Quando terminou de eliminar os mercenários, ele percebeu que havia saído de um transe. Ao ouvir as confissões dos criminosos, seu coração tinha se enchido de ódio, e ele os eliminou sem piedade.

    Jamais imaginou que conseguiria matar seres humanos com tanta facilidade… Mas entendeu que fez justiça e que não deveria se sentir culpado por eliminar escória.

    No entanto, ele não os matou apenas por justiça, porém também porque precisava conquistar a confiança do povo. Por isso, fez todo aquele discurso, para que, ao confiarem nele, pudesse enfim revelar que os monstros Dollaks estavam prestes a invadir a vila.

    Dessa maneira, acreditava poder elevar a moral do povo e motivá-las a lutar com tudo, reduzindo as mortes.

    Pelo menos, era nisso que queria acreditar.

    Os corpos dos mercenários jaziam no chão. A respiração de Jaro era pesada, e suas mãos ainda apertavam a lâmina manchada, tremendo levemente.

    O jovem ergueu o olhar, encarando os rostos tensos à sua frente. Deu um passo à frente e exclamou: — Isso foi um aviso. Enquanto eu estiver aqui, ninguém mais vai ameaçar essa vila.

    Seus olhos percorreram a multidão, em busca de dúvida, medo… ou fé. Vendo que eles estavam esperançosos, disse: — Ainda há algo que precisam saber…

    Antes que pudesse continuar, um grito ecoou. Um homem, chorando, atravessava a multidão com os braços cobertos de sangue, carregando um jovem desacordado. O peito do rapaz estava marcado por garras e o seu pai gritava por socorro.

    O ancião se aproximou e perguntou o que havia acontecido. Ofegante, o homem contou que estava a caminho de buscar lenha com o filho quando percebeu que a vila estava cercada por dollaks, felizmente, sem que eles fossem notados.

    Ao tentar voltar para avisar a todos, o garoto tropeçou, atraindo a atenção de um dos monstros. Pai e filho entraram em luta corporal e, por sorte, conseguiram matar a criatura, mas o rapaz acabou ficando em estado crítico.

    Após ouvir o relato do camponês, Jaro, sem demora, aproximou-se do jovem, o tocou e, de sua mão, fluiu uma luz branca que fechou as feridas e restaurou a consciência do jovem. As pessoas ao redor cochichavam, dizendo que ele era um mago da cura, enquanto o pai, chorando, agradecia ao herói da vila.

    Em seguida, o jovem cerrou os punhos e gritou com determinação: — Todos que tiverem uma arma e puderem lutar, peguem-nas agora! Vamos à batalha! Precisamos defender a vila! Formem um círculo e protejam os que não podem lutar!

    O povo respondeu com gritos de coragem, correndo de um lado para o outro em busca de armas, machados, espadas, marretas e lanças. Todos se moviam impulsionados pela liderança de Jaro. As crianças e os mais fracos foram posicionados no centro, cercados por adultos armados.

    O jovem se preparava para invocar seus vassalos esqueletos quando, a poucos metros dali, o ancião puxava suas duas filhas em direção ao círculo de proteção.

    — Venham logo! — gritou Jaro.

    O ancião tentou dizer algo, mas parou subitamente. Seus olhos se arregalaram ao perceber uma enorme sombra acima de si. Sem pensar, empurrou as filhas para frente e, no instante seguinte, foi completamente esmagado por uma criatura monstruosa.

    As duas meninas caíram no chão e, ao se virarem, viram o corpo do pai destruído sob o peso da besta.

    — Papai! Papaaai! — gritaram as mulheres em lágrimas, seus rostos estavam marcados pelo desespero.

    Jaro ficou paralisado por um segundo.

    Diante dele, estava um ser colossal, de pele cinzenta, corpo humanoide que se movia como um animal quadrúpede. Tinha orelhas compridas e mais de cinco metros de altura.

    Seus olhos se fixaram em Jaro, e, nessa hora, o anel do Coração Estático fez efeito e concedeu imunidade ao medo no coração do jovem.

    Eu estava com medo?!

    — Porra! — murmurou Jaro. — Ele vai esmagar elas!

    O jovem imediatamente invocou seus esqueletos e ordenou que protegessem o povo. A criatura saltou numa velocidade impressionante, indo diretamente em direção a Jaro. As filhas do ancião estavam no caminho e, com certeza, seriam mortas pelo monstro.

    Era um momento decisivo, mas felizmente, Jaro foi mais rápido. Avançou e colidiu contra a besta ainda no ar. O impacto foi tão violento que gerou uma explosão, lançando as mulheres pelos ares. Elas gritavam, contudo foram salvas por Dargan, que as amparou e as colocou no círculo de proteção.

    O povo da vila crim ficaram horrorizados.

    Não apenas devido à morte brutal do ancião, mas também à visão dos enormes esqueletos que agora caminhavam entre eles. Dargan, irritado com o medo da multidão, ergueu a voz: — Não temam! Somos servos do herói de vocês! Se querem que suas famílias sobrevivam, LUTEM!

    A coragem voltou aos corações dos camponeses.

    Empunhando suas armas se prepararam para enfrentar os Dollaks. Do outro lado, Jaro trocava golpes com a criatura. De repente, o monstro rugiu e desferiu um soco devastador. Jaro tentou se defender, levantando a guarda, mas foi inútil, ele foi arremessado como um boneco, atravessando casas e derrubando estruturas.

    Logo depois, milhares de pequenos monstros de pouco mais de um metro, os temidos dollaks, surgiram ao seu redor. Com os ossos quebrados e a consciência se esvaindo, Jaro murmurou: — Chefe… me cure…

    Como desejar… No entanto, não se esqueça, agora só posso curá-lo apenas mais três vezes. Esse é o limite do seu corpo…

    Quando a chefe terminou de falar, Jaro voltou a respirar e se levantou lentamente.

    Seu corpo estava sujo e manchado de sangue.

    — Não se preocupe, é o bastante para derrotar aquele bosta — declarou Jaro.

    Percebendo a fraqueza do mascarado, os monstros rugiram e avançaram, na ânsia de matá-lo. Desesperado, ele pensou: Não dá pra ser mais rápido, chefe? Eu ainda não consigo me mexer!

    Infelizmente não…

    Pensei que você não iria me deixar morrer!

    Caralho!

    Quando os monstros estavam prestes a tocar o corpo do rapaz, Dargan surgiu, cravando sua lança e abatendo vários dollaks, salvando Jaro.

    — Você está bem, senhor?

    — Mais ou menos… só preciso descansar um pouco consegue lutar contra o rei Dollak?

    — Consigo segurá-lo por um minuto, mas ele está no estágio Marcial. Não conseguirei mantê-lo ocupado por mais tempo que isso.

    — É o suficiente.

    Nesse momento, os dollaks, percebendo que não conseguiriam eliminar os dois seres à sua frente, decidiram seguir o cheiro que sentiam desde o início, o odor dos camponeses reunidos no centro da vila. Então, avançaram entre Jaro e Dargan sem atacá-los, em busca dos humanos. Outros dollaks, que cercavam a vila, não perderam tempo e também começaram a invadir por todos os lados.

    Jaro ficou apreensivo. Queria derrotar logo o rei dollak para se juntar aos camponeses, pois sabia que seus vassalos não conseguiriam protegê-los por muito tempo. O rei, distante a mais de trezentos metros, ignorou completamente o grupo de camponeses à sua frente. Em um único salto, percorreu a distância em poucos segundos e caiu diante dos guerreiros como uma verdadeira bola de canhão.

    — Não vai ser nada fácil… — murmurou Jaro.

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