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    Alice e Vitória sorriam uma para a outra; finalmente, elas poderiam colocar os pregos nos eixos.

    — Isso não vai dar problema? — Serena perguntou a Jaro, a voz baixa. — Não vai piorar a relação delas?

    — Hm… quem sabe. — Jaro franziu o cenho. — Mas, se elas passarem do limite, a gente para a luta. Por enquanto, vamos observar.

    — Sim…

    As duas garotas não se moveram; estudavam-se com os olhos afiados até que Alice explodiu: — Vai ficar apenas olhando, bruxa? Vem para cima!

    Essas frases deixaram Vitória furiosa, mas ela não deixaria que isso a atrapalhasse. Porque a raiva turva os sentidos e destrói o raciocínio lógico, fazendo até guerreiros experientes cometerem erros básicos. Por esse motivo, ela precisava se controlar e quebrar a cara da sua oponente com elegância.

    — É você que está pedindo.

    Eu não vou pegar leve com essa puta. Vitória cerrava os dentes, apertando o cabo da espada com tanta força que os dedos chegaram a estremecer.

    Vitória se inclinou para a frente, os pés firmes no solo. A espada ainda descansava na bainha, sinal claro de que ela apostaria em um saque veloz assim que encontrasse a brecha certa.

    — Pode vim — provocou Alice, com um brilho afiado no olhar.

    No breve instante em que ela chegou a piscar os olhos e em que suas pálpebras voltaram a se abrir, Vitória já estava praticamente diante dela. Ainda assim, Alice não demonstrou medo; pelo contrário, sorriu. Ergueu a mão no último instante, e uma esfera flamejante disparou em direção à adversária.

    O que é isso?! A ruiva arregalou os olhos quando percebeu o ataque vindo direto em sua direção. Não havia espaço para desviar, ela estava perto demais da esfera. Mas, ela pensou rápido. Puxou a lâmina e cortou a esfera.

    A esfera explodiu no momento do impacto.

    Vitória recolheu os braços, cobrindo o corpo para reduzir o dano, mas ainda assim a explosão a atingiu em cheio. Fumaça subiu de suas roupas chamuscadas, e diversas queimaduras se espalharam por sua pele.

    No mesmo momento, Alice, a jovem de cabelos roxos, aproveitou que sua oponente estava ferida e aumentou a distância.

    Jaro observava curiosamente as duas guerreiras. Talvez eu esteja errado, mas isso vai ser bem interessante do que imaginei. Pensou ele, sentindo-se ansioso.

    — Impressionante!
    A esfera de mana que ela lançou é muita poderosa! — murmurou Taylor, atônito.

    Essa raposa… é a mais forte do que pensei. Pensou Vitória, encarando Alice, que exibia um sorriso provocador.

    — O que foi? Não era você a mais forte? — provocou Alice.

    — Tá se achando só porque aprendeu um truquezinho? Isso nem é magia! — gritou Vitória, avançando contra a jovem elemental.

    — E é esse “truquezinho” que vai acabar com você! — Disparou Alice, liberando uma chuva de esferas de mana, cada uma imbuída com fogo, água, terra e vento.

    Vitória, porém, era rápida demais. Desviava da maioria e, quando não conseguia, bloqueava o impacto para reduzir o dano. A cada passo, ela se aproximava mais da elemental.

    Maldita… só mais um pouco e ela vai cair! Pensou Alice, sentindo o corpo fraquejar. Manipular tantos elementos ao mesmo tempo drenava sua energia de forma brutal. A visão dela começava a escurecer, enquanto sangue escorria pelo nariz e pelos lábios.

    — Isso é perigoso — gritou Serena, assustada — vocês não vão pará-las?!

    — É verdade, Jaro — murmurou Taylor. — Acho que devíamos intervir antes que aconteça algo grave.

    — Ainda não… esperem mais um pouco.

    A resposta irritou Taylor. Ele agarrou a gola da camisa de Jaro, que continuava com os olhos fixos na luta.

    — Você… — rosnou Taylor.

    — Só observa — respondeu Jaro, sem desviar o olhar. — Se eu estiver errado, pode me bater; mas preciso avisá-lo que todos que lutaram comigo nunca saíram ilesos — declarou friamente, emanando sua mana que flutuava ao seu redor esbranquiçada.

    — Então, espero que esteja certo.

    Taylor soltou a gola e deu um passo para trás, ainda furioso. Sabia que Jaro era mais forte, mas esse nem era o problema. O que realmente o corroía era o motivo por trás da própria raiva, que era Serena. Só de perceber isso, sentiu o rosto esquentar de vergonha, misturada com raiva.

    — O… o que deu nele? — perguntou Peter.

    — Nem sei…

    — Jaro… — Serena o olhou pra ele com um olhar mole.

    — Sem problemas, vai lá.

    Serena, preocupada, sentou-se ao lado de Taylor e começou a conversar baixo para acalmá-lo. Isso o deixou ainda mais frustrado, porém o acalmou.

    Enquanto isso, Vitória parou a pouco mais de três metros de Alice, arfando. Por causa, da quantidade abissal de esferas de mana que Alice lançou sem parar. Essa é a minha chance! Pensou Alice, aproveitando a fraqueza da sua oponente. Ela deixou a espada cair ao lado e ergueu as duas mãos.

    — Morra! — gritou a elemental, liberando dezenas de esferas de mana que iluminaram todo o espaço.

    Quanto de mana essa pirralha ainda tem! Vitória cerrou os dentes.

    Os projéteis rasgaram o ar em alta velocidade, avançando contra Vitória, que mal conseguia respirar. O impacto gerou uma explosão seguida por uma nuvem densa de fumaça e destroços espalhados pelo chão.

    — Eu… venci?! — perguntou Alice, ofegante, com a voz trêmula.

    Quando a fumaça começou a se dispersar, Alice manteve os olhos fixos no ponto onde Vitória deveria estar. Seu coração batia tão forte que ela conseguia ouvir aumentando a tensão. Porém… não havia ninguém ali.

    Um frio percorreu sua espinha. Alice virou o rosto para a esquerda, e tudo que conseguiu ver antes de sentir a dor foi uma perna surgindo em seu campo de visão e a atingindo sua cintura com violência.

    O oxigênio saiu dos seus pulmões de uma vez, e Alice foi lançada para longe. Ela girou, cambaleante, e então o corpo tocou o solo, deslizando até parar de costas, respirando com dificuldade. Ainda tonta, olhou para frente.

    Vitória corria em sua direção. Mas algo estava diferente. Um redemoinho ao redor de suas pernas parecia girar, como pequenas correntes de vento circulando e impulsionando cada passo. Ela não avançava, ela simplesmente aparecia mais perto, a cada piscada de seus olhos.

    Desesperada, Alice ergueu o braço. Mesmo caída, ferida e com a visão borrada, reuniu as últimas forças e lançou várias esferas de mana. As explosões de variadas cores iluminaram o ambiente, mas Vitória desviou de todas, sem diminuir o ritmo.

    Ela está… rápida demais!

    Alice se levantou mais uma vez, se tremendo. Os músculos doíam e a respiração falhava. A jovem queria lançar mais esferas, qualquer coisa! Só que seu corpo não a obedecia, sua vista estava turva e Vitória já estava ali.

    Um golpe seco atingiu seu estômago. O mundo tremeu aos seus olhos. Alice cuspiu sangue e mal conseguiu reagir antes da sequência seguinte, um ataque no ombro, outro no rosto, e pra finalizar um no queixo. Cada impacto parecia arrancar o controle de seu próprio corpo, até que suas pernas cederam e ela caiu de joelhos, depois caiu deitada no chão, incapaz de continuar.

    Vitória finalmente parou com os ataques frenéticos.
    Ela levantou a espada de madeira, riscou um arco lento e elegante no vazio, e guardou a lâmina na bainha. O vento que circulava em suas pernas se dissipou completamente.

    Apenas o silêncio permaneceu.

    — Eu sou a mais forte e também a líder da equipe III — declarou Vitória, com a voz calma e suave.

    Alice manteve os olhos no teto. A respiração era fraca e seu orgulho estava ferido. Eu perdi. que sentimento ruim. eu não queria! Ela bateu o punho no solo com força.

    — É… você é — respondeu Alice, desviando o rosto, envergonhada.

    Vitória soltou um leve sorriso.

    — Que bom que sabe — falou Vitória, virando-se de costas. — Mas, até agora, você foi a oponente mais forte que já enfrentei.

    Alice ergueu o olhar e a silhueta de Vitória, parecia iluminada pela luz artificial do lugar, a destacando. Um sorriso cansado surgiu em seus lábios.

    — Eu sei — respondeu, orgulhosa, apesar da derrota.

    Um líquido quente e cristalino escorreu pelas bochechas da jovem de cabelos roxos, enquanto ela soltava grunhidos abafados.

    Pai, estou com saudades…

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