Maldição… Preciso do poder da Chefe!

    Porém, ele ouviu um som familiar: latidos. Seu lobo não o obedeceu, havia entrado na caverna e agora enfrentava o monstro para protegê-lo.

    — Não! Por que veio!? Fuja, seu maluco!!

    O esqueleto se voltou para o animal e, sem hesitar, desferiu um chute, jogando-o longe.

    — Não!! Pare!!! — gritou Jaro, desesperado.

    O inimigo avançava sem hesitar, decidido a esmagar o filhote sob o próprio pé. Ao se aproximar do lobo, ergueu a perna e…

    TUM!

    O solo estremeceu no instante em que o golpe foi desferido.

    — Crrrk… — O esqueleto parecia satisfeito.

    Contudo, algo o impediu de manter o pé no chão. Uma força inesperada o puxava para cima — Jaro, com os músculos tensionados e olhos em chamas, segurava a perna do inimigo mediante uma força sobre-humana.

    O lobo, inconsciente, estava entre as pernas do menino e permanecia ileso por pouco. Momentos antes, ele havia pedido à Chefe mais poder, oferecendo sua vitalidade como pagamento para salvar o filhote. E, como um raio, antes que o esqueleto pisasse no lobo, ele o conteve.

    — Encontrei algo precioso… Não deixarei você tirá-lo de mim! — gritou Jaro, ainda coberto de sangue; ao mesmo tempo, seu corpo se regenerava e sua mana se multiplicava, fazendo com que uma aura brilhante envolvesse seu corpo.

    Então, soltando um grito gutural, arremessou o esqueleto para longe.O inimigo cambaleou, mas se reergueu, atônito diante da transformação repentina do garoto.

    A criatura furiosa investiu empunhando sua lança, aplicando um golpe vertical destinado a cortar Jaro ao meio. Contudo o garoto bloqueou o ataque sem dificuldade e, desta vez, respondeu através de um corte impiedoso, decepando o braço do esqueleto e forçando-o a recuar em desespero.

    — Chefe… Você não disse que cortes não funcionam contra esqueletos?

    Sim… Mas agora você possui força física e mana suficientes para feri-lo, até mesmo por meio de cortes.

    — Então é isso… — Jaro sorriu. — Isso torna as coisas bem mais fáceis.

    Nesse instante, o esqueleto soltou um grunhido grave. Em seguida, estendeu os braços e começou a absorver os ossos espalhados dos outros esqueletos caídos.

    Seu corpo, antes esguio, encolhia a cada segundo, tornando-se mais compacto e atingindo a altura de um adulto humano. Paralelamente, sua aura azul se intensificou como uma explosão por todo seu corpo.

    — Crrrk! — o esqueleto proclamou em sua direção e Jaro entendeu a mensagem. O mostro estava prestes a atacar com tudo.

    — Venha.

    A aura branca de Jaro brilhava intensamente, em contraste com a aura azul da criatura. Ambas iluminavam a escuridão do salão. Sem hesitar, ambos avançaram, suas auras e lâminas colidiram num impacto tão poderoso, que a caverna estremeceu.

    Eles trocavam golpes rápidos e brutais; cada ataque era repleto de força e precisão. Porém, Jaro tinha um plano. Ele forjou um corte vindo de cima, forçando o inimigo a desviar para o lado. Aproveitando a abertura momentânea, girou o corpo e executou um ataque lateral poderoso, mirando o tronco do adversário.

    Ainda assim, a investida não foi rápida o suficiente, e o monstro esquivou mais uma vez e, em um movimento veloz, contra-atacou, atravessando Jaro com a lança, fazendo-o vomitar sangue.

    — Crrrk! — o esqueleto dizia, olhando nos olhos do menino, que já havia vencido.

    — Achei que me acostumaria com a dor… Mas acho que isso nunca vai acontecer.

    O esqueleto parecia vitorioso. Entretanto, ao tentar puxar a lança de volta, percebeu que ela não se movia, Jaro a segurava usando apenas a mão esquerda. O inimigo soltou a lâmina e tentou recuar o mais rápido possível; no entanto, era tarde demais. Rangendo os dentes e apertando firmemente a empunhadura da espada, o garoto desferiu um golpe cortante no pescoço do esqueleto.

    O crânio caiu a poucos centímetros dali; porém, mesmo sem a cabeça, o monstro ainda se movia. Seu corpo correu na direção da cabeça para colocá-la de volta no lugar. No entanto, Jaro arrancou a lança de dentro do próprio corpo e, mesmo sob uma dor intensa, avançou contra o inimigo empunhando a arma que lhe havia perfurado.

    Antes que o monstro conseguisse reposicionar a cabeça, Jaro o atacou repetidas vezes, e só parou quando os ossos do esqueleto viraram pó, garantindo que ele havia sido eliminado de vez.

    O jovem lançou as armas ao chão e sussurrou: — Finalmente… — Ao chegar perto do filhote, o pegou nos braços com cuidado.

    Saindo da caverna cambaleando, ele se arrastou até o acampamento, onde estavam as gomas de ouro e seus pertences. Comeu duas delas e deu uma ao lobo, que despertou em segundos. O animal viu o dono cair no chão, respirando com dificuldade, enquanto o ferimento no abdômen tentava se fechar, como se uma magia tentasse curá-lo.

    O lobo chorava e latia. Esforçando-se, Jaro conseguiu dizer: — Eu… ainda não te dei um nome, não é? — O garoto tossiu, sorrindo enquanto acariciava o filhote. — Você vai se chamar Zam. Que significa Noite Azul.

    Então, desmaiou…

    Horas depois, Jaro despertou, tendo o lobo adormecido ao seu lado.

    — E-estou vivo? — indagou, olhando suas feridas e percebendo que todas estavam curadas, sem cicatrizes.

    É claro, eu te salvei.

    — Chefe? Entendo… Obrigado — respondeu, se erguendo e acordando seu Zam, que latia, pulava e o lambia animado ao ver que seu dono estava vivo.

    — Zam… Também estou feliz em te ver — disse, sorrindo.

    No entanto, não foi de graça… Seus ferimentos eram mortais, e a quantidade de mana que você precisou para derrotar o líder esqueleto era elevada. Por isso, tive que pegar cinco anos da sua vitalidade para te curar. comentou a Chefe, quebrando o clima.

    Jaro ficou pasmo… Sentia que estava dependendo demais desse ser. E, quanto mais o tempo passava, mais sua vida se esvaía. Mas ele respirou fundo. O único caminho que restava era aceitar seu destino ou ficar mais forte para não depender tanto dessa entidade.

    — Tudo bem… Não havia outro jeito. Mas, se eu continuar comprando mana com tanta frequência, vou acabar morrendo cedo demais. Por isso, vou ficar mais forte, para não precisar recorrer tanto a você, Chefe — declarou, olhando para o horizonte.

    Silêncio.

    Senhor, olhe sua identidade através da runa no seu peito.

    — É verdade… ainda não tive tempo de ver isso.

    O quanto será que fiquei forte? Reflitia.

    — Menu — disse ele. Logo após, uma tela holográfica começou a se formar ligeiramente à sua frente.

    ──────────────
    Sistema Moong

    ∴ Codinome: 102

    ∴ Idade: 14 anos

    ∴ Mana: >erro<

    ∴ Hierarquia: ?

    ∴ Classe: Guerreiro Secundário
    ──────────────

    — Erro?!

    Bem… você comprou mana o suficiente para alcançar a patente de Cavaleiro, assim, alcançando a primeira esfera na sua Coroa de Mana. Ser um Cavaleiro significa ter mil de mana, e esse dispositivo não consegue captar poder mágico acima dos 1000.

    — Acho que entendi. Menos a parte da Coroa de Mana. Mas, como você sabe sobre isso?

    No momento em que implantaram essa runa, percebi que ela traria consequências físicas ao seu corpo. Por isso, fiz um ajuste para que ela permanecesse em você sem causar efeitos colaterais. Dessa forma, consegui analisá-la e entender seu funcionamento.

    — Você realmente é útil. Mas, espera aí… isso não significa que o pessoal do Distrito Azul consegue ver essa mudança?

    Quando há uma falha na leitura da mana, isso ocorre por dois motivos: ou o usuário alcançou sua primeira esfera na Coroa… ou ele morreu.

    — Isso significa que eles acham que eu morri. É o mais provável. Entretanto, quando eu voltar, vão perceber que me tornei um Cavaleiro, e tenho certeza que irão me investigar — comentou enquanto coçava a nuca, visivelmente nervoso. — Isso não é nada bom.

    De fato… porém, existe uma solução.

    — Me conte.

    Vou te ensinar a controlar sua mana. Assim, será capaz de enganar a runa. Vai levar algum tempo, mas acredito que, antes de retornarmos ao Distrito, você já terá dominado a técnica.

    — Isso seria ótimo… Quanto você quer pra me ensinar?

    Você é esperto, humano… Um mês será suficiente.

    — Que tal me dar um desconto e também me ensinar sobre essa tal Coroa de Mana e sua hierarquia?

    A Chefe permaneceu em silêncio por alguns segundos, ponderando.

    Tudo bem, acordo feito.

    Enquanto ela explicava o que havia sido solicitado, Jaro se mantinha focado em suas tarefas diárias, sem perder tempo. Ele saiu para caçar ao lado de seu pequeno lobo. Juntos, derrubavam javalis, aves e outros animais da região.

    Depois da caçada, ainda pela manhã, ele partiu direto para o treino físico. Começava se alongando para preparar o corpo. Em sequência, fazia flexões, agachamentos e outros exercícios padrões.

    Depois, empunhava sua espada, treinando golpes de cima para baixo, usando toda sua força, repetindo o mesmo movimento dezenas de vezes até seu corpo não aguentar mais.

    No fim da tarde, continuava com os treinos orientados por Lila. Ele tentava andar sobre pedras irregulares sem emitir um único som. O garoto já tinha tentado mais de 10 mil vezes durante toda a viagem.

    Até que, hoje, finalmente conseguiu completar o trajeto inteiro sem fazer um único ruído. Pela primeira vez, sentiu que o físico e a mana estavam em sintonia.

    Ao final, Jaro organizava sua mochila de forma tranquila. Separava o necessário e revisava cada item. Então, se comunicava diretamente com a chefe. Unidos, traçavam um plano para esconder o tesouro que ele havia encontrando.

    Algumas horas depois, ele foi até a caverna.

    — Isso vai dar trabalho… Acho que vou ficar por aqui mais tempo do que imaginei — comentou, ao observar o tesouro.

    De repente, o ambiente esfriou drasticamente.

    — O que tá acontecendo?! — Jaro assumiu uma postura defensiva. — Será que esses desgraçados vão se levantar de novo?!

    Labaredas de chamas azuis surgiram diante dele. Delas, apareceram fantasmas de aparência esquelética, que se ajoelharam. No centro, estava o esqueleto líder, de cabeça baixa, em sinal de respeito.

    — Senhor… foi o senhor quem nos libertou do nosso sofrimento. A partir de agora, juramos lealdade. Por favor, aceite-nos como seus servos!

    — Depois de hoje, acredito que nada mais vai me surpreender…

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