O idoso Ref se encontrava muito feliz. Contanto que seu plano obtivesse sucesso, ele seria promovido. No entanto, essa felicidade durou pouco ao ver seu pupilo sendo cortado brutalmente.

    O velho, que ainda permanecia com um joelho no solo, socou o chão.

    — Como?! Esse pirralho estava quase morrendo!

    Do outro lado, o soldado Harold ficou perplexo e pensou: Será que o baixinho estava fingindo ser fraco?

    Ele olhou de canto de olho para Cao, e o mesmo parecia tão surpreso quanto ele.

    Não… O mercador também está surpreso. E os olhos desse garoto sempre foram vermelhos?

    No meio da arena, os garotos se encaravam. Einar tinha um rosto abatido por causa do ferimento. Ele tinha certeza de que seu saco de pancadas havia apagado! Só que, depois de alguns segundos, o menino abriu os olhos e o atacou! Se ele não tivesse recuado rapidamente, teria sido morto!

    Ele tinha uma arma?! E mesmo que tivesse, de onde ele tirou forças para fazer um ataque tão poderoso? Então, Einar olhou para a mão esquerda de João.

    João não tinha uma arma, mas seus dedos estavam sangrando, e suas unhas haviam sido arrancadas.

    Dessa forma, o jovem entendeu que João simplesmente usou suas unhas e dedos como uma lâmina, cortando verticalmente seu trapézio, passando por seu peito e indo até abaixo das costelas.

    Ele sabia que, para isso, era necessária uma força descomunal, Einar sentiu medo. Para sua sorte, o corte foi profundo apenas no seu trapézio e superficial nas outras regiões.

    Do outro lado da moeda, João não parecia estar muito melhor. Na realidade, a qualquer momento o milionário iria desmaiar.

    Era um fato que, depois que aquela mulher o beijou, ele estava se sentindo mais forte. Não só isso, tudo ao seu redor parecia mais lento, e seus pensamentos estavam acelerados.

    Ele nunca lutou em toda a sua vida. Achava que realmente tinha enlouquecido, estava à beira da morte! Mas, de alguma forma, se sentia tão bem, a única coisa que queria era matar seu adversário.

    O desejo de morrer, a tristeza de ter perdido tudo o que conquistou na sua vida passada… Esses sentimentos foram completamente substituídos por aquela pequena faísca que estava no fundo da sua alma: o instinto de viver.

    Mas agora essa pequena faísca se tornou um imenso sol dentro dele.

    Ele jamais desejaria a morte novamente! Mas se agarraria à vida com todas as suas forças.

    João de repente abriu os braços e começou a rir loucamente, e o eco da sua risada reverberou por toda a arena.

    Todos o olharam e pensaram em conjunto: Será que levou tanto golpe na cabeça que ficou louco?

    João parou de rir, então tentou imitar a pose padrão do boxe e disse:

    — Ei, Putinha. Venha.

    Einar, estava paralisado pelo medo do desconhecido. Quem era esse garoto? De onde veio aquela força? Como ele estava de pé? Perguntas rodeavam a mente do jovem.

    Nesse instante, o velho Ref gritou:

    — O QUE VOCÊ ESTÁ OLHANDO, EINAR? MATA ELE!!!

    O jovem que até agora só observava João, despertou. O sujeito se levantou e entrou em posição de combate, analisando o milionário.

    Tudo isso é coincidência! A vitória é minha!

    Com seu pé direito, Einar pressionou o chão e, com um impulso, se aproximou como um flash de luz. O soco do jovem era como uma bala, indo em direção ao rosto do milionário.

    — MORRAAA!!!!!

    Mas a reação de João foi tão rápida que Einar mal teve tempo de processar. Ele sorriu ao ver o soco vindo em câmera lenta.

    Que lento… João pensou, e com um movimento ágil, desapareceu da linha de visão de Einar. Ele se inclinou para a direita e, com uma força surpreendente, socou Einar logo abaixo das costelas, onde o fígado se encontrava.

    A visão de Einar escureceu instantaneamente e caiu de joelhos no chão arenoso do Mar de Ferro.

    — N-não é possível! — Ref olhou em choque, sem acreditar no que via.

    Cao apertou os punhos, seus olhos brilhavam, e um grande sorriso apareceu em seu rosto. Eu não tinha percebido, mas esse baixinho é uma maldita mina de ouro!

    Harold também tinha brilho nos olhos.

    O milionário se abaixou, pegou Einar pela gola e deu um soco no seu rosto.

    — Otário.

    Em seguida, apenas jogou Einar no chão e se ajoelhou em direção às três figuras ao longe. Pelo que ele ouviu, entendeu que deveria se dirigir ao Senhor Cao.

    — Senhor Ca…

    Quando ele ia falar algo, sua vista ficou embaçada e ele caiu no chão.

    PLOFT.

    As três figuras ficaram impressionadas com aquela curta luta! Esses dois garotos com certeza eram dois pequenos monstros!

    — Você venceu a aposta, Cao. — Harold olhava em direção ao homem alto que continuava de joelhos. O sujeito engoliu em seco.

    — Eu irei comprar esses dois garotos. Por isso, você vai podá-los e vendê-los para mim quando eles tiverem a idade mínima para entrarem no exército — disse Harold, enquanto jogava um pequeno saco de pano nas mãos de Cao.

    — Vamos, eu quero dar uma olhada nas outras mercadorias do distrito vermelho. — Harold complementou, enquanto andava em direção à saída.

    Rapidamente, Cao abriu o pequeno saco que cabia na sua mão. Continha diversas moedas de ouro, e uma pedra brilhante se destacava: era um diamante! A respiração de Cao parou por alguns segundos, mas ele manteve a compostura.

    — Ryan, Ref. Guardas do Distrito Verde.

    — Senhor — disseram em conjunto, suor passando na testa de ambos.

    — Peguem os garotos, levem para os curandeiros e, depois que estiverem bem, os levem para o distrito azul. Eu pessoalmente irei escolher os mestres deles.

    — Sim, senhor! — responderam.

    Enquanto caminhava para a saída, também falou:

    — Ah, e vocês estão promovidos. Vão ao gabinete de administração solicitar a promoção.

    Eles bateram o punho no peito esquerdo.

    — Obrigado, senhor — disseram.

    Depois que o soldado Harold e o mercador saíram pela pequena porta de saída, ambos respiraram fundo. Pois a presença daqueles dois grandes guerreiros era tão pesada que mal conseguiam respirar normalmente.

    Sem dizer uma única palavra, os guardas pegaram os garotos. Ryan colocou João sobre o ombro direito, enquanto Ref pegou Einar. Então, seguiram para cumprir as ordens que receberam.

    ⧖⧗

    João acordou e via um teto esbranquiçado. E sentia uma sensação. confortável nas costas. Era um colchão.

    Ele se sentou na cama, e percebeu que tinha faixas envolvidas em todo seu corpo.

    E o melhor de detalhe de todos, enquanto movimentava o braço ele não sentia nenhuma dor em nenhuma parte de seu corpo. Isso significava que provavelmente um mago o havia curado.

    Como o milionário era apaixonado em jogos de RPG De fantasia e também lia muita novels isso o deixou fascinado.

    Olhando pro lado ele teve uma pequena supresa o homem alto Ryan se encontrava perto de uma janela fechada com os braços cruzados e olhos fechados.

    Colocaram logo esse cara pra cuidar de mim?!

    — Ei.

    Ryan despertou.

    — Então o mostrinho acordou.

    — Pois é, o monstro aqui adorou seu sangue — comentou o milionário sorrindo.

    — Desgraçado. — Ryan franziu a testa irritado.

    Sem descruzar os braços, Ryan levantou levemente seu dedo médio. Nesse segundo o milionário sentiu uma grande pressão vinda do sujeito. Que o fez pular da cama pra bem longe dele em posição de combate. A respiração do milionário ficou pesada e ele suava frio.

    Ele é realmente um pequeno monstro. Esses instintos não são normais, principalmente em uma criança. Para alguém ter reflexos tão afiados assim, teria que treinar por anos e estar constantemente em perigo! Ryan refletia, enquanto um sorriso se formava nos seus lábios.

    O homem alto abaixou o dedo e a pressão sumiu.

    — O que você fez?!

    — Hmm, eu simplesmente te ataquei com minha mana e você sentiu minha aura assassina.

    Mana! Os olhos de João brilharam.

    — Haha, parece que ficou interresando. Não se preocupe, em poucos anos você vai aprender também.

    O milionário suspirou.

    Esse cara está mais gentil. Nem parece que me espancou, arrombado.

    — Enfim. Eu estou aqui por que sou uma cara legal. E vim te dar uns conselhos.

    João franziu a testa e seus olhos ficaram frios.

    — Não me olhe assim, só porque te dei espanquei um pouco. Hahaha. Só queria te dizer que daqui uma semana você terá um mestre. E também que você pode ir conhecer o distrito azul, óbvio que não sozinho.

    Distrito Azul?

    Ele apontou para a porta principal do quarto.

    — Atrás daquela porta tem uma gostosa. — O homem alto tossiu. — Uma bela guarda. Ela cuidará de você até você ser vendido, também vai te acompanhar e mostrar aonde você é permitido ir.

    O homem alto caminhou até a porta.

    — Quase eu esqueço.

    Ele jogou dois braceletes de prata para João, que os pegou no ar.

    — Use-os bem. Isso vai te ajudar.

    — O que é iss—

    TUM!

    Ryan bateu a porta e saiu.

    — Arrombado!

    ⧖⧗

    Do lado de fora ao lado da porta tinha uma mulher sentada encostado na parede, vestindo uma simples camiseta preta que destacava suas curvas e seios, e sua barriga de fora. No seu rosto tinha uma máscara de um demônio vermelho.

    A mesma estava com uma calça preta e descalça. Ao seu lado uma espada numa bainha de madeira negra repousava.

    Ryan deu uma boa olhada nela, então saiu andando.

    Essa puta é muita gostosa e forte pra caralho, acho que ela me mataria em três golpes… não em dois!

    Mas logo seu rosto ficou sério.

    Esse baixinho é muito talentoso.. Tirando seus instintos bizarros, sua recuperação natural é ainda mais insana! Ele estava com ferimentos mortais por todo o corpo e se recuperou em um dia… eu não entendo, porque colocaram ele no Distrito Verde?

    ⧖⧗

    — Quanta informação…

    O milionário estava sentando com as pernas cruzadas como um erudito.

    A sua frente havia uma mesinha japonesa e vários pratos de comidas com restos de comida.

    — Eu morri, reecarnei em um mundo de fantasia. Fui espancando e quase morri várias vezes. E também não posso me esquecer daquela água negra. É como se algum deus estivesse brincando comigo.

    Ele pega um copo a sua frente que está cheio de água e bebe.

    — Também tem aquela mulher… parecia que eu estava em um sonho. Aquilo era alguma magia?! Me lembro que ela queria que eu fizesse um contrato com ela. Será que ela é um demônio tentando roubar minha alma, ou alguma fada…

    Ele tentou deduzir várias coisas.

    — Foda-se! Mas com certeza ela me ajudou. Sem os poderes que ela me deu eu não teria sobrevivido. Se eu ver ela novamente preciso agradecer adequadamente.

    João se espreguiçou.

    — Preciso descansar, desde que cheguei a esse mundo minha mente não parou de trabalhar. Mas antes preciso dar uma olhada nesse quarto.

    O milionário depois que Ryan saiu. Não pensava em outra coisa além de comer e beber um pouco de água. Por isso não conseguiu conhecer bem seu quarto.

    Começando pela a sala que é bem de frente a porta principal, ela tem um sofá pra duas pessoas, uma estante com uma TV de cubo e um pequeno rádio.

    E entre o sofá e a TV, tinha uma pequena mesa japonesa. João ficou estupefato, desde que chegou a esse mundo só vias construções antigas e roupas nórdicas. Não imaginava que a tecnologia estava tão avançanda.

    Olhando pras parades e tetos, realmente parecia que estava em um apartamento.

    A cozinha ficava perto da sala a esquerda, com poucos passos já dava pra chegar nela.

    Logo dava pra ver uma pia pra lavar os pratos e armários lotados de alimentos estranhos.

    Mas o mais impressionante era a geladeira e fogão que funcionavam sem energia e gás.

    Se aproximado ele viu que tinha uma Joia quadrada acoplada no fogão de quatro bocas contendo 4 botões, ele apertou no primeiro botão e acendeu a primeira boca e assim adiante.

    O milionário não conseguia segurar a excitação.

    — Que foda! Esse mundo é bem desenvolvido.

    Indo até a geladeira, viu que o mesmo tipo de joia brilhante a mantinha refrigerada. Pensando nisso, olhou para cima e viu uma lâmpada.

    — Cacete! Até na lâmpada tem essa joia

    Sua cama também ficava perto da sala, porém no lado direito.

    Era bem confortável, com dois lençóis e travesseiros. Ao lado, havia uma pequena estante com cartas em branco e uma caneta de pena. Mais ao lado, um guarda-roupa.

    Ele abriu o móvel e viu algumas peças de roupa. Tudo simples, mas com um estilo nórdico.

    Por fim, explorou o banheiro, que ficava entre a cozinha e a cama. Pequeno, mas funcional.

    Tinha um chuveiro com outra pedra brilhante acoplada, pelo jeito para alternar entre frio e quente.

    Também incluía um vaso e um espelho com uma pequena estante em cima, contendo itens de higiene.

    Antes que a ideia de tomar banho chega-se a sua mente, ele percebeu que estava cheiroso e limpo.

    Será que o Ryan me deu um banho?

    A ideia o enojou, mas acreditou que era impossível vendo como o indivíduo parecia orgulhoso. Preferiu afastar esse pensamento.

    Indo até o espelho, finalmente pôde ver sua aparência.

    Seus cabelos eram pretos e bagunçados. Os olhos, vermelhos como sangue, iguais aos daquela mulher misteriosa e o milionário parecia ter uns treze anos.

    — Então esse sou eu… Ou melhor, meu novo eu.

    Privado de som, luz, comida e água, João enfrentou 72 horas de isolamento extremo.

    No início, a ansiedade surgiu com o silêncio e a escuridão. O cérebro, sem estímulos, se voltou para os próprios pensamentos.

    No primeiro dia, começaram alucinações leves e a noção de tempo se distorceu. No segundo, as alucinações se intensificaram, causando desorientação e paranoia.

    No terceiro, o delírio se instalou, rompendo completamente a conexão com a realidade.

    Quando finalmente saiu daquele vazio, João não era mais o mesmo. Ele experimentou o colapso da própria mente e voltou com uma nova percepção do valor da vida.

    A fragilidade humana, a ilusão do tempo, a necessidade de controle, tudo parecia insignificante agora. Ele havia descido até o abismo e, de alguma forma, renascido.

    Nesse momento, ele olhou sério para o espelho.

    — Essa é uma nova vida. Preciso de um novo nome.

    Ele respirou fundo, e um nome surgiu na sua mente.

    — A partir de hoje, eu me chamarei Jaro.

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