Capítulo 245 – A prova de sangue (2)

Diante das palavras de Valerian, Vera abriu uma porta ao lado e fez Julietta entrar. Entrou no quarto, fechou a porta e pegou as roupas da parede. Então tirou a peruca de Julietta e colocou um vestido nela.

“O que quer que faça com seu cabelo?”

“Hum… preciso dizer que estava doente, então gostaria de uma trança simples.”

Quando Julietta estava pronta, olhou-se no espelho e limpou o suco de metum que escurecia seu rosto. Quando voltou à sua tez pálida original, seus lábios brilharam como se estivessem mostrando sua boa saúde. Para matar a cor, aplicou pó de pétalas de metum nos lábios.

“Pareço doente?”

“Sim, parece sem vida.”

Ela simplesmente colocou pétalas brancas nos lábios e parecia sem vida, como uma mulher que acorda depois de alguns dias de doença.

“Agora estou pronta! Devemos sair?”

Julietta passou de criada a princesa. Ao ver Vera guardar cuidadosamente seu uniforme de criada e uma peruca de cor de tijolo na bolsa, abriu a porta.

“Estou aqui para ver a princesa Kiellini. Sou Themes Raviel.”

Julietta olhou friamente para a mulher que a havia cumprimentado educadamente.

“Levante a cabeça.”

Lady Raviel levantou a cabeça cautelosamente diante das palavras frias.

“Você não é a mulher que me entregou ao sujo.”

Ela foi quem chamou. Mas se fosse ela, poderia tê-la suportado? Confessou rapidamente seu erro e pediu perdão, mas era verdade que essa mulher também seguiu as ordens de Christine. Embora tenha pedido perdão, o pecado não desapareceu.

“Eu não te perdoo. Mas não sei se me sentirei aliviada, dependendo de como se comportar no futuro, então tente.”

Diante das palavras de Julietta, Themes rapidamente se curvou e pediu perdão.

“Sinto muito, senhora. Por favor, perdoe-me por meu comportamento tolo. Farei tudo o que me pedir.”

“Eu não preciso de uma lealdade que não venha do coração. Poderia me esfaquear pelas costas, como fez com Christine. Mas se terminar este trabalho com segurança, ao contrário de Lady Delat que trabalhou contigo, poderá viver o restante da sua vida com segurança com sua família.”

Julietta desviou o olhar da reverência ainda mais profunda de Lady Raviel e olhou para Valerian.

“Terminou sua explicação?”

“Sim, princesa.”

“Está bem. Vamos então?”

Julietta, escoltada por Valerian, escapou do beco estreito e subiu em sua carruagem. Quando Lady Raviel tentou segui-la no carro, Julietta a bloqueou com frieza.

“Deve ter trazido um carro, certo?”

“Sim? Oh, sim.”

“Tenho algo a dizer ao conde Valerian, então, por favor, acompanhe-nos.”

Olhando para ela com desprezo, como se ousasse levar uma carruagem com ela, Julietta era a dama mais nobre do mundo.

Enquanto Valerian se sentia grato por sua etiqueta parecer ter mudado em algum lugar, também sentia pena disso. O conde Adam gostará mais da princesa agora. Sacudiu a cabeça, tentando se livrar dos pensamentos inúteis, e chamou um cavaleiro.

“Leve Lady Raviel e venham ao Castelo Imperial.”

Deu instruções ao cavaleiro para seguir e subiu na carruagem onde Julietta já estava.

“Prendeu o barão Delat?”

“Sim. Depois de explicar a Lady Raviel o que deveria fazer, fomos imediatamente à mansão Delat, prendemos o barão e todos os seus homens e os enviamos ao Castelo Imperial.”

“Se for ao Castelo Imperial agora, estarei em uma prisão com minha tia por um tempo, até que a equipe de investigação que foi a Tilia volte e revele a inocência do duque de Kiellini. Para evitar isso, vou solicitar imediatamente a Prova de Sangue a Sua Majestade.”

“Tem alguma ordem para mim?”

Valerian perguntou a Julietta, depois de falar em detalhes sobre seu plano.

“O duque de Dudley certamente acreditará em algo que ela tentou lhe contar antes de morrer. Então, ele pensará que ela foi assassinada.”

Era claro que ele tentaria de alguma forma investigar a fraqueza do príncipe Killian, com medo do trabalho de Christine e da verdade sobre a epidemia ser revelada. Julietta pretendia aproveitar a oportunidade.

“O duque de Dudley tentará me derrubar. Se resultar que sou uma princesa falsa e o veneno é obra do duque de Kiellini, ele pode limpar essa bagunça.”

“Por isso vim ao Castelo Imperial sem sequer pensar em ver a morte de sua filha,” assentiu Valerian.

O conde Valerian tinha um caráter forte e reto como cavaleiro. Ele era o único entre os colaboradores próximos de Killian que não estava acostumado à conspiração obscura, mas aceitou que era razoável.

“Estou certo de que o duque de Dudley me acompanhará quando eu for a Vicern pela Prova de Sangue. O Marquês Marius está agora em Tilia como membro da equipe de investigadores.”

“Sim, ele voltará amanhã à noite, ou depois de amanhã no máximo,” confirmou Valerian.

“Você tem que apontar para o momento em que o marquês Marius e o duque de Dudley não estiverem presentes. Se o duque de Dudley falar por Christine, incitará os aristocratas a permanecerem neutros. Não sabemos o que o marquês Marius planejará. Ele é um oponente muito problemático.”

Julietta contou a Valerian o que estava pensando desde ontem.

“Sua Alteza Killian e o Marquês Oswald se mudarão comigo. A Prova de Sangue em si exige o testemunho dos nobres, então outros nobres se moverão juntos. É particularmente interessante, já que a senhora Anais disse que a princesa Kiellini era falsa e depois morreu, muitos nobres estão dispostos a ir.”

Valerian assentiu.

“O conde Adam e o marquês Rhodius estão em Tilia, então o conde que está no Castelo Imperial deve fazer isso.”

“Só me dê uma ordem.”

“Quando formos a Vicern, traga Lady Delat e exponha o pecado de Christine. Quando a atenção das pessoas se voltar para isso, cerque a Loja de Baden e prenda todos que estiverem lá. Não deixe que o príncipe Francisco perceba e proponha outras alternativas. E…”

Julietta respirou fundo e continuou falando.

“Quero que você mate Christine antes que o marquês Anais retorne de Vicern pela Prova de Sangue.”

“Acha que incomodará o marquês Anais?”

“É o trabalho de sua filha e ele tentará salvá-la, mesmo que custe seu título. Por favor, certifique-se de terminar com ela de forma limpa.”

Valerian refletiu por um momento e perguntou novamente: “Se é um fim limpo… seria bom deportá-la, privando seu status de nobre, para uma terra estrangeira.”

Julietta fechou os olhos em silêncio.

“Há algum momento em que me arrependa das palavras que saem da minha boca? Não, não vou me arrepender.”

Christine foi quem tentou matá-la. Julietta não sabia quando Christine voltaria a aparecer em sua vida. Queria matar Christine para evitar uma tragédia maior. Isso poderia ser chamado de desculpa, mas não podia perdoá-la.

“Mas não acho que Christine renunciaria a tudo e seria gentil.”

Valerian não perdeu a pausa de Julietta antes de falar sobre a disposição de Christine. Ele respondeu em voz baixa para que ela não tivesse que dizer diretamente.

“Sim. Não se preocupe. Vou garantir que ela não volte a prejudicar Sua Alteza e a princesa.”

Ao chegar ao Castelo Imperial, Julietta entrou no castelo principal com a ajuda de Lady Raviel e Vera.

Era bastante após o almoço, mas o salão ainda estava barulhento, com muitos aristocratas discutindo assuntos. Ela viu que o trono do Imperador estava vazio e que não havia funcionários importantes nem grandes nobres à vista; pareciam ter se mudado para a câmara interna.

“Ah? Não é a princesa Kiellini?”

O corredor ficou mais barulhento com as pessoas que a reconheceram. Julietta assentiu levemente com a cabeça e disse ao Grande Camareiro que guardava a sala de conferências: “Iris Kiellini pede para ver Sua Majestade.”

O conde Criber, o Grande Camareiro, vacilou surpreso ao ver a princesa, a personagem principal do dia, aparecer sozinha, depois assentiu rapidamente e entrou na sala de conferências.

Não muito depois que ele entrou, a porta da sala de conferências se abriu de repente e Killian apareceu.

“Iris! Meu Deus, onde você esteve? Sabe há quanto tempo estou te procurando?”

A voz de Killian ficou mais alta ao ver a princesa cambaleando com um rosto pálido.

“Meu Deus. O que aconteceu com você? O que é isso?”

Killian levantou a voz para que aqueles na sala de conferências pudessem ouvir.