Capítulo 214 – Doenças infecciosas – Parte VII

Os olhos negros de Killian brilharam friamente diante das palavras do médico ajoelhado no chão. Este homem apontou o que ele havia sentido como estranho durante alguns dias.

“Levante-se.” A ordem de Killian levantou o médico.

“Sente-se e fale comigo em detalhes. Ian, traga uma cadeira.”

Como se não tivesse intenção de deixar a cama por um momento, Killian ordenou que trouxessem uma cadeira ao seu lado. Enquanto Paulo se sentava com cuidado na cadeira, Killian assentiu como se fosse falar.

“Há doze anos, fiquei no território de Tilia, do duque de Kiellini. Meu mestre era o médico da família Kiellini.”

Killian o olhou, afastando o olhar de Julietta.

“Quer dizer que, se foi há doze anos, você é o médico que estava ajudando a tratar a duquesa de Kiellini?”

“Sim, sua Alteza. Naquela época, eu era médico em formação.”

A mente de Killian começou a trabalhar rapidamente. Deve ter havido uma razão para trazer à tona a história aparentemente irrelevante neste momento.

“O que isso tem a ver com o que está acontecendo aqui e na capital?”

Paulo admirou o príncipe que foi direto ao ponto.

“Não faz muito tempo, um dos meus pacientes morreu da doença infecciosa. Começou com uma leve dor de cabeça e febre, e então desmaiou após vomitar muito e não conseguiu acordar.”

Killian sentiu seu coração afundar ao ouvir o médico.

“Está me dizendo que a princesa vai morrer?”

Paulo negou rapidamente com a cabeça para o Príncipe, que mostrou sua terrível ira.

“Não, Alteza. Só estou falando dos sintomas de um paciente que morreu. Esse é um sintoma comum dessa epidemia.”

“O que está tentando dizer?”

Com um olhar frio, Paulo falou sobre o que estava pensando.

“Não é apenas uma epidemia comum, mas um sintoma de pessoas expostas a um veneno que conheço. Também foi um sintoma da duquesa de Kiellini há doze anos.”

O silêncio caiu sobre o esplêndido quarto da princesa. Killian observou cuidadosamente o misterioso médico que disse que não era apenas uma epidemia comum, mas um veneno.

“Por que pensou que os sintomas que circulavam eram veneno?”

“Não é surpresa.”

Diante das palavras do médico, Killian olhou para Julietta e disse: “Apenas a princesa desmaiou nesta espaçosa mansão. É como se alguém a estivesse apontando.” Killian voltou a olhar para o médico. “Diga-me por que pensou isso.”

“O cabelo do meu paciente morto ficou branco desta vez. O cabelo da duquesa de Kiellini, que morreu há doze anos, ficou assim antes de morrer.”

O olhar de Killian voltou inconscientemente para a porta do quarto. Havia mais uma pessoa com cabelo branco nesta mansão.

“Sim. Ela tem cabelo branco. E sei que a Srta. Phoebe bebeu veneno antes de seu cabelo ficar branco.”

“Kiellini!”

O grito irado de Killian ecoou no quarto.

O duque de Kiellini, que parecia ter desistido de tudo, veio à sua mente imediatamente. Claro, para ele era uma peça de teatro e esperava que o duque não ficasse quieto. Mas não esperava perder a guarda tão cedo.

Como poderia fazer isso como um rato, evitando uma vigilância tão estrita? Como conseguiu? Deve haver um ajudante externo…

Killian lembrou que o marquês Marius havia visitado Tilia.

“Como esperado, o veneno que Phoebe tomou era da família Kiellini, não era?”

Com uma única palavra do Príncipe, o Dr. Paulo pôde deduzir imediatamente o que ele estava curioso.

“Quanto sabe? Conte-me tudo.”

À ordem fria de Killian, Paulo desabafou o que sabia.

Há doze anos, ele seguiu seu mestre enquanto tratava a duquesa, e quando entrava e saía da mansão, achava estranho o comportamento de uma criada. Depois de pegar o resto do chá que a duquesa bebeu e provar, descobriu que era veneno. Teve uma dúvida sobre o fato de que Phoebe, a quem tratava, apresentava os mesmos sintomas que a falecida duquesa de Kiellini. Desde então, estava investigando o veneno dado pelo marquês Anais e descobriu que era o mesmo veneno que havia provado anteriormente.

“O marquês pediu-lhe para investigar o veneno, não foi?”

“Sim, Alteza. Disse que veio após ser apresentado pelo líder da companhia do Teatro Eileen.”

Killian havia recebido um relatório de que Maribel havia pedido ao marquês Anais para investigar o veneno que Phoebe havia bebido. Ela era uma mulher que não perdia nada. Graças a ela, Killian descobriu que tudo estava conectado, e no centro estava o duque de Kiellini.

“Foi uma bênção de Deus não ter desistido da descarada líder da companhia.”

Killian murmurou e ordenou a Ian.

“Chame Maribel, a líder da companhia, Oswald e Adam imediatamente. Doutor, se o que disse é verdade, é uma situação mais perigosa do que uma epidemia.”

Ao contrário das doenças infecciosas comuns que se movem naturalmente, o dano causado pelo uso de veneno poderia crescer sem comparação, dependendo da pessoa que tinha a intenção de usá-lo. A segurança de Sua Majestade o Imperador e do Castelo Imperial precisava ser fortalecida rapidamente!

Era óbvio quem fez isso e com que propósito. O objetivo final seria o próprio Killian e Sua Majestade o Imperador. Foi uma rebelião!

Não, se o duque Dudley estivesse por trás disso, nem sequer tentaria tocar em Sua Majestade o Imperador. Usando apenas uma epidemia natural, o Príncipe Killian da linha principal de descendência morreria, e Francisco o Primeiro Príncipe ascenderia à posição de Príncipe Herdeiro; esse seria seu objetivo!

No entanto, não podia baixar a guarda. O homem mais perigoso quando havia um grande problema no país era o governante de Austern.

Quando Ian saiu, Killian voltou a olhar para o médico.

“Agora que sabe que é veneno, deve haver algum antídoto. Dê-me agora mesmo.”

Diante da urgência de Killian, o médico hesitou por um momento e disse: “Acredito que haja uma solução para a sobrevivência da Srta. Phoebe, mas não pude testá-la porque não consegui o veneno. O paciente que desmaiou repentinamente morreu antes que pudesse tentar algo. Por isso não tenho certeza de que posso usar esse método para a princesa.”

Killian fechou os olhos e depois os abriu.

“Se o método estiver errado, é prejudicial para o corpo da princesa?”

“Não tenho certeza disso.”

Queria sacudir o médico, mas Killian tinha que tomar uma decisão. Julietta não estava vomitando nem tinha febre. Vera disse que ela teve dor de cabeça alguns dias antes de desmaiar e que continuava procurando analgésicos.

Não podia dizer que o veneno que Julietta ingeriu era o mesmo que estava se espalhando agora na capital, mas se fosse o que o duque de Kiellini fez, julgou que era o mesmo. Mas não foi fácil pedir-lhe que testasse em Julietta quando ainda não havia nada certo.

Queria dizer-lhe para fazer um teste em alguém que já havia contraído a epidemia, mas temia o fato de que o paciente havia morrido inconsciente.

O que aconteceria se Julietta, que havia desmaiado há quatro dias, saísse mal de repente?

A ideia de que não tinha tempo veio rapidamente. Depois de muito tempo, a boca de Killian não se abriu.

O Dr. Paulo, que estava esperando pacientemente, disse, como se soubesse de sua hesitação e conflito: “Se não tentar algo, ela não vai acordar. Então, por que não tentar enquanto pode?”

Enquanto pode… O comentário do médico foi uma faca afiada que atravessou o coração de Killian.

Seus olhos se voltaram para Julietta, seus olhos fechados como se estivesse dormindo. Acariciou sua testa reta, nariz reto, lábios finamente fechados e bochechas suaves com mãos trêmulas.

O Dr. Paulo prometeu-lhe após vê-lo acariciá-la com tanto cuidado.

“Farei o meu melhor.”

A mão ansiosa de Killian finalmente caiu de Julietta diante da promessa do médico.

“Vamos tentar.”

A ordem foi dada em uma voz tão baixa que a teria perdido se não estivesse ouvindo com atenção. O Dr. Paulo inclinou-se em silêncio e pediu mais uma desculpa.

“Gostaria de perguntar algo à Srta. Phoebe antes de começar o tratamento.”

Quando Killian assentiu com a cabeça às palavras do Dr. Paulo, Vera, que estava prendendo a respiração no canto do quarto, saiu rapidamente e trouxe Phoebe.