Capítulo 56 - Crônicas
O livro que Jaro estava lendo na biblioteca, com a ajuda de Raizen, se chamava Crônicas e Registros do Império Olimpo. Logo nos primeiros capítulos, ele descobriu que o continente onde viviam se chamava Titã. O nome vem em homenagem ao primeiro e majestoso Clã dos Gigantes, também conhecidos como Titãs, que lutaram bravamente contra o Rei Demônio e seus vassalos.
Mesmo quase sendo extintos, o sacrifício deles deu tempo para que humanos, elfos, espíritos e anões se unissem e fizessem um contra-ataque, vencendo os demônios numa guerra lendária. Esse conflito aconteceu na era anterior, conhecida como A Grande Era dos Mercadores. Por causa do sacrifício dos Gigantes, o continente passou a se chamar Titã, em homenagem a eles.
Atualmente, os Gigantes conseguiram restaurar o clã, porém, com o passar do tempo, perderam contato com os humanos.
O continente é formado principalmente por essa Grande Floresta Demoníaca, controlada pelos Dragões e Gigantes. Lá é onde estão os maiores perigos para a humanidade e também a maior concentração de monstros de todas as espécies. Dentro da floresta existem lugares completamente diferentes de tudo que os humanos já viram, árvores do tamanho de cidades, dimensões mágicas, dungeons espalhadas por toda parte… tudo na floresta é misterioso, e até hoje ninguém conseguiu desvendar todos os seus segredos.
No continente, existem três reinos e um Império: o Império Olimpo (dos humanos), o Reino Miem (dos elfos), o Reino Burgo (dos anões) e o Reino Don (dos espíritos). Pra saber mais sobre cada um deles, seria preciso ler outros livros mais específicos. Mas esse livro descreve bem o Império Olimpo, formado por cinco reinos: Bazen, Kraken, Valfenda, Nive (onde Jaro se encontra atualmente) e Olimpo, sendo este último o lar do Imperador. Quatro reis comandam os reinos vizinhos, que funcionam como muralhas protetoras do império.
O Imperador, por sua vez, chama-se Fergus Duncan. Ele é o primeiro Imperador do continente Titã e conquistou os cinco reinos humanos graças à sua força. Aos cinquenta anos, alcançou o Estágio Supremo, uma realização extraordinária para um humano, já que não há registros de outro homem atingindo tal nível desde a Era Primordial, época da criação do mundo, ocorrida há cerca de quatro mil anos.
Atualmente com setenta anos, Fergus governa o Império com braço forte e sabedoria implacável. Os reis que o servem, todos no Estágio Celeste, o penúltimo antes do Estágio Supremo, são: Brenor Bragan (rei do Reino Kraken), Tamor Valenforth (rei do Reino Valfenda), Eleni Seravalle (rainha do Reino Nive) e
Lysanor Velkyr (rei do Reino Bazen). Passando mais algumas páginas outro assunto lhe chamou a atenção: a curta descrição dos Três Grandes Heróis, seres que, independentemente da raça, foram abençoados pela Deusa Íris com habilidades especiais. O objetivo era que eles trouxessem harmonia para o mundo.
O primeiro Grande Herói foi o Elfo Erdin, que mudou completamente o rumo das guerras da Era Primordial, unindo boa parte dos seres. Depois veio a Era do Véu, período em que, o Grande Herói Anão Burg, descobriu e desenvolveu como usar magias e runas, de maneira avançada. Foi também quando surgiram as primeiras versões do Sistema Halo, através dos rascunhos feitos pelo primeiro herói, Erdin, e mais tarde completados pelo herói anão Burg.
Após isso veio a Era dos Mercadores, considerada o período de maior prosperidade entre as raças. Porém, também foi marcada por uma grande tragédia: o terceiro grande herói, Zaron, um demônio, acabou se tornando o Terceiro Rei Demônio. Ele desejava dominar o mundo inteiro, e foi necessário que todas as raças se unissem para detê-lo, e principalmente a dos Gigantes.
Agora, atualmente, na Era de Ouro aconteceram as maiores conquistas: Paz, Tecnologia Avançada e um número maior de seres poderosos. O herói dessa é o Imperador do Império Olimpo, Fergus Duncan, dizem que ele é a criatura mais forte do mundo e que nunca perdeu uma batalha. O herói humano conseguiu impedir a aniquilação da humanidade e também ergueu e unificou os reinos, que estavam sendo oprimidos pelas outras raças e por monstros. Ao alcançar tal feito, entre reis, generais e soldados, um lema ficou marcado como sua assinatura. Ele declarou:
Minha espada venceu batalhas. Minha mente venceu guerras. — Fergus
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Quando abriu os olhos, Jaro sentiu algo diferente no ar.
Um cheiro delicioso invadia suas narinas.
O que é isso… comida?
Ele se levantou devagar, ainda com o corpo pesado pelo cansaço mental e pelo sono. Ao chegar na sala, parou por um momento: havia um banquete enorme na mesa, com sanduíches, frutas e verduras e uma jarra cheia de algum líquido.
À frente do fogão, mexendo em uma panela, estava Serena, linda como sempre, usando um avental e seu cabelo negro preso em coque, mexendo timidamente na panela.
Ela percebeu sua presença e virou-se devagar.
— B-bom dia… — ela cumprimentou, um pouco nervosa, ajeitando uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Eu… preparei o café da manhã.
Jaro piscou, ainda processando a cena.
E vai ela de novo… assim vou ficar mal acostumado. Reflitou o jovem, namorando o café da manhã preparando por Serena.
— Tudo isso… pra nós dois?
— Aham… eu achei que você poderia estar com fome — respondeu ela, timidamente. — Você dormiu bastante, já são 3:40…
— Sério… perdão. Vamos ter que comer depressa então…
Ele olhou a mesa novamente.
— Obrigado — falou ele, com a voz calma, mas sincera. — Está… incrível.
Serena tentou esconder o sorriso, corando levemente.
— Não é muito. Só usei o que tinha — murmurou, mantendo os olhos na panela.
Jaro sentou-se, ainda confuso com o calor que sentia no peito. É isso que chamam de família? Haha… até que isso é não ruim Jaro refletia. Aquele sentimento era estranho para ele… Antes de renascer nesse mundo, ele sempre precisava provar que era alguém forte.
Ele respirou fundo, encarando Serena.
— Vamos comer? — perguntou com um leve sorriso.
Ela assentiu rapidamente, tentando não demonstrar o quanto estava feliz. Era apenas um café da manhã. Mas, para ambos… isso era algo precioso.
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Às quatro da madrugada, todas as mercadorias e a Equipe III já estavam sentadas em seus lugares. Desde que as equipes foram formadas, cada grupo passou a ficar sempre junto. O relacionamento entre as equipes era complicado, ninguém confiava em ninguém além dos próprios companheiros. Só se falavam com membros de outros grupos quando era realmente urgente; caso contrário, mantinham distância.
O clima na sala estava até que tranquilo. Todos permaneciam conversando assuntos triviais, e o professor, quem quer que fosse, ainda não havia chegado. Meia hora se passou até que passos começaram a ecoar pelo corredor. Todos voltaram o olhar para a porta. Quando a silhueta cruzou o batente, a decepção foi geral: a professora era Amélia Moreau.
Desde o primeiro dia, eles sabiam que aquela mulher não batia bem da cabeça. Ela já os havia chamado de “feios” na apresentação inicial. Ninguém ali sentia algo bom vindo dela.
Amélia entrou caminhando devagar, com um ar pomposo. Cabelos castanhos, olhos castanhos, saia curta e blusa social que destacava seus grandes seios. Ela parou no palco, abriu os braços e gritou: — Bom dia, turma cinco!
Ela lançou um olhar profundo para todos os presentes e completou, sorrindo: — Hoje vocês estão menos feios.
Um desconforto se espalhou pela sala. Muitos queriam reclamar, principalmente pelo atraso, mas havia algo nela que inspirava mais medo que os professores Kyle ou Jason. No fim, ninguém disse nada. Apenas engoliram seco e aceitaram.

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