Capítulo 13 - Incertezas!
O burburinho do acontecido na arena ainda ecoava pelos corredores da Academia. Alguns alunos diziam que Kaizen havia atingido o primeiro estágio do elo apenas para tentar salvar Grisley, mas, infelizmente, foi em vão. No fim, ele apenas matou seu elo. Após o ocorrido, Kaizen foi levado à enfermaria. LongWang, outro amigo de Kai que testemunhou tudo, estava inconformado. Ele não conseguia acreditar no que seu amigo de infância havia feito. Apesar de ser cego, viu claramente o monstro que tomou posse do corpo de Kai. Sem aceitar o que aconteceu, LongWang foi atrás de respostas.
Na parte superior da Arena estavam mestres da Academia e figuras importantes. Entre eles, Li Xianyu, líder da Família Xianyu, uma das mais poderosas da Região de Arantha.
No camarote…
— Com licença, mestre! — LongWang se dirigiu a Li Xianyu com uma reverência. — LongWang, meu neto! Entre! — Li sorriu amigavelmente, fazendo um gesto com as mãos. — Acredito que o senhor já saiba por que estou aqui. — LongWang se aproximou cautelosamente. — Sim, vi tudo. Também não pude acreditar no que aconteceu. Algo muito estranho entrou no corpo do Kai. — E agora, mestre? O que faremos? — Sua voz tremeu enquanto falava. — Vá até a enfermaria e veja se ele está melhor. Depois, tragam-no até mim. — Li Xianyu passou a mão na barba e se levantou. — Sim, mestre!
Um teleporte acontece…
Na enfermaria…
A aura era pesada. Um frio que congelava a alma pairava sobre o quarto. O odor de enxofre e doença se misturava no ar. O Reiki dos presentes estava conturbado, talvez devido aos acontecimentos recentes ou pela presença de Pazuzu tão próxima. A energia dos seres espirituais estava caótica, como se pedissem socorro. O medo era tão denso que até mesmo um cultivador inexperiente podia senti-lo.
Deitado em uma das macas, Kaizen abriu os olhos lentamente e percebeu o clima sombrio do quarto. Como seu cultivo era puro, alinhado à vida, esse ambiente o afetava profundamente.
— Que bom que acordou, Kaizen. — Uma voz serena e tranquila ecoou pelo quarto.
Ele procurou a origem da voz, mas não viu ninguém, apenas um gato aos pés de sua maca. A criatura tinha pelagem preta, macia como algodão, e olhos brancos como nuvens. Suas orelhas estavam eretas, e ele olhava para Kaizen com curiosidade.
“Foi ele que falou?” — Kaizen se perguntou, intrigado, enquanto fitava o gato.
— Meow! — O gato lambeu a pata, como se tivesse ouvido os pensamentos do garoto.
Kaizen se assustou. Antes que pudesse reagir, a mesma voz ressoou no quarto.
— Pelo visto, você já conheceu o bichano. Peço desculpas por abordá-lo dessa forma. — A figura por trás da voz apareceu à porta.
Era um jovem alto, de cabelos médios e lisos, negros como a noite. Sua pele era pálida, como se nunca houvesse tomado sol. Ele usava óculos redondos e vestia um traje preto formal. O gato correu até ele e pulou em seu ombro.
— Fo… Foi você quem falou? — Kaizen perguntou, ainda incrédulo.
— Claro que fui eu, Kaizen. Desde quando gatos sabem falar? — O jovem riu levemente.
— Faz sentido… Mas espera, como sabe meu nome? — Kaizen franziu a testa.
— Estava assistindo às lutas. Vi quando você lutou e também acompanhei a luta de Kai Blackwood. Não queria me envolver, mas isso foi muito além do que eu imaginava.
Ele ajeitou os óculos antes de continuar:
— Que falta de educação a minha! Nem me apresentei. Meu nome é Ezekiel Voss.
Kaizen, ainda sem entender completamente a situação, se ajustou na cama e fixou os olhos em Ezekiel.
— Não queria se envolver? Como assim? Quem exatamente é você? — Ele se inclinou para frente, tentando se aproximar.
— Como eu poderia dizer isso… — Ezekiel coçou a cabeça, pensativo.
— Apenas diga! — Kaizen exclamou, irritado.
— Digamos que sou uma linha entre duas camadas: a que vivemos e a inferior.
— Camadas? O que isso significa? — Kaizen olhou curioso.
— Basicamente, existem três camadas. A nossa, onde os seres vivos residem. A camada espiritual, onde vão aqueles que morrem com grande poder. E a camada inferior: o Vale dos Reis, também conhecido como purgatório, para onde todos os mortos vão.
— Então você é… um mensageiro do inferno? — Kaizen murmurou, digerindo tudo aquilo.
— Podemos dizer que sim. — Ezekiel riu timidamente. — Consigo sentir, ver e até projetar meu espírito lá. E eu percebi quando uma alma que não pertencia àquele lugar chegou.
O sorriso desapareceu do rosto de Ezekiel.
— Então… aquele realmente não era o Kai. — Kaizen abaixou a cabeça, com um olhar entristecido.
— Seu amigo está em perigo, Kaizen. Se permanecer muito tempo no Vale dos Reis, ele será considerado um pertencente daquele lugar e nunca mais poderá retornar.
— Então precisamos agir rápido! Como podemos ajudá-lo? — Kaizen se levantou da cama.
— Primeiro, encontre LongWang. Preciso de vocês dois. Depois, venha falar comigo. — Ezekiel deu as costas para Kaizen.
— Mas como farei para te encontrar? — Perguntou Kaizen.
— Não se preocupe, eu encontrarei você. — Ezekiel respondeu antes de ser consumido por uma névoa negra e densa, que preencheu o quarto da enfermaria.
Em outro lugar…
O ambiente era frio. O chão, de pedras rústicas, ecoava cada passo dado sobre ele. As paredes úmidas e cobertas de musgo refletiam uma presença esmagadora para os mais sensitivos. Os passos lentos que desciam as escadas podiam ser ouvidos em todas as celas.
Uma voz rouca, cansada e cheia de sabedoria ecoou para os guardas:
— Deixem-me falar com ele a sós.
— Sim, Mestre Li! — Respondeu um dos guardas, retirando-se do local.
Li Xianyu parou em frente à cela onde estava Kai… ou melhor, Pazuzu.
— Mestre, o senhor veio me tirar daqui? — Pazuzu falou com a voz trêmula.
— Não tente se passar por ele. Quem é você? — Li se aproximou da cela.
— Do que está falando, mestre? Sou eu, o Kai! Eu não queria matar ele! — Pazuzu abaixou a cabeça e se ajoelhou no chão.
— Onde está o verdadeiro Kai? O que fez com ele? Diga, ou eu o matarei! — A aura azul de Li se intensificou, espalhando-se pelo ambiente.
“Droga… se ele descobrir, estou perdido. Preciso continuar fingindo.”
— Do que está falando? Eu sou e— “Gah!” — Uma energia em forma de mão agarrou seu pescoço.
— Mentira! Kai jamais mataria alguém! — Li apertou ainda mais o pescoço de Pazuzu.
— O senhor… nunca confiou em minhas habilidades… — Pazuzu conseguiu murmurar, acessando as lembranças de Kai.
Os olhos de Li se arregalaram. A energia que prendia Pazuzu desapareceu.
— Não, Kai. Sempre acreditei no seu potencial. Mas eu não criei um assassino. Nunca mais me chame de mestre. Garanto que você nunca sairá daqui. — Li deu as costas e saiu.
— POR FAVOR, ME ESCUTE! — Pazuzu gritou, mas Li seguiu sem olhar para trás.
“DESGRAÇADO! VOCÊ SERÁ O PRIMEIRO QUE EU MATAREI QUANDO SAIR DAQUI.”
Pazuzu dá um soco que faz uma lasca na parede e se senta novamente no chão frio.
“TODOS IRÃO PAGAR INCLUSIVE VOCÊ LÚCIFER POR TER ME MANDADO PARA ESSE LUGAR”

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