Índice de Capítulo

    — O que fez com ela? — bradou Luna, os olhos ardiam de fúria enquanto ela encarava Eurus.

    O herói estava sentado, exausto da última batalha. Ao seu lado, caída, estava Rooster, com uma espada cravada em seu ombro, presa no chão, e sem possibilidade de se soltar. O sangue escorria lentamente, e o solo abaixo dela já estava vermelho.

    Luna ergueu o braço, os dedos enviados em uma flor prestes a explodir. Seu olhar faiscava determinação. Ela preparou o movimento para lançar o objeto contra Eurus, todavia não lhe foi permitido

    — Seu duelo é comigo! — intercedeu Adrian, e ergueu sua espada pronto para conjurar uma habilidade. Num movimento ágil, lançou um corte de vento na direção da híbrida.

    Luna saltou para trás, e desviou da investida sem dificuldades.

    — Antes, eu ia capturá-los — vociferou, a voz carregada de rancor. — Mas agora, irei matá-los sem hesitação! Esta será apenas a primeira vingança.

    Ela lançou a flor em combustão contra Adrian, que apenas a desviou com a ponta da espada. A flor caiu ao lado dele, e levantou terra e poeira no ar. Luna soltou um pequeno sorriso ao ver a situação do herói.

    Adrian não sucumbiu a provocação, manteve sua postura defensiva, apesar do corpo vacilante devido aos ferimentos. O corte em seu rosto atrapalhava sua visão, e o sangue escorria lentamente para sua boca. Embora sentisse muita dor, ele permaneceu firme e replicou com calma:

    — Não sei o que fiz para merecer seu ódio, mas nunca foi minha intenção lhe causar mal. Peço-lhe humildemente que abandone essa raiva cega e permita que conversemos como seres civilizados, e não como selvagens.

    A última palavra não fora proferida com a intenção de insultá-la. Adrian sequer sabia que o povo de Testfeld chamava a raça dela de “Selvagens”. No entanto, Luna não viu da mesma forma.

    — Selvagens? Sim, é assim que nos chamam! — rosnou, e cuspiu no chão em um sinal de desprezo pelo título. Seus olhos vermelhos cheios de indignação. — Vocês heróis se julgam superiores, mas na luta contra Erobern se tornam tão monstruosos quanto ele!

    Adrian franziu o cenho, e tentava compreender o peso das palavras dela. O que ela queria dizer com ser como Erobern? O que ele havia feito? Ou melhor, o que os seus colegas haviam feito?

    Tomou um passo à frente, e a encarou, a espada abaixada em direção ao chão. Queria mostrar que não era um inimigo.

    — Eu não entendo sua dor, mas desejo compreendê-la — disse ele, sincero. — Mas seu ódio não me ajuda a compreender seu ódio contra mim, ou aos meus colegas.

    — Eu não ligo para o que você pensa! — gritou ela, e então seu corpo começou a se transformar novamente.

    As feições humanóides desapareceram conforme sua carne se moldava em algo feroz e inumano. O quimono branco dissolveu-se em uma pelagem espessa, as mãos alongaram-se em garras afiadas. A garota delicada de antes já não existia. No lugar dela, erguia-se um coelho monstruoso de quase dois metros, os músculos inchados e pulsantes, os braços agora grossos o suficiente para esmagar um crânio com um único golpe.

    — Você é meu! — rugiu com uma voz rouca e gutural, e avançou sem hesitação. Como uma besta sem controle.

    Adrian ergueu a espada num reflexo instintivo, tomado pelo choque. Não esperava que o inimigo abandonasse o combate à distância para um ataque direto. Luna investiu contra ele com velocidade brutal, suas garras cortavam o ar em uma sequência implacável, sem deixar brechas para um contra-ataque.

    Não pensou duas vezes, teria que utilizar aquilo.

    — Olho da Tempestade! — gritou, ao conjurar sua habilidade única especial.

    O ar ao redor explodiu em um turbilhão devastador. Da ponta de sua lâmina, um tornado colossal tomou forma, em um rodopio furioso e destrutivo. Luna recuou, atordoada pela força da tempestade. Antes que pudesse reagir, a rajada a atingiu em cheio, arremessando-a contra um paredão de pedra com um impacto brutal.

    Adrian apoiou sua espada contra o chão, e aproveitou o curto momento de tranquilidade. Sua respiração era entrecortada pela exaustão. A batalha não lhe dava um instante sequer para recuperar o fôlego.

    Então, a criatura se ergueu.

    Mesmo após receber o impacto direto de uma habilidade tão forte, Luna permanecia de pé. Não havia sequer um ferimento visível. Seu corpo era mais resistente que o dos gigantes. A simples ideia de atravessar aquela pele monstruosa com alguma lâmina parecia impossível.

    Não esperava tamanha resistência de Adrian, até agora ela estava apenas brincando com sua presa. Todavia, a derrota de Rooster, e a posterior ofensa de Adrian, haviam mudado seu pensamento. Seu único objetivo agora, era matar Adrian.

    — Isso acaba agora! — declarou, e bateu os dois braços contra o chão.

    A terra estremeceu. Uma rachadura se abriu sob seus pés, e, de dentro dela, brotaram flores estranhas e luminosas.

    Adrian sentiu um arrepio percorrer sua espinha.

    Ele estava ferrado.

    A explosão veio logo em seguida.

    Adrian conseguiu escapar dos detritos iniciais, contudo, a onda de choque subsequente foi brutal.

    A detonação abriu uma cratera no solo, e lançou estilhaços de terra e fumaça para todos os lados. Adrian foi arremessado para trás com a forte onda de choque. E conseguiu sentir o impacto vibrar em seus ossos. Seu corpo rolou pelo chão pedregoso até parar de bruços, seu quimono preto coberto de poeira e fuligem, e parcialmente rasgado.

    Ele sacudiu a cabeça, tentando dissipar a tontura. Sua visão ainda era turva, mas conseguiu enxergar o que restava da floresta, ou melhor, o que não restava. O solo antes repleto de árvores havia se transformado em um abismo de destruição, um buraco profundo que expunha as rochas fragmentadas e rachadas abaixo da superfície.

    Levantou o olhar, e observou Luna saltar sobre ele, de volta em sua forma híbrida. Não exibia nenhuma marca ou ferida da batalha. Seu quimono branco permanecia tão limpo quanto antes, a única diferença do ínicio da batalha e agora, eram os olhos dela.

    Olhos de puro ódio.

    Adrian não teve tempo de reagir. Antes que pudesse se defender, sentiu as garras de Luna se fecharem em torno de seu pescoço. A pressão era esmagadora, e a dor aguda das pequenas garras rasgando sua pele o fez ofegar.

    — Tão patético e frágil — zombou Luna, apertando ainda mais. — E ainda tiveram a ousadia de massacrar meu povo.

    — Eu… não sei do que está falando… — murmurou Adrian, debatendo-se inutilmente para se soltar.

    — Não sabe? Então deixe-me esclarecer!

    É…

    Eu desapareci…

    Por motivos de força maior, enfim, estamos na luta aí…

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