Volume 03 - Capítulo 05: Então é Assim
[A partir deste capítulo, são capítulos inéditos, que não foi traduzido na tradução anterior]
Capítulo 5
Então é assim
Tradutor: Zekaev
Eu entendo isso, e tentei o meu melhor, sabe…? Haruhiro pensou. Bem, eu fiz o que podia fazer, pelo menos.
Ele tentou chamar os soldados voluntários seniores com quem conversou anteriormente e perguntar-lhes sobre isso. Será que o fato de o afável Shinohara e seus companheiros não terem ido à Sherry reduziram suas chances de fazê-lo?
Shinohara geralmente era gentil e educado, é claro, assim como os outros membros do Orion. Se pedisse educadamente, sem exigir muito, provavelmente obteria alguma informação.
Bem, exceto Shinohara, o único com quem Haruhiro podia falar sem problemas era Kikkawa, o cara que veio para Grimgar junto com ele, uma pessoa mais tranquila e que tem muitos contatos.
Mas Kikkawa não estava lá hoje, embora Haruhiro frequentemente o encontrasse na Sherry. Ele foi pra outro lugar, talvez?
Apesar das aparências, Kikkawa era um dos soldados voluntários mais antigos, membro do grupo Tokimune, e ele foi muito mais longe do que Haruhiro e seu grupo.
Pensando bem, ele mencionou algo, eu acho. Se bem me lembro, algum lugar chamado “Covil das Maravilhas” é seu principal campo de caça agora. Isso deve ser perto das Planícies da Ventania, certo? Covil das Maravilhas, hein?
Haruhiro estava sentado no corredor do primeiro andar da pousada dos soldados voluntários, encostado na parede.
Ranta e Moguzo voltaram para o quarto, já dormiam profundamente. Talvez fosse culpa do álcool, mas os dois roncavam incrivelmente alto. Por causa disso, Haruhiro não conseguia dormir – embora isso pudesse ser apenas um dos muitos motivos.
Ele conversou com um punhado de veteranos que aceitaram a ordem e, pelo que lhe disseram, todos pareciam otimistas sobre suas chances de tomar Capomorti.
Quando ele perguntou o porquê, aparentemente foi porque Capomorti havia caído várias vezes no passado. Eles podiam pegar aquele forte a qualquer hora que quisessem. Mas os reforços de Steelbone seriam difíceis de lidar, então eles geralmente preferiam não fazê-lo.
Não existia uma necessidade gritante de capturar aquele forte, e os orcs dificilmente atacariam Allpea. Mesmo com um incidente como o de Ish Dogran, isso não abala a cidade-fortaleza de Allpea. Até na pior das hipóteses – se os orcs trouxessem um grande exército para atacá-los – bastava trancar os portões e se preparar para um cerco.
Eles têm suprimentos. Podem até esperar pelo apoio do Reino de Aravakia. Como os orcs também sabiam disso, eles nunca levaram a sério o envio de reforços para Allpea. Na perspectiva dos orcs, Capomorti é meramente uma torre de vigia para monitorar os humanos. Não há muitos guerreiros orc lá, então se os humanos atacassem de repente, ela cairia facilmente.
Por ser esse o consenso geral, nenhum dos soldados voluntários duvidou do sucesso da missão. Era certo que seriam vitoriosos em Capomorti, como sempre foram. No entanto, considerando que nunca houve um ataque adequado à Steelbone, ninguém sabe como será de fato.
Todos acreditavam piamente na vitória.
Afinal, o Exército da Fronteira aparentemente comprometeu uma boa quantidade de seus homens para tomar Steelbone e, quanto aos soldados voluntários, Souma e os Day Breakers estariam participando, junto com muitos outros clãs influentes. Talvez seja possível.
Isso era o que a maioria supunha, e Haruhiro não ouviu ninguém negar essas suposições.
Tudo bem pensar assim também… não é?
Afinal, é um ouro. Uma moeda de ouro. Convertido em pratas, isso significa 100 moedas.
Recentemente, Haruhiro e seu grupo iam às Minas Siren e, nos melhores dias, os ganhos ultrapassavam 30 pratas por pessoa. Embora, na maioria das vezes, era de se duvidar que conseguissem 10 por pessoa. Os talismãs dos kobolds mais velhos, como os capatazes, sempre eram vendidos por cerca de 5 pratas no mínimo, então era uma renda estável. No entanto, suas despesas pessoais também aumentaram. Todos estavam comendo melhor do que antes, além de beber e sair para comprar isto ou aquilo.
Pelo que ele ouviu que, mesmo com o pagamento adiantado e o bônus de conclusão somando um ouro, cada noite de missão renderia outras 30 pratas por pessoa.
Isso significava, provavelmente, que os superiores pretendiam executar todas as manobras em um único dia.
Um ouro em um dia.
É um grande negócio. Realmente um grande negócio.
Muito tentador.
É praticamente uma vitória incontestável, e a recompensa é… substancial, então por que Haruhiro ainda se encontrava hesitante?
Depois de sair da Sherry, ele cogitou consultar Mary sobre isso. Não era algo que ela fazia sempre, porém, Mary parecia ter o hábito de ser a primeira a sair, mas voltava para beber sozinha.
Ele certamente teve a oportunidade de fazer isso antes, mas não o fez. Por que não?
Mas fazer isso aqui, na taberna? – não, não era só por isso – Haruhiro não sabia quando começou, mas ultimamente sentia como se uma parede estivesse entre eles. Uma barreira invisível – mas espessa – que separava Haruhiro de seus companheiros.
Haruhiro distanciava-se cada vez mais de seus amigos, e não entendia o porquê.
Deve ser só sua imaginação, ou melhor, ele estava apenas pensando demais. Não era como se Haruhiro estivesse completamente isolado dos outros. Mas, havia uma lacuna entre eles.
Isso era um fato.
Seus camaradas começaram a ganhar confiança. Na verdade, Haruhiro acreditava que eles cresciam em força também. O terceiro andar das Minas Siren já era muito fácil para o grupo. Em parte porque eles não precisavam mais se preocupar com o Deathpatch, e ele passou a ver a derrota como uma possibilidade menos provável. No nível atual, se Haruhiro e os outros pegassem um grupo de sete ou oito goblins, não teriam grandes dificuldades. Com os kobolds, dependeria de quantos deles eram anciãos, mas geralmente havia dois a três kobolds comuns para cada ancião. E mesmo que fosse contra três anciões e cinco kobolds comuns, não seria tão difícil. Entretanto, ele não queria correr esse tipo de risco.
É isso aí.
Eu quero evitar situações arriscadas tanto quanto possível.
A segurança está em primeiro lugar.
Como líder, preciso manter isso em mente.
Eu não quero ver ninguém machucado, e gostaria de reduzir os danos ao mínimo. Se possível, a zero. Na verdade, ‘zero’ é perfeito. Não importa o que aconteça, eu gostaria que tudo corresse perfeitamente bem. Sempre.
Eu estou assustado. Quer dizer, isso é assustador, não é? Todos os outros parecem calmos. Eu, nem tanto. Posso escolher não acreditar na derrota, mas estou sempre no limite. Se continuarmos pensando: “Podemos fazer isso, podemos fazer aquilo”, me preocupo em como isso vai acabar. Eventualmente, o inesperado pode acontecer. Um de nós pode cometer um erro grave. Eu não posso descartar a possibilidade.
— É mais ou menos como… — Haruhiro segurou a cabeça com as mãos.
Tipo, você sabe… eu não confio… em meus camaradas…? Mas, para piorar, não confio nem em mim mesmo.
Está tudo bem mesmo? É certo um cara como eu ser o líder?
Haruhiro indagou se um grupo, sob sua liderança, teria algum futuro. Ou talvez ele realmente estivesse pensando demais nessas coisas?
Não era como se ele fosse um lixo completo, apenas foi consumido pelo medo de errar. Se eu errar, então – e se um dos meus camaradas se machucar? E se eles morrerem? Esses caras, eles não estão pensando nisso? Se não pensam, isso não é um pouco ingênuo? Eles são otimistas demais.
Provavelmente é porque nenhum deles é o líder, não estão em uma posição de responsabilidade, então podem ir com calma.
— Ahh… — Haruhiro gemeu.
Isso faz minha cabeça doer.
Mas é desse jeito que as coisas são.
Talvez eu não me importe. Eu não preciso pensar muito a respeito. Quando chegar a hora da ordem, basta colocá-la em votação e, se todos disserem que desejam fazer isso, que seja. Não há muito mais que eu possa fazer.
— Não, não… — Haruhiro balançou a cabeça para a frente e para trás, ainda segurando-a nas mãos.
Isso não é bom. Eu preciso ter mais cautela.
— Augh…
Enquanto ele estava gemendo, ouviu passos, mas esses passos pararam imediatamente. Porque ele estava deixando escapar ruídos estranhos, quem quer que fosse o dono dos passos poderia ter pensado que ele era louco e perigoso.
Ele olhou para cima e, do outro lado do corredor, a garota dos cabelos curtos estava ali, com os dedos entrelaçados.
— Ah. — Haruhiro baixou as mãos que segurava a cabeça. — Erm…
Ela começou a caminhar em sua direção, não de uma maneira hesitante, mas vagarosamente.
Certamente vai passar direto por ele. Bem, é claro que ela o faria. Isso era óbvio, não era?
O que ela estava fazendo aqui afinal? Já passava da hora de dormir. Ele não pensou que seria capaz de conhecê-la, ainda assim, guardava esperanças.
Não era um exagero dizer que ele ansiava por isso. Eu a vi aqui uma vez, então talvez eu a encontre aqui novamente. Difícil negar o desejo quando seus próprios pensamentos o consumiam.
Claro, dê tempo ao tempo, não havia garantia de que ele iria conhecê-la. Não era para acontecer, ela devia ter ignorado Haruhiro. Em vez disso, a garota estacou. Então, depois de um momento de indecisão, ela inclinou um pouco a cabeça para ele. — … Ei — Disse ela, num tom extremamente brusco.
Dependendo da pessoa, essa atitude pode significar o início de uma briga. Até Haruhiro ficou um pouco inconformado.
Foi ela quem me cumprimentou! Ela pode sair a qualquer momento se quiser, mas não vai.
A garota evitou contato visual com Haruhiro. Parecia que ela queria ir embora, mas partir tão brevemente seria estranho, então ela não sabia o que fazer agora.
É sério, você pode simplesmente dar as costas e ir embora, entende…? Haruhiro queria que ela o deixasse só, mas também queria conversar com ela.
Bem, não que ele tivesse algum assunto em mente. As palavras fugiram de sua mente, nem uma única sílaba lhe deu o “ar da graça”.
— Ha… Hahaha… — Incapaz de pensar em qualquer coisa, ele tentou rir um pouco. A garota deu um pequeno suspiro.
Ah, ele percebeu. Ela está indo embora.
— Espere. — Disse ele.
— Hã? — Ela estacou de novo. — … O quê?
— Nada…
Merda…
E agora? Fui eu que a chamei. Minha mente está completamente vazia. Não pode ser. Não consigo pensar em nada. Meu rosto… tenho certeza de que estou com aquela expressão patética.
— B-bem… você sabe. O que é isso…? Bem… Hum, nada… Sério.
— Ah, tudo bem. — Disse ela.
— S-Sim.
— Tchau. — Ela se virou para sair.
— Ummmm, escute.
— Hã?
— Hã?! — ele gritou.
— Sério, o quê?
— O-o quê? O que… eu me pergunto o quê… — Ele gaguejou. — Er… Basicamente, sim … Uh … Hm…
Isso é ruim. Estou agindo feito um esquisitão agora, não estou?
Talvez eu deva me desculpar? Dizer que sinto muito? Isso seria estranho também? Muito repentino? Isso seria ruim?
Oh, merda, merda, merda.
— Heh… — Ela cobriu a boca com a manga da blusa.
Eu só… ela está rindo de mim?
Com a manga ainda cobrindo a metade inferior do rosto, ela disse: — Você é estranho.
— Ah- estranho? Eu sou estranho, você acha…? — Ele balbuciou.
— Estranho. — Acrescentou ela. — E nojento.
— Não mesmo!
—Sim, muito.
— Ah, sério? Augh… Estou muito surpreso … — Ele gemeu.
— O que é isso? — Ela olhou para frente e para trás. — O que você está fazendo aqui?
— Eu? Eu não estou… fazendo algo não estranho, sabe? Apenas sendo normal e, bem… pensando em algumas coisas, você pode dizer… — Não foi engraçado, mas ele quase riu de novo antes que pudesse se conter. — E você, Choco?
— … O quê, sem honoríficos? — Ela perguntou.
— D-desculpe. É apenas-
Parece mais natural assim. Mas se eu disser isso, ela provavelmente vai ficar ainda mais assustada. Então é assim que vai ser. Senhorita Choco, ou Senhora Choco, talvez – Sim, não. Não está certo. É só Choco e pronto.
— Você é […] — Choco estreitou os olhos. — […] um mulherengo? Você não se parece com um.
— … Eu não pareço? — Haruhiro disse. — Eu sou exatamente o que pareço ser. Não sou? Eu não sou um mulherengo. Umm, uh- Choco… Senhora Choco? Senhorita Choco?
— Tudo bem. Apenas Choco.
— Ah. Mesmo?
— Sim. — Disse ela. — Eu acho…
— Acha o quê?
— … Isso vai soar estranho, mas de alguma forma- quer saber, não importa.
— Hã? Me fala, vai. — Ele suplicou. — Você me deixou intrigado.
— Eu não vou falar.
— S-sério? Bom… Tudo bem então.
— Então você está bem com isso? — Disse Choco.
— Hã?! Não, eu realmente não estou bem com isso. Mas você disse que não me contaria.
— Sujeito fraco e sem força de vontade.
Os olhos de Haruhiro se arregalaram. Seu coração batia estranhamente rápido. Este não era seu pulso normal. O que era isso?
Aquelas palavras, “[…] fraco e sem força de vontade”, parecem familiares.
Talvez eu esteja apenas imaginando isso. Ainda assim, não é comum se importar com alguém que você mal conhece – pelo menos, acho que não conheço.
Haruhiro nunca ouviu essa frase.
Não. Isso não é verdade. Eu já ouvi isso antes.
— Choco. — Disse ele.
— Sim? — Ela perguntou.
— Aposto que você também não se lembra, não é? Como era antes de você vir pra esse lugar.
— … Sim. Não me lembro.
— Nem eu. Nem mesmo minha família ou amigos. Eu não me lembro deles.
— Sim. — Ela disse.
— Então, nesse caso […] — Ele disse nervosamente. — […] poderia ser… Tipo, para mim, eu entrei em um grupo, e acho que nunca vi as pessoas que conheci aqui, mas talvez não seja o caso, certo?
— … Você acha que já conhecia eles? — Ela perguntou.
— Bem, só estou dizendo que é uma possibilidade.
— Poderia ser. Por exemplo, comigo e…
Choco olhou para Haruhiro. Apenas uma breve olhada. Ela imediatamente desviou o olhar novamente.
— … você também. — Ela terminou.
Haruhiro respirou fundo. — … Talvez não sejamos estranhos um para o outro, certo? É só uma possibilidade.
— Mas… — Ela começou.
— Sim?
— … isso não importa já que não lembramos.
— Isso não é…
… verdade, ele queria dizer.
Mas, é exatamente como ela explicou.
Não importa o que tenha acontecido entre eles no passado. Se foram amigos, amantes ou família, se ambos não se lembram, não significa nada.
Não significa nada.
— Pensando bem, ainda não perguntei seu nome. — Comentou Choco.
— Meu nome? — Haruhiro sentiu como se tivesse levado um soco.
Choco não sabia o nome de Haruhiro.
— Ah… Sim, isso mesmo, não é?. — Ele balbuciou.
É claro.
Eles acabaram de se conhecer, então ela não sabe.
Realmente foi apenas uma coincidência. Antes de vir para Grimgar, Haruhiro conhecia uma garota chamada Choco. Esta garota diante dele também se chama Choco.
“[…] fraco e sem força de vontade”, acho que já ouvi isso antes, ou talvez seja só minha imaginação.
No fim das contas, era só isso, nada mais.
— Eu sou Haruhiro — Disse ele.
— Haruhiro… — Choco baixou os olhos e olhou novamente para Haruhiro. — … Hmm. Bem, posso chamá-lo de Hiro?
— Sim.
Foi muito estranho. Por que seus olhos estavam ficando quentes? Haruhiro não entendia.
Yumi e Mary o chamam de Haru.
Mas, de alguma forma… eu já fui chamado assim antes – eu acho.
Me chamavam de Hiro.
Alguém, em algum lugar.
— Por mim, tudo bem. — Disse ele.
— Certo. — Choco se agachou, olhando para o rosto de Haruhiro. — …Você está bem?
— Hã? O que você quer dizer? — Haruhiro esfregou os olhos com um dedo. — Estou bem… eu não pareço?
Choco demonstrava desconfiança.
Haruhiro levantou e se espreguiçou um pouco. — Melhor ir pra cama… o que você está fazendo, Choco? É muito tarde.
— Vou caminhar um pouco, lá fora. — Disse ela.
— Não consegue dormir?
— Sim. Acontece às vezes.
Bem, acho que vamos nos encontrar mais vezes, então.
Quem se importa com um passado que não se pode lembrar? Ainda há um futuro por vir.
Agora, a Choco diante de mim parece meio sombria, anti social e difícil de abordar. Seu olhar me lembra o de um animal arredio, e ela não olha as pessoas nos olhos quando fala com elas. Mas, quando ocasionalmente me encara, meu coração dispara.
Possivelmente é o tipo de garota que eu gosto. No mínimo, estou interessado nela. O que há de errado nisso?
— Choco, você é uma ladra? — Ele perguntou.
— … Como sabe? — Ela perguntou.
— Eu posso dizer pelo seu equipamento. Afinal, eu sou um ladrão.
— Ah. Você realmente se parece com um. — Ela concordou.
— Hã? Que parte de mim?
— Você é magro.
— Não, isso nem faz sentido… eu sou um ladrão porque sou magro? É essa a imagem que você tem de nós? É assim que os ladrões são para você? Por que você entrou pra Guilda dos Ladrões?
— Simplesmente aconteceu.
— Tipo, seguindo o fluxo? — Ele perguntou.
— Algo parecido.
— Qual é o seu apelido? — Haruhiro perguntou a ela.
— Aquele que só usamos com outros ladrões?
— Sim. Já que nós dois somos ladrões, então…
— … Eu meio que não quero dizer. — Disse Choco.
— Não? Bem, eu também não gosto tanto do meu…
— É algo que outra pessoa me deu, de qualquer maneira. — Acrescentou ela.
— Bem, então, que tal se falarmos ao mesmo tempo?
— Ao mesmo tempo?
— No três.
— Tudo bem. — Disse ela.
— Certo. Um, dois, três, vai!
— Gatinha Atrevida.
— Gato Velho.
Eles se entreolharam.
Choco deu uma risadinha.
— O-o quê? O que é isso? — Haruhiro gaguejou.
— Quer dizer… é sério, Gato Velho?
— … É, eu sei. Sempre me dizem que tenho olhos sonolentos. Eu devo ter os olhos de um velho, com certeza.
— Provavelmente também ganhei os meus por causa dos olhos. — Disse Choco.
— Você acredita mesmo nisso? Não acha que é por conta da sua personalidade?
— Talvez.
— Ei, espere, nós dois somos gatos. — Acrescentou.
— Deve ser coincidência. — Disse ela.
— Verdade…
Coincidência?
Claro, provavelmente é.
— Sua mentora é a Mestre Bárbara? — ele perguntou.
— Quem é Bárbara? — Ela respondeu.
— Oh, então não é ela. Bem, ela também é da Guilda. É um membro da Guilda dos Ladrões chamada Bárbara.
— Hmm. — Disse Choco.
— O seu mentor é um homem? — Ele perguntou.
— Sim. Ele é assustador.
— A mestre Bárbara também. — Ele concordou. — Mesmo sendo mulher, ela é insanamente assustadora…
— Não era pra eu ser uma ladra. — Disse Choco.
— Ouvi dizer que as outras classes não são fáceis também. — Haruhiro disse a ela.
— Sempre existem vantagens e desvantagens, não é? — Ela perguntou.
— Acredito que sim.
— Eu quero ir com calma. — Ela reclamou.
— Bem, sim, se eu pudesse pegar leve, acho que seria o melhor também…
— Você acha que isso é muito sofrido? — Ela perguntou.
— Sim. — Ele concordou. — Eu sempre penso assim: “Ahh, isso é uma merda”.
— O mesmo aqui.
— Entendo
— Ei. — Disse Choco.
— Hã? — Ele perguntou.
— Hiro, seu grupo também aceitou o pedido?
— Aquele pedido…
Desta vez, ele realmente foi pego de surpresa. Por um momento, honestamente pensou ter levado um soco no estômago, como se um aríete o acertasse.
— A ordem… Espere, “também”? Choco, seu grupo vai participar da operação?
— Mas eu não quero fazer isso. Parece meio perigoso. — Quando Choco deixou escapar um suspiro pesado, sua franja tremeu ligeiramente. — Mas, aparentemente, nós vamos.
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