Índice de Capítulo

    Eai! Curtiram o natal? Espero que sim.
    Tenho duas notícias; uma boa, outra ruim. A boa é que vou tentar, ao máximo, aumentar o tamanho dos capítulos, já a ruim… é que até fevereiro, vou diminuir a quantidade dos capítulos semanais para apenas um.

    Obs: em março volta a normalidade com dois capítulos semanais.

    (Se quiserem bater um papo entrem no discord), é isso. Um bom final de ano para todos!

    Raizen respirou fundo e apontou para as pernas de Jaro.

    — Para usar os Passos do Trovão, primeiro você precisa envolver suas pernas com mana. Só depois adicione o elemento raio. Se fizer ao contrário, vai acabar sentindo tanta dor que vai preferir morrer.

    Jaro ficou preocupado com o alerta, mas assentiu e fechou os olhos. Seus músculos tremiam enquanto tentava canalizar energia.

    — Isso — murmurou Raizen. — Concentre. Sinta a mana descendo pelos nervos, como se estivesse acendendo cada fibra do seu corpo.

    Depois de algumas tentativas frustradas e alguns tropeços, um estalo elétrico iluminou as pernas de Jaro. Fios azuis cintilaram ao redor de suas pernas.

    — Consegui! — exclamou ele.

    — Agora, tente andar.

    Jaro andou. Ou pelo menos tentou. Seu corpo se moveu rápido, mas nada comparado ao elfo, que desaparecia e surgia metros à frente com a mesma facilidade de respirar.

    Raizen arqueou uma sobrancelha, perplexo.

    — Eu demorei semanas pra dominar isso — falou para si mesmo. — Essa geração é surreal.

    Jaro sentiu o corpo mais leve, como se a gravidade tivesse diminuído pela metade. Próximo a parede, ele arriscou um chute. Um estrondo ecoou pelo salão, abrindo uma rachadura na parede e revelando uma fresta para o lado de fora da mansão.

    — M-merda. — Jaro recuou, assustado. — Eu pago o conserto!

    Raizen riu.

    — Relaxa. Se preocupe em controlar a magia primeiro.

    Jaro não precisou ouvir duas vezes. Começou a correr, a testar as pernas eletrificadas, a lançar novos chutes, cada movimento deixava faíscas e cheiro de ozônio.

    — Não se esqueça de respirar! — Raizen alertou.

    Mas a empolgação durou pouco. Em menos de um minuto, os raios se apagaram como velas ao vento. As pernas dele ficaram pesadas e ele sentiu uma tontura forte. Jaro caiu de joelhos, apoiando as mãos no solo para não bater o rosto.

    — Droga, minhas pernas — arfou ele.

    Raizen se aproximou e se agachou ao lado dele.

    — Normal. Seu corpo não está acostumado com essa quantidade de mana em um ponto só, por isso, sua mana se esgotou tão depressa.

    — Entendo.

    Jaro respirava com dificuldade, sentindo o coração martelar no peito. A eletricidade havia desaparecido, deixando apenas a exaustão e um formigamento dolorido.

    Porém, aos poucos ele foi sentindo sua energia se recuperando e se recompôs.

    — Pelo visto seu limite atual é de apenas um minuto. Se continuar treinando, dentro de um ano talvez consiga manter por até dois minutos. Pode parecer pouco, mas você não precisa manter a magia ativa o tempo todo durante um combate. Em vez disso, use apenas nos momentos certos, em ações curtas. Assim, mesmo que a batalha dure horas, você sempre poderá recorrer aos Passos do Trovão.

    — Faz sentido — respondeu o jovem, admirando com a sabedoria do elfo.

    Raizen se acomodou sobre a cadeira de madeira, que rangeu sob o peso de seu corpo. Sua mão encontrou uma garrafa de vidro escuro sobre a mesa; no rótulo desgastado, mal se lia, vinho – 40% de teor alcoólico.

    Ele a virou com cuidado e o líquido rubi deslizou para dentro de dois copos, espalhando um aroma forte e adocicado.

    — Venha — chamou, com um sorriso de canto. — Vamos beber, temos motivo para celebrar.

    — Eu aceito. — Jaro puxou uma cadeira e sentou-se perto de Raizen. — O vinho sempre parece melhor à noite, não acha? — comentou, girando a taça devagar.

    — Não é o vinho — respondeu o velho, com um meio sorriso. — É o silêncio que vem junto.

    — O silêncio me deixa inquieto às vezes. Parece que estou atrasado pra alguma coisa.

    — Está — respondeu o velho, bebendo um gole curto. — Mas só agora você começa a perceber.

    — Perceber o quê?

    — Que a vida não corre. Ela espera. Quem corre somos nós.

    — Engraçado… eu sinto que, se eu parar, vou perder tudo.

    — Eu parei muitas vezes. E só perdi aquilo que nunca foi meu.

    O jovem franziu a testa.

    — E o que era seu, então?

    — As escolhas. Até as erradas. Principalmente elas.

    — As erradas doem mais. — O jovem tomou um gole mais longo, como se quisesse afogar o pensamento. — O senhor parece tranquilo demais pra alguém que já viveu tanto.

    — Tranquilo, eu acho que não, mas em paz. Há uma diferença enorme.

    — Entendo… Já eu tenho medo de envelhecer arrependido. — O mascarado, riu de leve.

    — Então escolha algo e pague o preço inteiro — lançou Raizen, encarando o fundo da taça. — Uma meia escolha gera um arrependimento completo.

    — Você tem resposta pra tudo.

    — Talvez… seja a benção de viver em uma biblioteca.

    — Então, o que você acha do amor?

    — Ah… — O elfo sorriu, dessa vez com os olhos. — O amor é o único erro que vale repetir. Mesmo quando termina mal.

    — Mesmo quando machuca?

    — Especialmente quando machuca. Dor também é prova de que você esteve vivo de verdade.

    O jovem ficou em silêncio por um instante. Muitas lembranças do passado invadiram sua mente, porém, ao mesmo tempo, foram sendo substituídas pelas memórias dos preciosos relacionamentos que criou no clã Moong.

    Nesse momento, Jaro estava feliz.

    — O senhor mudaria algo?

    — Muita coisa. Mas se mudasse tudo, não seria eu quem estaria aqui bebendo com você.

    — Faz sentido, haha.

    Ele levantou a taça.

    — À vida?

    O velho ergueu a dele, com calma.

    — À vida.

    ⧖⧗

    Uma mesa redonda de madeira maciça ocupava o centro de uma sala. Ao redor dela, oito figuras imponentes descansavam em poltronas de couro escuro. Apesar do silêncio, o clima estava terrível e carregado de desconfiança.

    Damien quebrava essa quietude apenas com o olhar. Seus dedos tamborilavam sobre o braço da cadeira, e seus olhos dourados avaliavam cada movimento do outro lado da mesa.

    — Acredito que vocês já saibam o motivo da nossa vinda até aqui, não é, Guld?

    O homem careca contra quem ele falava tinha a pele marcada por cicatrizes. As vestes azuis que usava tinham símbolos de flores congeladas e desenhos que lembravam tempestades de neve. Ele inclinou-se para frente, abrindo um sorriso desrespeitoso.

    — Vocês têm passado dos limites conosco há muito tempo — completou Damien.

    A mana ao redor dele começou a vazar como um furacão pressionando as paredes do lugar. As cortinas se agitaram com o vento espiritual da mana e os copos sobre a mesa explodiram em estilhaços finos, e as janelas tremeram até racharem.

    — Heh — Guld soltou um riso áspero e rouco. — Acho que você entendeu errado, meu caro Damien. Estou apenas mostrando espírito de competição. Só isso. Que mal há nisso — Sua voz estava cheia de arrogância. — Mas, se acha que estou atrapalhando suas mercadorias, mande suas provas aos mercadores.

    Os fiscais de Guld, três homens com mantos azuis e rostos endurecidos, trocaram olhares cúmplices antes de soltarem risadas abafadas.

    — Concordo com meu irmão — disse Hrod, o mais corpulento entre eles.

    Seu rosto tinha um formato selvagem, e um único tufo de tranças verdes caía no centro da cabeça raspada. Um grande dragão de gelo estava estampado em suas costas.

    — Vocês se preocupam demais com briguinhas. Jovens guerreiros precisam se soltar, às vezes.

    Damien se levantou devagar, sem pressa, mas com uma aura tão densa que o lugar parecia ficar mais pesado ao redor.

    — Continuam nos desrespeitando e isso vai custar caro.

    Com esse gesto, os fiscais da Turma Cinco também se levantaram, movendo-se como animais ferozes preparados para atacar.

    Alguns colocaram a mão no cabo das espadas, outros apenas ajustaram o manto, prontos para qualquer coisa.

    Damien pegou um papel dobrado e o arremessou sobre a mesa. O som seco do papel ecoou pela sala.

    — Daqui a cinco dias, na Arena de Ferro — declarou com firmeza. — Reúnam os melhores lutadores da Ordem de Gelo para uma batalha de sangue! Se perderem, a Ordem de Gelo será dissolvida, e todos os seus membros serão espalhados pelas outras turmas!

    Guld se ergueu lentamente. Seus olhos eram dois blocos de gelo prestes a rachar. Suas veias pulsavam no pescoço, e ele cerrou os punhos.

    — Vocês estão se achando demais para meros cachorrinhos dos Mercadores da Turma 5 — rosnou ele. — Então está decidido. Nós aceitamos seu convite. Porém, se o seu lado perder, vamos levar todas as garotas da sua turma — dizia lambendo os beiços.

    — Espero que não esteja planejando nada sujo, Guld! — gritou Lila, fazendo sua mana quente explodir ao redor.

    Ele apenas a encarou com desdém.

    — Claro que não, keke. Elas só vão aprender brincadeiras deliciosas com a gente.

    Garin colocou a mão no ombro de Lila e murmurou:
    — Não dê ouvidos a esse tipinho. Em breve, vamos arrancar a cabeça deles e acabar com essa maldição pela raiz.

    Lila apenas assentiu, enfurecida.

    — Se vocês vencerem as garotas são suas — respondeu Damien, friamente. — Mas não será fácil — concluiu ele, saindo juntos com os outros fiscais.

    — Perfeito, keke. — Guld balançava a mão, de maneira esnobe.

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