Capítulo 55 - Aliviando Dores
Após se despedir de Raizen, devagar ele foi andando em direção aos dormitórios. Ao chegar, quando estava próximo do seu quarto, deparou-se com dois adolescentes, na faixa dos 16 aos 19 anos, maltratando outro jovem de cabelos azuis; ou melhor, espancando-o enquanto riam e caçoavam.
Ao ver a cena, Jaro não se importou, ele não sabia o motivo de o garoto estar apanhando e de qualquer forma, aquilo não era da sua conta. Porém, teria que passar por aquele corredor se quisesse chegar ao seu quarto, e sentia um pressentimento ruim quanto àquilo. Mesmo assim, ele suspirou e seguiu em frente. Quando estava quase passando pela confusão, uma voz soou atrás dele.
— Ei, você aí! — gritou um dos garotos, com um sorriso debochado. — Para aí mesmo!
Jaro parou por um instante, virando o rosto levemente na direção da voz.
— Que foi? — perguntou, com um tom calmo.
O outro adolescente, com um corpo esguio, deu um passo à frente, cruzando os braços. — Me passa 500 crons. Agora. — O sorriso dele se transformou em um olhar ameaçador. — A não ser que queira apanhar igual aquele ali.
Nesse instante, o garoto espancado, de cabelos azuis, gemeu no chão, se contorcendo de dor.
Jaro observou a cena por um breve momento e saiu andando sem responder.
— O quê?! — exclamou o sujeito, irritado. — Tá se achando demais! Volta aqui!
O sujeito partiu para cima de Jaro com um soco, o punho voou num impulso rápido e desajeitado. O jovem mascarado virou o rosto por cima do ombro e observou o golpe vindo. Hmm… estágio Guerreiro, mas esse nível de força é deprimente. No instante seguinte, moveu-se, com um passo curto para a direita.
O soco passou raspando por seu rosto, e o ar deslocado fez seu cabelo se agitar levemente. Antes que o valentão percebesse o erro, Jaro já havia segurado o antebraço dele com firmeza.
Então, ele desferiu um soco de baixo pra cima, que acertou em cheio o cotovelo do seu oponente. CRAACK! O osso se partiu instantaneamente, dobrando-se no sentido oposto ao natural.
O garoto, soltou um grito de dor, enquanto caía de joelhos, segurando o braço que agora pendia num ângulo grotesco. Jaro o observou por um instante, sem emoção no olhar. Em sequência, desferiu um chute frontal em seu rosto, jogando-o para perto do seu companheiro.
O outro valentão, deu um passo para trás, seu estava rosto pálido e suas mãos tremiam. De que ordem esse maldito é?! Não importa, eu vou ensinar para esse merda quem manda aqui!
— James, como você pode ter caído tão fácil?
— E isso importa, porra? Acaba com ele logo e me leva pra enfermaria! Isso tá doendo demais!
— Hahaha, eu deveria te deixar aí — respondeu o indivíduo, caminhando em direção ao mascarado.
— Jake, seu arrogante de merda — murmurou o esguio, com ódio em seu olhar.
Jaro o analisava enquanto seu oponente caminhava em sua direção: Esse parece ser um pouco mais forte. Ele Também foi se aproximando; quando chegaram a uma distância curta, socos de ambos os lados voaram e se chocaram, e isso durou alguns segundos, até que o mascarado conseguiu dar uma rasteira violenta que quebrou a perna do Jake.
Ele caiu no chão gemendo de dor. Jaro levantou a perna e, em alta velocidade, esmagou o estômago do valentão, apenas o suficiente para fazê-lo desmaiar; o chute chegou a danificar o piso. O sujeito mascarado ordenou ao outro cujo braço havia sido quebrado: — Leve seu amigo, e se vocês me encherem o saco novamente, eu vou matar os dois.
O rapaz fez o que Jaro pediu, pegou seu amigo e correu, mas antes gritou: — Isso não vai ficar assim!
Merda… espero que não nenhum instrutor fique sabendo disso… Será que eu deveria ter matado eles? Reflitiu Jaro, remoendo suas decisões. Isso o deixou nervoso, pois Lila já o havia alertado de que era estritamente proibido haver batalhas nos dormitórios.
O de cabelos azuis que estava sendo espancado aproximou-se do sujeito mascarado.
— O-obrigado por me ajudar, estou em dívida com você — falou o jovem de cabelos azuis, com dificuldade.
— Não precisa me agradecer. Eu só me defendi; não foi para te ajudar.
Em seguida, partiu, deixando o rapaz de cabelos azuis para trás.
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Serena estava com os braços pra trás, assim que Jaro entrou, o olhar dela já dizia tudo.
— Você demorou muito — exclamou ela, arqueando a sobrancelha. — Porque que não respondeu nenhuma das minhas mensagens? Fiquei preocupada…
Jaro coçou a nuca, tentando disfarçar o constrangimento.
Porque ela tá agindo como uma esposa irritada… sendo que nem namorados somos…
— Ah… o celular tava no silencioso. Nem vi o que você mandou. Eu acabei comprando algumas coisas e… voltei na biblioteca pra ler um pouco.
— Sei… — respondeu ela, desviando o olhar.
Será que ela tava com aquela mulher?! Pensou ela, lembrando, da maneira, como a secretária sênior Elise tratou Jaro. Não, não… porque tô pensando nisso?! A gente só é amigos…
Jaro piscou, reparando na mesa arrumada.
— Isso tudo era… o jantar?
— Era. — Serena suspirou, bufando um pouco. — Fiquei te esperando pra comer junto, e você simplesmente tinha sumido…
Ele se aproximou devagar, meio sem jeito.
— Foi mal mesmo, Serena. Mas… ainda dá tempo de comer — falou ele, sorrindo
Ela olhou pra ele de canto, mas acabou cedendo.
— Tudo bem… vamos comer?
— Claro.
Assim que se sentaram, o sujeito tirou a máscara, provou a comida e ergueu as sobrancelhas, surpreso com o sabor.
— Ei… isso aqui tá muito bom! — comentou com a boca cheia. — Sério, você mandou bem demais.
Serena disfarçou o sorriso, mas parecia contente.
— Que bom, ele gostou — sussurou ela pra si mesma.
Ele riu de leve.
— Então… acharam um bom lugar pra treinar?
— Achamos — ela respondeu, mais animada. — Um espaço enorme, perto de uma padaria famosa. Vitória, disse que o lugar era perfeito pra treinarmos com frequência.
— Que bom! — respondeu sorridente. — E o treino com a Vitória? — perguntou Jaro, curioso.
Serena fez uma careta, o humor mudou na hora.
— Ah, não me fala… foi puxado demais. — Ela encostou as costas na cadeira e soltou um suspiro. — Aquela mulher é uma máquina! Fez eu correr, pular, levantar peso, depois ainda me ensinou como segurar a espada, atacar, defender… até a postura dos pés! Pra finalizar, a gente ainda lutou algumas vezes.
Jaro arregalou os olhos. Depois de todo o treino de hoje… elas ainda treinarão tanto? Jaro ficou satisfeito, por algum motivo. Não posso ficar pra atrás… também preciso treinar ainda mais pesado que antes!
— Ela não teve dó mesmo, haha.
Ela riu fraco.
— Tô viva, mas o meu corpo não sabe disso. E amanhã temos aula às quatro da manhã… nem sei como vou levantar.
Jaro encostou o cotovelo na mesa e sorriu de canto.
— Acho que tenho uma ideia que pode ajudar.
— Que ideia?
— Uma massagem — ele respondeu com um sorriso travesso. — Prometo que sou bom nisso.
Serena o encarou, meio envergonhada.
— Hm… bom, não vou negar que tô precisando.
— Ótimo! Vamos terminar de comer.
— Tá…
Após o jantar e o banho, Serena apareceu de toalha, com o cabelo ainda úmido. Jaro já tava sentado na cama, esperando.
— Deita de bruços — explicou ele, com calma. — Prometo que não vai doer.
— Se você fizer gracinha, eu não vou te perdoar — respondeu ela, tentando parecer séria, mas com o rosto já corado.
O jovem riu baixo.
— Nem passa pela minha cabeça.
Ela se deitou devagar, e quando sentiu as mãos dele nos pés, soltou um suspiro sem querer.
— Assim tá bom? — perguntou Jaro. Massageando com um pouco mais de força.
Serena ia responder, mas acabou deixando escapar um gemido, espontâneo. O silêncio que veio depois foi bem constrangedor.
— Hm… que bom que tá funcionando — anunciou ele, tentando quebrar o clima.
— Cala a boca — respondeu ela, escondendo o rosto na almofada, morrendo de vergonha.
Foco, foco! Repetia ela pra si mesma. E Jaro continuava.
As mãos dele subiram lentamente pelas pernas, costas, ombros… Serena tentava conter os sons, mas cada toque parecia aliviar a dor e ao mesmo tempo a deixava mais nervosa.
Quando terminou, ela virou o rosto e murmurou, com um sorriso cansado: — Uau… meu corpo tá muito melhor. Obrigada, de verdade.
— Que bom que ajudou — respondeu ele, com um sorriso calmo.
Ele deitou no futon ao lado da cama. Depois disso, ambos ficaram conversando mais um pouco, sobre o treino e coisas bobas… até que o sono foi levando os dois, devagar, no meio da conversa.
Seria bom se as coisas continuassem calmas assim… Reflitiu Jaro, antes de cair no sono.

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