Na sala de estratégia do Regimento Golira, Gerran e Walter observavam atentamente o mapa holográfico que flutuava à frente deles.

    O chefe do clã Moong fez um gesto com as mãos, e linhas azuladas começaram a destacar territórios, rotas comerciais e pontos estratégicos.

    — Olhe só estes números, Walter — disse Gerran, apontando para uma região no mapa. — A mina de cristais nos deixou absurdamente ricos.

    Walter ajustou a postura na poltrona, exibindo um sorriso satisfeito.

    — De fato. Reduzimos nosso esforço nos últimos anos, e mesmo assim os cofres continuam cheios. Agora, me diga: o que fará com as vinte e três vilas sob nossa jurisdição? Com a renda da mina, aquelas taxas tornaram-se dispensáveis.

    — Simples. Não as defenderemos mais. Deixarei que a Montanha Moong se encha de monstros e esperarei até que todos os camponses morram. Assim, nenhuma suspeita recairá sobre nós.

    — Hoho, é um bom plano.

    Dessa maneira, os conselheiros reais não poderiam incriminá-los, uma vez que também estavam envolvidos em corrupção. Todos os anos, impunham taxas abusivas que drenavam recursos não apenas deles, mas de todo o povo do reino Nive, igualmente explorado por esse sistema.

    — A propósito, soube que um soldado recém-promovido assumiu o posto de general no Reino Kraken. Isso me preocupa — comentou Walter.

    O rosto de Gerran se contorceu de irritação.

    — Maldição… Isso só confirma que o Reino Nive está enfraquecendo diante dos nossos rivais diretos. E você sabe o que vai acontecer quando o idoso imperador morrer, não é?

    — Guerras de sucessão — respondeu Walter, sombriamente.

    Era um fato incontestável: dali a alguns anos, quando o imperador finalmente caísse, uma onda de conflitos se espalharia por todos os reinos. As nações se enfrentariam em uma luta brutal pelo direito de ocupar o trono imperial. Inevitavelmente, todos os clãs e guildas seriam arrastados para a guerra.

    Gerran suspirou.

    — Bem, creio que já estamos preparados caso uma guerra estoure. Porém, falando em problemas sérios, preciso te contar sobre a Floresta do Demônio Azul.

    Walter franziu o cenho, captando a gravidade no tom do companheiro.

    — O que tem lá?

    — Nossos batedores relataram movimentações incomuns. Nunca viram tantos monstros reunidos em um único lugar. E não se trata apenas da quantidade, Walter. Todos eles são de classes elevadas. Criaturas poderosas demais para estarem ali por acaso.

    Gerran se levantou e caminhou até a janela, observando o pátio de treinamento mantendo um ar pensativo.

    — Precisamos eliminar aquele demônio o quanto antes. Se hesitarmos, nem mesmo reunindo todos os regimentos conseguiremos vencê-lo. E se chegarmos a esse ponto, teremos que convocar um Marechal… e você sabe o que isso implica.

    Convocar um marechal aumentaria significativamente as chances de os planos deles e os anos de corrupção serem descobertos.

    — Concordo contigo. Contudo tenho um plano — disse, tentando manter a calma. — Apenas ouça.

    Ele explicou detalhadamente sua estratégia. Ao final, Gerran assentiu, aparentemente satisfeito. O momento de alívio, no entanto, foi interrompido pela entrada abrupta de um soldado. Ele parecia ofegante, e seus olhos estavam arregalados pela urgência.

    — Senhores! — anunciou, fazendo uma reverência apressada. — Tenho notícias urgentes sobre o confronto com o Regimento Aço e Tigre.

    — Fale! — ordenou Walter, impaciente.

    — De nossos vinte soldados, doze morreram. Os demais ficaram feridos e precisaram recuar. Não conseguimos eliminar nenhum dos inimigos, senhor.

    — Isso é inaceitável! Traga todos os sobreviventes do confroto até mim. Vou interrogá-los pessoalmente. E que tragam boas respostas… porque, se não tiverem explicações satisfatórias, matarei cada um deles com as minhas próprias mãos. Agora, FORA DAQUI!

    — SIM SENHOR! — gritou desperado.

    O soldado saiu às pressas, tropeçando pelo caminho, e deixou os dois líderes novamente a sós.

    Um silêncio pesado tomou conta da sala.

    — As coisas estão saindo do nosso controle, Gerran — murmurou Walter, olhando seriamente para o patriarca do clã Moong.

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    Jaro ainda permanecia parado em frente à porta de seu quarto, respirando fundo, perdido em pensamentos.

    Por que não aceitei? Merda… Pensou, frustrado. Ainda assim, sua moral não permitia que ele tivesse relações sexuais, enquanto estivesse preso no corpo de um garoto.

    — Esquece, preciso descansar um pouco.

    Ele girou a maçaneta e, no instante em que entrou, paralisou.

    Serena estava completamente nua, em pé dentro de uma grande bacia de madeira cheia d’água. O vapor subia levemente, envolvendo sua silhueta molhada. Os olhos dos dois se encontraram por alguns segundos eternos. As bochechas da menina coraram intensamente. Jaro, atônito, recuou e fechou a porta com um estrondo.

    Do lado de fora, seu coração parecia prestes a pular pela boca.

    Isso é demais pra um garoto de quatorze anos… Pensou, tentando controlar a respiração.

    Só que a sua idade mental é de um homem com mais de 30 anos…

    Cala a boca, chefe!

    Dentro do quarto, Serena afundou na bacia, ajoelhando-se, o rosto enterrado entre as mãos. Ligeiramente, pegou uma toalha e se cobriu, o seu corpo ainda tremia.

    Ele me viu… droga, ele me viu mesmo! O que eu faço?!

    Por um instante, quis gritar de vergonha. Mas respirou fundo e se acalmou. Sabia que tinha sido apenas um mal-entendido. Do outro lado da porta, a voz trêmula de Jaro se fez ouvir: — Senhorita, consegue me ouvir? Me desculpe… eu… eu não vi nada.

    Era uma mentira descarada, e os dois sabiam disso.

    — N-não tem problema…

    — Disseram que este seria o meu quarto… juro que não entrei de propósito. Vou falar com o ancião para que me arranjem outro.

    Quando ele se virou para sair, a porta se abriu num rangido leve. Serena, agora envolta por uma toalha, segurou a mão dele, seus olhos brilhavam em embaraço e determinação.

    — P-por favor… não vá. Fique. Está tudo bem… eu durmo no chão, se for preciso.

    Jaro a encarou, surpreso. O rosto dela estava completamente vermelho. Ele cerrou a própria mão esquerda, tentando conter o desejo que crescia dentro de si. Apertou-a tanto que o sangue começou a escorrer entre os dedos.

    Serena arregalou os olhos.

    — Aonde você se machucou?!

    Ele olhou para a própria mão, confuso.

    — Eu… não sei.

    — Espera um minuto! — exclamou ela, e fechou a porta rapidamente.

    Pouco tempo depois, saiu vestida em roupas leves e confortáveis, o cabelo ainda úmido preso por um laço improvisado. Num gesto gentil, convidou: — Pode entrar.

    Jaro obedeceu em silêncio.

    Ela pegou a mão dele e começou a cuidar do ferimento. Seus dedos delicados passavam por cima do machucado, e então uma luz verde suave surgiu: Serena estava usando magia de cura. Jaro ficou impressionado, mas preferiu não fazer perguntas.

    Depois, sentaram-se na beirada da cama. Por um instante, Jaro desviou o olhar e notou seu reflexo em um jarro de jade. A imagem o deixou espantado.

    Ei, chefe por que eu estou mais alto?

    Quando você alcançou o estágio de guerreiro, precisei reestruturar seu corpo para que ele suportasse o novo nível de poder.

    Você sempre guarda umas informações importantes em… enfim. Quanto eu tenho agora?

    Um metro e setenta. Para alguém de 14 anos, está acima da média.

    Jaro sorriu por baixo da máscara, satisfeito.

    Você não sabe o quanto isso me deixou feliz, chefe.

    Agora ele compreendia por que a filha do ancião queria se deitar com ele. Aos olhos dela, Jaro não era apenas o herói da vila, era também um homem alto, forte e atraente. E com a máscara escondendo seu rosto, ninguém poderia adivinhar sua verdadeira idade.

    No entanto, ficou surpreso pela rapidez com que as coisas aconteciam naquele mundo. Apesar de ter lido bastante livros de fantasia, imaginava que as pessoas fossem mais conservadoras, mas, na verdade, eram bem mais liberais do que esperava.

    O silêncio estava agradável entre eles, mas Serena o quebrou dizendo: — é verdade você precisa tomar banho não é? Quer que eu te ajude? Posso lavar suas costas.

    — …

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