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    Aparentemente, todos os orcs que estavam ali foram abatidos. Shihori chorava de alívio enquanto Yumi a abraçava, consolando-a com um afago na cabeça e algumas palavras. — Pronto, pronto. Você foi ótima. Simplesmente incrível.

    — Você pode se levantar? — Perguntou Mary.

    Não, não posso. Haruhiro quase pronunciou aquela mentira porque imaginou que ela o trataria com gentileza se o fizesse. Mas suprimiu seus desejos e manteve a compostura.

    — Eu consigo, sim. — Disse Haruhiro, levantando-se. — Mesmo que, na verdade, já pudesse antes de você me oferecer ajuda…

    Por que ele está aí, parado? Haruhiro indagou.

    Todos dançavam, conversavam, pediam aos sacerdotes para tratá-los ou algo do tipo, mas Moguzo permanecia estático.

    Isso é muito estranho, Haruhiro pensou.

    Moguzo já não segurava sua espada. Seus braços pendiam ao lado do corpo.

    É incrível que ele ainda esteja de pé. Haruhiro analisava os detalhes da cena. É, de fato, uma resiliência surpreendente. Nem dá pra entender como ainda se mantém em pé. Especialmente nesse estado. Sério, o capacete dele não está só amassado – mal se encaixa na sua cabeça. Tem sangue escorrendo por todo o corpo.

    De repente, Moguzo começou a, lentamente, cair. Semelhante a quando algo grande e pesado perde seu equilíbrio repentinamente e desaba. Foi precisamente esse tipo de queda.

    Mary engoliu em seco.

    — … Moguzo? — Quando Haruhiro chamou seu nome, Moguzo se levantou vagarosamente. — O-o que foi isso?

    Haruhiro se acalmou, deixando escapar um suspiro. Eu não esperava por isso. Por um momento, quase entrei em pânico. Achei que tinha acontecido “o pior”. De jeito nenhum, mas…

    — Não me assuste assim, Moguzo. — Haruhiro protestou.

    — Desculpe, desculpe. — Moguzo soltou uma risada tímida e coçou a nuca.

    Ele ainda está sangrando muito, observou Haruhiro. Numa situação dessas, com todo esse sangue, não tem como alguém manter uma expressão tão serena. Mas o que importa mesmo é isso: ele está bem.

    — Graças a Deus… — Haruhiro murmurou, fechando os olhos.

    Ele cobriu o rosto com as mãos. Está difícil segurar as lágrimas.

    — Sério, graças a Deus…

    Sério, não sei o que seria de mim se… Se o pior acontecesse, estaríamos ferrados. Muito ferrados.

    Mas isso nunca vai acontecer.

    Tipo, de jeito nenhum. Não poderia. Sem chance.

    — Obrigado Senhor…

    Não, não, não, eu não vou chorar. Espere, não, já estou chorando. Minhas mãos estão molhadas. Eu tentei cobrir meu rosto, mas… Estou muito aliviado. Sério, que alívio. Obrigado Senhor. Serei eternamente grato à você. Honestamente – sabe, pensei que ele não teria chance. Acho que me lembro vagamente de já ter sonhado com algo parecido. Porém, não faço a mínima ideia de quando tive a oportunidade de sonhar essas coisas. Eis a questão. Um sonho bem patético, não? Tipo, talvez na noite passada? Um sonho em que ele não estava bem? Isso é tão esquisito. Ter um sonho assim. É estranho. De qualquer forma, obrigado Deus. Moguzo está coberto de sangue, mas, ainda assim, está tudo bem, graças a Deus. Pelo menos, fico feliz que ele esteja bem.

    — Obrigado Senhor…

    Haruhiro ouviu uma voz. Sua própria voz. Ele moveu as mãos.

    Escuro. Não consigo ver nada. Um quarto. É o nosso quarto, estou na pensão dos soldados voluntários. Eu estava dormindo? Então, o sonho era… Isso quer dizer que…

    Ele não queria pensar a respeito. Mas era necessário, tinha que verificar, então se sentou.

    Há dois beliches no quarto. Ranta usou a cama de cima, no beliche do lado oposto.

    Ranta está aqui, está roncando. E, na cama de baixo, ninguém. Vazio. Está vazio.

    Cadê? Onde você foi?

    Moguzo. Você não está mais aqui.

    E eu não posso mais encontrá-lo em lugar algum.1

    1. Arkus: derreti em lágrimas[]

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