24 de dezembro de 21XX, 20:00h — Pátio Externo do Centro Administrativo do Comitê Olímpico.

    — Minha Senhora, a Princesa chegará aqui em breve! — disse uma figura feminina adulta, de cabelos ondulados e longos fios dourados, enquanto se aproximava gradativamente de sua Soberana.

    Em seguida, ela tocou na tela do seu aparelho celular e, compartilhou, em tempo real, a localização do automóvel que as duas estavam esperando.

    — O tempo previsto para a Vossa Alteza chegar, é de aproximadamente vinte minutos! E o responsável pelo seu transporte, é o magnânimo Carlos Galdino.

    — Obrigada pela informação, minha Serva Dáhlia! — respondeu Lilith, sorrindo para a lua, enquanto exibia um olhar sedutor. — Eu não vejo a hora de revê-la, Lycoris!

    Imediatamente, enquanto a vampira corava, uma terceira figura feminina adulta — incapaz de esconder a sua própria ansiedade — manifestou-se das sombras e logo falou:

    — Eu também não vejo a hora de revê-la, mamãe Lily!

    A silhueta de uma vampira jovem — muito parecida com Lycoris — apareceu diante dela e, à medida em que a garota sorria, as suas presas pontudas, e incrivelmente afiadas, luziam.

    — Já faz muito tempo, desde a última vez em que eu estive com a minha irmã mais velha, rs. — acrescentou a garota, de maneira amável, enquanto exibia uma expressão nostálgica.

    Encantada com aquela reação, Lilith aproximou-se da garota, abriu os seus braços e, replicando um gesto cheio de ternura, a envolveu em um abraço.

    — Não se preocupe, pequenina… — disse ela, acariciando a cabeça da vampira. — A partir de hoje, vocês vão ter muito tempo para conversarem, e se divertirem juntas, M∀LICE!

    Ao sentir o peso daquelas palavras, a garota de olhos-vermelhos — e cabelo preto e branco — imediatamente respondeu:

    — Estou contando com isso, mamãe Lily, rs!

    Satisfeita com a resposta da pequena vampira, Lilith afrouxou os seus braços, afastou o seu corpo da garota e, acrescentou:

    — Tenho certeza, de que a Lycoris está tão ansiosa quanto você, M∀LICE! Afinal, és a preciosa irmãzinha dela!

    Ao ouvir essas palavras, uma memória muito antiga — e dolorosa — atravessou o coração da garotinha. Nela, a vampira de cabelos preto e branco se viu soltando a mão daquela que mais amava no verso inteiro e, enquanto o seu corpo era tragado por uma fenda que dividia os céus e a terra, a silhueta de sua irmã mais velha, lutando contra milhares de espectros, com o único propósito de protegê-la; ficou gravada em sua retina.

    — Sim… Sim! — completou a garota, dessa vez, sorrindo.

    Aproveitando-se daquele momento, Lilith virou o seu rosto para o lado e, falou, com aquela que até então as observava:

    — Você também, minha Serva Dáhlia! — disse ela, voltando o seu olhar para a segunda. — Em breve, você também irá se reunir com a sua linda e adorável irmã mais velha!

    Com uma expressão surpresa, por ter sido pega desprevenida pelo comentário de sua mestra, a vampira de cabelos luzentes respondeu, desajeitada, porém, não menos sorridente:

    — De fato, minha Senhora! Eu também não vejo a hora de rever a Rozèlia!

    Em seguida, ela moveu as suas mãos até o peito e, completou, com a sua voz soando intensa:

    — Afinal, ela é o meu coração!

    Com o fim daquela conversa, Lilith afastou-se das duas vampiras, contemplou o seu redor e caminhou, brevemente, pelos jardins bem cuidados do pátio externo.

    Em seu coração, ela apreciava a sensação de liberdade que aquele local trazia e, apesar de estar cercada por inúmeros prédios e vários arranha-céus; naquele local, a natureza se unia ao homem.

    Enquanto caminhava, por uma faixa repleta de pedras e de arbustos ornamentais; uma visão sublime, que apenas o cenário noturno poderia lhe proporcionar, chamou sua atenção.

    Na sua frente, posicionada de maneira estratégica, havia uma fonte d’água. Imponente e majestosa, tal como as estrelas no céu, que decorava, de maneira refinada, a ala central do estacionamento externo.

    Cativada pela beleza daquela construção, Lilith moveu o seu corpo para frente, sentou-se de maneira confortável em um de seus bancos de pedra e, relaxou por um breve período de tempo.

    Ela não sabia dizer, quando foi a última vez que pôde relaxar assim e, durante um minuto inteiro, todas as suas preocupações lhe deixaram.

    — Lycoris… — murmurou ela, baixinho, enquanto levava as suas mãos até o peito.

    A brisa suave e gelada do vento, afagava o seu cabelo de maneira gentil. Sua pele pálida e macia, era hidratada pela suave luz da lua cheia. Próximo dali, o som da água jorrando e o farfalhar das árvores era música para os seus ouvidos e, se não fosse pelas suas obrigações e preocupações mais urgentes, era o seu desejo passar ainda mais tempo ali.

    Passados aqueles sessenta segundos — que ela utilizou, exclusivamente, para reviver as memórias que tinha com a sua filha — Lilith abriu os seus olhos, renovada, e vislumbrou, cintilante, o véu que cobria a Cidade Portuária.

    Imponente e majestoso, tal como as estrelas no céu.

    Enquanto Lilith ponderava, sozinha, sobre as suas ações futuras, M∀LICE, por sua vez, caminhava animadamente pelo jardim de flores. Distraída e completamente imersa, em seus diferentes tipos e cores. Dáhlia, por sua vez — diferente das duas — continuava com o seu trabalho na coleta de informações e distribuição das ordens de sua soberana, para todos os súditos da Lorde Vampira.

    De repente, uma mensagem criptografada chegou pra ela, e Dáhlia, intrigada com aquele arquivo, o descriptografou, e logo em seguida, analisou os seus dados.

    Em seguida, tendo compreendido a sua informação, a vampira de cabelos ondulados arregalou os olhos, moveu-se apressadamente para o lado de Lilith, abriu a sua boca e falou, num tom urgente:

    — Minha Senhora! Acabo de receber a informação de que a Divina Galatéia, chegou em seu destino! No momento, ela está posicionada bem na borda deste universo, observando os movimentos dos: ‘Futuros Deuses’.

    Ao ouvir essas palavras, Lilith saiu de seu transe, ergueu sua sobrancelha e respondeu, voltando o seu olhar para a segunda:

    — Bom trabalho! — disse ela, satisfeita com a agilidade de sua Serva, em decodificar aquela mensagem.

    — Além disso — continuou a vampira, focada em seu trabalho — Segundo ela: Tropas de todo o Espaço Sideral, lideradas principalmente pelos Deuses Antigos, já estão se movendo na direção deste planeta. E, apesar de seus números quase infinitos, o Exército Humano tem conseguido repelir as suas constantes investidas!

    — Obrigada pelo relatório, Dáhlia! Com a Galatéia por aqui, posso ficar um pouco mais tranquila com tudo o que está para acontecer além deste véu…

    Lilith voltou sua atenção para o alto — amargurada — e completou, com a sua voz soando pesada:

    — Afinal, apesar da Humanidade também estar defendendo este planeta, no final, nenhum de nós somos aliados…

    Ainda intrigada com o relatório de Galatéia, que descrevia, de maneira detalhada, a formação adotada pelo exército humano, bem como, o seu recente encontro com o General daquela Legião; a Serva de Lilith perguntou:

    — Minha Senhora — disse ela, curiosa. — Por que dentre todos os Generais do Império Humano, o General da Quarta Legião é o mais devoto à Princesa?

    Atraída por aquele comentário, Lilith baixou o seu olhar.

    — O Quarto General, você diz?! — questionou ela, refletindo no assunto.

    — Além disso — continuou Dáhlia, absorvendo os dados. — Dentre todos os Generais, ele é o mais favorável com a senhora! E apesar de estarmos em guerra com os humanos, ele nunca apontou as suas armas para as nossas tropas. E mesmo agora, esse comportamento inusitado se mantém!

    Sem saber de fato, como começar à responder aquela pergunta, Lilith voltou o seu olhar para as estrelas.

    — Existe um acordo mútuo entre nós dois… — disse ela, com um olhar longínquo. — Não… acredito que seja algo mais próximo de um juramento. Uma promessa não dita. Um voto silencioso, ou, quem sabe, apenas temos interesses em comum!

    Intrigada com aquelas palavras, Dáhlia perguntou, confusa:

    — O que a senhora quer dizer com isso, Lorde Vampira? — perguntou ela, percebendo que a sua mestra nunca havia falado daquilo antes.

    Os olhos de Lilith brilharam por um segundo e, a sua expressão sublime logo se tornou hipnótica.

    — O que vou te contar agora, não está descrito em nenhum relatório do Império Humano, ou, até mesmo, do Reino Vampírico — disse ela, esboçando um sorriso sinistro. — E qualquer menção sobre este assunto, foi simplesmente apagada de todos os registros!

    Compreendendo a importância daquela informação, a Serva de Lilith desligou a tela do seu celular, guardou o aparelho no bolso e, logo se sentou, ao lado de sua soberana.

    — Pouquíssimas pessoas têm acesso a esta informação, e somente aqueles que foram os Servos mais leais, e próximos o bastante do antigo Imperador; conhecem a verdade por trás da verdade.

    — A verdade por trás da verdade?! — repetiu Dáhlia, suando frio.

    Lilith moveu os seus olhos para o alto e a sua mente logo foi transportada para o passado.

    — Nos tempos de glória do planeta Terra, durante o reinado do antigo Deus Imperador, a Quarta Legião possuía um General diferente… 

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