Capítulo 4 – Arena dos Domínios
O Guardião estalou os dedos e o silêncio da arena pareceu responder. O gelo se reacomodou, o ar ficou denso com a mana estática, e a armadura voltou a cobrir seu corpo como névoa enrijecida. Os olhos dele brilharam por trás da máscara.
— Vamos ser diretos. Qual o seu ponto forte, comandante? — perguntou, enquanto alongava o pescoço de forma vagarosa.
Dravis deu dois passos à frente.
— Minha força, sou da Linhagem Or’Karrun. Dependendo da muralha eu consigo derrubar, costumo levar a melhor quando o inimigo está perto.
O Guardião sorriu.
— Ótimo. Então… vamos ver do que você é feito – o Guardião falou enquanto encarava Dravis – pode atacar primeiro!
Dravis investiu com velocidade surpreendente, tentando agarrar o Guardião pelo tórax. O Guardião girou levemente o corpo e deixou o golpe passar por centímetros. Em seguida, usou o impulso de Dravis contra ele.
Dravis bateu no gelo com as costas em um impacto alto.
Mas não parou ali.
O comandante rolou para o lado, levantou rapidamente e investiu com o ombro. O Guardião recuou e saltou para o lado, mantendo o movimento circular. Em seguida, mergulhou no solo com uma das pernas e, com um giro, derrubou Dravis novamente.
— Você é forte! — disse, caminhando ao redor do corpo caído. — Mas a força bruta só é bonita quando o mundo colabora. E o mundo raramente colabora.
Dravis tentou levantar pela terceira vez, mas foi impedido pelo pé do Guardião.
— Aprenda. Você pode até ser praticamente imparável quando avança, mas nada disso adianta quando o seu oponente não é uma muralha.
O Guardião se afastou. Dravis permanecia no chão, ofegando.
— Próximo.
O segundo guerreiro ergueu um arco longo com marcas tribais nas pontas.
—Alcance, eu sou letal à distância.
O Guardião não respondeu. Apenas caminhou para o extremo oposto da arena e cruzou os braços. Não dava para saber o que ele estava pensando com o rosto coberto pela armadura.
A primeira flecha foi disparada. O Guardião inclinou o torso e girou de lado, deixando a flecha passar.
A segunda veio com encantamento de vento. O Guardião rolou sobre o solo com um giro limpo, se aproximando rápido.
A terceira, disparada a curta distância, foi desviada pelo gelo do capacete.
— Três flechas. Nenhuma percepção de que sua mão esquerda treme antes de disparar — comentou o Guardião. — Está nervoso. Nervosismo não combina com precisão.
O arqueiro tentou recuar, mas já estava encurralado. O Guardião passou por ele como vento. Arrancando o arco das suas mãos. A batalha terminou.
— Próximo.
O terceiro guerreiro ergueu a espada curva e se posicionou com firmeza.
— Espada cerimonial. Combate de fluxo e giro. Sou campeão do círculo Sul de Forndal.
O Guardião dissipou seu elmo exibindo um sorriso de canto — Campeão de onde ninguém acerta? Vamos testar — respondeu, empunhando uma lâmina curta e fina feita de gelo puro que saiu do chão da arena.
O espadachim franziu as sobrancelhas avançou com quatro cortes angulados. O Guardião bloqueou dois com a lâmina, desviou do terceiro com um giro de quadril e encostou o quarto com a palma da mão, como se controlasse o ritmo do aço.
— Bonito. Mas seus pés estão lentos.
O Guardião recuou, girou a espada sobre o punho e aplicou um golpe descendente que prendeu o cabo da arma adversária, travando-o no pulso. Com um puxão curto, a espada do outro caiu.
— Você estava fora do compasso.
O guerreiro caiu de joelhos.
— Próximo.
O quarto veio com uma lança alta e ornamentada, movendo-se em giros e estocadas rituais.
— Lanceiro. Alcance vertical. Técnica da Lua Marcha.
O Guardião não sacou arma. Se manteve em rotação ao redor do adversário, como se pintasse um círculo ao redor da ponta da lança.
O primeiro golpe passou raspando. O segundo errou o tempo. O terceiro interrompido por uma pedra de gelo jogada pelo guardião na testa do lanceiro. O impacto foi absorvido pelo elmo, mas o estrago já estava feito antes do lanceiro entender o que houve a lança já estava nas mãos do guardião.
— Você olha para a ponta. Esquece de todo o resto, que combate vazio — ele falou enquanto voltava para o centro da arena.
— Próximo.
O quinto guerreiro hesitou. Era o mago.
— Eu… não sou guerreiro.
O Guardião se aproximou, e apenas murmurou:
— Se não quer lutar apenas vá embora!
O mago recuou sem dizer palavra.
Virando-se para o segundo império, o Guardião suspirou como quem perdeu a paciência.
Cinco espadachins se colocaram em formação.
— Todos espadachins… que decepção.
O primeiro avançou direto, golpeando com força. O Guardião se desviou, travou a arma contra o próprio antebraço e empurrou com o cotovelo finalizando com um chute pesado, o espadachim caiu.
— Cansa.
O segundo atacou lateralmente. O Guardião girou o corpo, travou a perna do oponente e o derrubou com uma rotação sobre o quadril.
— Tedioso.
O terceiro hesitou. O Guardião chutou uma placa de gelo no pé dele.
— Isso é sério?
O quarto recuou. O Guardião pareceu realmente agradecido.
O quinto abaixou a espada por iniciativa própria. Quando percebeu que o Guardião não estava disposto a ensinar nada para os soldados de Ignaris.
O Guardião não riu. Só inspirou fundo, e o ar ao redor pareceu se acalmar.
Ele olhou para a figura restante, era um guerreiro estranho.
— Último nome da lista… — disse com um tom que misturava tédio, respeito e cansaço. — Suba, guerreiro.
Aisha ergueu os olhos por trás do elmo.
Ela sabia que aquele momento viria.
Mas não esperava que fosse tão rápido.
Ela pisou na borda da arena.
Agora, seria vista
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