Índice de Capítulo

    Era início da manhã, o sol mal havia surgido no horizonte. O grupo de heróis esperava na caverna, e aguardava meio receosos o sinal de Vítor. Ele partira antes do amanhecer, sozinho, logo após Yonzu marcar sua posição com uma habilidade de rastreamento.

    Yonzu observava atentamente o mapa holográfico à sua frente, a expressão carregada de preocupação. O ponto brilhante que representava Vítor permanecia imóvel, localizado dentro da montanha, a quase cinco quilômetros de distância.

    No centro da caverna, uma fogueira fraca iluminava os rostos tensos do grupo. Adrian, afastado dos demais, apoiava-se contra a parede rochosa enquanto afiava sua espada. Seus olhos fixavam a floresta adiante, atentos a qualquer movimento suspeito.

    — Há quanto tempo ele está parado? — perguntou Adrian, sem desviar o olhar.

    — Quase uma hora. Ele está dentro da montanha… Isso é estranho. — Yonzu franziu a testa, e ampliou o mapa holográfico com um toque.

    — Se for mesmo uma horda goblin, é natural que esteja em uma caverna — argumentou Adrian, testando o fio da lâmina com o polegar.

    — Continua suspeito…

    Antes que Yonzu pudesse continuar, um som vindo da vegetação fez todos se colocarem em alerta. Algo se movia entre os arbustos.

    Yonzu ergueu o arco e mirou na direção do barulho. Adrian adotou uma postura defensiva, e o restante do grupo se preparou para o combate.

    Das sombras da floresta, uma marionete emergiu. Seu uniforme estava sujo de terra e lama, e uma rachadura grotesca atravessava seu rosto. A criatura mancava, sua perna esquerda visivelmente danificada.

    — Isso é uma marionete do Vítor! — A voz de Alice carregava um misto de alívio e esperança. Seu tutor ainda estava vivo.

    Todos baixaram a guarda, e observaram o boneco de madeira se contorcer para andar. Yonzu estreitou os olhos, cético.

    — Ele consegue controlar uma marionete a uma distância tão grande?

    — Pela forma como está se movendo… deve ter sido automatizada. — Adrian tentou reduzir o feito de Vítor, ao mesmo tempo que analisava a situação.

    A marionete segurava um pequeno objeto em sua mão, parecia um disquete antigo, um pouco maior que oito polegadas. Era preto, fino e quadrado, com um formato achatado e estranho para os padrões atuais. Cambaleante, ela avançou e caiu aos pés de Adrian antes de estender o objeto para ele e desaparecer, ao afundar no chão sem deixar rastros.

    Adrian pegou o disquete, analisou-o brevemente e, sem aviso, o lançou no ar em direção a Yonzu.

    — Veja o que consegue tirar disso — disse, cruzando os braços enquanto guardava a espada na bainha.

    — Meu Deus, Adrian! — Yonzu agarrou o objeto no último instante. — Podia ter derrubado isso!

    Ele deu de ombros, despreocupado, enquanto o herói encaixava o disquete em seu broche dourado. Ao pressionar ambos, o disquete foi absorvido, e diante dos olhos de todos, o mapa que rastreava Vítor se expandiu, e revelou uma nova área. Uma planta detalhada de um complexo de cavernas subterrâneas dentro da montanha surgiu diante deles.

    — Uau! — exclamaram os heróis, maravilhados.

    — É incrível… — murmurou Isabel, admirada com a riqueza de detalhes. — Aqui tem todas as entradas, portas secretas e até atalhos… Ele fez um mapa completo para nós.

    Hal analisou o holograma com atenção.

    — Parece uma masmorra de herói.

    — E é — acrescentou Yonzu, atento as informações. — Mas não estava no mapa global. Dificuldade não registrada. Nome: “Masmorra dos Zodíacos”…

    — Zodíacos? Isso não faz sentido, O que significa? — indagou Adrian, ao esticar os braços e se preparar para sair.

    — Vamos descobrir. Preparem-se, temos uma longa caminhada pela frente. — Yonzu olhou para os membros da sua guilda, e ordenou-lhes com um aceno de cabeça para que se levantassem.

    — E quanto a você? Que nível você está? — Adrian apontou com sua espada para Alice.

    — Nível seis… — respondeu ela, a voz ainda meio tímida, sem demonstrar confiança neles.

    — Abra a tela, mostre.

    Ela obedeceu e pegou seu broche dourado do bolso, e abriu sua tela de informações primárias.

    Informações Primárias 
    NomeAlice
    GuildaNenhumaClasseCurandeira
    AlcunhaNenhumaNível6
    Pontuação Total1149Experiência Total2280
    Posição GlobalSem RankingModo de JogoAutomático

    — Que nível é esse? Como você sobreviveu ao massacre na clareira? — questionou Hal, cético sobre ela.

    — Ela tinha um herói cinco estrelas com ela, Vítor não é um herói comum. — Adrian analisava as informações. — A questão é, por que ele estava treinando você? Normalmente, quem treina os recrutas da Dragão do Sol é Axel ou Jaime.

    — Eu também não tenho essas respostas, ele apenas quis me treinar, e eu aceitei. — Nem Alice sabia as verdadeiras intenções de Vitor, apesar de treinar com ele por quase uma semana, até agora, ele permanecia enigmático e os seus objetivos incertos.

    — Curandeira, é uma classe de suporte. Acha que Vítor queria treinar ela pra ajudar ele a se curar? — sugeriu Yonzu. — Ainda sim seria estranho, tem muitos curandeiros de alto nível na Aurora Sagrada para ajudá-lo. Não faz sentido treinar alguém de nível tão fraco.

    — Você virou relativamente bem no meio da clareira, fugindo daqueles goblins. Que habilidades ele te ensinou? — Adrian desejava saber se Alice seria uma aliada ou apenas um fardo.

    — Bola de Fogo, Raio e Tocha Viva — respondeu ela, a voz firme. Tentando esconder o medo e a incerteza.

    — Nenhuma habilidade de cura — murmurou Hal baixo para os seus companheiros.

    — Um curandeiro, aprender habilidades de cura em um nível tão baixo, só atrasaria a sua curva de crescimento. Vítor queria subir o nível dela antes de tentar qualquer habilidade. — Adrian começava a enxergar a linha lógica.

    — Até que é um bastardo esperto — gargalhou Hal, e as risadas se seguiram. Com Alice sendo a única a manter a expressão séria.

    O sorriso de Adrian desapareceu instantaneamente, e Yonzu congelou ao seu lado. Em sincronia, os dois viraram os rostos para a entrada da caverna, alarmados.

    — Você consegue segurá-los? — perguntou Yonzu, e ordenou que o grupo se dirigisse ao fundo da caverna.

    — Provavelmente. Vou ganhar tempo para vocês… — Adrian ergueu a espada, pronto para o combate, o olhar firme para seu aprendiz. — Eurus, fique comigo.

    — Vamos procurar uma saída pelos fundos. — Yonzu disparou para a escuridão das profundezas da caverna.

    — O que está acontecendo, subtenente? — indagou Hal, caminhando lado ao lado de seu oficial.

    — Inimigos. Descobriram nosso esconderijo — explicou Yonzu, a voz carregada de preocupação. — Alice, consegue iluminar o caminho?

    — Certo! — respondeu ela, conjurando uma chama incandescente na palma da mão.

    — E vamos mesmo deixá-lo lutar sozinho? — Hal ainda hesitava diante da decisão.

    Yonzu suspirou, e manteve o ritmo atrás de Alice. A caverna se estreitava, e o frio úmido se intensificava à medida que avançavam em busca de uma saída alternativa. Em seu íntimo e em seus instintos de sobrevivência, ele sabia que o ideal seria lutarem juntos. Mas Adrian… Adrian não era esse tipo de herói.

    — As habilidades dele não favorecem combate em equipe. Ele é o mais forte entre nós, e só iríamos atrapalhar.

    Diante da explicação, o grupo seguiu em silêncio.

    Na entrada da caverna, Adrian e Eurus já encaram os recém-chegados. Dois vultos emergiram da floresta.

    — Irmã… olha só que heróis interessantes encontramos aqui… — anunciou uma voz feminina e fina.

    As figuras saíram das sombras. Eram duas jovens, não deviam ter mais de vinte anos. A primeira, de longos cabelos loiros com mechas brancas e olhos vermelhos como brasas. A segunda, com madeixas cor de fogo e olhos amarelos brilhantes. Vestiam quimonos brancos de seda refinada, o tipo de tecido produzido apenas no “Império dos Quatro Reinos”. Não pareciam estar armadas, então, com toda certeza, guardavam algum truque especial.

    Adrian analisou ambas por um instante e sentiu o alerta disparar em sua mente. Aquelas garotas não estavam ali por acaso.

    Eram representavam perigo. Eram inimigos em potencial.

    No domingo, dia 23 de fevereiro, encerraremos o ritmo de capítulos diários. A partir da próxima semana, retornaremos à publicação de três capítulos semanais, seguindo a decisão da última votação no discord: Sexta, Sábado e Domingo.

    Ainda há a possibilidade de capítulos extras ao longo da semana, dependendo da minha disponibilidade, para aumentar a frequência e melhorar a média de publicação—mas isso ainda não está definido.

    Essa mudança se deve à minha rotina, que voltou a ficar puxada com a faculdade. Agradeço a compreensão e o apoio de todos!

    Formulário para enviar personagens: https://forms.gle/HaThdpm2KCYcS5dj6

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