A aparência do Cruzador alienígena, apesar de exótica, era muito similar ao de uma centopeia. E a sua estrutura, embora fosse mecânica, também possuía várias formas orgânicas.   

    Ao seu redor, um conjunto de outras naves, relativamente menores, era visível. E acima das nuvens, muito além da estratosfera; uma outra estrutura, centenas de vezes maior que a primeira — e possuindo a aparência de uma colmeia — bombardeava o planeta.   

    Causando uma forte perturbação atmosférica, e atrapalhando as comunicações via sinais eletromagnéticos.

    Para a pequena Sacerdotisa — que acompanhava tudo de perto — era como se uma tempestade repentina tivesse surgido, e todo aquele caos, que cobria o céu noturno da cidade de várias cores; era muito similar aos raios, relâmpagos e trovões que antecediam um cataclisma.   

    E como se estivesse presenciando o fim do mundo, ela observou, com os seus olhos arregalados; os disparos dos canhões de plasma — que eram lançados pelas Naves de Guerra aliadas — se chocando contra as Fragatas alienígenas.  

    No solo, apesar do esforço combinado de todos os soldados; que tentavam, a todo custo, repelir aquele ataque — com as suas armas de plasma, metralhadoras à laser e tanques blindados — milhares de casulos flamejantes atravessaram os céus, e se chocaram, com violência, contra as construções de pedra da cidade.

    Destruindo as suas estruturas e cobrindo os arredores com um imenso mar de fogo.   

    De dentro dos casulos — que remetia a uma forma de vida biomecânica — hordas de criaturas, infectados por fungos, saíam aos montes. Grunhindo e atacando tudo o que viam pela frente; com os seus corpos putrefatos, garras afiadas e presas venenosas.

    E próximo ao santuário, que era protegido por uma barreira de energia, diversos detritos — de uma nave alienígena abatida — acabaram se chocando contra o solo. E das suas ferragens retorcidas, que ardiam com as chamas, milhares de criaturas, cobertas de fogo; se lançavam aos montes contra os soldados humanos.   

    Percebendo a gravidade daquela situação — e notando, que aos poucos, mais e mais daqueles monstros se aproximavam de sua posição — o Coronel pegou o seu martelo, moveu‐se para frente de sua soberana e, numa fração de segundo, reposicionou todos os seus homens, formando uma barreira humana naquela área. 

    — Vá, minha Senhora! — disse o rapaz, em um tom potente, enquanto os seus olhos fitavam as criaturas. — A Quarta Legião fará de tudo, para manter a sua rota segura!   

    E, com um aceno de cabeça, a Representante da Vontade Maior respondeu:   

    — Conto com vocês!   

    Em seguida, ela se virou, e junto da pequena Sacerdotisa — que tremia de medo — seguiu através de um caminho arborizado, que levava em direção até uma imensa ponte de pedras. 

    Com a intenção de deixar, o mais rápido possível, o setor em que estavam.   

    Enquanto corria, a Sacerdotisa da Luz virou o seu rosto para o lado e observou — com o canto de seus olhos — o Coronel fincando o estandarte de seu pai no chão, ao passo que seus homens, inspirados por ele, rechaçavam os seus inimigos. 

    — Pela Imperatriz! — bradou o Coronel.   

    — PELA IMPERATRIZ! — responderam os demais. 

    Para logo em seguida, dezenas de soldados perderem as suas vidas. 

    Um véu escuro e majestoso cobria os arredores da cidade tomada pela neve — como se ela fosse, naquele momento, o palco principal de alguma narrativa grandiosa — e sob o céu, tampando a luz das estrelas, diversas criaturas, todas semelhantes à raias; sobrevoavam a região como se fossem um cardume de peixes. 

    Espalhando, para todos os lados, esporos e toxinas mortais. 

    E à medida em que a Sacerdotisa da Luz se aproximava da ponte — que separava o santuário da área comercial — ela observou, através de uma vista panorâmica, o estado geral de sua cidade natal.

    Incêndios aconteciam por todos os lados, casas de madeira desabavam com o menor dos esforços, e as poderosas muralhas de pedra — que serviam para proteger os habitantes locais, e os lordes do castelo, de todas as ameaças externas — estavam, naquele momento, tomadas de criaturas sedentas por sangue.

    Bombas de estilhaço eram lançadas aos montes contra as hordas alienígenas em terra. Morteiros de plasma condensados quebravam suas escaramuças, ao passo que milhares de projéteis — de energia e de aço temperado — repeliam as suas constantes investidas.

    E por entre as ruas e vielas estreitas, onde os maiores horrores se ocultavam nas sombras; centenas de soldados — todos portando armas de fogo e armaduras mecanizadas — lutavam, desesperadamente, para conter aquela invasão.

    Não cedendo, nem um passo sequer para os seus inimigos.

    E apesar de seu cansaço — físico e mental — a Sacerdotisa da Luz continuava seguindo em frente. E o seu desejo, de querer saber o que havia acontecido ali, bem como, o destino de todas as pessoas que habitavam a Cidade-Castelo; logo foi dispersado quando os seus olhos pousaram na ponte. 

    Não havia nada além de um precipício na sua frente e, os pilares de pedra que uma vez formaram um caminho, estavam, naquele momento, completamente destruídos. 

    Porém, como se estivesse rindo daquele pequeno inconveniente, a Representante da Vontade Maior deu um passo para frente, estufou o peito e, exclamou, com bastante intensidade: 

    — A Vontade dos Criadores! — disse ela, estalando os dedos, enquanto os seus olhos brilhavam como luzes de neon. 

    Em seguida, os céus se abriram como resultado do comando dela, e diversos feixes de luz — semelhantes a uma aurora boreal — iluminaram a região em que estava. 

    — Editar a História do Mundo Pintado de Boceanósque! — acrescentou, em seu tom lírico. — “E havia uma ponte de pedras no caminho, ela estava nova e muito bem cuidada.”

    De repente, uma força invisível se dobrou perante as suas palavras, e a ponte, que até então estava em ruínas, agora, se encontrava totalmente restaurada. 

    Porém, no instante em que as duas estavam para atravessá-la, o espaço ao redor delas se distorceu, e uma fenda — capaz de rasgar o tecido da realidade — se manifestou diante de seus olhos. 

    Do outro lado, três figuras de aparência masculina, saíram — trajando um terno preto e óculos escuros — e bloquearam, de maneira intencional, parte do caminho. 

    — Representante da Vontade Maior! — disse o primeiro deles, em um tom solene. — Não… Inimiga de Toda a Criação! 

    Reconhecendo aqueles três, a mulher de cabelos escuros deu um passo para frente, abriu um sorriso largo e fez uma mesura. 

    — Copyright! — disse ela, exibindo uma expressão sádica. — Já faz algum tempo, desde a última vez em que nos vimos, rs!

    Findada os cumprimentos, a figura masculina adulta removeu seus óculos escuros, ajeitou o seu terno e, após analisar os arredores, questionou: 

    — O que pensa estar fazendo aqui, Inimiga de Toda a Criação?! — disse ele, com a voz soando quase sem emoção. — Este universo criativo não faz parte dos seus domínios! 

    — Pela autoridade dos Criadores, e do Estúdio GDI; tenho permissão para explorar, por meio de um conto, uma das facetas deste novo multiverso! — respondeu a segunda, de maneira imponente. 

    Com os seus olhos semicerrados, o Copyright acrescentou: 

    — Muito bem, Serva da Vontade Maior. Como uma mera ferramenta “Daqueles que Observam do Outro Lado”, não tenho autoridade para impedir, neste momento, a sua presença nesse mundo. 

    Ele parou por um segundo, deu um passo para frente e, a sua expressão — que até então não demonstrava emoções — agora, exibia um requinte de crueldade. 

    — Porém, se em algum momento, você cruzar a linha do que é permitido — continuou. — Saiba que estaremos lá para combatê-la, Inimiga de Toda a Criação! 

    Com um sorriso distorcido, a Representante da Vontade Maior respondeu: 

    — Que seja feita a “Vontade dos Criadores”, tanto na terra quanto nos céus! 

    Com isso, as três figuras masculinas abriram passagem, e permitiram — mesmo indo contra as suas vontades — que ela continuasse seguindo em frente.

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