Conto: Li Wang

    O céu da ilha remota ardia em fogo e fumaça, um palco de guerra onde o tempo parecia dilatar-se e se dobrar.
    Li Wang via-se vestindo uma armadura negra, imponente e viva: Azazel. O peso não era apenas físico, mas uma prisão para a alma.
    No campo devastado, o silêncio era cortado por gritos distantes e pelo som metálico de espadas.
    Ela via guerreiros de olhar vazio, marchando como sombras.
    Cada vez que Azazel era usado, a morte seguia de perto, não apenas nos inimigos, mas também naqueles que o vestiam.


    Ela sentia o fardo:
    Azazel é um escudo e uma lâmina poderosa…, mas sua força consome quem o empunha.

    A floresta, que antes pulsava vida, agora era um túmulo aberto.

    A água límpida da praia tornara-se vermelha e pútrida, refletindo corpos e sonhos afogados.
    No horizonte, ela viu uma mulher obrigar um soldado a vestir Azazel.

    Sua voz carregava um peso sombrio, e o soldado, determinado e teimoso, aceitava o destino com uma raiva silenciosa.
    Ela o viu perder-se nas trevas da armadura, matando amigos e inimigos, transformando-se em um monstro preso ao próprio poder.
    Azazel não era só uma armadura: era uma sentença. Uma maldição…
    Um grito preso entre a vida e a morte, um poder que seduz e destrói.

    Li Wang sentiu o cristal do sonho queimar em seu peito, como um aviso:
    Vestir Azazel é carregar o peso da guerra, da culpa e da morte, é lutar contra si mesmo e duvidar da própria sanidade.

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