— Você é tão fofa e cheirosa, será que seu sangue também é? — declarou um homem encapuzado com um manto azul-escuro. Sua mão estava no queixo de Alice, ela arfava em pânico.

    Enquanto ele falava, dois outros indivíduos a seguravam com força, um tapando sua boca, o outro torcendo seus braços contra as costas. Lágrimas silenciosas escorriam pelo rosto da garota.

    O homem que falava com ela desembainhou uma espada presa à cintura, revelando um sorriso perturbador.

    Sem hesitar, desferiu o primeiro golpe, um corte horizontal na coxa da menina. O sangue jorrou de imediato.

    Alice, gritou abafado, os olhos arregalados de horror enquanto o sangue escorria pelo chão frio.

    Ele ergueu a espada, observando o sangue deslizar pela a lâmina, e com um sorriso eufórico, lambeu o fio.

    Alice se debatia, chorando, tomada pelo desespero.

    — Deliciosa… Cada gota sua me faz querer esvaziá-la. — Suspirou, os olhos cheios de êxtase. — Esse sangue está carregado de mana… A remessa de mercadorias realmente me surpreendeu. Isso me dá vontade de matar e saborear cada um de vocês!

    Ele voltou a atacar. A lâmina rasgou o braço dela de cima a baixo. Alice, arfava forte de dor.

    — Lindo.

    Outro corte, fundo, direto na coxa esquerda. O corpo da menina tremia.

    — Perfeito.

    Mais um. O ombro abriu em carne viva. Sangue espirrou no rosto dele.

    — Quente!!! Está muito quente senhores. — A respiração do torturador, ficou muito pesada, ele estava excitado com todo aquele sangue.

    A lâmina desceu no joelho. O som do tendão partindo ecoou pelo o cômodo. E Lágrimas mais desperadas caiam do rosto da garota.

    — Ouviu isso? É música mocinha.

    O sangue se espalhava e gotejava pelas pernas dela e o sorriso de seu agressor ficava cada vez mais sinistro.

    — Assim ela vai morrer logo, senhor Oswin. Deixa um pouco da diversão pra gente também — falou o homem à esquerda, um gigante com mais de dois metros e meio de altura e um físico largo.

    — É, eu também quero brincar com ela — completou o outro, mais baixo e magro, que a segurava pelo lado direito.

    Oswin suspirou, controlando a excitação, e respondeu:

    — Justo. Preciso deixar que meus pupilos se divirtam também. Cedric, você começa. Depois, você Theo.

    — Obrigado, mestre — respondeu Cedric, o mais magro.

    Oswin se afastou, sentando-se numa pedra próxima para observar. O gigante, continuava segurando Alice, que começava a perder a consciência devido à quantidade de sangue que já havia perdido.

    A poucos passos dela, Cedric se preparava para golpeá-la com os punhos.

    Por que isso está acontecendo comigo? Pensava Alice, já enfraquecida. Logo eu… a princesa do Reino Kraken? Papai… está doendo tanto… sinto tanto a sua falta, me desculpa por ser tão teimosa. Se eu não tivesse fugido naquele dia. Se eu tivesse te ouvido, talvez ainda pudesse te abraçar.

    — Por favor, aguente — comentou Cedric, com um sorriso maldoso nós lábios.

    Alice, fechou os olhos com força, esperando pelo pior. Ao mesmo tempo, o punho de Cedric voou em sua direção.

    BAM!

    Porém, o som não veio do soco acertando a garota, e sim de Cedric que foi arremessado com violência contra a parede. O impacto abriu uma trilha de destruição pela estrutura ao redor.

    O gigante, soltou Alice e se afastou, surpreso. A primeira coisa que lhe veio à mente foi: Um professor apareceu?

    Oswin, no entanto, apenas observava, calmo, como se tudo estivesse sob controle.

    — Acho que cheguei um pouco atrasado, Alice… — disse uma voz familiar. — Fique tranquila, eu vou protegê-la, logo sairemos daqui.

    Alice, reconheceu a voz, era: Jaro. Ao ouvi-lo, seu coração ficou aliviado. Embora, ela insistisse para si mesma que o odiava.

    No fundo sabia que aquilo era apenas a inveja que sentia de sua coragem. De como ele, enfrentava as situaçãos perigosas sem hesitar.

    A poeira finalmente assentou, Oswin e Theo ficaram pasmos ao ver que se tratava de mais um mero aluno da nova leva.

    — Idiota! Você não devia ter me seguido! Eles vão te matar! Vai embora! Eu não preciso da sua ajuda!

    Por favor, fique…

    — VAI LOGO, IDIOTA!

    Não me deixa…

    — Me desculp…

    Alice desabou, inconsciente, encharcada de sangue.

    Ela perdeu muito sangue. Se eu não tirar ela daqui logo, ela vai morrer. Esses malditos! Como podem fazer isso com uma garota?

    O menino avaliou rapidamente os dois adversários. Theo, lhe causava certa apreensão, porém quando seus olhos encontraram o homem sentado sobre uma pedra.

    Um calafrio percorreu sua espinha. Era como estar diante de um professor… não, algo muito pior.

    Preciso ganhar tempo até que ajuda chegue.

    — Não sei como você encontrou este lugar. Mas, não se preocupe, vamos tratá-lo exatamente como sua amiguinha. Posso esmagá-lo, mestre?

    Silêncio.

    Oswin, não desviava o olhar de Jaro.

    Que mana maravilhosa é essa?! Oswin pensou, suas mãos tremendo levemente. É como encontrar uma poção celestial de mana caminhando sobre duas pernas!

    O garoto, sentiu uma pressão pesada no peito.

    Meu corpo não para de tremer… Isso é medo!?

    — M-mestre…?

    O mestre só fica assim quando encontra alguém excepcional. Quer dizer que esse verme… Os olhos do gigante se arregalaram reconsiderando o garoto diante dele.

    Mesmo sabendo que não tinha chances reais contra aqueles dois, o menino se colocou na frente de Alice, decidido a protegê-la a qualquer custo. Não era apego emocional. Ele mal a conhecia. Só que abandonar alguém, não era do seu feitio.

    — Pode pegá-lo, Theo. Só não o mate. Entendido? — ordenou o homem de voz fria.

    — Sim, senhor — respondeu Theo, sorria como uma fera prestes a devorar sua presa.

    Esse lunático parece que não vai agir ainda. Então, posso focar nesse armário na minha frente.

    Jaro e Theo se encaravam em silêncio, analisando cada movimento um do outro. Até que, sem aviso, Theo soltou um grito gutural e partiu pra cima, desferindo um soco brutal diretamente onde Alice estava caída, inconsciente.

    Desgraçado!

    Num impulso veloz, Jaro se lançou, agarrou Alice nos braços e desviou no último segundo. O punho do agressor atingiu o chão com uma força absurda, abrindo uma cratera no concreto.

    Antes que conseguisse se afastar por completo, Jaro foi surpreendido por um chute. Com Alice nos braços, virou de costas e recebeu o impacto direto.

    Ele foi arremessado longe, mas conseguiu proteger a garota com o próprio corpo. Ao aterrissar, ele deitou Alice delicadamente no canto da parede.

    Porém, logo em seguida, Jaro vomitou sangue por alguns segundos. Cambaleando, se pôs em pé com dificuldade, assumindo uma pose de boxeador.

    — Ei, balofo. Pareceu que uma mocinha me chutou, haha. Tenta me chutar de verdade na próxima.

    A testa de Theo enrijeceu. Claramente, o comentário o irritou.

    — Vem cá, seu merdinha, que eu te mostro como é um chute de verdade!

    — Como quiser, seu porco inflado.

    Jaro concentrou mana nos braços e nas pernas. Mesmo depois de ter comido a Goma de Ouro, a fadiga da luta anterior contra Sam ainda pesava. E como Elise havia avisado: a goma só curava ferimentos leves e o preço era o cansaço.

    BOOM!

    Impulsionado por uma explosão de energia de mana, Jaro avançou em altíssima velocidade e socou o estômago de Theo com tudo o que tinha.

    Consegui!

    Mas, a ilusão durou pouco tempo. O soco não surtiu efeito algum. Theo olhava pra ele sorrindo.

    — Fracote.

    O monstro revidou com um soco no estômago. Jaro até tentou bloquear, mas foi lançado ao chão, vomitando ainda mais sangue.

    — Não tente bancar o herói, moleque. Nesse mundo, tal coisa não existe — Theo murmurou próximo ao seu ouvido.

    Droga… ele é muito forte. Mas, não posso desistir!

    Rangendo os dentes, Jaro canalizou o resto de mana no seu cotovelo e acertou um golpe em cheio no queixo do gigante, que teve a cabeça erguida pelo impacto.

    Esse bastardo… me acertou? Pensou Theo, um pouco atordoado pelo o impacto da cotovelada.

    Funcionou! Preciso focar nos pontos vitais! Refletiu o menino.

    A centímetros de distância do seu inimigo, Jaro não perdeu tempo. Avançou de novo, desviando por pouco de um direto1de Theo e aplicou um cruzado2de esquerda. Sem efeito. Recebeu um jab3no rosto em troca. Mesmo com a guarda levantada, foi arremessado brutalmente para o lado.

    — Porra… — O garoto cuspiu um dente misturado com sangue. — Mesmo defendendo, ainda dói demais. No máximo aguento mais uns dois ou três golpes desses… tenho que desviar — sussurou o menino pra si mesmo.

    — Se você não vem, eu vou até você!

    Como um hipopótamo em fúria, ele marchou em direção a Jaro, rachando o chão a cada passo. O sorriso não sumia de seu rosto enquanto desferia socos verticais devastadores. Jaro desviava como podia, e um lastro de destruição seguia todo o local.

    Não posso continuar só esquivando!

    Tentando decifrar o padrão dos golpes, o garoto iria tentar uma ofensiva. Theo lançou um direto de esquerda, abrindo um buraco na parede. Essa era a brecha que o menino precisava.

    Jaro, aplicou um chute baixo na coxa do gigante, porém sem resultado.

    O gigante, seguiu a ofensiva, e Jaro tentava contra-atacar sempre que podia. No entanto, o gigante começou a perder a paciência. Quando Jaro tentou golpear novamente. Theo agarrou sua perna direita.

    Fudeu!

    — Te peguei, seu bosta!

    Jaro tentou se soltar, socando e chutando com a perna livre. Nada funcionava.

    — Isso vai ser divertido pra mim… só não morre ainda!

    A única coisa que passou pela cabeça de Jaro foi pedir ajuda àquela mulher que o emprestou poder. Era sua última chance de sobreviver.

    — Não morra! — gritou Theo, sorrindo.

    Theo, o lançou com brutalidade em direção ao chão. Tomado pelo desespero, o menino gritou em pensamento:

    Me ajuda!!!

    Shhhh

    Nesse instante, Jaro, ouviu chiado alto e horrível, como se alguém arranha-se um quadro com as unhas, foi então, que o tempo parou antes da colisão dele com o chão.

    E, em meio ao silêncio, uma figura começou a se aproximar lentamente.

    — Me chamou, humano?

    1. Direto: Soco forte e reto com a mão de trás. Vai com o peso do corpo, buscando causar dano.[]
    2. Cruzado: Soco curvo que vem de lado, geralmente com a mão de trás, mirando na lateral da cabeça.[]
    3. Jab: Soco rápido e reto com a mão da frente. Serve pra medir distância e incomodar o oponente.[]
    Apoie-me

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (3 votos)

    Nota