente no momento em que pôs os olhos nele, mesmo assim era difícil acreditar que existia uma diferença tão grande entre eles.

    Um golpe, apenas isso. Renji tinha matado o orc em um único golpe. Uma diferença absurda.

    Você está bem? — Perguntou Renji; Haruhiro pode apenas acenar mecanicamente.

    Droga! Isso me trouxe lembranças ruins. Por que sou tão patético? Intensamente embaraçado, Haruhiro rapidamente levantou-se pensando que deveria, pelo menos, dizer obrigado, mas não foi capaz de encontrar sua voz.

    Renji, tem mais vindo! — Uma nova voz, pertencendo a um homem com armadura esplêndida e cabelo cortado curto. Ele estava apontando para o outro lado da rua.

    Era Ron. Quando Haruhiro olhou para onde ele apontava, viu três orcs vindo diretamente para eles.

    Jeeru mea gram fel Kanon! — Adachi, o mago com óculos de aro preto, cantava enquanto desenhava um glifo elemental.

    Haruhiro não tinha ideia de que tipo de mágica era aquela. Um elemental azulado voou para um dos orcs e enroscou-se em torno de suas pernas. O orc não tropeçou nem caiu, porém, não conseguiu andar corretamente. Os outros dois orcs ignoraram seu companheiro atingido e prosseguiram com a investida.

    De repente, uma perna longa disparou para fora de um beco acertando o joelho de um orc. O orc não poderia ter se esquivado, o chute foi cronometrado impecavelmente. Haruhiro não podia ter certeza, mas parecia habilidade de luta dos ladrões, Destruidor de Joelhos. O orc caiu para a frente com um grunhido. A pessoa que o derrubou foi uma menina vestida com roupas de cores brilhantes.

    Sasha, hein…

    Boa! — Disse Ron, enquanto avançava em direção ao orc em perfeitas condições.

    Ron não era pequeno, exceto se comparado a um orc. Apesar de ter um porte relativamente menor, uma série de ataques de Ron fez o orc recuar. Enquanto isso, o orc que Sasha derrubou começava a se levantar para ajudar seus companheiros, embora fosse evidente que sentia muita dor. Então uma pequena menina, carregando um pequeno cajado, foi em sua direção.

    Chibi.

    Chibi murmurou algo e colocou o cajado em linha reta, na direção do orc. O orc rugiu para ela e a atacou do lado do cajado com sua espada.

    WHA! — A voz de Haruhiro ficou presa na garganta.

    O ataque do orc acertou o cajado, mas Chibi absorveu a força do impacto e usou para girar.

    Yah! — Ela chiou. Utilizando o impulso do giro, bateu com o cajado na parte inferior das costelas do orc.

    Ela não conseguiu ferir o orc porque ele usava armadura, mas capturou sua atenção. O orc tentou atacar Chibi novamente, mas ela pulou para onde Renji estava.

    Ele acariciou a cabeça dela com sua grande mão enquanto a elogiava. — Bom trabalho, Chibi.

    Chibi fez um som de felicidade e seu rosto ficou vermelho como uma beterraba.

    No momento seguinte, Renji aproximou-se do orc e enterrou à ponta de sua espada no ombro dele. Pouco importava se o orc usava armadura, afinal, Renji era o seu oponente. Ele arrancou sua espada e, ao mesmo tempo, chutou o orc no peito com força suficiente para derrubá-lo. Enquanto o orc tentava não cair, Renji o matou facilmente, enfiando a espada na base de sua garganta e torcendo-a ao retirá-la.

    Um uivo irrompeu do orc com o qual Ron estava lutando; o monstro foi forçado a ficar de joelhos por causa dos ataques ​de Ron, ele não teria problemas para terminar isso agora. Gritando a cada ataque, Ron fez chover golpes no topo da cabeça do orc com muita velocidade, ele não parou até que o crânio do monstro se partiu.

    Forte… e alto, também, pensou Haruhiro.

    No tempo que Haruhiro tinha gasto assistindo Ron, Renji se moveu. Agora, a luta era contra o orc que Adachi tinha magicamente desabilitado, ele o matou muito facilmente, a maneira que Renji se movimentava lembrava Haruhiro da Mestre Bárbara. Seus movimentos eram quase iguais aos de sua mestre, furtivos e silenciosos.

    Também era impressionante a forma como Renji manejava sua espada. Ela parecia muito pesada e, mesmo assim, Renji a empunhava habilmente, como se fosse uma extensão de seu próprio braço. Ele cortou os ossos dos pescoços dos orcs que abateu, até pareciam ser feitos de papel. Haruhiro o via como alguém incrível. Como podia Renji fatiar algo tão duro como ossos, como se não fosse nada?

    Esse é o último deles. — Ron disse.

    Então Haruhiro percebeu algo que ninguém mais conseguiu. Talvez por ele não estar tentando prestar atenção em apenas uma coisa, sua visão da cena foi mais ampla do que a deles.

    Algo se moveu. Na parte superior de um edifício. O telhado.

    Renji, acima de você! — Haruhiro gritou.

    Renji saltou para trás imediatamente. Uma fração de segundo mais lento e ele seria cortado.

    Algo desceu sobre Renji a partir do topo do edifício. Um orc normal, porém, o seu cabelo era branco e possuía um pequeno brilho prateado. Curiosamente, o cabelo de Renji era branco também.

    É algum tipo de lei do universo, pensou Haruhiro. Ter cabelo branco significa ser medonho.

    Assim como Renji, o orc era medonho. Não apenas seu tamanho, estava equipado com uma armadura ébano preta e, sobre os ombros, um manto listrado como a pele de um tigre, talvez fosse realmente pele de tigre.

    Cada centímetro de seu rosto encontrava-se coberto de tatuagens. Tatuagens e cicatrizes. Seus olhos tinham cor amarela, ferozes e assustadores. Sua expressão estava calma, provavelmente ele era bem inteligente.

    A arma em suas mãos era uma espada de gume único, roxa, espessa e longa. Uma lâmina tão afiada quanto uma navalha.

    Para piorar, quando o orc de cabelo branco virou-se para Renji, cerca de mais dez orcs apareceram nos telhados dos edifícios ao redor.

    Os orcs se prepararam para descer dos telhados, mas pararam quando o orc de cabelo branco, provavelmente o líder, levantou sua mão esquerda. Ele abriu a boca e começou a falar.

    Eu sou…

    O quê? Haruhiro estava confuso. Será que ele acabou de dizer, “eu sou”?

    — … Ishh Dogrann. Você é quem?

    Ele falou. Claro, sua fala era um pouco estranha, mas falou na linguagem humana. Os cantos da boca de Renji ligeiramente curvaram-se para cima. Um sorriso espontâneo e um pouco sombrio, mas não é um pouco sorrir em um momento como este?

    Meu nome é Renji. Você vai lutar contra mim, Ishh Dogrann?

    ONN GASHUU RADDO! — Os outros orcs baixaram as armas com o comando de Ishh Dogrann.

    Isso significa que ele quer lutar mano-a-mano?

    Não interfiram. — Renji ordenou para seu grupo, em voz baixa.

    Ele realmente vai fazer isso? Lutar um contra um? Renji está realmente falando sério? Parece que é isso mesmo.

    O confronto começou. Haruhiro não viu quem fez o primeiro movimento. Cada lâmina encontrou uma a outra em uma série de clangs altos. Faíscas voaram e, na tentativa de dominar um ao outro, eles não paravam de atacar nem por um segundo. Enquanto atacavam, mudavam sutilmente seu peso corporal para seus joelhos, tentando conseguir um equilíbrio melhor.

    Cada um deles queria romper a defesa do outro, mas ambos permaneciam firmes.

    Ishh Dogrann atacou a perna de Renji, mas Renji saltou para evitar o ataque e respondeu com um balanço de espada na cabeça de Ishh Dogrann. O chefe orc bloqueou com a moldura que estava no antebraço, abaixou-se bruscamente e arremessou seu manto em Renji.

    Haruhiro ficou completamente surpreso com o movimento, mas Renji não. Ele não entrou em pânico, ou não fez qualquer ruído, simplesmente pegou o manto e o jogou no chão enquanto enfiava a espada no orc. Ishh Dogrann provavelmente teve a intenção de surpreender Renji para encontrar alguma abertura. Quando a estratégia falhou, o orc recuou um pouco.

    Boa, humano. Você é bom guerreiro.

    Claro que sou. — Renji respondeu secamente, fechando a distância entre eles.

    Suas lâminas se encontram novamente. Desta vez, porém, Renji estava na ofensiva. As mãos de Haruhiro se enrolaram em punhos apertados.

    Renji pode fazer isso. Ele pode ganhar. Mate essa coisa! Detenha-o!

    Ou assim Haruhiro acreditava. Assim parecia. Renji estava dominando, mantendo uma vantagem óbvia. Mas, em um piscar de olhos, a espada de Ishh Dogrann cortou profundamente o braço esquerdo de Renji.

    O quê? Haruhiro não entendeu como isso aconteceu.

    Renji se afastou do orc, flexionando seu braço. O ferimento horrível perto de seu cotovelo era incrível em sua profusão. Os outros do grupo de Renji engasgaram e gritaram em preocupação, enquanto aplausos vinham dos orcs.

    Renji baixou o braço esquerdo e empunhou sua espada apenas com a mão direita. Parecia que ele pretendia continuar com uma mão, não que a ferida no braço lhe deixasse outra escolha. O braço ficou, provavelmente, inútil agora. Mas a espada de Renji era grande e pesada, uma clara desvantagem.

    Ele respirou fundo e sorriu. Apesar de tudo, ainda sorria.

    Não é ruim. — Disse o chefe orc.

    Este sorriso era diferente do anterior. Não foram apenas os cantos da boca desta vez; seu sorriso agora se estendia por todo o rosto. Fez Haruhiro estremecer-se.

    Assustador… Renji é absolutamente assustador, Haruhiro pensou e não foi a primeira vez que pensou assim. Renji sempre foi assim.

    Renji partiu para a ofensiva novamente. Ishh Dogrann, ainda empunhando sua espada com ambas as mãos, parou os ataques de Renji com facilidade. Os golpes de Renji estavam mais leves do que antes, se eles fossem se chocar diretamente contra os de Ishh Dogrann agora, Renji perderia para a força do chefe orc.

    Na verdade, parecia como se o orc estivesse perto de derrubar a espada de Renji. Renji mal era capaz de manter controle sobre ela. Ele deixou a parte superior do corpo, do peito a cabeça, completamente aberta para ataques.

    Chibi soltou um grito agudo quando Ishh Dogrann bateu com seu punho blindado no rosto de Renji. A armadura que o orc usava era principalmente de metal e as placas se estendiam até os nós dos dedos. O golpe quebrou o nariz de Renji e ele ficou coberto de sangue.

    Renji, ainda sorrindo, atacou novamente.

    Seus ataques foram bloqueados ou desviados e, a cada novo ataque, o chefe orc respondia com uma enxurrada de contra-ataques sobre ele. Em pouco tempo, Renji acabou coberto de feridas. A armadura de Renji não era do tipo que protegia completamente da cabeça aos pés. Ishh Dogrann mirou seus ataques nas áreas abertas com uma precisão cirúrgica. Pior ainda, a terrível espada do chefe orc foi capaz de arrancar pequenos pedaços da armadura.

    OSHUU! OSHUU! OSHUU! — Os subordinados orc cantavam animadamente.

    Renji continuou atacando, mas Haruhiro mal conseguia suportar assistir. Força de vontade pura era a única coisa que mantinha Renji lutando. Ou talvez Renji saiba que, se mudasse para defesa, seria dominado em um instante. Ele não tinha escolha a não ser ficar na ofensiva.

    Ron! — Haruhiro não podia permanecer em silêncio por mais tempo. — Você não vai ajudar?! Você vai só ficar aí, olhando?! Adachi! Chibi! Sasha! Renji vai morrer!

    Se fizermos isso… — Disse Sasha, com o rosto pálido e suado, ela se forçou a sorrir ironicamente. — Renji vai nos matar depois.

    Chibi disse algo assim, sua expressão tão feroz como se estivesse escrevendo os sentimentos em seu rosto. Haruhiro realmente não achou que esta era a sua intenção, mas não podia ter certeza.

    Renji atacou mais uma vez, e mais uma vez Ishh Dogrann desviou com facilidade. A cena não tinha mudado. O orc agia como se fosse retirar a espada de Renji a qualquer momento. Renji mal conseguia se manter na ofensiva. Isso é ruim. Nada está mudando. Renji vai perder.

    Ishh Dogrann contra atacou Renji, mais uma vez, só que desta vez, Renji não deixou.

    Renji agarrou sua espada com ambas as mãos e levantou-a para o alto. O chefe orc rapidamente se posicionou para defender.

    Mas isso era impossível. Isso não poderia acontecer. O braço esquerdo de Renji foi, supostamente, inutilizado… mas, diante dos olhos de Haruhiro, lá estava ele empunhando sua espada com um firme aperto de duas mãos.

    Renji soltou um grito selvagem. Haruhiro não achou que Ishh Dogrann recuaria apenas por isso, mas, por uma fração de segundo, o orc congelou. Renji atacou com sua espada em uma corte diagonal, a lâmina cortou profundamente o ombro do chefe orc.

    Ele, em seguida, soltou sua espada e acertou um único soco em Ishh Dogrann. Implacavelmente, Renji continuou golpeando o chefe orc, mas sua raiva não era selvagem ou sem rumo. Era uma fúria disciplinada e meticulosa.

    Ishh Dogrann não se movia. O silêncio caiu sobre toda a área, apenas um único barulho ecoava pelas ruas: o som maçante dos socos de Renji. Todos estavam absolutamente imóveis, exceto por Renji. Ele apertou as duas mãos juntas, levantou-as acima da cabeça e, em seguida, desceu com toda força, quebrando o que restava do rosto do chefe orc.

    Renji deu um suspiro profundo e flexionou o pescoço para a esquerda e direita. — Nada mau. Você não é tão ruim, Ishh Dogrann. Eu vou ter a certeza de me lembrar do seu nome.

    Ron bufou. — Você é complicado, Renji.

    Uma luz brilhou sobre os óculos de Adachi quando ele olhou para os orcs no telhado. Sasha ainda parecia instável em seus pés. Chibi correu apressadamente para Renji, mas ele apenas acariciou a cabeça dela, pegou a espada de Ishh Dogrann e apontou para os orcs restantes.

    E então? Mais alguém? Desçam aqui! Vou matar todos vocês.

    Ele não está exagerando um pouco? Haruhiro pensava. Claro, Haruhiro não podia deixar de pensar nisso. Renji ainda estava meio entorpecido e não se deu conta de que não era uma boa ideia se gabar, especialmente nas atuais circunstâncias.

    Um dos orcs fez um movimento com a mão. Vários dos outros fizeram ruídos que soavam como um protesto, mas se calaram quando o olhar do primeiro orc caiu sobre eles. Logo depois, se retiraram como uma unidade.

    Eu… — Haruhiro mal conseguia ficar em pé. — Eu estou vivo.

    Tudo aconteceu bem ali, diante de seus olhos, mas ainda era difícil acreditar. Ele olhou para Renji, olhou para o lado e, por fim, olhou para Renji novamente. Renji era ridiculamente forte. Comparando seu grupo com o de Renji, a palavra “inferior” simplesmente não parece suficiente.

    Renji é forte. Muito forte.

    Haruhiro suspirou e olhou para suas mãos. Elas estavam vazias. Ele olhou ao redor, mas não estava lá. O chapéu de Shihori. Quando ele tinha soltado? Não era grande coisa, mas ele o perdeu.

    — … O que vou fazer agora? — Ele sussurrou para si mesmo.

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