Capítulo 13
Satisfeito com a resposta de Lumine, o rapaz que estava ao lado dela, voltou sua atenção para uma terceira figura humana presente no carro — que acompanhava a conversa dos dois, sentado no banco de trás, com os braços cruzados e olhos fechados — e perguntou, esperando por boas notícias:
— E você, Primeiro General? Conseguiu obter a informação de que precisávamos?!
O segundo rapaz — que até então estava em silêncio — abriu os olhos, ajeitou sua postura e respondeu:
— Sim, Primeiro Ministro! — afirmou, com sua voz soando grave. — Conforme solicitado, entrei na Capital Imperial presente neste mundo, e confirmei, pessoalmente, que a presença do ‘Imperador da Humanidade’ não existe. O trono de Ferro está vazio! Não há deus algum no Império Humano!
Com uma expressão aliviada, o primeiro agradeceu:
— Obrigado pelo trabalho árduo, Intocável! Parece que as minhas preocupações eram infundadas…
Ele parou por um segundo — pensativo — e ponderou:
— Se a sombra do antigo Imperador, também estivesse aqui; teríamos que lidar com ele imediatamente! — disse, exibindo uma expressão fria. — Foi por temer este possível cenário, que o trouxe aqui comigo, General. Para eliminar os resquícios de um antigo deus caído!
O Intocável ouviu cada palavra em silêncio e, após uma breve pausa, respondeu, com sua voz soando intensa:
— Isso não muda nada, Primeiro Ministro! A nossa missão permanece inalterada! Proteger e Extrair em segurança, a nova Imperatriz da Humanidade!
Com os seus ouvidos atentos, Lumine argumentou:
— Seria muito problemático, se o antigo Inimigo de Toda a Criação também estivesse aqui — disse ela, gesticulando com as mãos. — A simples menção desta ínfima possibilidade, poderia fazer, com que os seguidores da Antiga Ordem, passassem a agir!
Ela semicerrou os seus olhos, fechou os punhos e completou, com a sua voz soando pesada:
— E na pior das hipóteses, caso tivéssemos que lidar, com uma guerra civil agora; tal casualidade, poderia dar aos nossos inimigos, a oportunidade perfeita de nos destruir!
— Isso não vai acontecer, General Lumine! — bradou o primeiro, confiante. — A humanidade já elegeu o seu novo soberano e deus! Não existe espaço para os seguidores da antiga ordem! E se algum deles causar o menor dos problemas, eu mesmo faço questão, de dar a ordem de caçá-los!
Após ouvir a declaração de seu mentor, Lumine sorriu, empolgada, com a possibilidade de caçar, um a um, os seguidores da Antiga Ordem. E ela desejou, do fundo de seu coração, que todos eles se rebelassem.
Lucius Aurélio, como era, de fato, chamado o Primeiro Ministro; era um dos oficiais mais importantes do Império Humano. Ele tinha uma idade por volta dos seus trinta e cinco anos, possuía um aspecto físico magro, pele branca, cabelos escuros, olhos castanhos e barba bem feita. Sendo muito versado nas artes escritas e matemáticas.
O Intocável, por sua vez, era rodeado de segredos e mistérios. O seu nome era desconhecido, a sua idade nunca foi revelada e, as suas origens, jamais foram divulgadas. Ele detinha a posse de um corpo robusto e musculoso. Possuía uma estatura alta, pele negra, olhos escuros e cabelos curtos. E apesar de ser um homem de poucas palavras, a sua presença, por outro lado, era bastante opressiva.
Enquanto Lumine acessava um terminal holográfico instalado no carro — analisando os novos dados e atualizando seus relatórios — uma informação em particular chamou sua atenção e, após lê-la, questionou:
— Mestre, como vai a investigação para localizar os nossos inimigos?
Ao ouvir aquelas palavras, o rapaz suspirou por um segundo, desanimado e, com uma expressão que indicava cansaço, respondeu, sem rodeios:
— Muito mal! — disse, balançando a cabeça em sinal de negação. — Não estamos conseguindo localizar os nossos alvos. E se não dermos um jeito de encontrá-los, receio que muito em breve, vamos começar a ter uma infinidade de problemas!
Lumine pousou os seus olhos mais uma vez no terminal e, após analisar as suas informações, pontuou:
— Cento e cinquenta mortes confirmadas, mais de duzentos oficiais militares desaparecidos, e pelo menos o triplo desses números de feridos.
Ela tocou em um arquivo criptografado — que havia sido compartilhado recentemente — e assistiu o seu conteúdo.
No vídeo, ela pôde observar a silhueta de três figuras humanoides adultas, que lutavam, habilmente, contra dezenas de soldados humanos.
E apesar do equipamento robusto dos militares — composto por uma armadura mecanizada e fuzis de energia — todas as unidades foram gradativamente eliminadas, pelas criaturas que se pareciam com máquinas.
— Exterminadores! — disse a garota, com uma expressão sombria estampada em seu rosto.
E tendo ciência sobre o real objetivo delas, Lumine murmurou:
— Eu não vou deixar vocês matarem a Imperatriz, Servos dos Antigos Deuses!
Após um breve momento de silêncio — que foi ofuscado pelo ronco do motor — Lucius Aurélio perguntou:
— E como está a situação do outro lado do véu, General Lumine? — disse ele, parando o carro em um semáforo.
— Nada boa, Mestre… — suspirou a garota, abatida. — Apesar de nossas Legiões, terem conseguido manter uma linha defensiva ao redor do planeta; combatendo as ameaças externas que os Deuses Antigos enviam para cá, temo que as suas forças estejam praticamente no limite!
A garota abaixou sua cabeça e acrescentou, com a sua voz soando aflita:
— E além disso, segundo os relatórios que recebi; desde ontem, milhares de Vampiros e uma infinidade de Monstros, todos infectados pelo surto do Vampirismo, passaram a invadir, e massacrar, milhares de planetas humanos ao redor do universo.
Com os seus olhos arregalados — e coração agitado — o Primeiro Ministro balbuciou:
— Então a Lorde Vampira finalmente fez o seu movimento! — disse, compreendendo a gravidade daquela situação.
— E isso não é tudo, Mestre. Enquanto falamos, as Tropas de Elite da Lorde Vampira, estão se aproximando gradativamente deste mundo. E os seus números, segundo nossos batedores, são astronômicos!
— Sabemos quem está liderando as forças dela? — perguntou o rapaz, suando frio.
E Lumine, confirmando os temores de Lucius, respondeu:
— A Divina Galatéia!
O corpo do rapaz estremeceu ao ouvir aquele nome, e após um breve instante, ele murmurou, baixinho:
— Uma luta entre três potências, hein?! Não tem como isso acabar bem…
Lucius voltou sua atenção para o alto e vislumbrou — com um olhar nostálgico — um passado distante.
— Parece que o desespero finalmente a consumiu, Lilith. É realmente uma pena, que sejamos inimigos desta vez, minha velha amiga… — completou o rapaz, com o seu coração partido.
O Intocável, por sua vez, querendo saciar as suas dúvidas, perguntou:
— General da Segunda Legião. Você possui alguma informação a respeito da guerra em nosso universo?
Com a resposta na ponta da língua, Lumine falou:
— Me desculpe, Primeiro General. Infelizmente, não tenho. Desde que o Deus Antigo, Azathot, tentou invadir o nosso plano; o sinal de comunicação que vinha da Terra, foi cortado.
Ela fez uma breve pausa — pensativa — e acrescentou, dando a sua opinião:
— Porém, acredito que o planeta Terra permaneça intacto! Afinal, o Labirinto da Bruxa que protege o nosso universo, foi erguido, pessoalmente, pela própria Imperatriz! E de acordo com a minha experiência mais recente, posso afirmar, sem sombra de dúvidas, que o seu ‘País das Maravilhas’ é capaz de suportar ataques imensos!
Lumine ficou em silêncio por um momento — apreensiva — pensando nas forças que existiam além de sua dimensão cósmica.
E tendo ponderado na possibilidade, dessas mesmas forças, que não podiam ser combatidas por ela — mas que estavam, constantemente, a observando — de derrubarem o Labirinto que protegia a humanidade; o seu coração se agitou.
— Ainda assim, eu rezo, para que os nossos inimigos não obtenham sucesso — disse ela, juntando as mãos. — E que possamos, muito em breve, lançar uma contraofensiva, sob o estandarte de nossa Deusa Imperatriz!
— Foi com a intenção de vencer esta guerra, que viemos aqui, General Lumine! — bradou o Intocável, encarando a garota. — E até que a Imperatriz desperte deste seu pesadelo, tudo o que temos de fazer, é seguir o roteiro deste sonho imperfeito, enquanto ela luta, contra o seu próprio desespero…
Em seguida, Lumine virou o seu rosto para o lado e observou — com os seus olhos cintilantes — o véu que cobria a Cidade do Porto.
— Qual seria o desejo da Bruxa, que nos convidou para este lugar? — questionou a garota, de forma retórica. — Por que ela anseia tanto, manter o ‘status quo’ deste mundo? E por qual motivo, a Imperatriz é mantida no centro desta grande narrativa?!
Com a sua mente perdida em pensamentos, ela completou:
— Eu realmente não entendo, quais são as motivações por trás do Legado da Virtuosa. A Bruxa que nunca existiu!
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