Capítulo 9 – Distrito Azul Parte Final
Lila desembainhou sua espada, a lâmina reluzia sob a luz do sol. O fio afiado parecia cortar o ar, e Jaro estremeceu de medo.
Eu a irritei?! Pensou, fechando os olhos e se preparando para o pior.
No entanto, a pressão que sentia contra seu corpo desapareceu. A corda que o prendia foi cortada com um movimento preciso.
Ao abrir os olhos, Jaro viu Lila de costas para ele.
— Qual é o seu nome? — Ela perguntou, sua voz firme, mas sem hostilidade.
O garoto achou estranho a pergunta vir naquele momento, mas não viu mal em responder.
— Jaro. Pode me chamar assim.
— Jaro… — Ela fez uma pausa, como se ponderasse algo, antes de se virar para encará-lo. — Eu te entendo. Mas não foi inteligente atacar um inimigo fora da área de treinamento, especialmente na presença de um guarda.
— Foi mal não consegui me controlar. — Ele virou o rosto envergonhado.
O que tá acontecendo comigo? Sempre fui alguém que se controla bem… Mas quando vi aquele garoto, simplesmente perdi a cabeça. Será um efeito colateral do poder que ganhei? Preciso descobrir mais isso…
— Eu ouvi aquele careca falando sobre a área de treinamento e que eu poderia enfrentar aquele pirralho… O que exatamente acontece lá? — Jaro perguntou, curioso.
Aquele poste não contou nada a ele?! A aura de Lila começou a vazar.
Falei algo errado?
— Lila?
Ao ouvir ser chamada a aura da guarda se estabilizou e ela deu leve um suspiro.
— O que ele te contou, afinal?
— Bem… ele só disse que em uma semana eu teria um mestre. Antes que eu pudesse fazer mais perguntas, ele saiu.
— Aquele idiota nunca muda… — Lila franziu a testa, claramente irritada, e começou a caminhar. — Vamos. Enquanto te mostro o distrito, vou te contar tudo o que precisa saber.
Jaro assentiu e a seguiu. Após alguns minutos caminhando, eles saíram de uma pequena floresta e se depararam com um cenário impressionante: edifícios grandes e pequenos, uma mistura de arquitetura medieval e moderna. As ruas de pedregulho estavam repletas de pessoas vestindo roupas nórdicas, tecidos grossos, botas e peles de animais. Apesar das semelhanças, cada vestimenta tinha seus detalhes únicos.
Jaro sentiu uma energia peculiar no ar. Muitas das pessoas ali pareciam ser fortes o que fez seu corpo formigar. Seus olhos brilhavam de admiração.
— Que incrível, Lila. Então este lugar é um distrito? — Ele perguntou, animado.
Lila sorriu levemente por trás de sua máscara. Finalmente, ele está agindo como uma criança.
— Exatamente. Este é o Distrito Azul do Clã de Mercadores Moong. Aqui, as crianças recebem treinamento para se tornarem aprendizes de terceiro ou segundo grau.
Ainda me pergunto como consigo entender o que as pessoas deste mundo falam… Será uma magia de tradução automática?
— Clã de Mercadores? Grau? — Jaro repetiu, confuso.
— Você não sabe o que é um Clã de Mercadores e nem a hierarquia militar?! — Lila pareceu surpresa.
— Não…
— Sério, garoto, você parece não ser deste mundo…
Essa mulher é assustadora!
Esse comentário assustou Jaro por um momento, e se outras pessoas descobrissem que ele veio de outro mundo? Nada de bom passou na sua cabeça. Ele com certeza iria levar esse segredo pro túmulo!
— É que… perdi as memórias. Levei muita pancada na cabeça.
— Entendo…
Embora o tom da sua voz sugerisse que não acreditava nem um pouco, ela decidiu não pressioná-lo. Afinal, todos tinham segredos.
— No reino existem vários clãs, cada um com seu propósito e regras. Um clã geralmente é formado por 10 a 100 pessoas. Há Clãs de Mercadores, Clãs de Assassinos, Clãs de Informações… — Ela explicou, enquanto caminhavam.
Jaro observava Lila atentamente. Eles pararam perto de uma fonte, e ele notou cada detalhe dela: o cabelo preto preso com grampos verdes, a pele macia, a voz doce. Seu rosto corou.
Será que um dia eu a conquistaria?
Ele mal a conhecia, mas sentia uma conexão inexplicável. Talvez fosse só carência ou ela que era muita bonita.
Ela levantou três dedos.
— O Clã Moong tem três distritos: o Verde, onde ficam os não lutadores que são nomeadas por números; o Azul, onde estamos, que abriga os lutadores secundários que também são nomeados; e o Vermelho, onde estão os membros principais e o líder do clã. Os membros principais são todos guerreiros de primeiro grau e usam nomes próprios.
Por isso aquele homem, Cao, me chamou de 77.
— Além de te mostrar o distrito, também iremos ao cartório para te registrar. E sobre o dormitório… Lá, há uma única regra: é proibido lutar dentro dele. A quebra dessa regra traz consequências severas. E não se engane: há guardas por toda parte. Se você lutar lá, eles saberão.
— Então, por que eu tenho uma guarda?
— Porque você é fraco. Tão fraco que, se um guerreiro de terceiro grau quisesse te matar, ninguém saberia. Por isso, o senhor Cao me designou para cuidar de você temporariamente.
Jaro franziu a testa. Essa informação o deixou um pouco frustrando. Mesmo assim ele entendia, não fazia nem dois dias que estava ali.
— Já a área de treinamento é onde você pode duelar, fortalecer seu físico e criar conexões. Há torneios mensais para rankear os números do mais forte ao mais fraco. E uma vez por ano, ocorre um torneio para subir de classe. É sua chance de se tornar um membro da família principal do Clã Moong e receber treinamento para alcançar o primeiro grau e benefícios únicos.
Nesse momento, ela apontou para um grande portão ao longe.
— E não preciso nem dizer que você não pode sair do distrito, certo?
— Sim… já entendi que sou uma mercadoria deste clã.
Por enquanto.
— Muito bem. Então vamos te registrar. Já estou cansada de falar.
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O sol estava fervendo, tingindo o céu de tons alaranjados e avermelhados.
Em uma grande área aberta, dez vezes maior que o Mar de Ferro. Cercada por árvores altas e um chão de terra, o lugar era silencioso, exceto pelo som do vento cortando o ar.
Dois jovens se enfrentavam no centro do espaço, seus corpos estavam levemente com alguns machucados.
Ambos vestiam calças e camisetas de lã. estavam descalços, os pés firmes no chão, sentindo cada grão de terra sob eles.
O mais alto, de ombros largos e postura imponente, mantinha os punhos erguidos e guarda alta, ele fitava seus olhos castanhos no adversário.
Do outro lado, o mais ágil e de olhos verdes brilhantes, mantinha uma guarda mais baixa esperando um movimento.
Sem dizer uma palavra, o alto avançou primeiro, dando um chute frontal inclinado em direção ao torso do seu oponente.
O golpe foi preciso, mas o ágil desviou com um movimento lateral para esquerda. Contra-atacando, com um soco em direção ao rosto do mais alto.
O mais alto se defendeu deferindo um soco no punho do mais ágil.
BAM!
O ágil não deu trégua. Girou no ar, lançando um chute giratório em direção à cabeça do mais alto.
O alto apenas defendeu com uma única mão, como se o chute não fosse nada.
Ele sorriu, sentindo a adrenalina correr em suas veias.
— Você está mais rápido hoje, número 12! — O mais alto tinha um sorriso largo nos lábios.
O mais ágil não respondeu. Em vez disso, avançou novamente, desta vez com uma sequência rápida de socos diretos, e ganchos que estouravam como bombas.
O mais alto atacava e defendia, seus movimentos eram muitos precisos, mas o ágil estava implacável. Atacando sem perder o ritmo!
O sujeito alto, no entanto, não era um oponente fácil. Após desviar de um gancho, ele contra-atacou com um chute lateral potente, que atingiu a perna do mais ágil que caiu de joelhos.
No entanto, rapidamente se recuperou dando uma ajoelhada no estômago do sujeito alto, que foi empurrado brutalmente. Criando uma distância.
Os dois se encaravam respirando pesadamente, suor escorria por todo o corpo deles.
— Minha vez.
Desta vez, o ágil quem atacou primeiro, com um chute em direção à cabeça.
O sujeito alto bloqueou com o antebraço, porém o ágil não deu tempo. Avançou com outra série de socos, um dos golpes acertou o ombro do alto.
O ágil aproveitou o momento, avançando com um soco direto ao estômago do oponente, seguido por um gancho no queixo.
O mais alto caiu de joelhos, ofegante, mas levantou a guarda imediatamente, evitando um chute final do mais ágil.
BANG!
O chute foi como uma explosão, rasgando o ar! Mesmo assim, o alto não parecia abalado.
— Chega?
O indivíduo ágil olhou para ele, seus olhos verdes ainda brilhavam com determinação, mas finalmente assentiu, soltando um suspiro.
— Chega.
Eles não estavam sozinhos. Ao redor, garotos e garotas observavam a luta, vibrando com o desfecho.
— O número 12 é o mais forte!!
— Tá maluco é claro que o número 3!!
Discussões se espalhavam por toda parte, vozes se misturando em comentários acalorados.
Mas, afinal quem eram esses jovens?
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