Capítulo 269 – Castigo (11)

A cabecinha de Manny se levantou como um relâmpago.

[Vai me mandar de volta pro lugar de onde eu vim?]

[Hmm, não é bem isso. Estou tentando realizar o seu desejo de poder falar. Vou deixar você falar.]

Quando Deus disse que não ia mandá-lo de volta, a cabeça de Manny voltou rapidamente para a posição original.

[Finalmente vai me livrar desse silêncio que me impedia de falar. Obrigado, Senhor Deus.]

Manny agradeceu rapidamente a Deus e expressou com cuidado: “Ah, ah, ah, ah! Funciona!”.

Assim que Manny descobriu que realmente podia falar, ele perguntou de novo: “Obrigado. Quando vou poder voltar pra casa? Senhor Deus? Senhor Deus?”.

Depois de dizer ‘obrigado’ por educação, fez perguntas sobre seu futuro, mas Deus não respondeu. Manny perguntou ansiosamente à sua volta, mas não adiantou. Então, de repente, ele sentiu um olhar e olhou para trás.

“Manny?”

Vera estava saindo para trazer o almoço de Manny e ficou tão surpresa que caiu.

“Chut, eu ia contar isso num momento importante e plausível, mas fui pego”.

Enquanto Manny murmurava de desgosto, Vera se levantou rapidamente, correu para dentro e gritou: “A princesa, a princesa! Manny, Manny…!”.

A voz ofegante de Vera disse algo lá dentro, e se ouviu o bufo de Killian.

“Ela está tão cansada esses dias que deve ter ouvido coisas.”

Seguiu-se um som surdo.

“Manny?”

Julietta correu até Manny, que a estava olhando.

“Sim, princesa.”

“Meu Deus, é real…! Killian, Killian! Vem cá. O que a Vera disse é verdade!”

Julietta gritou lá para dentro e ergueu Manny.

“Manny, o que aconteceu?”

Manny respondeu depois de um momento de reflexão, fingindo adiar as coisas para encontrar uma postura confortável. Ele ainda não podia revelar a verdade.

“Sou um descendente com o sangue de um animal divino.”

A resposta, enquanto ele movia a pata dianteira direita, parecia muito presunçosa.

Julietta ficou curiosa e perguntou: “Você, acho que ficou arrogante desde que pode falar.”

Manny respondeu como se fosse óbvio.

“Agora não tenho que parecer um cachorrinho inocente. Não quero mostrar essa aparência, porque posso falar.”

Se pudesse, até cruzaria as pernas no chão.

Julietta esqueceu por um momento a realidade diante dessa situação espantosa.

“Você não precisa mais fingir ser ingênuo, é uma ideia divertida. Então agora você vai ser um animal divino atrevido? Mas, você pode falar na frente das pessoas? Geralmente, isso não é escondido?”

“Por que eu esconderia se posso falar? Quero ser tratado como se deve. Não quero estar na mesma classe que aquele gato ridículo.”

“Um cachorro que fala! As pessoas vão ficar muito surpresas, não acha? Por mais mágico e sagrado que este mundo seja, nunca vi um animal falante.”

“Vão pensar que sou o primeiro novo animal divino nascido em centenas de anos.”

Com a atitude altiva de Manny, Julietta fingiu assentir e zombou de Manny.

“Ouvi dizer que sua aparência é bem diferente da de um animal divino.”

Manny olhou para o céu diante dos comentários dolorosos de Julietta.

“Você pode mudar a cor do meu cabelo também?”

Mas Deus permaneceu em silêncio apesar da sua fervorosa oração.

Julietta olhou para o céu junto com ele.

“Está rezando para Deus? É maravilhoso nascer como um animal divino. E o que importa se a cor do seu pelo é normal?”

Mesmo com as palavras confortantes de Julietta, Manny não conseguiu se animar e escondeu a cabeça entre as pernas. Foi tão patético que Julietta prometeu: “Vou fazer um casaco realmente luxuoso e bonito para você. Assim, as pessoas vão se distrair com a roupa e nem vão perceber que seu pelo é normal”.

“De verdade?”

A cabeça caída de Manny se levantou.

“Sim. Você gostou do chapéu que fiz para você da última vez.”

Quando se lembrou de que estava usando uma boina de cachorro e recebeu toda a atenção, Manny aceitou a contragosto.

“Gostei.”

Killian tinha ignorado as palavras inacreditáveis de Vera, mas agora saiu para o terraço por causa de Julietta. Ele olhou para Manny com uma expressão de desgosto.

“O que é essa coisinha arrogante?”

“Sua Alteza, Manny pode falar. Ele deve ser um verdadeiro animal divino.”

Apesar da emoção de Julietta, Killian estava em uma posição muito desconfortável.

“Parece correto que seja um animal divino, mesmo que a cor do pelo esteja desgastada. Posso ver o tom descarado e a atitude de um animal divino sobre o qual li nos livros.”

Manny farejou a avaliação de Killian e foi para seu primeiro esconderijo, a joalheria na parte mais interna do camarim. Ao entrar na casa em forma de cogumelo em cima de um porta-joias tipo gaveta, Manny se sentiu satisfeito, pensando que era o lugar perfeito para seu status nobre.

Killian também ficou encantado de ver Julietta sorrindo alegremente graças ao cachorro atrevido.

“Ele é presunçoso, mas te fez sorrir, então vou deixar passar.”

“Sua Alteza, como eu disse uma e outra vez, ele é um cachorro; não, ele é um animal divino de apenas alguns meses. Você não precisa brigar com ele o tempo todo.”

“Aquela criatura misteriosa me provoca primeiro.”

Julietta sorriu como se tivesse desistido das queixas de Killian e disse: “Tudo é culpa do cachorro.”

À tarde, Killian e Julietta se dirigiram ao castelo principal. Depois do julgamento de hoje, toda a longa e dura luta chegou ao fim. Ao contrário de outros aristocratas, Julietta foi guiada para uma sala de espera perto da sala de conferências do Congresso.

Christine já tinha entrado na sala do tribunal e Julietta não podia vê-la. Julietta se sentiu mais confortável com isso. Ela planejava voltar ao Palácio de Asta assim que ouvisse os resultados do julgamento.

Depois de muito tempo, o marquês de Oswald chegou à sala de espera. Assim que Lady Anais foi condenada, ele escapou antes que o julgamento terminasse.

“A opinião de Sua Alteza Killian foi aceita, suspeitando da empregada desaparecida pelo assassinato do Príncipe Francis. No entanto, foi declarado que Lady Anais também foi encontrada na cena e pode estar por trás da criada. Ela foi condenada à privação e expulsão de sua identidade, pois também foi acusada de sequestro e envenenamento.”

Só então Julietta relaxou. Finalmente acabou. Ela rompeu sua terrível e infeliz relação.

Julietta pegou Manny que estava caminhando pela sala de espera, o abraçou e sussurrou.

“Manny, acabou tudo. Estou a salvo. Não preciso mais ficar nervosa.”

Manny lambeu a bochecha de Julietta para consolá-la. “Julietta.”

Julietta tentou voltar imediatamente após ouvir os resultados, mas o julgamento parecia ter terminado logo depois de seu breve momento de alegria. Killian entrou na sala de espera e a abraçou. Quando Manny, preso entre os dois, reclamou, Killian o segurou pelo pescoço rechonchudo e o entregou ao marquês de Oswald.

“Não sou bagagem. Por favor, não me segure pelo pescoço.”

Oswald arregalou os olhos diante do protesto de Manny.

“Você realmente está falando!”

Ele tinha ouvido as palavras de Ian antes, mas falou com Manny com curiosidade.

“Manny, você é um descendente com o sangue de um verdadeiro animal divino. É realmente incrível ver um animal divino lendário em pessoa.”

Enquanto Oswald continuava sorrindo docemente, Killian se dirigiu à porta após compartilhar seus pensamentos com Julietta.

“Vamos voltar e nos reunir todos para comer em breve.”

Ele queria fazer uma festa, mas de alguma forma tinha que agir como se estivesse com o coração partido. Então, queria celebrar e confortar o que haviam sofrido enquanto comiam com seus ajudantes.

Mas assim que saíram da sala de espera, Manny gritou em voz alta: “Perigo! É perigoso!”

Ao contrário do Oswald perplexo, Valerian se moveu para proteger Killian ao ouvir o grito de Manny, e Killian se moveu para proteger Julietta.

Inconscientemente, Killian barrou algo que voava em direção ao rosto de Julietta e olhou para a mulher que caía gritando, bem na sua frente, segurando o rosto.

“Embora sua culpa fosse óbvia, senti pena de sua vida, mas agora está me pedindo para matá-la.”

Era Christine, que lutava dolorosamente no chão. Antes de voltar para a prisão, ela havia implorado para se despedir de sua prima, a princesa Kiellini. Com pena dela no final, os juízes concederam e permitiram que esperasse em frente à sala de espera.