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    Capítulo 8

    Além do alcance

    Tradutor: Zekaev

    Depois de adquirir com segurança – ou talvez não com tanta segurança – a técnica Viúva Negra, Haruhiro e os outros resumiram sua rotina diária nas Minas Siren.

    Ranta aprendeu uma magia de Cavaleiros do Terror chamada Terror Sombrio que instala o medo do Deus Negro Skulheill em um oponente privando-o de qualquer julgamento racional. Dependendo de como for empregada, parecia uma técnica útil… se Ranta fosse competente o suficiente para usá-la.

    Moguzo voltou com duas técnicas, Impulso para Frente e Impulso Invertido. Impulso para Frente é um movimento de uma mão e longo alcance, o Impulso Invertido é usado durante uma ação de recuo. Estas eram versões menos extravagantes daquelas técnicas de isca e confusão de Ranta, Impulso Rápido e Facada Evasiva.

    Shihori aprendeu o feitiço Ligação Sombria. Uma sombra elemental é colocada no chão, o que imobiliza qualquer inimigo que pisar nela, mas possui alguns inconvenientes: apenas um elemental poderia ser colocado por vez, os inimigos mais fortes podem, à força, romper o ligamento e isso só dura vinte e cinco segundos. Mas, como Espectro do Sono, qualquer habilidade de batalha que o adversário possa ter foi irrelevante para seus efeitos. Era mais um feitiço de suporte do que uma habilidade de ataque, mas combinava com a personalidade de Shihori.

    Yumi voltou com Estrela Perfurante. Ela praticou sua habilidade de arremesso com facas tanto quanto o fez com outras armas diferentes, e ela realmente se tornou muito boa com isso. Ela comprou um pequeno conjunto de facas de lançamento por conta própria. Não foi exatamente uma ideia só dela, de acordo com o que ela relatou ao grupo. — Yumi não sabia qual faca escolher, então o mestre de Yumi levou Yumi na loja e mostrou duas facas pra Yumi e pediu para escolher apenas um, então ele o comprou para Yumi e isso fez Yumi tão feliz! Claro, Yumi comprou alguns com seu próprio dinheiro também…

    Parecia que Mestre, da Guilda dos Caçadores, de Yumi gostou bastante dela e Haruhiro não poderia culpá-lo.

    Mary voltou com o feitiço mágico da luz Luz do Julgamento, um feitiço ofensivo que utiliza o poder do Deus da Luz, Luminous, para punir o inimigo. O alcance é curto e o dano baixo, mas faz com que os corpos de seus alvos fiquem dormentes, retardando seus movimentos por um curto período. Mary provavelmente não tinha a intenção de lutar diretamente com esta técnica, mas sim apoiar Moguzo e os outros que ficam na vanguarda.

    Com as novas habilidades, a capacidade de luta da equipe melhorou. O poder do novo feitiço de Shihori, Ligação Sombria, foi uma adição especialmente importante.

    Shihori, isso é incrível! Você parou um ancião em seu caminho! — Haruhiro elogiou.

    Eles estavam no terceiro andar das Minas Siren, envolvidos com um grupo kobolds liderado por um capataz difícil de lidar, daqueles que preferem ficar para trás e dar ordens ao invés de lutar na frente. A Ligação Sombria da Shihori conseguiu impedir a locomoção desse líder. Apenas o seu movimento foi prejudicado, portanto, ele ainda continuava dando ordens a seus seguidores, mas parecia que o ancião tinha caído em um estado de pânico.

    Agora! Peguem os seguidores! — Gritou Haruhiro, ao determinar os kobolds como os alvos atuais.

    Não precisando ser informado, ou desconsiderando que ainda não tinha sido informado, deixou a mão esquerda estendida, enquanto corria para o alvo nº 1.

    Aí vem o Cavaleiro do Terror! Por Skulheill! Tremam de medo, descrentes! Terror Sombrio!

    Uma névoa púrpura engoliu o alvo nº1, entrando em seu corpo através do nariz e da boca. O kobold soltou um curto grito e pulou descontroladamente em Ranta.

    WHA! — Ranta imediatamente bloqueou a lâmina do kobold com a espada, mas o kobold não parou por aí e lançou uma série de ataques ferozes como se tivesse perdido a sanidade. — O que-! Por quê-?! O que caralhos-?!. — Ranta gritou, desviando dos ataques. — Não era pra ser assim!

    Parece que ele perdeu a razão, mas… — Comentou Haruhiro.

    No final, Ranta ainda era o Ranta. Haruhiro foi tolo por esperar mais dele. Havia mais dois alvos; Moguzo foi para o nº 2 enquanto Yumi foi para nº 3, mas Mary estava à frente de ambos.

    Ó luz, sob a graça divina de Senhor Luminous… Luz do Julgamento!

    O alvo nº 2, que esperava por Moguzo, estava banhado em luz. Todo o seu corpo começou a sofrer espasmos violentamente.

    Moguzo seguiu imediatamente com seu assassino Golpe de Fúria, gritando. — OBRIGADOOOO!!

    O alvo nº 2 caiu e Moguzo rapidamente foi ajudar Yumi. Era muito a cara do confiável Moguzo não usar uma nova habilidade quando a situação não exigia isso.

    Acho que não tenho escolha. — Haruhiro murmurou e começou a ajudar Ranta.

    Ele estava entrando em posição nas costas do alvo nº 1 quando algo de repente passou por sua mente. O Terror Sombrio do Ranta era uma habilidade que deveria pôr medo em seus inimigos, mas, em vez disso, os transforma em verdadeiros kamikazes. Ranta falhou desastrosamente, mas Haruhiro se beneficiou disso. O alvo nº 1 estava tão concentrado em matar Ranta e não percebeu Haruhiro que, sem esforço, se posicionou atrás dele… Punhalada pelas Costas?

    Não poderia tentar a Viúva Negra?

    Haruhiro se encaixou no alvo nº 1 e travou os dois braços dele por um momento. Ele se tornou proficiente nisso, mas ainda não dominou o bloqueio das pernas para imobilizar um oponente. Mas só o ato de manter os braços do oponente presos aumentou a taxa de sucesso da técnica de forma assombrosa. Ele bateu sua adaga na base do pescoço do kobold, cortou-lhe a garganta e saltou.

    O alvo nº 1 ainda não estava morto e, embora fosse improvável, ficar tão perto era como pedir por um contra-ataque. Mas essa não foi a única razão pela qual Haruhiro saltou..

    TOOOOOMMMEEE ISSO! — Ranta gritou, pulando para a frente quando ele empurrou sua espada para o kobold moribundo. Então, ele acabou por apunhalá-lo novamente, através do coração, com todas as suas forças.

    SIIM! CONSEGUI MEU VÍCIUS! EU CONSEGUI MEU VÍCIUS! — Ranta declarou com um grito alegre.

    Isso foi imprudente! Você poderia ter me esfaqueado junto! — Haruhiro gritou.

    Se você morrer, é mais um vícius para mim! SIM!!!

    Idiota. Mas Haruhiro já sabia. Tudo o que ele tinha que fazer era lembrar que idiotas sempre serão idiotas e essa atitude deveria ser ignorada. Mas ele estava chateado, estava mais do que chateado. Talvez ele devesse desistir de segurá-lo.

    Yah! — Yumi gritou, usando o Golpe de Varredura seguido por um Corte Cruzado. O ataque combinado fez o alvo nº 3 recuar e perder o equilíbrio.

    OBRIGADO! — O Golpe de Fúria do Moguzo veio sem hesitação, terminando com o kobold ali mesmo.

    Todos! Para o capataz! — Haruhiro gritou, a declaração óbvia o deixou um pouco envergonhado. Mas chamar sua equipe em momentos como este também tem o efeito de encorajar todos e melhorar a cooperação. E não era hora de começar a se sentir envergonhado. O capataz Kobold não estava mais incapcitado e a equipe foi com a intenção de afundá-lo no esquecimento. Claro, o capataz também estava desesperado e resistiria ao máximo. Qual seria melhor maneira de lidar com um oponente assim?

    Haruhiro e os outros aprenderam a resposta através da experiência. Quatro deles o cercariam e, em vez de todos atacarem aleatoriamente, esperariam que ele atacasse. Então a pessoa que foi atacada se defenderia enquanto os outros três contra-atacariam. Eles repetiriam esse processo até que o inimigo estivesse morto.

    Como resultado, eles derrubaram o kobold ancião sem que ninguém ficasse ferido. Os movimentos de Ranta foram questionáveis como sempre, mas Haruhiro decidiu relevar, já que foi uma vitória unilateral.

    Você não está cansado desse andar? — Perguntou Ranta. — Esses inimigos são muito fáceis. Já é hora de mudarmos de andar.

    Aqui vamos nós de novo… — Haruhiro suspirou.

    Haruhiro ainda não estava inteiramente convencido depois que eles derrubaram outro capataz e dois seguidores, mas quando encontraram um poço de dissipação que levava ao quarto andar, Haruhiro considerou seriamente como uma opção viável. Todo mundo estava lutando muito bem hoje e ele queria manter o impulso. Por outro lado, ele não queria que os êxitos de hoje os tornassem excessivamente confiantes. Era fácil se deixar levar em momentos como esses.

    Hmm… — Com o poço de dissipação bem diante de seus olhos, Haruhiro caiu em pensamentos profundos.

    Seus próprios sentimentos estavam confusos: descer ou não descer?

    Quando é que você vai deixar de ser tão indeciso?! — Ranta exigiu.

    E Haruhiro teve que admitir que desta vez, e só desta vez, Ranta tinha um ponto. Isso foi um pouco indeciso demais, até mesmo para Haruhiro. Quais eram as opiniões de todos com um líder como este? As expressões de Shihori e Moguzo estavam ansiosas. Yumi olhou para ele sem entender. Mary estava igual a ele, com uma expressão pensativa. Ranta foi o único que ficou chateado.

    Isto não era bom. Quando chegou a hora da decisão, foi obrigado a fazê-lo e o fez. A decisão foi tomada.

    Vamos fazer isso amanhã. — Haruhiro anunciou.

    O QUÊ!? — Ranta instantaneamente protestou.

    Haruhiro tinha antecipado sua resistência, mas ainda incomodava.

    Nada de errado em voltar amanhã, certo? — Ele respondeu. — Nós vamos ter tempo para

    nos preparar mentalmente, isso é para o seu próprio bem.

    Eu já estou mentalmente preparado!

    Você é apenas um! E quanto a todos os outros?!

    Então é minha culpa ser o único que está pronto e o resto de vocês são esterco de galinha!? — Ranta cuspiu.

    Uau! Puta merda! Haruhiro irritou-se, estava prestes a explodir de raiva, mas fechou os olhos e se esforçou para manter a calma enquanto respirava profundamente. Ficar com raiva não traria nada bom. Ele teve que se controlar. Sim, autocontrole. Mas por quê? Por que ele teve que se esforçar para se controlar por causa do Ranta?

    Foi culpa do Ranta. Era tudo o maldito Ranta.

    Quando Haruhiro abriu os olhos, não olhou para Ranta. Seu auto-controle evaporaria se “vislumbrasse” o rosto de Ranta agora.

    Vamos terminar o dia no terceiro andar e descemos para o quarto andar amanhã. Ranta

    discorda de mim. Alguém mais sente o mesmo?

    Todos concordaram com Haruhiro. Ele esperava que Ranta continuasse a protestar, mas, para sua surpresa, Ranta simplesmente encolheu os ombros e recuou. Haruhiro não entendeu . O que Ranta estava pensando?

    No caminho de volta, eles derrubaram outro capataz e quatro trabalhadores kobold no terceiro andar, sem sofrer quaisquer ferimentos e, enfim, retornaram para Allpea sem maiores percalços. Seus ganhos foram relativamente bons hoje. Depois de jantarem juntos, eles se dirigiram à Taverna Sherry para beber.

    Quando Kikkawa chegou, a conversa ficou animada. Kikkawa e Ranta eram farinha do mesmo saco, sentados ombro a ombro, criando muito tumulto juntos. Eles têm personalidades iguais, pensou Haruhiro. E quanto mais pensava nisso, mais Haruhiro percebia que era ele quem mais encontrava-se em desacordos verbais com Ranta. Seria porque eles não têm personalidades compatíveis?

    Haruhiro saiu com todos os outros, mas retornou, ele voltou para a taberna sozinho depois de oferecer algumas desculpas aleatórias aos outros. Mary estava só, sentada na extremidade do balcão do bar, no primeiro andar. Ela notou Haruhiro aproximando-se e virou o olhar para ele.

    Por um momento, ele indagou ansiosamente o que fazer se ela o mandasse embora… Talvez ele fosse realmente um punhado de esterco, assim como Ranta disse. Ele certamente não era corajoso. Felizmente, seus receios eram infundados. Mary lhe deu um leve sorriso antes de começar. — Qual é o problema?

    Ah, nada em particular, nada mesmo. Apenas… Você se importa se eu me sentar aqui?

    De modo algum.

    Haruhiro tomou o assento ao lado dela. Ele notou que ela bebia hidromel de novo, então pediu o mesmo para si. Ele estava comendo e bebendo praticamente qualquer coisa que quisesse ultimamente. Ele não estava preocupado com dinheiro e uma parte dele também considerava sair daquele alojamento velho da força de reserva.

    Mary, onde você mora? Err- — Ele entrou em pânico, não imaginou que se sentiria assim ao abordá-la. — Não! Não, quero dizer… Eu não quis dizer… Eu quero saber onde você mora. Eu só estava pensando que… provavelmente era hora de pensar em sair do alojamento e… e eu estava err… perguntando onde seria, você sabe… só pedir… para referência…

    Eu alugo um quarto no alojamento Corrida do Moinho, na Rua Kaen. — Mary respondeu casualmente. — É um lugar exclusivo para mulheres, eu sempre morei lá.

    Oh. Entendo… — Haruhiro sentiu-se como um completo idiota por fazer cena. Se houvesse um buraco nas proximidades, ele rastejaria até ele e não sairia de lá. Ou não. Notou gotas de suor começando a correr para baixo de sua testa e, com cuidado para parecer casual, limpou-a com uma mão.

    Hm. Deve ser legal. Eu posso ver como seria estranho ter um cara que vive na porta ao lado.

    Se você decidir sair do alojamento, eu provavelmente posso introduzir Yumi e Shihori ao

    proprietário. — Mary ofereceu.

    Sim, elas provavelmente vão apreciar muito isso. Mas não é como se nós tivéssemos decidido nos mudar ainda. Na verdade, ainda não conversamos sobre isso. Todos estão bem com a vida que levamos lá, mesmo que as coisas fiquem muito inconvenientes às vezes. Estamos todos acostumados a isso agora.

    O alojamento da força reserva… — Mary fechou os olhos e tomou um gole de sua bebida. — Traz de volta algumas memórias.

    Haruhiro tinha certeza que Mary ainda estava com seus antigos companheiros quando morava no alojamento. Os companheiros que não estão mais com ela agora.

    Mas o alojamento ficou muito lotado recentemente. — Disse Haruhiro com uma risada. Ele não tinha a intenção de rir e não sabia por que fez isso. — Os recém-chegados estão lá também, embora os nossos quartos sejam distantes um do outro, então eu realmente não disse mais do que simples saudações a qualquer um deles.

    Que tipo de pessoas são eles? — Perguntou Mary.

    Ninguém como Renji. — Respondeu Haruhiro. — Mas ninguém tão patético quanto nós também.

    Eu não acho que haja algum motivo para você se ver dessa forma.

    Oh. Foi assim que pareci?

    Um pouco.

    Sim. Eu acho que foi isso mesmo. — Haruhiro sentiu como se estivesse numa forca, passou uma das mãos no cabelo. — Isso não é bom. Eu gostaria de poder projetar mais confiança em mim mesmo, mas… acho que não sou esse tipo de pessoa.

    Um convencido autoconfiante, em Haru? — A expressão de Mary suavizou. — Você está certo. Isso não parece com você.

    Sim, eu penso o mesmo. Mas sempre acabo soltando um “Eu acho”, ou um “Talvez”, ou um “provavelmente”. Nada disso é bom.

    Você tem certeza de que não está pensando demais? Levando as coisas muito a sério?

    Muito a sério? Pensar demais? Eu? De jeito nenhum. — Disse Haruhiro.

    Ranta também, você o leva muito a sério e é por isso que vocês brigam o tempo todo. — Mary apontou.

    Ahh, entendi. Isso pode ser verdade. Eu deveria descobrir uma maneira de ignorá-lo toda vez que ele diz alguma coisa.

    É porque você quer encontrar uma solução perfeita que tudo se torna tão difícil. Penso que é melhor não se importar muito com ele. Guarde a seriedade para quando você realmente precisar disso.

    Não se importar…

    Haruhiro não se via como o tipo de pessoa que leva tudo a sério, mas quando se tratava de assuntos relacionados à liderança de um grupo, ele acabava consumindo muito tempo matutando sobre a ambivalência de cada pequena decisão. Era verdade que ele fazia o melhor que podia para considerar tudo, mas provavelmente era por ele não ser um líder natural.

    Se ele fosse adequado para o papel, se possuísse o necessário para liderar, então não teria que pensar sobre tudo tão meticulosamente. E a conclusão que ele alcançava, ao fim desses longos devaneios, era sempre a mesma: se houvesse alguém que pudesse ocupar seu lugar, prontamente abriria mão da liderança.

    Mesmo durante essas conversas com Mary, lhe consumia a ideia de que ela era mais adequada para liderar o grupo e estava tentado pedir para que ela o fizesse. Mas ele não pediu, não direta ou explicitamente. Ele não era capaz de pedir algo tão lamentável.

    Mary, eu queria fazer uma pergunta…

    Sobre o quê?

    Sobre as Minas Siren.

    Você quer dizer… — Mary parecia ter mais a dizer, mas fechou os lábios abruptamente.

    A partir de amanhã, eles desceriam para o quarto andar e, eventualmente, chegariam ao quinto, assim como o grupo anterior de Mary fez. Se continuarem nessa direção, cedo ou trade, acabarão por chegar ao lugar onde os antigos companheiros dela morreram. Mary teria que pôr o pé naquele lugar novamente.

    Haruhiro sabia, por experiência própria, o quão difícil isso pode ser. É uma sensação amarga, é de cortar o coração.

    A raiva brotou na boca do estômago cada vez que se aproximavam daquele lugar, à procura do goblin blindado e do hobgoblin. A tristeza e a raiva foram além do que ele podia suportar. Eles nunca voltaram ao lugar exato onde Manato morreu, sempre surgia uma ansiedade, um aperto no peito. Às vezes, ele só queria esquecer tudo aquilo.

    Eu estava me perguntando se você estava bem com a gente trabalhando nas minas. Você não está se forçando demais, não é? Quero dizer, não que pareça assim, mas…

    Não é… fácil. — Mary disse, serrando os dentes. — Estar lá não traz um único sentimento bom. Não agora, provavelmente nunca.

    Foi o que pensei…

    Mas… isso é algo que tenho que fazer. — Disse ela, sacudindo a cabeça. — Não, é algo que eu quero fazer. Se eu não fizer isso, nunca serei capaz de seguir em frente. Eu nunca seria capaz de fazer isso sozinha, porém, se eu tiver que pedir a força de outros para fazê-lo… então eu quero pedir a sua. Você e todos os outros. Porque você e os outros me consideram sua companheira e amiga.

    Por alguma razão, Haruhiro ficou profundamente comovido com essas palavras. Não, não por algum motivo, foi porque ele estava muito feliz. Mary estava realmente dependendo deles. Ela considerava Haruhiro e os outros como amigos e acreditava que isso era recíproco. E ela realmente disse isso em voz alta para Haruhiro. Isso o deixou mais feliz do que qualquer coisa.

    Sinto muito por colocar esse fardo sobre vocês. — Mary acrescentou.

    Foi muito doce, da parte de Mary, dizer isso de uma forma tão transparente. Haruhiro queria dar-lhe um abraço, não que ele considerasse mesmo fazer algo tão louco quanto isso. Ele não podia fazê-lo e ele não acreditava que Mary esperava por algo parecido. Mas, nesse momento, ela era inegavelmente bonita, de uma forma que fez Haruhiro querer protegê-la… embora sua capacidade de realmente fazê-lo fosse questionável.

    Não é nenhum fardo. — Haruhiro assegurou-lhe com um sorriso.

    Ele desejou poder mostrar a ela que valia a pena colocar sua confiança nele, mas isso não seria tão simples. No mínimo, porém, ele queria que ela tivesse certeza.

    Haruhiro continuou. — Não é nenhum fardo. Nós vamos te ajudar com tudo o que temos. Bem, vamos fazer tudo o que pudermos e, se não pudermos fazer, então não podemos fazer, mas… o que eu acabei de falar não foi tão legal, né?

    Eu acho que você está bem do jeito que é, Haru.

    Mesmo? Você realmente acha isso?

    Em seguida, como um sussurro abafado, com uma pequena dose de vergonha, ao que parece, Mary deixou escapar uma singela palavra. — Obrigada.

    Uau! Naquele momento, ele sentiu como se estivesse completamente apaixonado por ela. Entretanto, não era verdade. Ele não fazia o tipo dela, afinal.

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