Infelizmente, a primeira coisa que Kino viu foi uma mulher pálida, com cabelos negros e olhos verdes.

    — Morte! — disse ele, ela o observou por um breve momento, como se o estivesse avaliando, então veio em sua direção.

    — Muito bem, você passou no primeiro teste — disse ela, estendendo a mão. — Muitos não conseguiram. Ele olhou para a mão estendida dela.

    — Me poupe — respondeu Kino, passando direto por ela.

    — Se eu fosse você, teria mais cuidado. — os cantos da boca dela se curvaram.

    Assim que ele piscou estava em frente à uma grande portão de madeira aberto.

    Apertou os punhos e seguiu em frente, sem olhar para trás. Ao adentrar o salão principal, os olhares se voltaram para ele. Normalmente Kino não era tímido, mas sentiu um desconforto com aqueles olhares fixos.

    Apenas quatro estavam na sala: três homens e uma mulher.

    — Mais um, que ótimo — disse uma mulher com óculos. De pernas cruzadas vestindo um longo vestido preto

    Kino caminhou até o centro da sala, com as mãos nos bolsos, sem dizer uma palavra.

    — O gato comeu sua língua, bonitinho? — disse um homem de meia-idade, com uma cicatriz profunda atravessando a testa. Ele vestia um conjunto de roupas laranja desbotado, e sua barba desgrenhada pendia em fios irregulares.

    O homem de meia-idade encarava Kino sem piscar. Kino não desviou o olhar pois não queria demonstrar medo ou qualquer indício de fraqueza. O homem então sorriu mostrando seus dentes amarelos.

    — Já chega! — respondeu um homem de pele negra, vestindo um uniforme do exército enquanto cruzava os braços.

    O homem com cicatriz levantou as mãos como um sinal de desculpa e saiu de fininho.

    — Meu nome é Jordan Smith! Sou um oficial das forças armadas Americana. — Jordan estendeu a mão para cumprimentar Kino.

    ” Um oficial hein… “

    — Kino Onik! Um advogado associado. — Kino disse cumprimentando ele. —A Morte falou com vocês também?

    Jordan e os demais assentiram.

    — Participar de um jogo ou ir para o inferno, decisão fácil de escolher, né ,bonitinho? — o homem com a cicatriz na testa disse lambendo os beiços para Kino. — Sou Theodore Brown, mas meus amigos me chamam de T-Bag.

    ” Hmm… ele nem se quer falou sua profissão. “

    Kino decidiu ficar o mais longe desse homem.

    Uma Mulher de óculos com os cabelos curtos levantou de sua poltrona como uma modelo e então disse:

    — Sou Agatha Ruschel. Também advogada, porém sênior. — falou encarando Kino com certa confiança.

    ” Parece com meu chefe, porém essa aí tinha cabelo.”

    — Entendo… — respondeu Kino tirando as mãos do bolso para ajeitar sua gravata. Seu terno cor carmesin estava começando a secar. — O que aconteceu com as outras duas pessoas? Era para ter seis aqui nessa sala.

    — Contando com você somos seis. — A mulher respondeu revirando os olhos e apontou para um canto escuro da sala.

    Eram as duas pessoas que faltavam. Permaneciam ali, sentadas no chão, em completo silêncio.

    Ele ficou de pé, observando-as, tentando identificar quem eram.

    — Elas são irmãs — disse um garoto, como se tivesse notado seu olhar. Ele aparentava ter a mesma idade. Usava uma regata branca e tinha a cabeça raspada. — Desde que chegamos, elas estão ali. Não falaram com ninguém.

    “Irmãs? ” Ele tentou assimilar aquela informação, mas a frase da Morte ainda ecoava em sua mente: “Só um vencedor.” Tentou afastar o pensamento. Seu objetivo era claro.

    — Meu nome é Marquinhos prazer em te conhecer Kino. — Marquinhos estendeu a mão para cumprimentar Kino.

    — O prazer é meu. — Kino sorriu.

    — Nossa eu sempre quis ser um advogado como nós filmes. — Marquinhos segurava com força a mão de Kino. — Desculpas.

    — Sem problemas — Kino forçou um sorriso.

    Ele estava prestes a fazer mais perguntas ao pessoal quando o som de uma sirene ecoou pelo lugar. A sala inteira se iluminou com uma luz vermelha, como se o próprio inferno tivesse sido aberto diante de seus olhos.

    O clima ficou ainda mais tenso.” O jogo, de fato, estava apenas começando.”

    — Queridos participantes — uma voz mecânica, quase robótica, ecoou pela sala. — Vocês têm cinco minutos para entrar por essa porta. Quando o tempo acabar, quem não atravessar será eliminado automaticamente. Boa sorte, competidores.

    O aviso fez o coração de Kino acelerar. Ele olhou ao redor. Todos começaram a se mover em direção à porta, a primeira foi Agatha Ruschel.

    Logo, os outros seguiram o exemplo dela, sem hesitar. A atenção dele, porém, desviou-se para as duas irmãs no canto. Elas continuavam imóveis, sentadas no chão.

    A mais nova segurava algo nas mãos, um pequeno amuleto, enquanto a mais velha encarava o chão com uma expressão sombria.

    — Vamos, cara! — chamou Marquinhos, já a caminho da porta.

    — Vou logo depois — respondeu Kino, sem tirar os olhos das duas.

    Kino Aproximou-se e se sentou perto delas. Viu as costas do garoto desaparecendo pela entrada. A irmã mais velha ergueu os olhos e o encarou. Ele não precisava ser um gênio para perceber a desconfiança no olhar dela.

    Mesmo assim Kino sentou cruzando as pernas. Ficaram em silêncio.

    — Você precisa ir, moço — disse a menina mais nova, com a voz preocupada.

    Ela parecia ter uns onze anos. Seus cabelos ruivos curtos brilhavam sob a luz vermelha, e suas sardas deixavam seu rosto ainda mais jovem.

    Ele sorriu para ela, tentando tranquilizá-la.

    — Não vou abandonar vocês — prometeu, mantendo o tom firme, mas gentil. Não deixou de notar o amuleto que a menininha estava segurando.

    ” Por alguma razão esse amuleto não me é estranho.”

    Inclinou a cabeça em dúvida e então lembrou.

    ” Será que…”

    — Por que você se importa? — disse a irmã mais velha atrapalhando os pensamentos dele

    Seu cabelo ruivo estava preso em um rabo de cavalo desalinhado, e havia uma dureza em seus olhos, como se estivesse acostumada a não confiar em ninguém.

    — Como eu disse antes, não vou abandonar vocês — respondeu ele, sem dar um motivo lógico por trás.

    Ela arqueou uma sobrancelha.

    — Um minuto e trinta segundos para o fechamento da porta — anunciou a voz artificial.

    Ele suspirou profundamente, sentindo o peso da situação.

    “Seria esse o meu fim?”

    Se perguntou, mas, estranhamente, havia uma calma dentro de si. Se fosse morrer, pelo menos não cometeria o mesmo erro novamente.

    — Sessenta segundos para o encerramento da porta.

    Não deixaria ninguém para trás. Muito menos desistiria.

    Levantou-se. Não estavam tão longe da porta.

    — Você detesta tanto assim sua irmãzinha? — perguntou à mais velha.

    — Eh! C-como assim? — disse ela, levantando-se.

    — Você matou sua irmã, certo?

    Ela ficou vermelha, e Kino sabia que não era de vergonha.

    — Vinte segundos! — a voz robótica anunciou.

    — Isso mesmo que ouviu! — Kino provocou, afastando-se até ficar a poucos centímetros da entrada. — Seu pai te batia também?

    Aquilo foi a gota d’água. Ela avançou e lhe deu um tapa no rosto.

    — Seu canalha!

    Foi nesse instante que ele a puxou pelo braço e a lançou para dentro da porta.

    — Vamos, precisamos ir! — disse para a menininha.

    — Contagem regressiva… 10… 9…

    Pegou a pequena pela mão com delicadeza. No último segundo, atravessaram a entrada.

    O que viu do outro lado o deixou boquiaberto.

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