No salão principal da Fortaleza do clã Moong, a tensão era sufocante.

    O salão era moderno e bem equipado. As paredes tinham painéis holográficos de metal que mostravam mapas, dados e imagens das regiões vigiadas pelo clã. No centro do salão, havia uma mesa comprida de vidro escuro, cercada por poltronas negras.

    Sentado à frente da mesa, o oficial do exército, Walter BlackThorn, observava um a um os presentes. À sua direita, estava o capitão de seus soldados e dez tenentes. Na esquerda, estava Gerran Moong, líder do clã Moong, mantendo uma postura serena e ao lado dele encontrava-se o alto escalão, os oito mercadores mais influentes do clã. Homens e mulheres responsáveis por garantir a ordem, o fluxo de moedas e o abastecimento de suprimentos.

    — Todos sabem por que estão aqui — anunciou, o oficial.

    O salão ficou em silêncio.

    — Os Regimentos Tigre e Aço vão se unir. E precisamos tomar uma decisão imediatamente.

    — Nunca imaginei que outros regimentos descobririam nossa mina tão rápido — comentou Gerran, franzindo a testa.

    Nesse momento, um homem calvo, vestindo roupas azuis luxuosas do alto escalão, se adiantou, irritado.

    — Senhores, peço perdão por me intrometer, mas acredito que há um traidor entre nós.

    Os demais mercadores e tenentes murmuraram, concordando a suspeita.

    — Pode ser… — disse Walter, olhando em volta — mas um rato não rouba só uma vez. Mais cedo ou mais tarde, vamos pegá-lo.

    — Não podemos perder essa mina de jeito nenhum! Ela nos sustentou por mais de trinta anos!
    — declarou Gerran, batendo o punho na mesa.

    Walter, se levantou e todos os olhares caíram sobre ele.

    — Aproveitando o que o senhor Gerran disse… Soldados e Mercadores, declaro aberta a votação: vamos dividir nossa mina com essas raposas ou vamos pra guerra?

    Todos gritaram:

    — Guerra! Guerra!

    O oficial sorriu.

    — Está decidido. Não deixaremos que ninguém tome o que é nosso. Eu prometo apenas a vitória, custe o que custar!

    O salão explodiu em gritos. Aqueles veteranos sedentos por sangue já estavam fartos da paz.

    Mesmo que ganhemos, é certo que sofreremos retaliações dos conselheiros reais… Mas não importa, mal posso esperar pra ver as riquezas que meus companheiros de guerra conquistaram em todos esses anos. Pensava Walter, cheio de ambição.

    ⧖⧗

    Já haviam se passado três dias desde o início da jornada do jovem. Do segundo ao terceiro dia, percorreu dezenas de quilômetros, enfrentando trilhas difíceis e noites geladas. Nesse período, ele também se manteve fiel aos seus treinos diários.

    Além disso, dedicou parte do tempo ao lobo que havia adotado.
    De modo paciente, tentou ensinar ao animal alguns comandos simples. O animal, não era exatamente obediente, mas demonstrava inteligência acima da média e, aos poucos, os dois formaram um laço difícil de ser quebrado.

    No quinto dia, já havia percorrido mais de 110 kilometros e nenhum sinal da pequena vila Crim. Depcionado e o anoitecer chegando, ele decide procuar algum lugar para acampar. Porém, o inesperado aconteceu.

    Jaro avistou uma formação rochosa incomum, parcialmente escondida entre um mata alta. Ao se aproximar, descobriu a entrada de uma caverna.

    Seria uma dungeon? Mesmo que não seja… acho que não custa dar uma olhada.

    — Fica aqui — disse, estendendo um petisco para o lobo. — Vou verificar essa caverna. Se ouvir algum barulho estranho, fuja. — O animal, apenas latiu como se realmente tivesse entendido o que o menino havia dito.

    Portando uma tocha improvisada, adentrou o lugar. Dentro era gélido, e a escuridão parecia consumir a luz das chamas.

    Após alguns minutos explorando…

    — Não tem nada aqui… só corredores vazios. Mas, isso realmente parece uma dungeon — murmurou, encostando a mão na parede.

    Sendo assim, ele decide voltar, no entanto, por um breve momento, algo brilhou no fundo dos corredores. Ao se aproximar, ele viu que era uma porta grossa de aço, ornamentada com detalhes dourados. Sem pensar duas vezes, a chutou com força, derrubando-a.

    Adentrando ele ficou pasmo, diante dele, havia um salão, onde se espalhavam ossos, restos de armaduras corroídas e… MILHARES de pilhas de moedas de ouro em montões por toda parte.

    Também havia vários baús lotados de itens: espadas, escudos, joias variadas e armaduras que brilhavam sobre a luz da tocha. No entanto, tinha algo que se destacava em meio a tudo isso: um caixão feito de ouro, ornamentado com diamantes, pedras preciosas e claro coberto de poeira.

    O espírito de milionário do garoto explodiu, nem mesmo à beira da morte ele havia sentido uma emoção tão intensa. Seus olhos brilhavam, tomados pela visão daquela fortuna.

    Ainda assim, ele sabia: Quando a esmola é demais, o santo desconfia.

    — Isso tudo aqui tão perto da vila… como o clã Moong nunca encontrou isso?

    Tem algo de errado… Pensou, desconfiado.

    Mesmo receoso, avançou no caixão e empurrou sua tampa. Dentro, tinha ossos humanos e repousando sobre o crânio, uma coroa com esmeraldas encravadas em seu exterior.

    — Preciso encontrar uma forma de esconder tudo isso — exclamou sorrindo, enquanto colocava a coroa na cabeça. Depois, pegou um baú lotado de itens e seguiu em direção à saída. Jaro, planejava saquear a caverna aos poucos, abrir um buraco e esconder todo esse tesouro.

    Quando ia chegando perto da saída, ouviu um som, o estalar de ossos em movimento. Então, uma risada baixa ecoou pela caverna e o chão tremeu pesadamente, revelando linhas de energia azulada que se acenderam por todo o solo, teto e paredes.

    Um pequeno exército de esqueletos se formava diante dele, armados com espadas e escudos. Entretanto, um deles se destacava por sua estatura maior e empunhava uma enorme lança.

    Surpreso, Jaro deixou o baú cair.

    — Esqueletos? Que fascinante…

    — Crrrk — o esqueleto maior, falou palavras estranhas e apontou o dedo em direção ao jovem.

    — Pelo visto, não vão me deixar sair daqui em paz… — falou, enquanto encaixava a tocha em um suporte de ferro enferrujado na parede do salão. Em sequência, sacou sua espada.

    Chefe, está aí?

    Sim, o que deseja?

    Ainda não consigo medir mana com precisão… Acha que consigo vencê-los?

    Desde que sentiu sua mana pela primeira vez e passou a manipulá-la, Jaro também começou a perceber a mana dos seres ao redor. Descobriu que tudo que tinha vida continha partículas de mana, até mesmo plantas e animais. A sensação era morna e reconfortante, e ele aprendeu, de maneira autodidata que quanto mais quente e intensa, mais poderoso seria o ser.

    Exceto pelo esqueleto maior, todos são mais fracos que você. Mas, eles estão em grupo. A vitória não é garantida… O que acha de comprar mais poder?

    — Obrigado, mas quero enfrentá-los sozinho. Quero verificar o quanto evoluí com os treinos.

    — Crrrk! — os esqueletos gritaram, e correram em direção a Jaro.

    TUM!

    Ele defendeu o ataque do esqueleto, por meio de sua força ele sob julgou seu oponente quebrando a defesa do monstro e o cortando. Porém, quando ele o cortou os ossos do monstro se juntaram novamente.

    Nesse momento vários esqueletos o cercaram e o atacaram todos juntos. Só que através de sua agilidade, ele conseguiu saltar pra esquerda que estava livre, desviando dos ataques.

    Novamente, Jaro avançou contra os esqueletos e os cortou várias vezes, mas eles sempre se regeneravam e isso estava acabando com a estamina do menino.

    — Argh… O que eu faço para destruí-los? Já os cortei tantas vezes!

    Senhor… ataques cortantes são ineficazes contra esqueletos. É preciso usar ataques de impacto.

    Jaro sentiu irritação por não ter sido avisado antes, contudo logo se acalmou.

    — Obrigado, Chefe…

    O jovem, guardou a espada na bainha e levantou a guarda por meio de seus punhos e partiu pra cima com fúria, em contrapartida, os esqueletos se alinharam, erguendo seus escudos.

    Thunk!

    Jaro desferiu um soco no centro da barreira de escudos, abrindo um espaço. Aproveitando a brecha: atingiu um esqueleto na cabeça, outro no torso e desferiu um chute horizontal que explodiu o terceiro em vários pedaços.

    O esqueleto da lança demonstrava preocupação pela primeira vez.

    — Crrrk! Crrrk! — ordenou o ataque total. Os esqueletos, emitiam gritos guturais, avançando com ferocidade.

    Quando os inimigos avançaram, Jaro se manteve calmo e mediante a golpes rápidos e bem direcionados, ele atingiu os pontos frágeis das criaturas. O garoto, usava o ambiente a seu favor, desviando de ataques e aproveitando aberturas para contra-atacar.

    Os esqueletos eram numerosos, mas lentos e previsíveis. Jaro, por outro lado, era ágil. Em pouco tempo, todos os esqueletos estavam destruídos, espalhados em pedaços pelo chão. Restando apenas o líder.

    — Huff, huff. — Jaro, tinha cortes e hematomas por todo seu corpo, mas não deixava transparecer sua dor.

    — Preciso fazer um missão. Que tal, acabarmos isso logo?

    — Crrrk! — o esqueleto rugiu, furioso, a seguir ele lançou sua lança que saiu cortando tudo à frente, ela vinha em caminho a Jaro, contudo o garoto desviou por pouco.

    — Esse patife, quase me mata — murmurou o menino, soando frio.

    Jaro empunhou novamente sua espada, mesmo com os braços tremendo. O esqueleto avançou sem hesitar, brandindo sua lança enferrujada em um golpe vertical, direto contra o crânio do jovem.

    O menino ergueu a espada no último segundo, aparando o ataque com dificuldade. O impacto fez seus joelhos cederem por um instante.

    Tung! Tung! Tung!

    O esqueleto não parava os ataques, e Jaro tentava seu máximo na defesa. A criatura, vendo uma brecha em seu flanco, deu um chute frontal em Jaro. O jovem foi lançado contra uma das colunas do cômodo, derrubando pedras com o impacto.

    Ele tossia sangue, mas se obrigou a levantar. Se eu cair agora, estou morto.

    O menino, avançou com um grito, posicionando sua espada em um golpe diagonal ascendente, tentando atingir o queixo do inimigo. Mas, o esqueleto bloqueou facilmente e em sequência, aplicou um corte descendente em resposta.

    Jaro, deslizando no chão, desviou do ataque e investiu num contra-ataque nas pernas ósseas do oponente, mas sua lâmina apenas produziu faíscas ao bater contra os ossos duros da criatura.
    A criatura, percebendo que os ataques de seu oponente não surtiram efeito, partiu para a ofensiva, desferindo uma sequência de estocadas em alta velocidade.

    O jovem, usava a espada para defender quando não havia tempo para desviar. Mas, infelizmente, um dos golpes passou rente ao seu rosto, abrindo um corte em sua bochecha, que desceu por todo o trapézio e peito. O menino gritou de dor, abaixando a guarda. Por causa desse descuido, a criatura ergueu a lança e desferiu outro ataque, atingindo Jaro no ombro.

    O som do osso se partindo foi abafado pelo grito de dor. O braço direito ficou mole e ele estava prestes a cair no solo, contudo, através de um esforço extremo, usando seu braço esquerdo cravou sua lâmina no chão e se forçou a levantar.

    — V-você… não vai me matar tão fácil assim…

    Agarrando a espada com a mão esquerda, mesmo sem força. Desferiu um golpe horizontal, porém a criatura ignorou esse ataque inútil e cortou o ar em um corte horizontal devastador.

    BANG!

    A lâmina atingiu em cheio, o lado esquerdo de seu corpo. O braço esquerdo se partiu, junto das costelas, e seu corpo foi lançado contra a parede como um cometa.

    Dentro da cratera formada na parede, seus olhos mal se mantinham abertos e o garoto dava seus últimos suspiros.

    — Crrrk — a criatura de ossos ria, da derrota patética de seu oponente e se aproximava, arrastando a lança pelo chão, pronto para dar o golpe final.

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