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    2 de março de 5997 d.E. – Palácio dos Vinte, Cidade Celestial.

    Era o início da manhã, e a cidade celestial acordava conforme o sol se levantava pelo céu.  No centro de uma grande praça, havia uma majestosa construção milenar, projetada com uma bela arquitetura greco-romana. Era ali que o conselho das vinte guildas se reunia, era o centro estratégico e militar de todos os heróis de Testfeld.

    Mas naquele dia, a rotina matinal fora interrompida. Uma convocação de emergência ecoara pelos corredores do palácio, e ordenou a presença de todos os altos membros do conselho que se encontravam na cidade. A grande sala de reuniões, inspirada nos antigos senados e parlamentos, permanecia vazia e silenciosa. No centro do salão, uma espécie de palco dominava o ambiente, cercado por uma plateia semicircular de assentos elevados, onde os representantes das guildas tomariam seus lugares. 

    No palco, uma jovem de longos cabelos dourados esperava, a expressão marcada pela irritação. O único som na sala provinha da batida dos dedos dela na mesa. Ao seu lado, uma garota ainda menor, com o corpo jogado sobre a mesa, folheava um livro.

    Nos corredores que levavam à sala de reuniões, dois heróis caminhavam lado a lado. Vestiam uniformes brancos impecáveis, adornados com detalhes dourados nas ombreiras. O primeiro, ligeiramente mais alto, ostentava cabelos loiros curtos e olhos azuis intensos. Seu nome era Uriel, líder da guilda dos Dragões do Sol. O segundo, de estatura um pouco menor, era Vítor, seu vice-líder.

    — Sono… — murmurou Uriel, ao caminhar pelos corredores do palácio em direção à sala de reuniões, a voz carregada de exaustão.

    — Durma cedo, acorde cedo… tenha uma rotina decente… — retrucou Vítor, ao seu lado, com um certo tom despreocupado. — Vamos logo, não quero ser o último a chegar…

    Os dois abriram a porta do salão do conselho, e encontraram o lugar vazio.

    — Ninguém chegou ainda? — questionou Vítor, decepcionado, olhando para a garota no centro antes de conferir o relógio que ficava pendurado acima dela. Faltavam cinco minutos para as oito.

    — Quem sabe se a reunião fosse às nove em vez de às oito, teria mais gente aqui… — resmungou Uriel, ao se sentar em seu assento reservado, na primeira fileira do palco.

    — Tanto faz… — murmurou Vitor, ao se sentar na cadeira ao lado de Uriel.

    — O que tem de tão importante para me acordar às seis da manhã? — Uriel encarou a garota.

    Ela exalou um suspiro cansado antes de responder:

    — Quando todos chegarem, eu explico o que aconteceu…

    — Tem a ver com aquele cara da guilda dos Lobos Cinza? — raciocinou Uriel.

    Ela assentiu.

    — Sim, é sobre isso…

    A porta se abriu novamente. Duas figuras desceram os degraus e se aproximaram, tomando seus lugares ao lado de Uriel e Vítor.

    — Como vai, querido? — perguntou uma voz suave. Era Zoe.

    Vítor virou-se ligeiramente para encará-la.

    — Entediado… Acho que essa palavra me define melhor.

    Zoe sorriu antes de lhe depositar um beijo na bochecha e sentar-se ao seu lado.

    — Vítor… — cumprimentou Otaviano com um breve aceno de cabeça, tomando assento ao lado de Zoe. — Uriel…

    — Bom dia… — respondeu Uriel, a voz ainda carregada de sono.

    — E então, Ana? O que aconteceu para uma reunião de emergência assim, tão de repente?

    Ana, a garota de cabelos dourados, ergueu os olhos para Zoe e manteve o mesmo semblante fechado.

    — Tudo no seu tempo…

    — Tão misteriosa… — Zoe soltou uma pequena gargalhada e descansou a cabeça sobre o ombro de Vítor.

    O relógio na parede soou oito horas em ponto. No mesmo instante, a porta se abriu novamente, e duas figuras entraram no salão. Seus uniformes púrpura denunciavam suas identidades antes mesmo que dissessem uma palavra. Magnus e Angeline desceram as escadas sem um único som. Sem qualquer saudação para os demais, sentaram-se do lado direito do palco, suas posturas rígidas como estátuas. Zoe observou ambos, soltou um pequeno sorrisinho e sussurrou no ouvido de Vítor:

    — Pontuais como sempre… Magos são sempre assim?

    Vítor nem se deu ao trabalho de olhar para ela antes de responder com indiferença:

    — Você é uma… deveria saber.

    — Bruto! — retrucou Zoe, ao fazer um pequeno bico antes de afundar ainda mais a cabeça no ombro dele.

    No centro do palco, a jovem de cabelos dourados se levantou da cadeira com um olhar firme.

    — Bom, vamos começar…

    — Quem você chamou, Ana? Só vejo quatro guildas aqui. Estão faltando dezesseis… — Magnus cruzou os braços e levantou a voz.

    Ana lançou-lhe um olhar afiado, e Magnus congelou o rosto por um instante.

    — Sei contar… — retrucou, sem paciência.

    — Tudo bem… faça como quiser… — Magnus revirou os olhos e deu de ombros.

    Ana cruzou os braços e manteve a voz firme.

    — Para sua informação, chamei apenas o círculo interno do conselho. Esperava que todos estivessem aqui…

    Magnus soltou uma risada irônica.

    — Acha que alguém dos Quatorze Carmesins vai aparecer? Nem em uma reunião normal do conselho eles se dão ao trabalho de comparecer…

    — Os Caveiras Rocinantes estão em alguma expedição a ruínas. Já avisaram que não poderão estar presentes… — murmurou a garota ao lado de Ana, jogada sobre a mesa, ainda focada em sua leitura.

    Ana ignorou os comentários e tomou a palavra novamente, ao pegar um volumoso livro de couro embaixo da mesa e abri-lo.

    — Vamos iniciar a reunião com a chamada dos presentes…

    Magnus irritado, logo voltou a reclamar.

    — Tem oito pessoas aqui, pra que se dar ao trabalho de uma chamada?

    Ana bateu as mãos na mesa.

    — Regulamentos são regulamentos!

    — Burocracia excessiva é o nome disso… — resmungou Vítor, já farto daquela briga infantil dos dois. — Tanto faz… Apenas termine logo, tenho um compromisso importante às nove…

    Ana inspirou fundo para conter a irritação e virou-se para Magnus.

    — Posso?

    Magnus, indiferente, apenas deu de ombros novamente.

    — Quase que não chego na hora… — gritou uma voz feminina no topo das escadas.

    Todos, com exceção de Vitor, viraram os olhos para trás, para encarar com surpresa uma jovem, de uniforme vermelho como sangue, descer as escadas e se sentar no espaço reservado para a guilda dos Quatorze Carmesins.

    — Carsena… —- Magnus murmurou surpreso. — Nunca veio em nenhuma reunião do conselho, por que aparecer agora?

    — Recebi informações de que a reunião seria… — Ela olhou para Vítor, que tentava desviar o olhar. — Como posso dizer, ah sim… Divertida… 

    — Podemos começar então? — questionou Ana para todos, ela rangia os dentes, irritada pelas interrupções em sequência.

    — Tanto faz… Só começa logo… — respondeu Vítor, sendo seguido pelo aceno de cabeça de todos.



    Conselho Interno das Vinte Guildas

    1. Ordem dos Cavaleiros dos Dragões do Sol:

    Líder – Presente (Uriel)
    Vice-Líder – Presente (Vítor)

    2. Legião Perpétua

    Líder – Ausente
    Vice-Líder – Ausente

    3. Falcão de Seis Olhos

    Líder – Presente (Ana)
    Vice-Líder – Presente (Holmes)

    4. Imortais

    Líder – Presente (Zoe)
    Vice-Líder – Presente (Otaviano)

    5. Quatorze Carmesins

    Líder – Presente (Carsena)
    Vice-Líder – Ausente

    6. Círculo Arcano

    Líder: Presente (Angeline)
    Vice-Líder: Presente (Magnus)

    7. Caveiras Rocinantes

    Líder – Ausente
    Vice-Líder – Ausente

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