Conto: Li Wang

    O céu sobre o templo estava coberto por nuvens espessas, pesadas como presságios. Era fim de tarde quando Yu levou Li Wang até a beira de um penhasco próximo, o mais alto da região, de onde se via a estrada que serpenteava as montanhas até desaparecer no horizonte.

    Lá embaixo, o templo Xingjiao parecia pequeno, quase insignificante diante da vastidão do mundo.

    Yu sentou-se na beira do penhasco. Seu manto laranja de tremulava com o vento, e por um instante, ele permaneceu em silêncio, como se escutasse a própria alma.

    Li Wang permaneceu de pé, ao lado dele, sentindo o frio subir pelas pernas, envolvendo os dedos, o rosto, a nuca. O coração batia rápido, e por um instante ela se perguntou se estava pronta para ouvir o que viria.

    — Sabe por que gosto de vir aqui? — perguntou Yu, a voz calma, mas carregando um peso invisível.

    Ela balançou a cabeça em silêncio.

    — Porque me lembra que existe um caminho além das paredes do templo… além da dor, da injustiça. — Ele suspirou. — Quando minha irmã morreu, foi aqui que compreendi o valor de um sacrifício. E o peso de uma escolha.

    Li Wang sentou-se ao lado dele, puxando os joelhos contra o peito. O vento fazia seu cabelo colar na face. Apenas ouviu o vento, o respirar calmo de Yu, e nada mais.

    — Ela… morreu por você, não foi? — murmurou, hesitante.

    Yu fechou os olhos. A memória parecia gravada em silêncio:

    — Annchi era minha irmã mais velha. Quando cometi um erro que poderia ter me custado a vida, ela assumiu a culpa no meu lugar. Não houve julgamento justo que a salvasse, ela enfrentou a pena, a vergonha e a própria morte. Escolheu se sacrificar para que eu pudesse continuar.

    Li Wang apertou o tecido das roupas com força entre os dedos. O nó em sua garganta parecia impossível de engolir.

    — Você… sente culpa?

    Ele olhou para ela com um sorriso brando, quase triste.

    — A culpa é uma corrente. Se a vestimos por muito tempo, esquecemos como é viver sem ela. Mas sim… sinto. E é por isso que não quero mais viver sob as regras de um templo que não protege quem mais precisa.

    Li Wang encarou Yu com os olhos arregalados.

    — Você… vai embora?

    Yu assentiu lentamente.

    — Lian quer o templo. Ele acredita que os votos e o nome valem mais do que a compaixão. Que o sangue de nossa linhagem deve governar, e não servir. Eu não vou lutar por isso. Se o templo serve mais aos dogmas que às pessoas… então não me serve mais.

    O coração de Li Wang disparou. A ideia de vê-lo partir, de perdê-lo, era como cair do próprio penhasco onde estavam sentados.

    — Então me leve com você — disse ela, sem hesitar.

    Yu a olhou, surpreso.

    — Não precisa tomar essa decisão agora. A vida fora daqui é difícil. Não há comida garantida, nem teto. Só o que carregamos dentro de nós.

    — Eu… eu não quero ficar aqui — disse Li Wang, com firmeza. — Não depois de tudo. Eu quero estar com você. Onde quer que vá.

    Por um instante, Yu não respondeu. Depois, pousou a mão com delicadeza sobre a cabeça dela, e disse:

    — Então vamos juntos. E mesmo que tudo falhe… prometo que nunca mais passará fome de novo.

    Li Wang sorriu. Pela primeira vez em sua vida, aquele sorriso nasceu sem medo.

    Ali, à beira do abismo, dois corpos pequenos diante da imensidão do mundo… selaram um pacto silencioso.

    E começaram a descer o penhasco juntos, não como fugitivos, mas como dois andarilhos em busca de algo maior que o templo onde nasceram.

    Os primeiros dias fora do templo foram marcados pelo silêncio. Não o silêncio pacífico da meditação, mas o silêncio duro, cheio de estômagos vazios e pés feridos pelo chão de pedra.

    Li Wang e Yu seguiram a trilha das caravanas, pedindo restos de comida em vilarejos distantes. À noite, dormiam debaixo de árvores ou em estábulos abandonados, aquecendo-se com o pouco que tinham.

    Certa tarde, em uma pequena vila nas encostas de Lijiang, Yu tentou vender talismãs budistas no mercado local. Não conseguiram vender nada. Na volta, ao atravessarem uma viela estreita, dois homens surgiram das sombras.

    — Ora, ora… veja só quem está vivo — disse um deles, cuspindo no chão.

    Yu parou. O rosto inexpressivo, calmo como sempre. Li Wang, ao seu lado, apertou os punhos, o coração disparado.

    — Não temos problemas com vocês — disse Yu, sereno, sem vacilar.

    — Mas nós temos com você. — O segundo homem sorriu, dentes manchados de nicotina. — Nosso senhor quer sua cabeça.

    Foi rápido.

    Yu tentou se defender, mas os dois homens o derrubaram no chão com chutes no abdômen. Ele tossiu sangue, arquejando, enquanto Li Wang se atirava sobre um deles, arranhando o rosto como uma fera encurralada.

    — Saiam de perto dele! — gritou ela, mas a voz falhou no medo e na raiva.

    Um dos homens a empurrou com brutalidade. Li Wang caiu de costas no chão de terra batida. O gosto de sangue e poeira encheu sua boca.

    Yu tentou se erguer, as pernas trêmulas, a túnica manchada.

    — Vocês… não precisam fazer isso — disse, a voz fraca, ainda estranhamente calma.

    — Cala a boca — rosnou o agressor. — Nosso trabalho não é conversar.

    O outro, baixo e robusto, limpou o sangue do rosto e se agachou diante de Yu.

    — Ordem de Lian Xingjiao — disse, meio sorriso no canto da boca. — Ele quer o templo só pra ele. Disse que você é um obstáculo.

    Li Wang arregalou os olhos, o estômago embrulhado.

    — Vocês vão matá-lo…? Por… poder?

    — Garota idiota. O que você acha que é um templo? — zombou o baixo. — Fé? Tradição? Não. É influência. Controle. Poder.

    Eles puxaram Yu pelos braços.

    — Vamos levá-lo agora. — O tom era seco, final. — O corpo nem será encontrado.

    Li Wang tentou se levantar, cambaleando, lágrimas escorrendo pelo rosto. Quase se lançou novamente contra eles, quando uma voz firme cortou o ar:

    — Parem com isso.

    Os dois homens congelaram, virando-se. Um homem alto, grisalho, roupas empoeiradas e um casaco de couro gasto, caminhava devagar, passos medidos, com um sorriso quase simpático.

    — Quem diabos é você? — perguntou o mais baixo, desconfiado.

    — Alguém com dinheiro — respondeu ele, tirando um maço de notas do bolso interno do casaco. — Dinheiro suficiente para fazer vocês esquecerem essa “pequena missão”.

    Os agressores trocaram olhares.

    — Isso aqui não é suborno — continuou o homem grisalho, tom natural, quase casual. — É… digamos, um investimento na vida de vocês.

    — Estamos aqui pra cumprir uma ordem. — disse o mais baixo, firme.

    — E essa ordem vai pagar a vida de vocês quando forem acusados de assassinato dentro de um vilarejo? Pensem bem. Sumam com isso. Lian nunca saberá que vocês falharam. Continuam vivos e ainda ganham o suficiente para não passar fome por meses.

    Depois de um instante de tensão, o homem mais baixo pegou o maço, murmurando:

    — Isso nunca aconteceu.

    — Concordamos — disse Alexandre, sorrindo novamente.

    Os homens soltaram Yu com brutalidade, recuando pela trilha.

    Li Wang correu até o irmão e o abraçou com força.

    — Está tudo bem… vai ficar tudo bem…

    Yu, ofegante, manteve a voz calma:

    — Você… não precisava ter enfrentado eles.

    — Eu teria feito de novo — respondeu Li Wang, firme, mesmo com lágrimas escorrendo.

    Alexandre os observava em silêncio por alguns segundos, passos lentos, olhos calculando cada detalhe. Não disse nada, mas a presença dele já mudava tudo ao redor.

    Yu mal conseguia se manter de pé, cada músculo do corpo marcado pelos golpes sofridos. O rosto inchado, olhos semicerrados de dor, mas a determinação ainda brilhava em seu olhar.

    Ele olhou para o homem grisalho que surgira do nada, afastando seus agressores com facilidade.

    — Obrigado — murmurou Yu, voz rouca, carregada de sinceridade. — Se não fosse você…

    Alexandre ergueu uma sobrancelha, braços cruzados, sorriso frio nos lábios.

    — Não me agradeça, garoto. Não é necessário. — Ele soltou uma risada baixa e um pouco amarga. — Meu nome é Alexandre Wishart. Onde estão os pais de vocês? Posso leva-los até eles.  — perguntou, a voz baixa e calculista.

    Yu levantou os olhos, cansado.

    — Somos órfãos.

    O sorriso de Alexandre desapareceu. Uma faísca sombria brilhou em seus olhos antes que, sem aviso, desferisse um golpe rápido no queixo de Yu. O irmão de Li Wang caiu rígido e inconsciente.

    — O que… o que você está fazendo? — gaguejou Li Wang, coração disparado, a respiração presa.

    Alexandre não respondeu. Levantou o corpo inerte de Yu com facilidade surpreendente e caminhou até um ônibus velho, estacionado à sombra das árvores, e colocou o irmão de Li Wang cuidadosamente dentro. O motor ainda estava frio, e o veículo parecia mais um abrigo temporário do que um meio de fuga..

    — É melhor você esquecer seu irmão. Ele está seguro… por enquanto.

    Antes que pudesse protestar, ele jogou várias notas de dinheiro aos pés de Li Wang.

    — Isso é para você. Um pagamento para que desapareça. Para não se meter em problemas maiores do que consegue entender.

    Li Wang hesitou. Olhou para o corpo de Yu dentro do ônibus.

    — Eu não vou deixá-lo — disse, firme, respirando fundo.

    Alexandre se aproximou devagar de forma ameaçadora.

    Li Wang sentiu uma mistura de medo e raiva. O destino dela, naquele momento, estava pendurado numa linha tênue entre o desespero e a esperança.

    Sem saber ao certo o que fazer, ela respirou fundo e correu para dentro do ônibus.

    — Yu! Yu, acorda! — Gritando incansavelmente.

    Assim começou a longa e cansativa viagem no ônibus velho e rangente, conduzido por Alexandre, homem de sorriso falso e intenções ocultas. Dentro dele, dezenas de crianças órfãs da guerra, rostos sujos, olhares vazios, carregando dores muito maior que suas idades.

    Yu, antes forte e decidido, enfraquecia a cada dia. Fome e desnutrição roubavam-lhe o movimento, tornando-o cada vez mais dependente. O desespero de Li Wang crescia como um vulcão prestes a explodir.

    Numa noite silenciosa, ao redor de uma fogueira, Li Wang percebeu que não podia mais esperar. Retirou do estojo que carregava uma faca afiada, o metal frio queimando as mãos trêmulas.

    Aproximou-se de Alexandre. Ele a viu, impassível, respirando lentamente, sem recuar. Li Wang colocou a lâmina a poucos centímetros do queixo dele.

    — Isso termina aqui e agora! — disse, a voz firme, apesar do tremor.

    As crianças, ao redor, se entreolharam. Algumas a viam com compreensão e outras, com medo e incerteza.

    Yu, deitado próximo a fogueira, fraco, mas ainda consciente, estendeu uma mão pálida em direção a Li Wang.

    — Não faça isso — murmurou, fraco, mas firme. — Não deixe o ódio consumir você. A escuridão que enfrentamos não se combate com mais escuridão.

    Li Wang olhou para seu irmão que a encarava e respondeu, com os olhos cheios de lágrimas:

    — Ele está nos levando direto para o inferno.

    — Por favor… Li Wang… — Disse Yu.

    Ela hesitou. A lâmina tremia, os olhos fixos nos de Alexandre. O silêncio se tornou espesso, quase sufocante.

    Então, com um suspiro que misturava resignação e amor, Li Wang baixou a faca. Caiu de joelhos ao lado de Yu, segurando sua mão trêmula.

    Alexandre explodiu, batendo o punho no chão, voz rouca e desesperada:

    — Eu não sou o vilão! Estou salvando vocês do verdadeiro pecado deste mundo! Vocês vão entender!

    Mas suas palavras já não tinham poder sobre Li Wang. O vínculo com Yu, o cuidado e a urgência da sobrevivência, tornavam cada ameaça dele insignificante.

    Na manhã seguinte, o ônibus permanecia parado numa clareira isolada, cercada por árvores altas e pelo silêncio pesado da natureza.

    O sol surgia timidamente, mas a quietude foi rompida por uma presença poderosa que fazia o ar vibrar, anunciando que algo maior estava prestes a acontecer.

    Uma presença rompeu a clareira.
    Chamas serpenteavam pelo ar, vivas e indomáveis, moldando o vulto de uma mulher.

    O fogo cobria-lhe o corpo inteiro, escondendo traços humanos, mas a delicadeza da silhueta e o volume sutil dos seios denunciavam sua forma. O calor que emanava dela distorcia o mundo ao redor, e o simples ato de estar perto era como encarar o próprio sol.

    — Eleonor Jhones — murmurou Alexandre, que se pôs de pé diante do ônibus. O tom era tenso, mas não vacilava. — Pensei que… ainda houvesse espaço para evitar uma guerra entre nós.

    Eleonor riu. Não era um riso humano. Soava como o estalo seco de madeira se partindo no fogo, cruel e cortante.

    — Alexandre, Alexandre… — disse, o fogo ondulando ao redor dela, moldando-se em garras, rostos distorcidos, sombras dançantes. — Você deveria estar matando essas crianças, não escondendo-as.

    As crianças dentro do ônibus começaram a se mexer, inquietas, algumas despertando. O medo se espalhou em silêncio, refletido em olhos arregalados contra os vidros sujos.

    Alexandre fechou os punhos. Seu rosto, cansado, deixou transparecer algo entre raiva e desespero.

    — Não vou ser seu carrasco. — A voz dele tremeu por um instante, mas logo retomou a firmeza. — Passei a vida servindo ordens que nunca fizeram sentido. E tudo o que vi foram inocentes esmagados. Não. Chega.

    Eleonor inclinou a cabeça, divertida.
    — Então você prefere a máscara de redentor? É patético, Alexandre. Você não é um salvador, nunca foi. É só um traidor covarde.

    Ele respirou fundo, encarando as chamas. Por trás da fúria nos olhos, havia também cansaço… e arrependimento.

    — Talvez. Mas hoje… se eu cair, não será como monstro.

    As chamas de Eleonor subiram como muralhas, fechando a clareira. O círculo de fogo se ergueu, sugando o ar, tornando cada respiração mais difícil.

    Dentro do ônibus, as crianças tossiam, sufocadas. Li Wang caiu de joelhos, levou a mão ao próprio pescoço, tentando inspirar, mas o oxigênio parecia fugir dela. A garganta ardia, como se estivesse respirando fumaça invisível.

    — Vou sugar cada gota de vida deste lugar — disse Eleonor, erguendo uma mão. — Vocês morrerão como velas apagadas.

    Alexandre rugiu e avançou contra ela, o corpo atravessando as labaredas. O impacto fez o círculo tremer, abrindo pequenas brechas por onde o ar entrou em rajadas curtas.

    — CORRAM QUANDO EU ABRIR A SAÍDA! — bradou Alexandre, a voz rouca, cuspindo sangue com o esforço. — NÃO PAREM!

    Li Wang avistou Yu caído sobre uma pedra, o corpo coberto de sangue e cinzas, ele a olhava. Os olhos dele ardiam em dor, mas eram firmes, mesmo à beira do fim.

    Li Wang tentou correr até ele, mas ele estendeu a mão trêmula, segurando-a no lugar com um olhar firme.

    — Li… — a voz dele era quase um sussurro, mas suave, serena, como sempre fora desde que ela se lembrava. Mesmo à beira da morte, aquela calma atravessava o caos como um fio de luz. — Você precisa viver. Corra…

    Li Wang parou. O peito dela queimava, não apenas pela falta de ar, mas pelo nó cruel que a prendia ao irmão. Tudo dentro dela gritava para correr até ele, abraçá-lo, arrastá-lo dali nem que fosse em pedaços. Mas Yu… Yu estava pedindo outra coisa.

    “Não… não posso… eu não vou te deixar…” — pensou, os lábios tremendo sem som. As lágrimas já turvavam sua visão, borrando o fogo, borrando o mundo.

    Ela tremeu da cabeça aos pés. Cada fibra do seu corpo gritava para protegê-lo, para não abandoná-lo. A culpa já se enraizava em seu peito, cortante, insuportável.

    O olhar dele, porém, não cedia. Não havia espaço para escolha. Ele sabia. E no fundo, ela também.

    Foi então que Alexandre, num gesto desesperado, abriu caminho. Seu corpo colidiu contra Eleonor, afastando a muralha de chamas por um instante. O círculo de fogo se abriu como uma fenda efêmera, estreita, mas real.

    Li Wang viu. Sentiu o vento fresco bater contra o rosto, lembrando-a do que significava respirar.
    Mas cada fibra de seu corpo se recusava. Era como se a própria alma fosse se partir ao dar o passo.

    “Se eu correr… estarei abandonando você. Estarei te matando com minhas próprias mãos.”

    A culpa latejou como ferro em brasa. Mas junto dela, o eco da voz de Yu. O pedido dele. O comando.

    Li Wang mordeu os lábios até sentir sangue. Então, num ímpeto de desespero, encontrou uma abertura entre as chamas, uma fenda estreita, aberta pelo embate de Alexandre. O fogo queimava sua pele, arrancava-lhe o ar dos pulmões, mas ela correu, sentindo o calor lamber suas costas, como se o fogo tentasse puxá-la de volta.

    Atrás dela, ouviu o grito de Alexandre, um urro rasgado, que parecia carregar todo o peso do mundo.

    Li Wang olhou para trás por um instante. E viu.

    As chamas iluminavam a cena como um quadro macabro.

    Eleonor estava calma, quase serena, com a mão cravada no peito de Alexandre. Ele não lutava mais. Seus olhos marejados brilhavam como se pedissem desculpas.

    Li Wang tropeçou, caiu de joelhos na grama úmida, mas se levantou novamente. A cada passo, a floresta parecia mais silenciosa, como se zombasse dela, como se dissesse que o mundo não pararia, mesmo que o coração dela tivesse sido arrancado.

    Quando finalmente atravessou a escuridão das árvores, o círculo de fogo já não se via mais. Apenas o cheiro da fumaça a perseguia, impregnado em suas roupas, nos cabelos e na pele.

    E enquanto caminhava sem rumo, percebeu que as cinzas grudavam em seu rosto.
    Cinzas que, misturadas às lágrimas, pareciam a marca indelével daquilo que perdera.

    Novamente, ela estava sozinha.
    O vazio da floresta não a consolava, apenas repetia o silêncio da perda.
    E cada passo carregava o peso de não ter ficado.
    O peso da culpa pela morte de Yu, que agora ardia dentro dela como uma chama que jamais se apagaria.

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota