— Bom garoto.

    O homem alto se aproximou e começou a tirar as algemas, uma a uma, deixando-as cair no chão. João estava livre, mas o alívio durou apenas um instante. O homem o agarrou firmemente, puxando-o para frente.

    O garoto tentou resistir, mas seu corpo estava fraco demais. A venda nos olhos só aumentava sua sensação de vulnerabilidade. No entanto, a raiva que sentia pelo agressor era maior que o medo. Através de um movimento rápido, ele mordeu o braço do homem usando toda a força que conseguiu reunir.

    AHHH! SEU FEDELHO DE MERDA! — o sujeito gritou, jogando o garoto no chão e segurando o braço ferido. O sangue escorria entre seus dedos enquanto ele encarava o menino com ódio.

    O garoto cuspiu o pedaço de carne que havia arrancado, deixando-o cair no chão diante do homem, enquanto sentia o líquido quente deslizar por sua garganta. Depois de tanto tempo sem beber nada, aquele sangue não era apenas um alívio, era sua salvação.

    — E-eu estava morrendo de sede… O-obrigado pelo sangue.

    — Eu vou te matar, seu pivete! — rugiu o homem, avançando em direção ao jovem garoto.

    Enquanto levava uma surra e xingamentos, ele processava algumas informações, porque o que mais queria naquele momento, além de saciar sua sede, era entender melhor o que estava acontecendo com ele e onde estava.

    Ele me chamou de pivete. Minha voz também está mais jovem. Além disso, lembro claramente de ter me afogado naquela água negra. Eu realmente reencarnei?

    ⧖⧗

    Eles andaram por horas. O corpo do milionário estava cheio de hematomas. João, pensou que teria uma morte rápida se causasse problemas a seus supostos sequestradores.

    A realidade, no entanto, era pior do que imaginava. Depois de arrancar um pedaço do braço de seu agressor, ele levou socos e chutes por todo o corpo por um longo tempo, deixando-o ainda mais debilitado do que já estava.

    Finalmente, depois de algum tempo eles pararam de caminhar. João soltou um suspiro de alívio, não aguentava mais. Seus pés latejavam, cobertos de cortes e bolhas, cada passo tinha sido uma tortura.

    — Esse é o último?

    — Sim, abra os portões.

    — Vou abrir, mas antes. Que corte foi esse no seu braço? 

    — Não foi nada. — O agressor desviou o olhar envergonhado.

    O sujeito olhou para o braço do homem alto, mas seus olhos logo caíram no menino ao lado dele. 

    Foi então que percebeu que a boca do garoto estava cheia de sangue e também parecia que tinha levado uma surra.

    — Qual é você teve problemas com esse nanico sem mana? Hahaha!

    Mana? A mente de João focou nessa palavra. Não é possível… eu devo ter ouvido errado. 

    — Tsc. Abre logo essa bosta.

    O guarda do portão não parava de rir, puxando uma alavanca de dentro de uma cabine.

    Se esse moleque sobreviver hoje, vou ensinar outra lição a ele por me fazer passar essa vergonha!

    Rang!

    O milionário ouviu um grande barulho, o som do metal rangendo, enquanto a imensa porta começava a se mover lentamente, como se uma força gigantesca estivesse forçando ela a abrir-se.

    Em seguida, o homem alto o arrastou mais alguns metros.

    — Ajoelhe-se, verme!

    O garoto obedeceu, e um calafrio percorreu sua nuca quando algo gelado tocou sua pele, era uma lâmina afiada deslizado por ali. Antes que pudesse entender o que estava acontecendo, a venda foi cortada bruscamente e sua visão se libertou. Ele piscou várias vezes, tentando se acostumar com a luz. Aos poucos, a escuridão deu lugar a uma cena grandiosa.

    À sua frente, uma arena imensa se abria, como um sol que engolia a escuridão. O chão arenoso estava manchado, com marcas de antigos combates. As arquibancadas ao redor estavam desertas e se mostravam desgastadas.

    No lado esquerdo, numa grande distância, acima de dois homens uma placa enorme e desgastada chamava sua atenção: “Mar de Ferro”. As em letras em prata, estavam manchadas de sangue. Mas, ele ainda não compreendia essas palavras.

    Parecia que alguém tinha sido brutalmente arremessado de uma altura de vinte metros contra aquela placa. Os dois homens abaixo da placa se destacavam na imensidão daquele espaço vazio. O primeiro, à esquerda, vestia uma armadura de prata que exalava uma aura de imponência, enquanto o capacete metálico cobrindo seu rosto intensificava essa sensação.

    O outro, à direita, vestia roupas simples e desgastadas, botas de couro surradas, seu cabelo castanho bagunçado. Mas também, tinha uma aura assustadora e seus olhos gélidos estavam fixos no garoto. Quando os olhares se encontraram, um arrepio subiu pelo corpo do milionário.

    João tinha certeza de que, ao fazer o menor movimento, sua cabeça iria voar. De relance, o jovem finalmente viu a aparência do homem que o espancou. Seu cabelo era negro, parecia ter cerca de trinta anos e era bem alto, com cerca de dois metros.

    — Moleque, espere aqui até o senhor Kao dar alguma ordem — ordenou o homem, apontando para o de cabelos marrons.

    O milionário não conseguia falar, apenas assentia com a cabeça.

    ⧖⧗

    Atrás de gigante portão de aço, um homem idoso observava um jovem robusto ajoelhado no chão. O menino estava coberto de sujeira, vestindo apenas trapos rasgados. Seu corpo tremia, mas seus olhos, apesar da exaustão, permaneciam firmes.

    O velho, de postura ereta e olhar afiado, deu alguns passos à frente.

    — Einar, sabe que eu espero grandes coisas de você, não sabe?

    O garoto ergueu a cabeça sentindo dificuldade, como se ela estivesse mais pesada do que o normal.

    — Sim, senhor Reff.

    Ao ouvir aquelas palavras positivas, Reff franziu a testa, desconfiado.

    — Há alguns dias, eu pedi ao senhor Kao permissão para exibir o seu talento. Convenci-o de que você pode valer uma fortuna, seja para o exército ou para algum clã influente. Mas para isso, você precisa provar seu valor.

    Reff, inclinou-se ao lado de Einar e sussurrou em seu ouvido, seu sorriso e voz era como um veneno.

    — Se tudo sair bem, eu serei promovido… e você terá um lar.

    O garoto permaneceu em silêncio por alguns segundos. Então, fechou o punho e o levou ao peito esquerdo.

    — Obrigado, senhor Reff. Nunca esquecerei sua generosidade.

    O velho sorriu satisfeito e deu um tapa nas costas do jovem.

    — Mate-o da forma mais brutal!

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